23 de dezembro de 2015
Feliz Natal e até para o ano!
A minha mensagem de Natal para este ano é simples como a inocência de uma criança.
Desejo-vos tudo aquilo que venho desejando para mim ao longo da vida.
Que a vida vos sorria sempre.
Feliz Natal e um ano de 2016 pleno de alegria.
22 de dezembro de 2015
As 40 palavras que nunca te direi
As últimas notícias do mundo deixam-me perplexa.
Eu tento, que tento, uma postura aceira, que me permita penetrar e entender as causas dos acontecimentos, mas talvez a minha capacidade intelectual, senescente, se tenha escapulido pela tonsura e se encontre numa fase de asnidade.
Os meus pensamentos não são, agora, mais do que voejo undívago, sem praia onde morrer.
Por exemplo hoje, enquanto subia pela enésima vez a Calçada do Carriche, e tentava fazer ligações lógicas à notícia de abertura, senti-me bruscamente espaventada.
Como é que é possível existir (ainda) uma maioria de votantes, absolutamente ecmnésicos, predisposto a votar num governo de direita, caso a isso fossem chamados? Agora que mais um Banco se vestiu de descalabro, onde mais uma vez a supervisão se mostrou um gigante dessiso, que através da sua pungente, gritante e vergonhosa falta de carácter e brio profissional, age mesmamente sobre os temas que no passado e outra vez no presente, nos fizeram regredir anos sem fim como nação, qual sicário ubertoso, ardil, e necator, que usa a sua taifa altamente especializada, curvada, submissa e socancra, que joga areia para todos os olhos que ainda não dormem.
Filhos da Puta! Que estas palavras todos conhecem.
Julgam-se urbígenas de pelegrine, grandes otimates também da misericórdia divina, julgando-nos a todos nós pengós, meros pingadeiros da sua despesa contínua, ultrajante e desumana, enquanto de lá, do acento etéreo onde sentam a ossatura, acendem pegadilhas para disfarçar a grande merda, rechaçando culpas em cartórios das sua sociedades.
Sanguinos!
Deviam ser todos fechados numa estacada, submetidos a uma eclampse química, levados numa igarité (que eles são muitos) para uma qualquer ínsua, onde lentamente os submetessem ao mesmo género de sofrimento que causam ao país, pobre país, exaurido desde rumorejo infinito, vulgar apanágio dos vermes.
Atoarda uma ova! Que onde há fumaça à incêndio.
Somos constantemente adentados por estes coreutas, que agem nos colédocos do submundo da alta finança, ahh que bonito paradoxo, que ignoram a cércea do povo, submetendo-nos não só à carga, mas também a corifeus que se dizem guapos, mas não passam de vegetais ondulando no nabal.
Filhos da Puta! Que estas palavras todos conhecem.
Neste texto, cuja obvenção é vagal, mas de pasigrafia geral, deixo escrita a minha perplexidade e a minha dor, e choro também pela língua portuguesa, queimada pelo fogo, tal como um povo, que eu tão bem conheço.
Filhos da Puta!
Eu tento, que tento, uma postura aceira, que me permita penetrar e entender as causas dos acontecimentos, mas talvez a minha capacidade intelectual, senescente, se tenha escapulido pela tonsura e se encontre numa fase de asnidade.
Os meus pensamentos não são, agora, mais do que voejo undívago, sem praia onde morrer.
Por exemplo hoje, enquanto subia pela enésima vez a Calçada do Carriche, e tentava fazer ligações lógicas à notícia de abertura, senti-me bruscamente espaventada.
Como é que é possível existir (ainda) uma maioria de votantes, absolutamente ecmnésicos, predisposto a votar num governo de direita, caso a isso fossem chamados? Agora que mais um Banco se vestiu de descalabro, onde mais uma vez a supervisão se mostrou um gigante dessiso, que através da sua pungente, gritante e vergonhosa falta de carácter e brio profissional, age mesmamente sobre os temas que no passado e outra vez no presente, nos fizeram regredir anos sem fim como nação, qual sicário ubertoso, ardil, e necator, que usa a sua taifa altamente especializada, curvada, submissa e socancra, que joga areia para todos os olhos que ainda não dormem.
Filhos da Puta! Que estas palavras todos conhecem.
Julgam-se urbígenas de pelegrine, grandes otimates também da misericórdia divina, julgando-nos a todos nós pengós, meros pingadeiros da sua despesa contínua, ultrajante e desumana, enquanto de lá, do acento etéreo onde sentam a ossatura, acendem pegadilhas para disfarçar a grande merda, rechaçando culpas em cartórios das sua sociedades.
Sanguinos!
Deviam ser todos fechados numa estacada, submetidos a uma eclampse química, levados numa igarité (que eles são muitos) para uma qualquer ínsua, onde lentamente os submetessem ao mesmo género de sofrimento que causam ao país, pobre país, exaurido desde rumorejo infinito, vulgar apanágio dos vermes.
Atoarda uma ova! Que onde há fumaça à incêndio.
Somos constantemente adentados por estes coreutas, que agem nos colédocos do submundo da alta finança, ahh que bonito paradoxo, que ignoram a cércea do povo, submetendo-nos não só à carga, mas também a corifeus que se dizem guapos, mas não passam de vegetais ondulando no nabal.
Filhos da Puta! Que estas palavras todos conhecem.
Neste texto, cuja obvenção é vagal, mas de pasigrafia geral, deixo escrita a minha perplexidade e a minha dor, e choro também pela língua portuguesa, queimada pelo fogo, tal como um povo, que eu tão bem conheço.
Filhos da Puta!
Mote: Aqui!
21 de dezembro de 2015
Da maldade
Sou muito contrária à generalidade das pessoas.
Tudo me surpreende.
Ao contrário dos descrentes, aqueles que se dizem ter passado por muito, tanto que já nada os faz voltar a cabeça num trejeito de curiosidade - e que, quanto a mim, demonstrando uma apatia mais feroz do que as pedras da calçada - tenho pena.
Não sou assim. A mim tudo me seduz, tudo me entristece, tudo me afadiga. Ao virar da minha esquina está uma jovem romena envelhecida. Tem nas mãos um copo esticado que pede esmola. Olho para ela nos olhos, e vejo-lhe as mãos andrajosas, corrompidas. Sou a única que a olha. Já a ela, que me fita displicente e até mordaz, a minha imagem não lhe afadiga os pensamentos.
Estamos dormentes, mas eu ainda sinto os braços.
