22 de novembro de 2017

A VACARIA

Gostava muito de saber em que pé estamos relativamente à evolução do sistema e método educativo.
A Escola tem ou não acompanhado o salto tecnológico e as novas competências intelectuais e de informação que têm hoje todos os nossos estudantes?
A Escola é ou não, numa base diária, ultrapassada pelos acontecimentos?
Não necessito de ir muito mais longe para perceber que a temática é tão simples como querer agarrar o vento com as mãos.

Em Portugal dão-se passinhos muito pequeninos na estrada da atualização dos programas escolares, na actualização dos conhecimentos (formação de professores), na organização e manutenção do espaço escolar, na perda de poder e autonomia do corpo docente, e desses passos, muitos são para trás - se pensarmos por exemplo na forma como um professor é hoje tratado (e desmerecido), tanto por parte dos seus alunos, como por parte dos pais e da Tutela.
A minha pergunta surgiu para tentar perceber se as alterações no ensino devem ser futuristas, tecnológicas, inovadoras, e velozes como computadores, ou devem manter-se em lume brando, cumprindo metas curriculares impostas por leis obsoletas, transmitindo os saberes como há 150 anos, e deixando alunos e pais à beira de um ataque de nervos?

Ouvia no outro dia, com muita atenção, a Diretora de Turma da minha filha.
Dizia ela que o ensino é (e deve ser) lento, que o saber deve escorrer lentamente para a grande taça da sabedoria e ficar lá, a marinar e a crescer, como o coalho do queijo.
Dizia ela que a Escola não deve ser uma leitaria onde as vacas comem palha de um lado e são espremidas do outro, constantemente, sem que o leite sirva para mais nada senão para consumo imediato, para o consumo líquido.
Há que deixar poisar o leite para fazer o queijo. O saber deve ganhar substância.
Não deixa de ser interessante a metáfora das vacas a comer palha e a produzir o mesmo leite de sempre.
Sempre o mesmo método.
Sempre a mesma palha.
Sempre o mesmo queijo.

Mas... e as vacas? Já alguém parou para pensar nas vacas?

Deixo aqui um belíssimo trabalho do youtuber Prince Ea.
Vale muito a pena ver.





2 comentários:

  1. Haveria tanto a dizer sobre este assunto...

    Os passinhos educativos em Portugal não são pequeninos, pelo menos em aspectos curriculares. São enormes, pouco informados, e, mais que para a frente ou para trás, são para a esquerda e para a direita, sem sairmos do sítio.

    Isto não vai lá com vacas, metáforas ou lugares-comuns. Vai lá com seriedade, rigor e fundamentação científica. Quando é que se fez uma reforma educativa em Portugal baseada (1) numa avaliação séria e rigorosa do funcionamento do sistema anterior e (2) em investigação científica nas áreas que devem informar a Educação (Psicologia, Ciências Cognitivas, ...)?

    ResponderEliminar
  2. A sério? Outra vez arroz?? Estou cansada de ver os mesmos argumentos (embora no caso presente, estejam plasmados no vídeo de um youtuber, essa mole de gente informadíssima sobre toooodos os assuntos e mais alguns, como é sabido). Também me cansa a ideia (muito difundida) de que todos somos especialistas em educação só por termos filhos. Eu tenho uma bata e não sou médica. Cansaço, supremo cansaço! E os estudos (inúmeros e sérios) que comprovam que o recurso às tecnologias deve ser limitado porque tem efeitos opostos aos pretendidos, ninguém leu, fui só eu?! Can-sa-ço.

    ResponderEliminar