Alegria é coisa que hoje tenho pouca capacidade de sentir.
E não estou nem um bocadinho deprimida, pelo contrário, a tristeza é ainda uma emoção.
Consigo sentir a tristeza como se ela estivesse fora de mim, plasmada, a olhar-me e a dizer-me que há pessoas que nos dão chapadas sem mãos, estalos ruidosos que não nos tocam fisicamente, mas que são murros num estômago vazio.
É.
Há muito que desisti das notícias ruins, guerras sangrentas entre canais, mas são os jornais que me entram pelos olhos, e é nesses que não me aguento, por não lhes saber resistir.
Os homens maus ocuparam-me os olhos. As estátuas caíram-me em cima.
E lá vou eu novamente, sugada pela espiral do romantismo; empedernido amor pela Arte.
Fico pensando, ali, segurando a cabeça defronte a páginas abertas, que mesmo que escreva durante anos seguidos, neste blog ou em livros, numa prolixa e palavrosa prosa infinita, deixando, se preciso fosse, a minha vida no papel, as minhas palavras haviam de ficar a dever muito à Arte.
Os homens maus ocuparam-me os olhos. As estátuas caíram-me em cima.
E lá vou eu novamente, sugada pela espiral do romantismo; empedernido amor pela Arte.
Fico pensando, ali, segurando a cabeça defronte a páginas abertas, que mesmo que escreva durante anos seguidos, neste blog ou em livros, numa prolixa e palavrosa prosa infinita, deixando, se preciso fosse, a minha vida no papel, as minhas palavras haviam de ficar a dever muito à Arte.
A Arte vale mais de mil palavras, a Arte são as palavras todas juntas, porque a Arte é entrega, a arte é uma profissão de generosidade, que toca o coração dos outros, emociona-os para o bem, e ao mesmo tempo traz-lhes a inquietação.
Inquieta-me que homens se matem por dentro, porque matar a Arte é matar a capacidade que os outros têm de nos emocionar.
Inquieta-me que homens se matem por dentro, porque matar a Arte é matar a capacidade que os outros têm de nos emocionar.
Que triste, matar assim a martelo a emoção.
É a realidade, dirão alguns.
Que direi eu? Que já não aguento tanta realidade? É verdade...
E agora?
Vamos deixar o mundo engolir-nos?
E a religião e a guerra, e o ódio e a terra? Não são os realismos medonhos?
Que gente é esta que mata a história?
São estátuas.
Porque há leitos onde o frio se demora.
E há noites que nunca mais acabam.
E tudo em nome de Deus.
ResponderEliminarTudo em nome da ignorância que é a religião.
EliminarParece que esses... seres... têm como tradição, destruir todos os monumentos que existem no território que pretendem ocupar, como forma de demonstração de poder e conquista (as outras notícias ainda não tinha visto).
ResponderEliminarExcelente texto, Uva. Quando vi aquela boçalidade nem consegui pensar nada e tu pensaste e escreveste e melhor, era impossível.
(Não Uva, era o que faltava, não vamos nada deixar o mundo engolir-nos, nem a realidade aturdir-nos, é disso que seres como aqueles se alimentam e nós não podemos deixar. Vê lá se tu deixaste, vê lá se não pegaste no que tinhas mais à mão, as palavras e com elas fizeste a tua parte de entrega e generosidade em nome de outras artes ).
Ó Clau, tu tens cá um dom para me deixar sem as palavras miúda....
EliminarTudo quanto é extremismo me repugna...
ResponderEliminarPodes crer!
EliminarAté fiquei sem respirar. Nem queria acreditar...