Hoje de manhã, quando sai para a rua: será possível? estarei a ver bem? Onde estão as árvores que davam cor a isto tudo, que aninhavam passarinhos, que sombreavam as esplanadas?
Todas cortadas rentes, sem novas oportunidades.
Maldade.
Mais à frente vi dois gatos cambaleantes, pequeninos. Têm fome, pensei.
Mas outros gatos jaziam mortos, ali perto, e os outros, ainda vivos, agonizavam esticando-se ao comprido no relvado, de olhos muito abertos.
Veneno.
Logo que cheguei ao escritório denunciei a situação.Os gatos foram todos envenenados porque faziam moscas.
Matam as moscas e mantém-se a merda.
As árvores foram definitivamente abatidas.
Sujavam as casas através das janelas, e uma comissão de moradores achou por bem um abaixo assinado.
Como se os moradores não convivessem bem com a merda que têm na cabeça.
Não entendo as pessoas.
Não percebo as cabeças.
Gosto tanto de árvores como gosto de animais.
E no entanto vejo-me rodeada de gente como cepos, animais em forma de gente.
Sois miseráveis.
Tudo me surpreende.
Ao contrário dos descrentes, aqueles que se dizem ter passado por muito, tanto que já nada os faz voltar a cabeça num trejeito de curiosidade - e que, quanto a mim, demonstrando uma apatia mais feroz do que as pedras da calçada - tenho pena.
Não sou assim. A mim tudo me seduz, tudo me entristece, tudo me afadiga. Ao virar da minha esquina está uma jovem romena envelhecida. Tem nas mãos um copo esticado que pede esmola. Olho para ela nos olhos, e vejo-lhe as mãos andrajosas, corrompidas. Sou a única que a olha. Já a ela, que me fita displicente e até mordaz, a minha imagem não lhe afadiga os pensamentos.
Estamos dormentes, mas eu ainda sinto os braços.
Hoje de manhã, quando sai para a rua: será possível? estarei a ver bem? Onde estão as árvores que davam cor a isto tudo, que aninhavam passarinhos, que sombreavam as esplanadas?
Todas cortadas rentes, sem novas oportunidades.
Maldade.
Mais à frente vi dois gatos cambaleantes, pequeninos. Têm fome, pensei.
Mas outros gatos jaziam mortos, ali perto, e os outros, ainda vivos, agonizavam esticando-se ao comprido no relvado, de olhos muito abertos.
Veneno.
Logo que cheguei ao escritório denunciei a situação.Os gatos foram todos envenenados porque faziam moscas.
Matam as moscas e mantém-se a merda.
As árvores foram definitivamente abatidas.
Sujavam as casas através das janelas, e uma comissão de moradores achou por bem um abaixo assinado.
Como se os moradores não convivessem bem com a merda que têm na cabeça.
Não entendo as pessoas.
Não percebo as cabeças.
Gosto tanto de árvores como gosto de animais.
E no entanto vejo-me rodeada de gente como cepos, animais em forma de gente.
Sois miseráveis.
19 de dezembro de 2015
Por causa de coisas destas ...
... em que gatas completamente loucas saltam para cima das coisas mais altas que tem lá em casa, logo após a esterilização, of course - é que lhes acontecem coisas assim...
Porquê?
PORQUÊ????
Porque não pára um segundo quieta, porque trepa às paredes, aos cortinados, porque se atira contra as janelas, porque se acha o Batman, ou o Plastic Man (e porque só tem ideias escatológicas), e vai daí, saiu-lhe uma hérnia (que ficou do tamanho de uma bola de ténis), justo no sitio da sutura da esterilização.
E lá fomos nós outra vez para o hospital, onde foram precisas 4 pessoas adultas para conseguirem anestesiá-la, e só depois de enfiada numa jaula de retenção para animais SUPER ferozes, é que finalmente deu de si e se deixou levar pela moca da morfina.
E mesmo assim ficou de olhos abertos, fitados em direção à veterinária.
E a minha vida é isto.
Uma gata completamente... olhem, nem sei que vos diga.
18 de dezembro de 2015
E se de repente uma desconhecida te...
...oferecer bicicletas, isso é?
Uma loira chamada Vera!
Ó pá, tu és uma explosão de sabor nesta minha vidinha sem sal.
Obrigada miúda.
Tão, mas tão fixe!
Uma loira chamada Vera!
Ó pá, tu és uma explosão de sabor nesta minha vidinha sem sal.
Obrigada miúda.
Tão, mas tão fixe!
Ingrato
Um amigo meu faz hoje anos.
Eu, moça muito simpática, fui ao mural dele dar-lhe os parabéns, o que fiz segundo a minha personalidade inigualável.
Olá miúdo. Então como é que vão esses ossos?
É que ouvi dizer que fazes anos hoje e como não fui convidada estou a pensar dar-te com um pau.
Desamigou-me.
A falta da compreensão da ironia é o maior flagelo nisto das redes sociais.
Eu, moça muito simpática, fui ao mural dele dar-lhe os parabéns, o que fiz segundo a minha personalidade inigualável.
Olá miúdo. Então como é que vão esses ossos?
É que ouvi dizer que fazes anos hoje e como não fui convidada estou a pensar dar-te com um pau.
Desamigou-me.
A falta da compreensão da ironia é o maior flagelo nisto das redes sociais.
Dress code para o jantar de Natal
Umas cuecas de ciclista, logo por baixo do collant de lycra fatela, do chinês, para alapar o rabo numa cadeira lááááááá nos fundilhos da mesa, comer a tranche de bacalhau assado sobre mousse de grão e grelos salteados (blhéc), e fugir dali para fora na roda pedaleira maior, para ninguém notar que este ano a super-secretária não participará (jamais!!) no grande acontecimento do ano: o insuportável amigo (in)culto.
Tenho aliás mais que fazer esta noite, nomeadamente abalroar condutoras perigosas, com a minha super bike de carbono...
17 de dezembro de 2015
Cada dia é um bico d'obra
Meu querido V.
Hoje tivemos uma manhã particularmente difícil.
Parece-te que escalamos uma parede que não tem em lado nenhum um apoio para os pés, e que incompletos, subimos por ali a cima sentindo o corpo morto que se baloiça, pendurado, sem fé nos seus braços.
Agarra-te a mim.
Tenho a força de todas as gerações que antes de mim sucumbiram escalando.
Agarra-te a mim.
Confia que nos meus braços reside um sonho e uma força maior do que todas as paredes, todos os muros, todas as desesperanças.
Hoje tivemos uma manhã particularmente difícil.
Agarra-te a mim.
