31 de julho de 2014

30 de julho de 2014

Caranguejos

Ele há pessoas que são como os caranguejos: 
Se lhes jogamos a mão, ou mordem ou andam para trás.

Maria, lava a crica com sal grosso, que eu hoje quero bacalhau!


Desculpem se vos coloco aqui este pedaço de merda, mas é para que se perceba, ao que as pessoas se sujeitam quando decidem comprar aquilo que a fé é por este dias.
Um grande e nojento negócio.

Francisco Campos

A Anabela Mota Ribeiro deixou ontem no seu blog, uma entrevista que fez ao médico cirurgião Francisco Campos. 
Foi assim que fiquei a saber que um dos génios maiores do nosso tempo, tinha morrido de cancro do pulmão, ontem, no HSJ no Porto.
Nunca conheci pessoalmente Francisco Campos.
Mas pensei nele vezes sem conta.
Ao ler a entrevista da Anabela, surgiu-me uma frase cliché: só me arrependo do que não fiz.
É exatamente esta frase que me baila na cabeça.

29 de julho de 2014

ser livre. despir a morte.

Para mim, ser livre, é ser-se uma mulher de 66 anos, que fica viúva de uma pessoa que a ofuscou anos sem fim, e que passados meses após o seu decesso, decide finalmente despir-se da morte, tirar a roupa escura, vestir um novo dia e dar à luz o corpo imberbe.
Mas só isto não basta.
É preciso, para ser um Ser verdadeiramente livre, libertar-se duma época em que perdura a maledicência alheia, a inveja alheia e a vergonha alheia, agarrar no ar uma coragem sã e displicente, para ir ao armário das memórias, enterrado em livros, obras, revistas, cassetes, quadros, roupas, sacos, caixotes, e tudo o que um morto deixa para trás, normalmente em cima de alguém, empinar-se num escadote, esticar o braço magro e aflito, para retirar sem medo do escuro, lá dos fundos da alma negra, um lindo fato de banho colorido, decotado, estridente e interrompido, pintar as unhas de rosa gritante, empinar-se numas mules de grife, enrolar-se numa saída de praia, e sair de casa para viver na pele o seu primeiro dia de verão.
É preciso, para se ser muito à frente, numa época em que perdura a maledicência alheia, a inveja alheia e a vergonha alheia, dirigir-se ao Jardim (da Estrela), onde outrora se passeava de mão dada e perna presa, cabisbaixa e desmerecida, à sombra do sustento e da luz de um homem já morto, estender a saída de praia na relva fresca, mostrar o peito às balas dos olhos alheios, e dizer:

ESTOU VIVA!
Sou esta, sou assim.
A morte é uma passagem, não é um caminho.

Filipa Brás chamada a receção para conselhos do foro dermatológico.

Sobre o teu nobre post, apraz-me:
Eu não sei se tu sabes, se lês o que te conto aqui no meu delírio, mas eu faço a depilação uma vez por ano, com uma gilete de três lâminas.
Tenho as pernas que é um mimo. 
Por contrário, uso anti-rugas há anos sem fim, e tenho o rosto a modos que...num caco. 

Questão:
Achas que devo afinal, usar anti-rugas nas pernas e gilete no rosto?

Hum?
Pensas nisto com carinho? 

Informação confidencial, mas que todos vão pagar!

O vereador da Câmara de Lisboa Manuel Salgado, este ilustre Arquiteto dos quatro costados, vai fechar o quartel de bombeiros mais moderno de Lisboa, que deve ter custado o sustento da Casa do Gaiato durante 200 anos, no mínimo, para vender o terreno (público) à (privada) Espírito Santo Saúde, para fazer uma extensão do Hospital da Luz, cujo arquitecto projectista é o próprio... Manuel Salgado. 



 Não há VERGONHA?

 Não há DECÊNCIA?

Rainha e Ervilha, chega-te aqui à mamã.

Cara amiga:

Em resposta à sua carta, que muito agradeço, venho retribuir, com prazenteiro gosto, o gesto simpático e caloroso, que teve para com esta Uva.
E sim, a minha cabeleira é um dos assuntos mal resolvidos da minha vida, assim como o tamanho do meu fémur, o perímetro abdominal, o espaço que ocupam as minhas mamas por baixo do soutien copa B52,  e enfim, o número de bolas que o meu rabo faz, sempre que me sento nesta cadeira, e que felizmente ninguém vê. De dia.
Gostei especialmente dos termos "cabelo de rato" e de "cabeça de gata lambida", termos estes que encaixam na perfeição com os meus três cabelos loiros, que só consigo pentear com um fino pente de crina de pónei, porque do tamanho também não me posso gabar.
Ora bem.
Coloca-me aqui questões muito pertinente, mas acho que esta menina é bem capaz de lhe dar respostas muito mais técnicas do que eu, mas ainda assim, vou tentar ajudar.
A menina Rainha, detentora do gene maligno da farta cabeleira, pode fazer o que quiser. Tá mais que visto que o seu cabelo é um batalhão romano de gladiadores, indestrutível, mesmo perante um furioso Bárbaro.
Vai daí, que o OMO não lhe trará grandes novidades, a menos que não queira que os seus cabelos brancos se pareçam com a trunfa de um velho do Restelo, desses que ainda usam brilhantina e marrafa lateral, e que amiúde pendem para aquele amarelado, a fazer pandant com a cor dos dentes.
No entanto, para cobrir cabelos brancos, conheço uma fórmula milagrosa, que é usar por exemplo, um chapéu.
Há para todos os gostos, e acredite que vai muito bem com fartas cabeleiras.
Eu não posso usar chapéus, porque outro assunto mal resolvido na minha vida é precisamente a distancia que fica entre a minha cabeça e o pavilhão auricular, mas isso agora nem é para aqui chamado, porque sinto-me muito diminuída, e tenho de explicar publicamente que em pequena usei fita cola para remediar a questão, até arrancar definitivamente os cabelos daquela zona, que por razões óbvias nunca mais nasceram.
Tenho estas contas a acertar com a minha mãe, que por falar nisso, também me deve vinte euros.
Outra maneira é usar uma bandolete grossa, daquelas que parece que temos a cabeça partida, mas que fora isso até dão jeito porque vem imensa gente perguntar se precisamos de ajuda para ir ao hospital.
Tenho uma amiga que usou esse truque, para caçar um médico, e não se deu mal.
De resto, se fosse eu a detentora desses cabelos brancos, olhe, deixava-os em paz.
Já bem basta o nosso Governo, para acabar com tudo o que é velhos neste país, para ainda vir uma Rainha rebelar-se contra a normal passagem do tempo.
Enfim. Espero ter ajudado. 
Conte sempre com esta sua amiga, que aqui se põe a jeito, para tudo o que forem questões capilares.
Entretanto diga à sua mãe, que estou a pensar formar uma comunidade de auto-ajuda para pessoas como nós, carecas. Havíamos de fazer uma grande dupla.

