28 de junho de 2017

PEDAÇOS


À medida que o tempo passa por nós, várias transformações vão sendo operadas no nosso subconsciente.
Até os sonhos são diferentes.
No meu caso, e julgo que nos vários casos que conheço, é sobretudo uma calmaria que se abate sempre que o caso é tumultuoso. Vejo-me diversas vezes ao contrário, como que olhando-me e percebendo o quão diferente estou em certas situações mais quezilentas, onde outrora era certo e sabido que havia de me escalpelizar e aborrecer, as mais das vezes por muitos e longos anos.
Ontem, por força de uma noticia menor, dessas que nos eriçam o pelame mas que não são assim tão fortes para nos deixarem descabeladas, a calmaria sobreveio e eu, que sou uma esganiçada do pior, pelo menos aqui com os meus botões, mative uma calma só operada nas missas, ou nos atos de confissão.
A calma, ao contrário do que muitos pensam, é o que parte mais. Amiúde a pessoa que se exalta e expira um grito de fúria, solta aquela camada rija que se chama controlo e preserva o ser intacto lá por dentro.
A calma destrói porque implode, rasga os sentimentos e as emoções, separando-as.
Quando assim é, nós todos, os que maduros se controlam, não fazem mais do que ficar em pedaços para manter os outros inteiros.

À medida que o tempo passa por nós, vamos ficando cada vez mais tristes, porque tudo o que aprendemos com o passar do tempo, jamais poderemos usar numa nova vida.
Pudesse eu usar numa nova oportunidade os ensinamentos que a cada dia absorvo, e creio que poderia até ser Deus.

Intacta por dentro e por fora.

7 comentários:

  1. Respostas
    1. :)
      Não.

      Para ser sincera, gosto mais do super homem do Nietzsche para designar um ser superior aos demais.
      A luz vem sempre de dentro. Não perco muito tempo nem com a moral, nem com a metafísica.
      Gosto de ser livre.

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    2. Faz bem!
      Já o Fernando pessoa dizia que a metafísica poderá ser uma consequência de se estar mal disposto...

      Ainda assim, estou em crer que poderá, eventualmente, estar errada!
      E admito que poderá estar certa!

      E é livre?

      :)

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    3. Só o pensamento é livre.
      Mas sou livre - religiosamente falando. Não temo a Deus, se é que me faço entender.

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    4. Não creio que Deus, se existir, tenha de ser temido... Quanto muito respeitado! Mas isso até um cão deve ser...

      Nem o pensamento é livre. É condicionado pela própria existência... Não concorda?

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    5. Todas as almas crentes a Deus temem Deus. É intrínseco. O pecado mora ao lado, como diz o poeta, e pecar não vem nas escrituras. Por isso a Igreja inventou a confissão e as rezas de limpeza. POdes pecar desde que peças desculpa. Mas o medo esse é infinitamente maior do que o respeito, e respeito é algo que se aproxima (e muito) do medo. O respeito leva à obediência e ao cumprimento de algumas normas. Não cumprir normas mete medo, a menos que sejamos destemidos, e como não somos livres (lá está) senão no pensamento, não há verdadeiros destemidos, mas sim loucos.

      Não concordo.
      O pensamento é livre porque não nos coloca em causa perante o outro. Eu penso e ninguém vê, ouve ou entende. Nesse sentido não tenho barreiras ao meu pensamento. Obviamente que de acordo com as nossas vivências pensamos de uma ou de outra maneira, somos condicionados ou condicionamos, mas isso não inviabiliza a liberdade do sermos livres a pensar.
      Não gosto de misturar o que somos enquanto humanidade ou individualmente, como aquilo que pensamos da humanidade ou de nós próprios.

      Dito de outra forma, eu faço uma diferenciação entre o pensamento livre e o livre pensamento.
      Posso não ser um livre pensado mas serei sempre livre de pensar.

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    6. Posso não ser um livre pensadoR mas serei sempre livre de pensar.

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