Ninguém é capaz de construir uma parede sem fim.
16 de dezembro de 2015
Então Uva, novidades?
No salto para a Liberdade.
Quando regressarmos à margem, vestirmos as roupas enxutas, e alisarmos os cabelos, diremos que fizemos um mergulho daqueles à antiga, daqueles de cortar a respiração por muitos e longos dias (de incertezas, de surpresas, de dúvidas, de trabalho e de orgulho), e nesse momento, ela, ainda criança, olhando pela nova janela os rapazes do futuro, ele, compenetrado, fazendo os últimos furos para pendurar as toalhas do bidé, e eu, ahh eu, sentada na minha mesa inundada de luz, olhando para uma janela muito luminosa com lindos cortinados de linho branco, escreverei aquilo que durante tantos dias não consegui escrever, darei uma cara nova a esta Uva Passa velhinha, gasta e aborrecida, e encetarei com todos vocês aquela que será a mais corajosa etapa da minha vida.
Há coisas na vida que passam.
Mas aqui a Uva...
Fica!
11 de dezembro de 2015
Querem saber de mim, querem saber quem sou, mas querem saber sobretudo 'para onde vou'.
A inocência traduz a bonomia.
Soube, desde a primeira vez que encontrei um comentário a um post meu, que havia de me apaixonar imensas vezes por pessoas desconhecidas.
A paixão também traduz a inocência.
Quando escrevi o epílogo para o blog, a finalidade do blog, servindo-vos numa bandeja a conclusão imediata daquilo que estavam prestes a conhecer - sem terem lido ainda nada meu, a chamada carroça à frente dos bois, pois onde é que já se viu um epílogo no início, queria muito que (por aí) entendessem que o meu delírio, a Uva passada-trocada-trajada-esculpida, neste blog e nesta vida - dessa finalidade, isto é, servir-vos primeiro o epílogo, dizer-vos exatamente ao que vinham e depois esculpir-vos em grande delírio, a minha história.
Com a ânsia de escrever, lancei muitas vezes a mão a verdades inverosímeis, brincadeiras sérias, ironias, estas ultimas explicando as primeiras, tudo trocado, mais uma vez.
A inocência traduz a bonomia, e eu gostava cada vez mais de todos, e as inverdades, o rosto escondido, as ironias, a palhaçada que é o circo da minha vida, foi-se perdendo, e com ela a alegria de me ver apaixonada a casa dia.
Não sei quem sou, sequer para onde vou.
Levo-vos a todos no coração pequenino de criança.
O meu delírio perdido jaz morto à margem de mim.
Quero muito entender o que foi que na minha bonomia me fez perder a paixão.
Agora vou.
Se não tenho já o meu delírio, que fiquem pelo menos com o delírio dos outros.
Bem vindos.
Outra vez?
Aqui a tentar ir para qualquer lado mas a não conseguir ir para lado algum, o artista inglês Gerry Judah, é a metáfora perfeita para o meu delírio de hoje.
Soube, desde a primeira vez que encontrei um comentário a um post meu, que havia de me apaixonar imensas vezes por pessoas desconhecidas.
A paixão também traduz a inocência.
Quando escrevi o epílogo para o blog, a finalidade do blog, servindo-vos numa bandeja a conclusão imediata daquilo que estavam prestes a conhecer - sem terem lido ainda nada meu, a chamada carroça à frente dos bois, pois onde é que já se viu um epílogo no início, queria muito que (por aí) entendessem que o meu delírio, a Uva passada-trocada-trajada-esculpida, neste blog e nesta vida - dessa finalidade, isto é, servir-vos primeiro o epílogo, dizer-vos exatamente ao que vinham e depois esculpir-vos em grande delírio, a minha história.
Com a ânsia de escrever, lancei muitas vezes a mão a verdades inverosímeis, brincadeiras sérias, ironias, estas ultimas explicando as primeiras, tudo trocado, mais uma vez.
A inocência traduz a bonomia, e eu gostava cada vez mais de todos, e as inverdades, o rosto escondido, as ironias, a palhaçada que é o circo da minha vida, foi-se perdendo, e com ela a alegria de me ver apaixonada a casa dia.
Não sei quem sou, sequer para onde vou.
Levo-vos a todos no coração pequenino de criança.
O meu delírio perdido jaz morto à margem de mim.
Quero muito entender o que foi que na minha bonomia me fez perder a paixão.
Agora vou.
Se não tenho já o meu delírio, que fiquem pelo menos com o delírio dos outros.
Bem vindos.
Outra vez?
Aqui a tentar ir para qualquer lado mas a não conseguir ir para lado algum, o artista inglês Gerry Judah, é a metáfora perfeita para o meu delírio de hoje.
10 de dezembro de 2015
No Natal o meu presente eu quero que seja...
... a minha agenda?
Não!
Um dicionário de crescimento infinito.
Onde eu possa encontrar, diariamente, novas palavras para o melhor blog do mundo.
O meu.
Não!
Um dicionário de crescimento infinito.
Onde eu possa encontrar, diariamente, novas palavras para o melhor blog do mundo.
O meu.
Das voltas que a vida dá
Quando eu era uma chavala, naquela idade em que qualquer brisa era na verdade um furacão, a minha melhor amiga foi estudar para Lisboa.
Fiquei especada no meio do pátio, com os braços descaídos e a boca aberta.
- Como assim 'vais estudar para Lisboa'?
- Então, o meu pai quer que eu vá para perto do trabalho dele e conseguiu meter-me no liceu.
No liceu...
Mas que merda de pai é que nos tira assim a melhor amiga, ainda para mais para a enfiar num liceu?
- E nós?
- ´Tão, nós é fácil, pegas na camioneta e vais-me visitar.
Oh, sim, claro, e dos meus bolsos jorram notas de mil escudos para te ir visitar ao liceu...
Mas se as notas fraquejavam, as moedas iam aparecendo, e o liceu da minha amiga tornou-se parte integrante da minha vida, como fazem parte da nossa vida todas as melhores amigas.
Passava tardes perdidas no pátio à espera que a minha amiga acabasse as aulas que tinha da parte da tarde. Já me consideravam uma aluna, assisti a milhares de aulas, participei nas atividades festivas, ajudava nos convívios. Os alunos do liceu passaram a ser os meus amigos do liceu, o meu namorado betinho era um betinho do liceu, e quando mais tarde me encontrei com um livro da Isabel Stilwell, fiquei maravilhada, também com a história da sua construção.
Escusado será dizer o que vou dizer agora.
- Então e nós?