;)
Beijinhos Rainha.
E toma bem conta dessa Ervilha!


  E aqui estou eu, com o meu cabelo de rato!

28 de julho de 2014

A verdade nua e crua!

 
Foi por estas e por outras, que eu nunca meti a minha filha no ballet!
Chegava-me assim toda escaqueirada a casa?
É que nem pensar!

Olha m' estes!

Andei eu, hã, anos e anos sem fim, a apurar a minha cabeleira loira, armando barracadas em tudo o que foi salão, depenando a carteira, soando as estopinhas de cada vez que me enfiavam uma touca na cabeça, daquelas que nos repuxavam como se estivéssemos a fazer croché com cabelo, mais apertada do que um preservativo S num pénis africano, só para os agradar, só para os prender, para desencalhar...

E agora isto!

GRANDES SACANAS!
É o que sois todos.
Ide às favas, sim?

Nunca te esqueças...


De: Marido da Uva Passa [mailto:ronhónhó@rónhónhó.pt]
Enviada: segunda-feira, 28 de Julho de 2014 11:53
Para: Uva Passa
Assunto: Nunca te esqueças...


Nunca te esqueças que te AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, AMO, muito!



És lindo. Lindo.
Estava mesmo a precisar, caramba.
À noite conversamos melhor...
Beijos meus.

Agora é que foi, agora é que foi!!!!!!!!!! Vou vender um rim.


A minha alma está parva!
Parece que afinal a minha variz literária, adquirida por força de muito dançar, muito beber, muito namorar, pouco estudar, e às vezes ler, surtiu o efeito que sempre desejei para este blog.
Fui finalmente contatada, através de uma mensagem muito especial, aqui no meu blog, blog que nasceu obviamente para me tirar desta miséria de vida, para ganhar finalmente uns tostões, para depois poder dizer, de barriguinha cheia, que não, que não uso isto para fazer publicidade, para ganhar dinheiro, para enganar os pobre leitores, para ver a conta bancária crescer, que não uso isto senão pelo prazer de bater em teclas aleatórias para exercitar os dedos, e quiçá, dois ou três neurónios.
É agora que vou ficar rica, meu rico blog, benzódeus!
Um rim! É que nem querem os dois. E ainda por cima num esquema de pirâmide, que todos sabemos que rende imenso! 
Como é que não pensei nisso antes!
India!!!!!! Here I go!!!!!!!!!!!!!!!!
Doutô, quer para quando?

PS: A imagem está péssima, mas reza assim (ipsis verbis).
Você que comprar um rim ou você que vender seu rim?
Você em busca de uma oportunidade de vender seu rim por dinheiro devido a ruptura financeira para baixo e você não sabe o que fazer, entre em contato conosco hoje e vamos oferecer-lhe boa quantia para seu rim. Meu nome é Doutor steve henry, sou nefrologista em pirâmide jonhopital102.nosso clínica é especializada em cirurgia nos rins e também lidar com a compra e transplante de rins com doador vivo correspondente.
Estamos localizados na Índia, Turquia, Nigéria, EUA, Malásia. SE você é interessados em vender ou comprar o rim de por favor, não hesite em entre em contato conosco via e-mail.


Quem tem um blog, tem tudo!
Menos um rim.

27 de julho de 2014

Sou uma perfeita anormal

Acordei com uma dor de cabeça bombástica, aliás se tivesse que lhe atribuir um género cinematográfico seria Filme de Guerra - 190 minutos (em repeat).
Ontem à noite pus-me a ver finalmente o filme "A Vida de Adéle" que toda a gente já viu à séculos, menos eu, eu sei, não vale a pena dizerem, sou uma anormal, que me deixou acordada até às três da matina, porque estive o dia inteiro em frente ao computador, e não pude começar a ver aquilo a horas decentes, a trabalhar para que o meu patrão fique ainda mais rico, e quando me fui deitar, sozinha, sim sozinha, porque eu sou uma perfeita anormal mas o meu marido e a nossa filha ainda têm algum juízo e foram-se para a casa dos pinheiros, porque lá 'é que se está bem, não é aqui enfiados o dia inteiro a olhar para ti, sentada, de péssimo humor, o dia todo a fazer contas para o teu patrão, que nós não matámos ninguém', mas eu, que sou muito anormal, mato-me todos os dias um pouco mais.
É.
Sinto os olhos cansados, sinto as costas pesadas, é domingo, vendi o meu carro porque sou uma perfeita fona anormal, não posso sair daqui porque vendi o meu carro e é tudo muito longe para ir a pé, e agora os meu comprimidos da dor de cabeça acabaram, porque no meio da invasão dos alemães não consegui encontrar a receita que me passou a médica, sim porque as minhas dores de cabeça são casos de polícia, são ainda mais anormais do que eu, e já há muito que tenho de lhes dar com uma marreta muito forte para que deixem de me azucrinar, porque não vão lá com Trifenes, mesmo que tome quinze de seguida, e ainda tenho o trabalho quase todo para fazer, porque sou uma perfeita anormal responsável, e lembrei-me (onde estava eu com a cabeça) de começar a fazer a verificação das faturas com a conciliação bancária, da herança que não é minha, mas podia, porque além disso, gosto muito de trabalhar aos fins de semana, que foi sempre o meu sonho desde criança, há anos que venho acalentando isto dentro de mim e agora uau, sou verdadeiramente feliz, porque estou aqui em casa, enfiada, a trabalhar, com dor de cabeça, os olhos cansados, as costas pesadas, num domingo.
Sou uma perfeita anormal.
Podia ser apenas perfeita.
Mas não.
 
