28 de julho de 2016

Arco do Cego ou daquele que não quer ver?

 A minha cidade é Lisboa, e é esta Lisboa que eu amo.


Bom, não será assim um amor tão avassalador porquanto a cidade foi tomada, também pelo coração, por estrangeiros e salteadores, que teimam em fazê-la sua, e ela, lisonjeada porque vaidosa, como o são todas as mulheres bonitas, está de certa forma indecisa.
Não sei se coma se marisque, e andamos nisto, ela e nós, no não sei se me internacionalizo ou se fico de vez no Sporting a florir em verde.
Já a morte se apresenta da mesma maneira, indecisa, quando quer ser pungente, quando quer cravar o arado na terra seca, que não dá em nada, deixando-a toda revoltada. A indecisão da morte, o nem o pai morre nem agente almoça, é sem dúvida o pior desta cidade.
Os homens importantes cá da terra reúnem imenso com os munícipes, pelo menos com aqueles que conseguem ir às reuniões de Câmara às duas da tarde e no meio da semana de trabalho, e estão para ali todos no palanque, imensos, a falar bonito, mas só a dizer merda.
Moram todos em Carcavelos e não frequentam as esplanadas com vista para o desatino que vai nesta cidade.
Esta conversa não faz sentido absolutamente nenhum se não vos contar que na 4ª feira passada se votou o novo Regulamento para o Funcionamento dos Horários da cidade de Lisboa, com 40 marmanjos a debitar parvidades e a aprovar relatividades, e os 'Aqui Mora Gente' desta vida, a postar postas de Facebook, na respetiva rede, mas bom senso que é bonito, nada.
Veio tudo à rede, mas nada daquilo era peixe, pelo que ficou a cidade mais esfomeada, e nós que por aqui moramos, cá ficámos com os despojos da grande pescaria.
Esplanadas que podem estar abertas até às 3 e 4 da manhã, com o argumento que assim se controla melhor o espaço público, foram algumas das tiradas mais líricas.
Uma esplanaducha ali na sobre-loja do meu prédio, a bombar cerveja até às três da matina, fora o tempo que levam a sair dali depois do fecho, é muito mau para quem trabalha, mas ótimo para os que sofrem de insónia. Jardins maravilhosos onde os cães rasgam patas diariamente nas garrafas partidas, é mau para o cão e respetivo dono, mas ótimo para o negócio veterinário.
E é assim, com esta ligeireza paternalista que se decide o destino da menina e moça.
 
As imagens infra podem ser muito duras para pessoas sensíveis.
É o Jardim do Arco do Cego todas as manhãs, depois da euforia da cerveja a 0.50€.
Os estabelecimentos que vendem as cervejas eram obrigados a fechar à 21h, não tinham esplanada, e isto ficava assim.  Agora vão fechar às 03h da manhã, com esplanada!

Fotos daqui!!

A minha cidade é Lisboa, e é esta Lisboa que eu amo.
Se esta merda é Lisboa, vou ali e já não venho.

5 comentários:

  1. Não é d'agora. Já há muito tempo que é assim. O lixo que se vê nas tuas fotos, não sei quem o fez, mas durante o ano lectivo, são os meninos do técnico - uma vergonha! Não sei bem o que mais me faz doer, se o lixo, se ver aqueles miúdos perdidos de bêbedos (e outras "cenas")...

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  2. Inconcebível, nada a acrescentar, sendo que, apetecia-me dar umas boas cacetadas neste gente tão tecnológica, tão tudo, e tão porca!!!!

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  3. Por acaso esta semana sai tarde do escritório e fui jantar aí perto e quando passei até comentei que pensava que por esta altura aquilo já estaria deserto porque muitos dos estudantes já tinham acabado semestre, mas não aquilo estava a bombar! :O

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  4. Uva,o problema não é Lisboa, essa continua linda! O problema são algumas pessoas, se é que esstes comportamentos as colocam no patamar de pessoas, que nela habitam. Triste, muito triste...

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