- ´Tão, nós é fácil, pegas na camioneta e vais-me visitar.
Fiquei especada no meio do pátio, com os braços descaídos e a boca aberta.
- Como assim 'vais estudar para Lisboa'?
- Então, o meu pai quer que eu vá para perto do trabalho dele e conseguiu meter-me no liceu.
No liceu...
Mas que merda de pai é que nos tira assim a melhor amiga, ainda para mais para a enfiar num liceu?
- E nós?
- ´Tão, nós é fácil, pegas na camioneta e vais-me visitar.
Oh, sim, claro, e dos meus bolsos jorram notas de mil escudos para te ir visitar ao liceu...
Mas se as notas fraquejavam, as moedas iam aparecendo, e o liceu da minha amiga tornou-se parte integrante da minha vida, como fazem parte da nossa vida todas as melhores amigas.
Passava tardes perdidas no pátio à espera que a minha amiga acabasse as aulas que tinha da parte da tarde. Já me consideravam uma aluna, assisti a milhares de aulas, participei nas atividades festivas, ajudava nos convívios. Os alunos do liceu passaram a ser os meus amigos do liceu, o meu namorado betinho era um betinho do liceu, e quando mais tarde me encontrei com um livro da Isabel Stilwell, fiquei maravilhada, também com a história da sua construção.
Escusado será dizer o que vou dizer agora.
- Então e nós?
- ´Tão, nós é fácil, pegas na camioneta e vais-me visitar.
4 de dezembro de 2015
Das pedras no caminho
Pedras no caminho? Não guardo nem uma!
Estou-me completamente a cagar para os castelos, para as princesas e para a monarquia.
Quero é seguir descansada, e se possível, sem pedragulhos às costas.
Estou-me completamente a cagar para os castelos, para as princesas e para a monarquia.
Quero é seguir descansada, e se possível, sem pedragulhos às costas.
Da impaciência
Fui ler um post da Ana há cerca de uma hora e meia.
Pois há cerca de uma hora e meia que estou numa estúpida ansiedade para me libertar do escritório só para ir a correr à Buchholz comprar 'o' livro do Miguel Real.
Pois há cerca de uma hora e meia que estou numa estúpida ansiedade para me libertar do escritório só para ir a correr à Buchholz comprar 'o' livro do Miguel Real.
Da pena
A Justiça foi criada e pensada para assegurar que todas as pessoas pudessem ter exatamente as mesmas oportunidades perante as leis.
O acesso à Justiça, apesar de indissociável da primeira, foi criado e pensado para acabar com os ideais peregrinos de igualdade de oportunidades.
A Justiça (e o sol) quando nasce, é para todos, dizem; já o acesso à Justiça é uma treva imensa.
O acesso à Justiça, apesar de indissociável da primeira, foi criado e pensado para acabar com os ideais peregrinos de igualdade de oportunidades.
A Justiça (e o sol) quando nasce, é para todos, dizem; já o acesso à Justiça é uma treva imensa.
Da incerteza
Disseram-me no outro dia que um tal de Einstein era um burro de primeira apanha, mas afinal não o era em todas as áreas.
Este burro, mas não em todas as áreas, disse que era um erro grave substituir a vontade de olhar e pesquisar (vontade de aprender) pela obrigação e pelo sentido de dever, isto é, que os exames são prejudiciais e aprender não deve ser obrigação.
Disse ainda, este animal racional, burro mas não em todas as áreas, que até um predador animal pode ser privado da sua voracidade se lhes for exigido continuarem a comer quando não têm fome.
E o burro, era ele?
Este burro, mas não em todas as áreas, disse que era um erro grave substituir a vontade de olhar e pesquisar (vontade de aprender) pela obrigação e pelo sentido de dever, isto é, que os exames são prejudiciais e aprender não deve ser obrigação.
Disse ainda, este animal racional, burro mas não em todas as áreas, que até um predador animal pode ser privado da sua voracidade se lhes for exigido continuarem a comer quando não têm fome.
E o burro, era ele?
Da inutilidade
De que servem anos e anos de lutas, de sofrimentos, e disputas, horas e horas de estudos, reuniões, livros e conferências, sobre o lugar da mulher no mundo, se depois da inundação é a ti que te mandam ir buscar o caralho da esfregona?
Da incoerência
O que é que na vida pode ser mais incoerente do que passar um ano inteiro a tentar a integração e a aceitação, e depois marcar um jantar de departamento?
Do direito ao foda-se
Para que serve a merda do blog, se basta dar aqui um peidinho para me virem logo perguntar se já estou na fase da quimioterapia aos intestinos?
Foda-se!
Foda-se!
Da estupidez
É-me muito doloroso verificar que a esmagadora maioria das pessoas que lêem blogs, gastam muito mais tempo da sua vida a visitar espaços que só debitam merda, do que a visitarem espaços que, pela sua qualidade, lhes permitem esquecer que estamos todos rodeados de merda.
Do azar
Deve ser lixado largar tudo para ir a correr gastar uma pipa de massa na black friday, para depois descobrir que pagou muito mais pelas coisas do que se lá tivesse ido na véspera de Natal.
2 de dezembro de 2015
Desculpem esta ausência
Mas tenho andado numa roda tão viva (a roda gira e com ela a minha vida), que tenho os minutos todos ocupados, de sonhos, perspetivas, e possibilidades.
E que possibilidades meus senhores, que possibilidades!
E Lisboa?
Não é tão, mas tão boa?
É pois!
27 de novembro de 2015
Vivó Costa!
E ainda dizem que o governo do PS mimimimi.
Agora imaginem se de repente, do nada, lá nos tempos de estudantes, vos dissessem: bom, caros alunos, este ano não há exames!!!! Até me tremia a passarinha!
ML, filha, já nos safemos!
Para os professores peço calma. Os vossos exames de avaliação, ou muito me engano... ou também vos vai tremer a passarinha!
Agora imaginem se de repente, do nada, lá nos tempos de estudantes, vos dissessem: bom, caros alunos, este ano não há exames!!!! Até me tremia a passarinha!
ML, filha, já nos safemos!
Para os professores peço calma. Os vossos exames de avaliação, ou muito me engano... ou também vos vai tremer a passarinha!
Alguém do Barreiro????
26 de novembro de 2015
A Uva escreve por ti!!!
Moças casadoiras, atentai!!!
Se tendes uma história de amor muito linda para contar, mas não tendes queda nenhuma para a escrita, viestes ao sítio certo!
Não percais mais tempo...