É que se não estivesse aqui na sala, sentada de frente para uma janela que reconheço ser a da minha casa, iria jurar que estava no meio da pista do Boom Festival, tal é a força dos martelos que oiço na minha cabeça.
 

26 de julho de 2014

Pais do Amaral quer comprar a TAP.

Olha, olha.
Mais outro Manuel cujo dinheiro lhe cai por uma telha.
Temos tantos espíritos santos neste país, que não sei bem se não vivo no próprio do paraíso.

Daqui!

25 de julho de 2014

O meu gato Siberiano foi-se... no fim de mais um dia.

Não sei para onde vão os gatos quando morrem.
Não sei para onde vou amanhã, se não morrer.
Penso muito nisto, nesta dualidade, neste devir.
Morremos todos os dias um dia, e no entanto experimentamos a cada dia o renascer.
Por isso hoje, quando este dia acabar, morto, terei morrido duas vezes.
Morreu-me um dia, e morreu-me o gato.
Morreu-me o gato e acabou-se-lhe o devir.
Morreu-me o gato e não sei para onde ir.
O meu gato Siberiano tinha nome de artista, mas neste palco da vida, onde ensaiamos juntos um fim, caiu-me a cortina na cabeça, embrulhei-me no escuro da ribalta e fiquei sozinha no Plateau.
O meu gato Siberiano morreu.
Não sei para onde vão os gatos quando morrem.
Mas sei que isto não tem fim.
Porque se os animais são pessoas, como as pessoas são animais, então pode ser que lá, no sítio dos gatos mortos, haja outras pessoas que tratem de ti, como tu me amaste a mim.

 
Thats all folks. It was a very nice trip.
 

SE O PRESENTE FOSSE FÁCIL...

Capítulo I

Sentada no sofá, Branca aproveitava o mau tempo que se abatera sobre a cidade.
Entretida em leituras filosóficas, dessas que falam sobre os prazeres da vida, sentiu de súbito uma dor no braço esquerdo, que apareceu inesperada e pungente.
A dor, ao início breve e depois difusa, parecia ter ali chegado depois de uma forte pancada. Assustou-se, e tentando perceber do que se tratava, esticou o braço para a frente fazendo de seguida um gesto maquinal de encontro ao peito. O braço pesava-lhe uma tonelada, como se tivesse sido alvo de grande esforço.
A leve sensação de fome que vinha adiando com um chá, desaparecera, e tomando agora consciência do seu estômago, enfrentou uma estranha náusea.
Calmamente e à vez, pôs os pés no chão, e como se tudo não passasse de um sonho, endireitou as costas e respirou fundo. No entanto, o braço pesado e a mão dormente despertaram-na das suposições que lhe bailavam entretanto na cabeça, e os motivos daquela dor repentina no braço esquerdo agigantaram-se no pensamento como se uma pequena onda se transformasse de subito, numa grande vaga de medo.
Sugestionada ou não, Branca pressentiu um mal-estar, e apesar de estar sozinha na sala percebeu que não estava só. Alguma coisa acontecera e viera juntar-se a ela.
Coração.
Calculou brevemente a sua condição. Magra, de hábitos costumeiros, sem grande alarido desportivo, não seria o melhor exemplar para atrair um enfarte.
A idade também não abonava a favor do intruso, se é que era quem pensava, e também porque estava há dias quieta em casa, descansando de uma mudança intempestiva de casa. Se tivesse de acontecer, teria acontecido nas semanas cansativas e desgastantes que antecederam a mudança.
Poderia muito bem ser uma mazela muscular, talvez resultado tardio do esforço físico daqueles dias; mas 43 anos não era ainda uma idade provecta e Lisboa não era local para se morrer do coração.
Branca pensava nisto, quando ouviu ao longe o telefone.
- Espero que seja o meu pai. Devia ligar-lhe, saberá com certeza o que devo fazer. Pensou.
Levantou-se sopesando o corpo. O caminhar estava turvo, e fechando os olhos à vez, num exercício que fazia com frequência, encaminhou-se para a porta. Se Branca falasse com o pai, ele saberia o que fazer. Talvez lhe perguntasse o que achava ele de tudo isto, desta sensação de finitude, de que tudo pode acabar num momento. Para sempre. 
O pai de Branca, um senhor alto e de olhos claros, era cardíaco. Há anos que vinha lutando contra um coração de músculo azedo e com um sangue demasiado gordo. Experienciara uma e outra vez a fúria cárdica e o miocárdio estava por um fio. Dor no peito, sensação de enfartamento, e “aquela” dor no braço esquerdo, era para ele tudo família chegada.
Cansada, como se fosse longo o caminho até ao escritório, puxou de uma cadeira e sentou-se. O telefone continuava a tocar. Atendeu.
- Pai! Ia agora mesmo ligar-te.
- Então? Há azar?
- Não. Estava ali a ler sentada no sofá e deu-me uma dor no braço. Assim do nada.
- Mas dói-te mais alguma coisa ou é só o braço?
- Sinto o braço cansado.
- Pois, o braço cansado… então e o peito?
- No peito nada. Estou um pouco nauseada mas como não tinha comido nada… Estava a beber chá.
- Essas coisas… pois, o braço cansado…
- Tenho a mão dormente. Achas que pode ser perigoso?
- Ó, isso! Se tens a mão dormente é porque se interrompeu a circulação. Não estavas apoiada no braço?
- Não, mas tenho uma sensação estranha. Se calhar não é nada. Não sei…
- Não perdes nada em ir ver isso ao hospital. Queres que te leve?
- Talvez vá. Vou ver como me sinto. O braço está aliviando. Ligo-te para te dizer se fui.
- Sim, liga-me. Essas coisas… pois… é um medo que a gente sente...
Pode não ser nada, pensou Branca, mas sair agora de casa com um temporal lá fora era a última coisa que lhe apetecia fazer. Ainda assim, fez um movimento em direção ao quarto, mas desistiu.
Ficou no entanto sem saber o motivo do telefonema do pai, mas agora precisava de se sentar e pensar no que fazer, e depois, com mais tempo, logo pensaria nisso.
Decidiu, só para tirar as teimas, que ver-se ao espelho podia ajudar na decisão de sair para a rua ou, pelo contrário, voltar às leituras. Dirigiu-se para o WC e acendeu a luz. Aproximou então a cara do espelho e deitou a língua de fora, fazendo uma careta. Tudo normal. A boca estava no mesmo sítio e os olhos abriam na mesma amplitude. Lembrou-se da Rute. De manhã ao lavar os dentes, não conseguira agarrar a água dentro da boca. Quando olhou para o espelho, estava com uma paralisia facial. AVC. 34 anos.
Não queria pensar nisso agora. Ainda tinha muito que fazer. Sobretudo tinha a esperança que o novo projecto profissional lhe trouxesse, enfim, sonhos passados. Se a vida era uma justa balança, onde de cada lado pendia o merecimento e o trabalho, então a vida era toda sua.
Ao afastar-se da bancada para voltar à sala, as pernas não obedeceram. O braço cansado e a mão dormente voltaram a dar o ar da sua graça, e sentindo uma dor no peito que se espalhou veloz pelas costas, perdeu subitamente a força e caiu desamparada, aterrando na laje fria. As pernas ficaram torcidas dentro do WC e o resto do corpo, embrulhado num robe de algodão, ficou no corredor que dava para a cozinha.
Nos segundos que se seguiram, Branca experimentou várias sensações.
O medo primário atingiu-a como um torpedo em cheio no coração. Uma ansiedade esquizofrénica fazia galopar as pulsações nas têmporas, e a cadência das golfadas de sangue na jugular, ferviam-lhe no pescoço.
E depois nada. Só a morte.
Branca sentiu uma dor no peito, por aquela dor no braço. A dor no peito não era dor, era desprazer.  Ali deitada e já morta, percebera finalmente a raiz do erro.
Deixou de viver, e isso doía-lhe no peito.
Antes, quando ainda não morrera, já se enterrara. Adiou o prazer, na esperança do prazer futuro.
Naquela tarde de inverno, Branca morreu muitas vezes.
Morreu por todas as coisas que não fez.



