Obviamente que me estão presas na garganta muitas e muitas palavras feias.
Em 2017 decidi eleger a palavra "hostil" como sendo a palavra mais presente na minha vida.
É uma palavra feia mas ao mesmo tempo superlativa porque não se basta nas poucas letras que a compõem, extrapolando-se antes a si própria e abrangendo um vasto leque de significados.
É uma palavra medonha, e no entanto vivo com ela.
É tão enorme que me engoliu toda, e julgo mesmo que, acaso fosse possível assim - uma palavra estar por dentro e também por fora - poderia dizer que a palavra hostil 'hostil' me engoliu toda [vivo dentro dela] e ao mesmo tempo vive dentro de mim.
Mas hostil fica para trás. Como um elefante que pára quando vê o perigo afastar-se.
Perpetradores parece ser a palavra de 2018.
A nuvem negra por cima das nossas cabeças, a rebentar de palavras feias, entre elas a conhecidíssima e já banal - é preciso dizê-lo com frontalidade - 'assédio', promete um dilúvio dos grandes.
Os acontecimentos do passado, rompendo as barreiras todas do tempo, vêm instalar-se no meio da casa, como que dizendo: 'eu sou este elefante enorme e já não é possível que me deixes confinado à sala'. É efetivamente disto que se trata: elefantes atrás uns dos outros, que ficaram escondidos como pulgas atrás das orelhas.
Os mais conhecidos perpetradores da humanidade foram os 'Perpetradores do Holocausto'. Adolf Eichmann, Heinrich Himmler, Reinhard Heydrich, Josef Mengele e Otto Georg Thierack.
Foram eles os maiores agressores, não só da palavra Humanidade, como da própria humanidade em si.
Em sentido contrário àquele que foi no passado, dando a volta à palavra e conferindo-lhe estética e beleza - como se os novos perpetradores brandissem agora a mesma espada do terror, mas desta vez contra os seus próprios agressores - surjo eu, a justiceira.
Oiçam bem - com orelhas de elefante - aquilo que vos digo.
Um dia, quando alguém quiser fazer Justiça! e justiça não houver, surgirão em catadupa mulheres e homens capazes de destruir tudo e todos com as suas palavras.
Eu falarei!
Porque o silêncio também é crime!
E não posso permitir senão que, dentro e fora de mim, haja outra palavra que não seja Humanidade.
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