A Uva Passa, um blog do mais alto gabarito ao nível literário, e não só (como também), encontra-se neste momento disponível para escrever a tua maravilhosa ´história de amor' (verdadeira ou não - tu é que sabes as ruas estreitas por onde te queres meter), e ajudar-te a ganhar este magnífico prémio (e chamá-lo de magnífico é estar a desconsiderar o mesmo).
Façam Já! os vossos pedidos!!!
Se quiserem inspiração convido-vos a ler o texto sobre o meu próprio casamento e constatar o espetacular domínio da autora na arte, sobretudo na arte de se aguentar de pé durante 18 horas sob os efeitos daquilo que vocês não sabem, mas desconfiam.
Corram, não fiquem aí especadas!
Isto é sério!
(Pipoca, darling, tu nem sabes onde te vais meter! Tens noção da quantidade de histórias que vais ler miúda? Não sei se vais conseguir perceber a realidade da ficção, e fugires de uma grande injustiça se por azar escolheres uma falsa história, mas seja como for: parabéns! Tens aí um belo concurso.)
Se tendes uma história de amor muito linda para contar, mas não tendes queda nenhuma para a escrita, viestes ao sítio certo!
Não percais mais tempo...
... A UVA ESCREVE POR TI!!!!
A Uva Passa, um blog do mais alto gabarito ao nível literário, e não só (como também), encontra-se neste momento disponível para escrever a tua maravilhosa ´história de amor' (verdadeira ou não - tu é que sabes as ruas estreitas por onde te queres meter), e ajudar-te a ganhar este magnífico prémio (e chamá-lo de magnífico é estar a desconsiderar o mesmo).
Façam Já! os vossos pedidos!!!
Se quiserem inspiração convido-vos a ler o texto sobre o meu próprio casamento e constatar o espetacular domínio da autora na arte, sobretudo na arte de se aguentar de pé durante 18 horas sob os efeitos daquilo que vocês não sabem, mas desconfiam.
Corram, não fiquem aí especadas!
Isto é sério!
(Pipoca, darling, tu nem sabes onde te vais meter! Tens noção da quantidade de histórias que vais ler miúda? Não sei se vais conseguir perceber a realidade da ficção, e fugires de uma grande injustiça se por azar escolheres uma falsa história, mas seja como for: parabéns! Tens aí um belo concurso.)
Tenho muita pena dos jornalistas que trabalham no CM
O Primeiro Ministro António Costa chamou a presidente da ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, para a Secretaria de Estado para a Inclusão de Pessoas com Deficiência.
Chamou-lhe cega como quem nomeia um colibacilo identificado numa análise.
É uma cega, é um cigano, é um nojo, uma merda.
Parem.
Vocês são responsáveis pela educação cultural de grande parte da população portuguesa. Utilizem isso a vosso favor.
Isto assim é só doentio e execrável.
Um dia vocês vão perceber que afinal os cegos também vêem.
Uma vez jornalista do CM, para sempre jornalista do CM.
Vendidos!!
presidente da
Associação dos Cegos e Amblíopes (ACAPO), com quem trabalhou na Câmara
de Lisboa, para a Secretaria de Estado para a Inclusão de Pessoas com
Deficiência.
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
presidente da
Associação dos Cegos e Amblíopes (ACAPO), com quem trabalhou na Câmara
de Lisboa, para a Secretaria de Estado para a Inclusão de Pessoas com
Deficiência.
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
presidente da
Associação dos Cegos e Amblíopes (ACAPO), com quem trabalhou na Câmara
de Lisboa, para a Secretaria de Estado para a Inclusão de Pessoas com
Deficiência.
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
presidente da
Associação dos Cegos e Amblíopes (ACAPO), com quem trabalhou na Câmara
de Lisboa, para a Secretaria de Estado para a Inclusão de Pessoas com
Deficiência.
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/executivo_integra_ex_autarca_cigano_e_cega.html
Titó
Vou contar-vos a história do gato Titó.
Titó era o gato dos meus pais quando eu era pequenina. Lembro-me dele porque era imenso e brilhante, lembro-me dele porque era esperto, porque vivia no nosso quintal, porque vivia na nossa casa, porque vivia na rua, porque foi sempre livre.
O Titó era tão esperto que ia com os meus pais à bica. Era tão esperto que ia com os meus pais ao cinema. Era tão esperto que ia com a minha mãe à praça.
Assim, lado a lado, desengonçando a anca, atento aos passos dos dois, parando apenas para se entrelaçar numa perna, ou num sapato.
O Titó não tinha trela, não tinha caixa de areia a cheirar a pinho-mel, não tinha coleira com guizo, e não tinha pela manhã a diligente ração de bolinhas ultra sintetizadas e 'saudáveis' para lhe dar forma ao corpanzil, magro e musculado.
O Titó era um gato esperto.
Era ele que me salvava as refeições. Era ele que comia a minha comida toda, que comia o pedaço de tomate que ficava no prato, a alface que ficava murcha na beira, o bife mastigado que eu não engolia, a batata cozida que passava de bochecha para bochecha, o pedaço de bacalhau salgado que sobrava da badana, o chouriço alentejano que o fazia esticar a língua até às orelhas, as suculentas postas de pescada que a minha mãe lhe cozia, fiambre era apanhá-lo, camarão cozido era a loucura, e até enguias ele devorava - coitadas, como sobremesa dos inúmeros gafanhotos e pássaros que apanhava na Casa dos Pinheiros para oferecer à minha mãe.
O Titó foi violentamente atropelado com 16 anos, bastante longe de casa, quando andava a ver se papava mais uma gata.
Nunca foi ao veterinário a não ser para morrer, e mesmo para morrer foi complicado, porque apesar de ter ficado esmigalhado da cintura para baixo, arrastou-se até casa para pedir ajuda, percorrendo mais de 2 km assim. Disseram-nos, quem o viu no sítio do acidente, que o gato começou a percorrer o caminho de casa não deixando ninguém tocar-lhe.
O Titó era um gato esperto.
Muitos anos mais tarde, para colmatar o incolmatável, decidi oferecer-me a mim própria um gato. Por razões que não ficaram totalmente definidas na minha cabeça, o meu gato passou a viver em casa dos meus pais definitivamente. Não era um Titó, mas era um gatarrão com 9,650kg sedutor e bonacheirão. Foi um gato que não se divertiu como se divertiu o Titó porque não viveu numa casa com quintal, e sobretudo porque foi um gato que por imposição de uma suposta doença no trato urinário foi obrigado a uma dieta rigorosa que o condenou a comer bolinhas secas e rijas durante 15 anos.