Capítulo II
No momento em que o seu coração parou, Branca já estava arrependida.
Se não fosse por este estúpido percalço, amanhã ter-se-ia levantado cedo e vestiria o vestido azul. Tinha pensado em preparar uns ovos mexidos com café, e como sempre, havia de colocar uma fita colorida no cabelo que gostava de usar apertado, apesar toda a gente lhe dizer que devia soltá-lo mais vezes, e talvez, se conseguisse sair a tempo, passasse ainda na tabacaria Lello. Há tempos que andava para comprar uma raspadinha. Se tivesse ficado rica antes de morrer, talvez não tivesse morrido. Os ricos nunca morrem, e quando morrem é por uma casualidade da vida, um azar. Se todos fossem ricos, estava convencida que talvez a vida parasse de acabar tão depressa.
Que parvoíce esta agora, a de morrer.
E o que deixou para fazer no escritório? E o que diriam os outros disto, de ter morrido?
Iriam perceber que afinal sempre deixara coisas a meio, coisas importantes, ou mal feitas. Desfazia-se uma vida de trabalho, assim, só por uma dor no peito que vinha por uma dor no braço.
Divagava agora pela recordação das horas que tinha perdido em arrumações de papelada sem interesse, catalogando, tomando notas, na vaga suposição de que talvez, no futuro, alguém quisesse saber onde estariam as coisas que arrumava proficuamente, e agora que estava morta, que não podia falar, será que alguém saberia encontrá-las? Talvez encontrassem mais rapidamente os papéis do que as notas. Melhor assim, já que também as notas poderiam ter erros, e isso era ainda pior. Que horror, se soubessem dos seus erros o que haveriam de pensar?
E as pessoas que esperavam na manhã seguinte o seu contato? Se não recebessem o seu telefonema, como seguiriam com as suas vidas? Obviamente que não deveria ter deixado tudo para amanhã, pois que o amanhã já não vem, e toda a gente vai reparar que foi um erro dar-lhe a responsabilidade a ela, e assim deixar as vidas dos outros em suspenso, por conta de um telefonema.
Se o presente fosse fácil, não estaria agora focada no futuro.
Viver o agora é tremendamente difícil. Disso não restava qualquer dúvida. Agora que tinha tempo para pensar na vida, ali deitada na laje fria, chegou à conclusão que nunca esteve inteira, nunca foi inteira para as coisas, viveu antes fragmentada entre o passado e o futuro. Se hoje se punha a ler, era certo que se desesperava com o que  tinha ainda para escrever. Se pensava em pintar, já não lhe sobrava tempo para arranjar as flores, e se fosse ver o mar, e adorava ver o mar, perdia a matinée no São Jorge com a Joana, que tanto gosto fazia na sua companhia.
Na verdade, essa estúpida esperança que acalentava, de ainda ter muito tempo para fazer tudo, tinha-lhe tirado a vida.
Adiar tudo não se detendo em nada e sobretudo, deixar-se enganar por um modelo medíocre de perder a vida, ganhando a vida.
Para quê, se morria agora e deixara tudo por fazer.
Ali deitada, Branca não parava de pensar por que razão adiou o prazer. Ah! Se eu fosse rica! E se nunca for rica? E se nunca soltar o cabelo?
Adiamos o prazer de estar vivos? De ter nascido? Porquê?
A vida não se compadece com adiamentos e esperanças. Sabia-o agora da pior forma, e tudo o que deixou de fazer foi um desperdício de tempo.
Fantasiar com o futuro e viver na eterna esperança, não nos concretiza os sonhos formulados no passado, trás sim a ansiedade, e é no fundo uma perda de tempo.