Era de tal forma violento que o gato desenvolveu a perícia de demolhar com a patinha, uma a uma, as bolinhas secas na tigela da água, exatamente como fazem os velhotes com as bolachas.
Eu não consigo perceber porque razão impõem aos animais esta ríspida austeridade alimentar. Porque razão obriguei o meu gato a comer durante 15 anos as mesmas bolas secas todos os dias, acagaçada que lhe caísse a bexiga na malga, gastando mensalmente o cu e oito tostões, de uma ração especialíssima que cheirava a ratos mortos.
Eu percebo tudo, não me julguem uma anormal, mas simplesmente recuso-me a seguir as grandes correntes comodistas das bolinhas secas de ração criadas para facilitar a vida aos donos dos animais.
Com tanta capacidade de 'amor' que as industrias de alimentação animal apregoam pela bicharada doméstica, ainda não percebi, juro que não percebi, porque razão as grandes marcas ainda não trataram deste ENORME flagelo, acabando com a seita da ração seca, sobretudo nos gatos, animais que têm imensos problemas nos rins por falta de água.
Inventaram uma fonte de água para gatos, que aquilo mais parecem as Cataratas do Niagara, mas comida húmida, pega que é ladrão!
A religião é lixada.
Eu bem as vejo viradas para mim com olhos de fogo, quase que me atropelam de raiva, quando me vêem aviada de ração húmida, variada e diversa, para dar à minha gata.
Tenham dó.
Ontem o dono de uma veterinária dizia-me: mas eles não sabem, para eles é tudo igual e sabe, as proteínas e as vitaminas, e esta marca tão boa e os testes e as análises e.... olha, merda!
E eu, que sou torcida como um parafuso, disse-lhe à porta da rua: experimente comer pão seco até lhe caírem os dentes e depois venha cá dizer se é tudo igual.
Titó era o gato dos meus pais quando eu era pequenina. Lembro-me dele porque era imenso e brilhante, lembro-me dele porque era esperto, porque vivia no nosso quintal, porque vivia na nossa casa, porque vivia na rua, porque foi sempre livre.
O Titó era tão esperto que ia com os meus pais à bica. Era tão esperto que ia com os meus pais ao cinema. Era tão esperto que ia com a minha mãe à praça.
Assim, lado a lado, desengonçando a anca, atento aos passos dos dois, parando apenas para se entrelaçar numa perna, ou num sapato.
O Titó não tinha trela, não tinha caixa de areia a cheirar a pinho-mel, não tinha coleira com guizo, e não tinha pela manhã a diligente ração de bolinhas ultra sintetizadas e 'saudáveis' para lhe dar forma ao corpanzil, magro e musculado.
O Titó era um gato esperto.
Era ele que me salvava as refeições. Era ele que comia a minha comida toda, que comia o pedaço de tomate que ficava no prato, a alface que ficava murcha na beira, o bife mastigado que eu não engolia, a batata cozida que passava de bochecha para bochecha, o pedaço de bacalhau salgado que sobrava da badana, o chouriço alentejano que o fazia esticar a língua até às orelhas, as suculentas postas de pescada que a minha mãe lhe cozia, fiambre era apanhá-lo, camarão cozido era a loucura, e até enguias ele devorava - coitadas, como sobremesa dos inúmeros gafanhotos e pássaros que apanhava na Casa dos Pinheiros para oferecer à minha mãe.
O Titó foi violentamente atropelado com 16 anos, bastante longe de casa, quando andava a ver se papava mais uma gata.
Nunca foi ao veterinário a não ser para morrer, e mesmo para morrer foi complicado, porque apesar de ter ficado esmigalhado da cintura para baixo, arrastou-se até casa para pedir ajuda, percorrendo mais de 2 km assim. Disseram-nos, quem o viu no sítio do acidente, que o gato começou a percorrer o caminho de casa não deixando ninguém tocar-lhe.
O Titó era um gato esperto.
Muitos anos mais tarde, para colmatar o incolmatável, decidi oferecer-me a mim própria um gato. Por razões que não ficaram totalmente definidas na minha cabeça, o meu gato passou a viver em casa dos meus pais definitivamente. Não era um Titó, mas era um gatarrão com 9,650kg sedutor e bonacheirão. Foi um gato que não se divertiu como se divertiu o Titó porque não viveu numa casa com quintal, e sobretudo porque foi um gato que por imposição de uma suposta doença no trato urinário foi obrigado a uma dieta rigorosa que o condenou a comer bolinhas secas e rijas durante 15 anos.
Era de tal forma violento que o gato desenvolveu a perícia de demolhar com a patinha, uma a uma, as bolinhas secas na tigela da água, exatamente como fazem os velhotes com as bolachas.
Eu não consigo perceber porque razão impõem aos animais esta ríspida austeridade alimentar. Porque razão obriguei o meu gato a comer durante 15 anos as mesmas bolas secas todos os dias, acagaçada que lhe caísse a bexiga na malga, gastando mensalmente o cu e oito tostões, de uma ração especialíssima que cheirava a ratos mortos.
Eu percebo tudo, não me julguem uma anormal, mas simplesmente recuso-me a seguir as grandes correntes comodistas das bolinhas secas de ração criadas para facilitar a vida aos donos dos animais.
Com tanta capacidade de 'amor' que as industrias de alimentação animal apregoam pela bicharada doméstica, ainda não percebi, juro que não percebi, porque razão as grandes marcas ainda não trataram deste ENORME flagelo, acabando com a seita da ração seca, sobretudo nos gatos, animais que têm imensos problemas nos rins por falta de água.
Inventaram uma fonte de água para gatos, que aquilo mais parecem as Cataratas do Niagara, mas comida húmida, pega que é ladrão!
A religião é lixada.
Eu bem as vejo viradas para mim com olhos de fogo, quase que me atropelam de raiva, quando me vêem aviada de ração húmida, variada e diversa, para dar à minha gata.
Tenham dó.
Ontem o dono de uma veterinária dizia-me: mas eles não sabem, para eles é tudo igual e sabe, as proteínas e as vitaminas, e esta marca tão boa e os testes e as análises e.... olha, merda!
E eu, que sou torcida como um parafuso, disse-lhe à porta da rua: experimente comer pão seco até lhe caírem os dentes e depois venha cá dizer se é tudo igual.
25 de novembro de 2015
Para que serve afinal o meu blog?
Para nada.