Capítulo III
Ao cabo de 30 minutos de divagações e arrependimentos, Branca chegara a uma conclusão.

Chegara, ainda que prematuramente, a sua hora. Deixaria de desejar e de se inquietar com sonhos e desejos, já que estes foram sempre uma fonte de perturbações que lhe dificultaram o encontro com a felicidade e com a serenidade do espírito.
Por tudo isto, agradeceu à morte. Agradeceu-lhe sobretudo por lhe trazer de volta “o presente” e deixar sair do peito a esperança num futuro inexistente. Conhecer uma sensação de finitude, já que nada mais há depois da morte, faria com que vivesse mais intensamente, ainda que estivesse morta.
A esperança é uma puta gorda, e Branca não esperaria mais nada.
Estava tão absorta nos seus pensamentos que nem reparou numa LUZ que se ia tornando cada vez mais intensa. Afinal é como dizem. Pensou.
-Branca! Branca! Ó meu Deus, estás gelada! Branca, filha!
- Pai? Mas então eu não morri?
- Que disparte! Sentes-te bem? Deixa-me levantar-te. O que te aconteceu?
- Acho que morri. Ainda agora estava morta.
- Tinhas a luz do corredor apagada.
-Acendeste-a? Pensava que era a LUZ.
- Qual luz, Branca? Tu estiveste aqui uns 35 minutos deitada no chão. Foi o tempo que demorei a chegar. Julgava que querias ir ao hospital.
- Ao hospital? Perguntou Branca, agarrando-se à bancada e levantando-se a custo. - Não… deixa-me ver.
Aproximou então a cara do espelho e deitou a língua de fora, fazendo uma careta. Tudo normal. A boca estava no mesmo sítio e os olhos abriam na mesma amplitude.
- Hoje não vou. Talvez amanhã, se o tempo levantar. Gostava muito de ir ver o mar, mas tenho tanto que fazer. Talvez vista o vestido azul e apanhe o cabelo com uma fita colorida.

E se o presente fosse fácil?
Se o presente fosse fácil, Branca não estaria agora focada no futuro.
 “Tu não indagues qual o fim que a mim e a ti os deuses tenham dado, nem recorras aos números babilónicos. Melhor é suportar o que será! Quer Júpiter te haja concedido muitos invernos, quer seja o último o que agora arremessa o mar nas rochas, que sejas sábia, como os vinhos e, no espaço breve, cortes com a longa esperança. Enquanto estamos falando, colhe o dia presente e sê o menos confiante possível no futuro. Carpe Diem.


24 de julho de 2014

Ele há coisas lixadas... mesmo!

Na vida tudo passa...menos a estadia dos alemães cá em casa...

Vocês podem não acreditar, mas eu hoje de manhã, antes de vir para o escritório, chorei muito, agarrada aos alemães, naquela coisa sempre tensa das despedidas, e obrigada por tudo, e até daqui a um ano (?!!!), e boa viagem, e fiquem todos bem, e adeus ó vai-te embora, que eu gosto muito de vocês, juro que gosto, mas preciso muito, muito, muito de ter a minha sala só para mim, a minha sanita só para mim, a corda da roupa só para mim, e preciso MESMO muito de parar com as cervejas de final de dia, a morcela assada que acompanha as cervejas, as gambas, os caracóis, as risadas até altas horas, as pizzas para os miúdos, o tulicreme dos miúdos, a coca cola que consomem em barda, eles e a minha filha de arrasto, e porra, os oitocentos mil milhões de elásticos, pulseiras, agulhas, e o camandro, espalhados pela casa, que aquela gente necessita para produzir ininterruptamente pulseiras, bandoletes, e tudo o que se pode fazer com aquilo.
Mas não.
Hoje de manhã quando sai de casa com a lagrimita no olho, pois que esta Uva afinal é uma uva muito mijona (dos olhos), a pensar que pronto, já se foram, e iam felizes, e esta noite é que vai ser, tu e o teu marido..... 
12.35h
Trim, trim, trim.
Tou? Olá, então, não deveriam estar já a voar?
WHAT??????????
Tás a gozar? Chiiiiiiiiiii, granda merda.

Conclusão:
Andaram todas as santas férias a pensar que o voo era dia 24.
Não era.
O voo foi ontem...
Ela lavada em lágrimas no aeroporto, eu lavada em lágrimas na sala de reuniões, e hoje à noite lá tenho eu outra vez os alemães lá pela casa, desta feita com umas grandes trombas, porque ninguém se decide de quem foi a culpa de confundir a data do regresso.
Juro que tive pena deles, tadinhos.
Pagar uma viagem para amanhã, para 8 pessoas, depois de terem estoirado o dinheiro toda nas férias... estão a ver, não é?
Ninguém merece.

Conseguiram, após séculos de tentativas falhadas, prender um espírito e fazer-lhe inclusive algumas perguntas.

Instalou-se esta manhã um grande alarde na comunidade cientifica.
Anos e anos de luta contra à comunidade crente, espírita, teológica, iurdeica, e religiosa em geral, caiu por terra.
Um Espírito, que se crê ter sido Santo, foi finalmente capturado, encontrando-se neste momento a dar entrevistas.
A comunidade espírita do Brasil, a maior do mundo conhecida, encontra-se neste momento reunida no aeroporto de Guarulhos - São Paulo, na tentativa de embarcar com destino ao DCIAP (ou ao aeroporto de Beja - que já estão por tudo), para tentar chegar à fala com o Espírito que hoje de manhã foi isolado, e que se materializou, estando neste momento ainda muito combalido por ter caído de cima de Monte Branco de uma nuvem.
Os budistas clamam para si este Espírito Santo e já tratam de organizar um comité para o receber.
  