Quis fazer uma coisa diferente, quis fundar um momento novo na minha vida, fazer um grande buraco igual ao que fazia no meu quintal, e onde estranhamente enterrei grande parte dos meus brinquedos, tão raros, para que aqui, como lá, crescesse qualquer coisa nova, bonita, talvez que se replicasse, por arborescência, e dali a pouco nascia uma folha nova, um brinquedo novo, um texto perfeito, e tinha tanto espaço para fazer buracos que fui engendrar uma forma de substituir uma enxada, subtraindo um taco de golfe ao meu pai.
Eram buracos pequeninos, feitos com um taco e com a força de uma criança (tão pouca quanto inútil), mas serviam para colocar berlindes, para esconder todos os ases do baralho, e aquilo era maravilhoso, porque se plantasse 4 ases, nasceriam 12 e eu venceria qualquer partida.
Mas já que perguntas para que serve o meu blog, ó alma desassossegada, digo-te que nem para contar sonhos serve.
Nem para contar as voltas que a minha vida não dá; já que se não as entendes é porque não as sei contar.
Para que serve um blog que não sabe contar?
Para nada.
Voltas na vida não são obrigatoriamente para pior, sabes, voltas na vida são aquelas coisas que de repente se assomam na nossa cabeça e nos fazem tomar decisões convictas, decisões que mudam o nosso quotidiano e o nosso pensamento, decisões que supostamente nos fazem bem. São as sinapse boas, as sinapses perfeitas.
Sim, para mim aceitar diariamente que não sou imortal - ao contrário de muita gente que passa pela vidinha perdendo tempo com ninharias, sobretudo que passam pela vidinha achando que o pouco tempo que dispõe para viver saudavelmente, pode efectivamente ser desperdiçado com coisas que mais tarde serão motivo suficiente para se quererem matar de suicídio - é cultivar a consciência de que cada acto meu é único e tem o peso de vinte arrobas em cima da minha consciência.
Cada ato meu tem mais peso à medida que a minha mortalidade se torna mais premente.
Eu não dou voltas à minha cabeça para ficar pior. Não vale a pena dizeres que não adianta.
Eu dou voltas à minha cabeça, eu furo os bolos todos da festa, só para ver se estão mesmo capazes de ser comidos. Não quero acabar com a cabeça dentro da sanita a vomitar os erros, a chorar as mágoas, a tentar a todo o custo meter os olhos para dentro porque fui apanhada de surpresa a perder tempo a esbugalhar os meus olhos perante os obstáculos criados por outros.
Não te maces a prever as voltas que a minha vida não dá, preocupa-te sim em dares uma volta à tua vida. Vais ver que mudas.
E isso vai servir-te de muito.
Sobretudo para começares a escavar um buraquinho.
Quis fazer uma coisa diferente, quis fundar um momento novo na minha vida, fazer um grande buraco igual ao que fazia no meu quintal, e onde estranhamente enterrei grande parte dos meus brinquedos, tão raros, para que aqui, como lá, crescesse qualquer coisa nova, bonita, talvez que se replicasse, por arborescência, e dali a pouco nascia uma folha nova, um brinquedo novo, um texto perfeito, e tinha tanto espaço para fazer buracos que fui engendrar uma forma de substituir uma enxada, subtraindo um taco de golfe ao meu pai.
Eram buracos pequeninos, feitos com um taco e com a força de uma criança (tão pouca quanto inútil), mas serviam para colocar berlindes, para esconder todos os ases do baralho, e aquilo era maravilhoso, porque se plantasse 4 ases, nasceriam 12 e eu venceria qualquer partida.
Mas já que perguntas para que serve o meu blog, ó alma desassossegada, digo-te que nem para contar sonhos serve.
Nem para contar as voltas que a minha vida não dá; já que se não as entendes é porque não as sei contar.
Para que serve um blog que não sabe contar?
Para nada.
Voltas na vida não são obrigatoriamente para pior, sabes, voltas na vida são aquelas coisas que de repente se assomam na nossa cabeça e nos fazem tomar decisões convictas, decisões que mudam o nosso quotidiano e o nosso pensamento, decisões que supostamente nos fazem bem. São as sinapse boas, as sinapses perfeitas.
Sim, para mim aceitar diariamente que não sou imortal - ao contrário de muita gente que passa pela vidinha perdendo tempo com ninharias, sobretudo que passam pela vidinha achando que o pouco tempo que dispõe para viver saudavelmente, pode efectivamente ser desperdiçado com coisas que mais tarde serão motivo suficiente para se quererem matar de suicídio - é cultivar a consciência de que cada acto meu é único e tem o peso de vinte arrobas em cima da minha consciência.
Cada ato meu tem mais peso à medida que a minha mortalidade se torna mais premente.
Eu não dou voltas à minha cabeça para ficar pior. Não vale a pena dizeres que não adianta.
Eu dou voltas à minha cabeça, eu furo os bolos todos da festa, só para ver se estão mesmo capazes de ser comidos. Não quero acabar com a cabeça dentro da sanita a vomitar os erros, a chorar as mágoas, a tentar a todo o custo meter os olhos para dentro porque fui apanhada de surpresa a perder tempo a esbugalhar os meus olhos perante os obstáculos criados por outros.
Não te maces a prever as voltas que a minha vida não dá, preocupa-te sim em dares uma volta à tua vida. Vais ver que mudas.
E isso vai servir-te de muito.
Sobretudo para começares a escavar um buraquinho.
24 de novembro de 2015
Filosofando
Acordei pensativa.
A minha vida pode estar na iminência (hahahahah) de dar uma grande volta, e é natural que pensamentos mais profundos emerjam, despontando na fronte franzida da minha testa, e tomem formas nunca antes pensadas, digo, nunca antes navegadas. Pelo menos pela minha humilde e inundada cabeça.
O post é precisamente sobre isto: de me fazerem a cabeça em água. Os pensamentos.
Acordei pensativa, dizia eu.
Transformei, por motivos de querer muito uma coisa, a minha cabeça num ninho gigante de formigas africanas, todas em nervos, todas eriçadas, descontroladas, como se eu própria, deliberadamente, lá tivesse metido um pé, e tivesse desaguisado aquilo tudo.
Há coisas que se metem na cabeça das pessoas que são dignas de internamento.
As voltas que eu já dei, as pessoas que já importunei, o tempo que já perdi só porque me lembrei de fazer uma coisa que até hoje considerava simples, é de loucos.
E agora estou aqui a olhar para um papel e para as imensas contas, setas, asteriscos, taxas e taxinhas, que nele fiz, e a única coisa que penso é: quem diz que o dinheiro não traz felicidade é porque nunca teve um sonho na vida.