Aleluia!
Aleluia!

A ver se lá vou à hora do almoço dar-lhe uma palavrinha.
Assim como assim, sempre gostava de saber como é que um Espírito Santo se deixa assim apanhar, e já agora tentar saber quem terá sido cabrão do anjo que lhe fodeu a vida!

23 de julho de 2014

Sou uma hairsexual!

Há anos que luto com o meu cabelo.
Não sei por que motivos não nasci eu com uma farta cabeleira negra, mas o meu karma foi malinoso e além de me dar um corpo of-escultural, cheio de porcarias apensas, que convenhamos, são piores que tirar que o dento do ciso, brindou-me com estes três cabelos no alto da pinha, sem jeiteira absolutamente nenhuma, e que apesar dos meus desvarios (que o são) por esses salões a fora, na tentativa insana de os manter apresentáveis e assim não fazer tristes figuras na hora de servir os cafés aos Rule of Law, não surtiram qualquer efeito, tendo apenas transformado a minha cabeça outrora loira, numa cabeça multicolor, ora amarela, ora preta, ora cinzenta (dependendo da zona da cabeça), onde não se chega a perceber se aquela que ali vai, e que sou eu, é afinal humana ou se é apenas uma doida varrida, dessas que usam cabelos disformes e indecisos, como as que vemos nas festas de transe psicadélico.
Tenho corrido tudo. Infâmia.
Ela foi cadeias de franchising francês, ela foi cabeleireiras reformadas, cabeleireiras de diva do teatro, salões carérrimos no chiado, salões de gabarito nas Amoreiras, Cascais e Alfarim, foi sogra entendia nas artes capilares, foi até o professor Karamba, que caramba! isto só pode ser bruxedo, acabando finalmente numa vulgar e despretensiosa prateleira de hipermercado.
O meu cabelo é multimarca, multiuso, multicolor, multistress e multitristeza.
É um misto. É uma tosta de queijo e fiambre que se queimou, e que veio para a mesa raspada e com má cara.
Cheguei ao fundo do poço no dia em que a minha filha de sete anos, depois de mais um frasco de tinta nas ventas das raízes pretas, me disse: olha que giro mãe, ficaste com cabelo cor de laranja.
Pois fiquei filha, mas o domínio da tinta, do aclarador e do revelador, vai acabar!
E então, que foi que fizeste Uva?
Internacionalizei o meu desespero.
Fui à cata de experiências of-shore, e encontrei uma cabeleireira perdida de férias no Portugal, e que me disse perentória: Áhhh, tu não podes usar o 3!
Ao que lhe respondi: caríssima, já não uso os três desde os meus 16 anos...
Bom.
Ontem de madrugada sujeitei-me (para não usar a palavra submeti-me) a um tratamento radical, (escolhidas que estavam as tintas sem o número 3), às mãos de uma cabeleireira camone.
E o trocadilho do título descobre-se agora, assim:
Se um (h)omossexual é todo o indivíduo que lava o sexo com OMO, e tendo eu, ontem de madrugada, após aturada pintura com altos produtos cosméticos (que pelos vistos não funcionaram na sua plenitude as usual), sido aconselhada a lavar o cabelo com o pó de lavar a roupa, fiquei transformada numa hairsexual.
Mezinhas Uva, mezinhas do meu país. Se queres tirar o verde ou o amarelo do cabelo, essas cores malinosas que te oferecem as prateleiras do Continente, então lava o cabelo com OMO.
Podes até fazê-lo amiúde, talvez duas vezes por semana, e verás que o OMO lava mais branco.
E foi assim que perdi os três pela segunda vez, coisa que só imaginava possível com uma operação à vagina.
E ficou bem?
Ficou.
E é só isto que me encanita.


Da dificuldade de entender certas coisas

Se dúvidas houvesse, sobre a dificuldade da profissão à qual (por ora) me dedico, fica aqui um exemplo de quantos neurónios é preciso ter (que eu não tenho) para entender certas coisas sobre as quais me debruço no dia-a-dia:
Reza então assim o terrível documento:
Aos quinhentos e cinquenta dias após qualquer coisa, foi celebrado, para adiamento do montante previsto para o contrato de empréstimo de médio a longo prazo, um contrato intercalar de mútuo com consignação de receitas e aval no montante de quinhentos e muito euros, tendo por finalidade o financiamento de apoio à tesouraria, dada a recusa do visto prévio...
Estou terrivelmente cansada.
Porquê eu?
Porquê?

22 de julho de 2014

O meu pai afogou o portátil em vinho. Òh lord!

Pai:

Eu sei.
Eu sei que é muito bom jantar, e ao mesmo tempo interagir com todos os alentejanos no Facebook. Poderás mesmo tirar inúmeras ilações sobre o que é um cocharro, um alforge ou uma arreata, ao mesmo tempo que trincas um belíssimo queijo de cabra e te delicias com um vinho Furtiva Lágrima, desses que o nosso Alentejo nos dá, mas toma nota de sábias palavras, desta que nasceu depois de ti e de ti, que também sabe coisas, muito embora aches sempre que não.

Pai:
Os portáteis, essas coisas maravilhosas que tu agora descobriste e que te custaram os olhos da tua reforma cara, são capazes de te levar aos céus, mas não bebem bebidas alcoólicas.
Essas coisas, os portáteis, querem lá saber se o vinho é premiado, se é um tinto polido, de excelência, ou se é sempre proveniente dos melhores lotes das barricas de carvalho francês.
Não Pai, as coisas eletrónicas querem-se longe dessas coisas Pai, entendes o que eu te digo? 
Não vale a pena seres teimoso, Pai, o disco foi à viola, Pai, o disco afogou-se em vinho.
Não adianta carregares mais nas teclas e abanares o coitado.
Mataste-o...

...depois de um longo e agonizante coma alcoólico.

Ó tu baixas a bolinha... agora..

Ó levas um arrebite, que dás três voltas às cuecas e nem tocas no elástico!