FARTA DE SER POBRE!
A minha vida pode estar na iminência (hahahahah) de dar uma grande volta, e é natural que pensamentos mais profundos emerjam, despontando na fronte franzida da minha testa, e tomem formas nunca antes pensadas, digo, nunca antes navegadas. Pelo menos pela minha humilde e inundada cabeça.
O post é precisamente sobre isto: de me fazerem a cabeça em água. Os pensamentos.
Acordei pensativa, dizia eu.
Transformei, por motivos de querer muito uma coisa, a minha cabeça num ninho gigante de formigas africanas, todas em nervos, todas eriçadas, descontroladas, como se eu própria, deliberadamente, lá tivesse metido um pé, e tivesse desaguisado aquilo tudo.
Há coisas que se metem na cabeça das pessoas que são dignas de internamento.
As voltas que eu já dei, as pessoas que já importunei, o tempo que já perdi só porque me lembrei de fazer uma coisa que até hoje considerava simples, é de loucos.
E agora estou aqui a olhar para um papel e para as imensas contas, setas, asteriscos, taxas e taxinhas, que nele fiz, e a única coisa que penso é: quem diz que o dinheiro não traz felicidade é porque nunca teve um sonho na vida.
FARTA DE SER POBRE!
23 de novembro de 2015
Este não é um blog ronhónhó, mas a dona até acha graça a certas coisas
E se de repente fizéssemos uma malha gigante?
Eu confesso, não tenho jeito ne-nhum para fazer malha, e trek trek trek de volta da cestinha, mas acho que a esta, granjolas, até era capaz de me ajeitar.
É que basta tirar as pernas à mesa da cozinha e voi lá!
Foi exatamente o que fez a artista Anna Mo.
E ficou tão fixe!
ATENÇÂO!!!!!!!!!!!
Um prémio para quem descobrir onde se arranja este material.
Prémio: uma gatinha branca e preta, vacinada, desparasitada, chamada Meca, para meter ali na caminha azul.
Urgente.
Eu confesso, não tenho jeito ne-nhum para fazer malha, e trek trek trek de volta da cestinha, mas acho que a esta, granjolas, até era capaz de me ajeitar.
É que basta tirar as pernas à mesa da cozinha e voi lá!
Foi exatamente o que fez a artista Anna Mo.
E ficou tão fixe!
ATENÇÂO!!!!!!!!!!!
Um prémio para quem descobrir onde se arranja este material.
Prémio: uma gatinha branca e preta, vacinada, desparasitada, chamada Meca, para meter ali na caminha azul.
Diz que vêm cá os The Cure
Agora? A cair da tripeça?
Quando estes gajos ainda estavam no auge, não foram capazes de meter cá os presuntos.
Mas isso não os impedia de terem uma influência bastante decalcada na malta da minha geração. Lembro-me de estar no minúsculo Incógnito, por exemplo, e de repente o DJ meter um hit qualquer desta banda, e passava um vento gelado pelas costas da rapaziada ululante, que os obrigava a curvarem-se, a andarem para trás com o rabo assim meio espetado, a fazerem movimentos estranhos com os braços e com as mãos em frente aos próprios olhos, e depois aquele vento frio amainava e possuídos repentinamente de um calor intenso, problemas no termostato digo eu, desatavam todos ao pontapé e à estalada, fazendo-se ali uma clareira numa pista onde antes se pensava impossível caber mais uma agulha, e regredíamos todos à era dos trogloditas boho-chic, adeptos do eyeliner preto carregado e do bâton selvagem a extrapolar o contorno dos lábios.
Ahh que tempos aqueles... em que um moche ainda não se pagava.
Voltam cá em 2016, não numa Friday porque a maioria dos fãs já não deve estar lá muito em Love, mas numa terça! credo, para nos provarem que o nosso país é "Just Like Heaven", especialmente para os reformados.
Não vou.
Já não tenho as minhas Doc Martinez.
Emprestei-as a um amigo que imigrou para ir trabalhar nas obras.
20 de novembro de 2015
Minha flor pequenina
Minha flor pequenina.
Meu cravo, meu sorriso, meu florir.
És a cada dia uma parte maior de mim.
Parabéns pinquinhas, pelos teus 9 anos!
(Ainda não foi desta que veio o cão, mas com a força que a Meca nos morde, acho que por enquanto estamos servidos.)
19 de novembro de 2015
Para que servem afinal os blogs?
Não sei.
E por não saber, vou a cada dia procurando, e a cada dia descobrindo, cada vez um pouco mais.
O Uva fez por este dias 2 anos.
Em dois anos de blogs aconteceram muitas coisas na minha vida real, aquela que afinal vos escondo, aquela que vou guardando só para mim.
Nada de grande nota, nada de grande alarido.
Continuo confinada a um gabinete virado a tardoz numa rua movimentada de Lisboa, que de resto pouco vejo, e do que fui lendo das coisas que escrevi, dos ímpetos cesarianos que fui derramando, desta vontade tremenda de escrever que aqui apaziguei, deste sonho infantil e incansável de construir o texto perfeito, de descobrir a escultura perfeita, de despertar, despertando-vos, a minha grande paixão pela arte, pelos escritores, pelos livros, por todos aqueles que fazem coisas, fazendo-as de verdade, descubro, tardiamente mas em tempo, que afinal os blogs não servem para nada, para absolutamente nada, para além de nos ajudarem a descobrir quem somos afinal nós próprios.
Que bom.
Que bom que foi saber que escrevendo me descobri, que escrevendo descobri os outros, que os outros me descobriram a mim.
Que bom.
Que bom que foi saber que, como eu, os outros também (se) escrevem e também (se) descobrem de formas diferentes da vida real, que se soltam, que se indignam, que partilham, e que em bom tempo decidiram dividir com o mundo, incógnito, da virtualidade humana, um pouco do que são de verdade.
Ali em cima estão uns peúgos.
É.
Ali em cima é capaz de estar a melhor coisa que fiz por mim nestes últimos dois anos de vida e de blog. Ali em cima, está a minha querida Vera, que tanto me inspira, que se descobre num blog fazendo descobrir os outros, e que utiliza isto dos blogs para me mandar uns peúgos.
Mas isto não são só peúgos!!
Afinal, aqui, num esconso gabinete virado a tardoz numa rua movimentada de Lisboa, que de resto pouco vejo, posso dizer que na vida tudo passa, até a Uva Passa, mas há coisas que ficam para sempre.
Obrigada Loira.
Obrigada a todos.
Um abraço cheio de braços da Uva.
E meus.