21 de julho de 2014

Os melhores sítios para comer marisco by Uva Passa

 
E porque eu sou a vossa melhor amiga, e porque sei que muitos de vocês estão neste momento de férias, e as férias existem, naturalmente, para aproveitar o melhor que a vida tem para nos dar, deixo-vos uma lista muito pessoal de alguns dos melhores locais em Portugal para comer marisco, sem se preocuparem com a frescura e com o bom atendimento.
Quero referenciar-vos ainda, e nomeadamente, que espécie de mariscos se devem comer, e em que local é melhor come-los, já que o marisco deve comer-se bem fresco, se possível acabado de apanhar, e por isso mesmo é que comer lapas no Porto não é a mesma coisa que comer lapas nos Açores, assim como não é igual comer percebes em Sagres ou em Chaves. Deliciem-se.


FIGUEIRA DA FOZ
Forte de Santa Catarina - O prato mais procurado é o rodízio de marisco. Cada pessoa pode servir-se à discrição de mariscos de várias espécies e de frescura irrepreensível, cozidos na hora, está claro; a composição do prato é variável, de acordo com o que o mar dá, mas quase sempre inclui camarão da costa, gambas do Algarve, sapateira e percebes; têm de ser duas ou mais pessoas, pagando cada uma €18,50 pelo prato (s/ bebida).
Av. 25 de Abril, Tennis Club, Figueira da Foz
T. 233 428 530
Encerra à terça



MATOSINHOS
Casa de Chá da Boa Nova - Na praia de Leça da Palmeira, entre rochedos, sobre o mar, encontra-se uma das obras mais emblemáticas obras do arquiteto Siza Vieira. Têm viveiros próprios de marisco, o que é bom para a pequenada ver, onde há sempre santolas, sapateiras, lagostas e lavagantes para cozinhar ao momento. Também nunca faltam amêijoas legítimas e gambas, quase sempre servidas como entrada, umas à Bulhão Pato, outras com alhinho.
R. da Boa Nova, Leça da Palmeira
T. 22 995 1785
Encerra domingo

Rincão do Mar - Os mariscos não aparecem no expositor, porque passam directamente do viveiro para a cozinha, excepto os congelados tradicionais como, por exemplo, o camarão-tigre. Na frescura, são insuperáveis, vai daí, que vale muito a pena.
Av. Serpa Pinto, 204-208, Matosinhos
T. 22 938 5639/40
Encerra à segunda



PORTO
Churrascão do Mar - Nas entradas camarão (à paulista, na frigideira, no "espetinho", em cocktail, tropical, com abacate), amêijoas à Bulhão Pato e ostras ao natural (schlep shlep), tudo muito apetecível e (dizem) afrodisíaco. Nos mariscos: parrilhada, que é excelente, tal como a lagosta à Thermidor, mas também há lavagante, camarão-tigre e camarão gigante na brasa.
R. João Grave, 134, Porto
T. 22 606 8458
Encerra ao domingo



CASCAIS
Beira Mar - À entrada, dá gosto ver o aquário de mariscos, oriundos de viveiros próprios e saborear as amêijoas à Bulhão Pato, a sapateira recheada, as gambas al'ajillo, a santola, os mexilhões à portuguesa (com molho de tomate, cebola, pimento) ou à marinheira (com natas, cebola, alho francês) e outros mariscos geralmente servidos como entrada.
R. das Flores, 6, Cascais
T. 21 482 7380

Encerra à terça
Eduardo das Conquilhas - Tem uma fama tão grande quanto a fila de espera que existe para comer as famosas conquilhas e muitos outros mariscos. Apesar da demora, o resultado final (re)compensa. A fazer as delícias de todos os apreciadores de mariscos e bons petiscos desde 1965.
R. Capitão Leitão, Lt. 8, Parede
T. 21 457 3303
Encerra à quarta

Monte Mar - Sob as rochas, em tanques de água salgada, à boca do mar, tem viveiros próprios com bruxas, lagostins, lagosta, lavagantes e sapateiras. Estes e outros mariscos que não carecem de viveiro, como os percebes, as gambas da costa, os carabineiros, as ostras e as amêijoas são propostas de entradas irrecusáveis. As gambas da costa ainda quentes da cozedura com sal grosso e maionese; as amêijoas legítimas, grandes e frescas, à Bulhão Pato, à espanhola, à marinheira (em molho de natas com alho francês) e ao natural; as saladas de lagosta e de lavagante; a lagosta grelhada, ou suada com o arroz rosado, a casquinha de sapateira recheada, os carabineiros com alhinho na frigideira.
Estr. do Guincho, Oitavos, Cascais
T. 21 486 9270
Encerra à Segunda



ERICEIRA
Mar à Vista - Está encostada à praia dos Pescadores, no centro da Ericeira, quase sobre o mar. O motivo de atracção é o marisco, razão pela qual, mal nos sentamos à mesa, aparece um pratinho com percebes e camarão da costa. Tem tudo muito fresco, exceção feita ao camarão-tigre de Moçambique, que é o único marisco congelado (por razões obvias).
R. de Santo António, 16, Ericeira
T. 261 862 928
Encerra à quarta

Marisqueira de Ribamar - Na "curva do moinho", como é conhecida por todos os comensais da região, a relação qualidade/ /preço é a grande mais-valia desta casa mais afastada do circuito mediático das marisqueiras da Ericeira. Comece com amêijoas à Bulhão Pato, sapateira recheada ou camarão e prossiga com uma mariscada composta por vários produtos do mar. Também há marisco ao peso.
EN 247, Santo Isidoro, Ribamar, Ericeira
T. 261 862 441
Encerra à quarta ao jantar e à quinta



LISBOA
O Paco
Situado em frente à FC Gulbenkian (á Praça de Espanha), serve um dos melhores mexilhões à espanhola que comi até hoje.
Se pedirem as gambas panadas com molho branco, vão ver que não querem outra coisa.
Tem o problema do estacionamento, mas na verdade, uma vez ultrapassado esse qui pro quo, é um dos melhores sítios de lisboa para se comer marisco.
Avenida Berna 46, 1050-042 Lisboa
21 797 1653

Ramiro
Na montra vêem-se mariscos frescos e muito apetecíveis. No interior, onde as mesas se alinham de forma a aproveitar ao máximo o espaço disponível, estão mais dois mostruários que prendem o olhar ao colorido das lagostas, lavagantes, lagostins, gambas (tigre, do Algarve, etc.), carabineiros, camarões (de Espinho), santolas, sapateiras, navalheiras, búzios, canilhas, percebes, ostras e muito mais. A cozinha sabe tirar partido da categoria dos mariscos, levando-os a cozer ou a grelhar no ponto certo. Não fazem reservas e está sempre cheio. Mas vale muito a pena. É o n.º 1 em Lisboa centro.
Av. Almirante Reis, 1 G-H, Lisboa
T. 21 885 1024
Encerra à segunda

Sete Mares - Está normalmente cheio. À entrada vê-se uma bancada com peixe e, dentro, tem um aquário com mariscos. Para entrada, o camarão de Espinho, as gambas da costa (são as brancas) ao sal, as amêijoas à Bulhão Pato, há canilhas, percebes e lagostins vivos para cozer ao momento, entre outras boas propostas.
Av. Columbano Bordalo Pinheiro, 108 A, Lisboa
T. 21 727 2385
Encerra ao domingo



ODIVELAS
A Gruta - É a mais conhecida marisqueira da zona. Serve bem, com simpatia e tem quase sempre coisas muito bem preparadas. É uma casa com várias décadas de experi~encia e o preço é bastante salutar.
Rua Bombeiros Voluntários 53, 2675 Odivelas
21 931 3013

Florbela - É onde vou sempre, por ser perto de casa e por ser a minha marisqueira favorita. Não falha nada. Bom atendimento, marisco muito fresquinho e uma sala bastante soalheira. Vale muito a pena.
Rua de Angola, Nº6 , Olival de Basto
Odivelas (2620-035) - Lisboa
        
219370308


SINTRA
Adraga
O dado essencial da cozinha é a qualidade dos produtos, em especial os mariscos e os peixes, "às vezes acabadinhos de pescar e ainda a saltar". Bons mexilhões, mas só quando o mar permite a sua apanha. E não faltam outros mariscos, irrepreensíveis na sua frescura e bondade: amêijoas (à Bulhão Pato e à D. Suzete, estas com camarão, também muito boas), canilhas, percebes, santolas, sapateiras, lagostas, lavagantes, etc.
Praia da Adraga, Almoçageme, Colares
T. 21 928 0028
Não encerra

Piscinas das Azenhas do Mar - Boa cozinha à base dos produtos do mar. Há sempre mariscos apetecíveis, como as amêijoas, os percebes, a gamba nacional, as bruxas, a sapateira recheada, a lagosta da costa e o lavagante, visíveis no viveiro.
Azenhas do Mar, Sintra
T. 21 928 0739
Não encerra



ALJUSTREL
Cervejaria O Cabecinha - Fica no centro da vila de Aljustrel esta casa bem conhecida por terras alentejanas, parcas em locais de qualidade para comer marisco. O expositor de grandes dimensões exibe os diversos mariscos como as navalheiras, o camarão, a lagosta, o lavagante, os percebes ou as santolas, tudo fresco e bem confecionado.
Av. Antero Quental, 22, Aljustrel
T. 284 601 517
Encerra ao domingo



ALMADA
Amarra ó Tejo - O jardim do velho castelo de Almada, sobranceiro ao Tejo, oferece um panorama espetacular de Lisboa. Da ementa, salientam-se as amêijoas ao natural ou à Bulhão Pato, percebes, gambas cozidas ou al ajillo e camarão-tigre.
Jardim do Castelo, Almada
T. 21 273 0621
Encerra à segunda e terça ao almoço



SESIMBRA - MECO
Celmar - Localizado mesmo na rua principal do Meco, em frente ao mítico bar da Maria Adelina, o Celmar apresenta-nos uma variedade de marisco a muito bom preço. A esplanada é bastante convidativa.
Foi um dos melhores restaurantes onde jantei numa passagem de ano.
R. Central do Meco, 3, Aldeia do Meco
T. 21 268 3704
Encerra à segunda

O Domingos - É uma espécie de ex-líbris do Meco. Está sempre abarrotado no verão, principalmente porque oferece os melhores petiscos da zona: amêijoas, camarão, mexilhoes à espanhola, enguias, choco frito, e tudo muito bem confecionado. Talvez por isso precisem de ajuda. Ali, são os clientes a pôr a mesa e a levantarem-se para ir buscar as travessas. Se ouvir um grito "Mexilhões, quem pediu?" não se assuste, é assim que a coisa funciona. E bem, a avaliar pelas muitas pessoas que se deliciam com as iguarias ali servidas.
R. Comércio 26/26 A, Aldeia do Meco
T. 21 268 3511
está aberto ao fim de semana e feriados. E é pena.



SESIMBRA - CENTRO
ModestoDe certeza que vai encontrar amêijoas, camarões e mexilhões. Nos dias de mais sorte, ainda pode apanhar canivetes, conquilhas, lapas. A confeção há de ficar ao gosto do cliente. Prove também as saladinhas, com destaque para a de búzios. O choco frito ou as enguias, para acompanhar também é uma opção delicioso. E o atendimento é muito cosy.
Largo de Bombaldes 4,
2079 Sesimbra
Não encerra.


ZAMBUJEIRA DO MAR
Azenha do Mar - É dos restaurantes mais concorridos da zona e faz, inteiramente, jus à fama que tem. Esqueça a decoração, o mais importante é mesmo a comida. O marisco, entenda-se. Ao natural ou cozinhado, mas sempre fresco. As sapateiras têm muita saída, assim como o arroz de marisco que dá para quase uma família. Os preços são imbatíveis e não fazem reservas. Grandes noite lá passadas.
Praia da Azenha do Mar, Brejão, Zambujeira do Mar
T. 282 947 297
Encerra à quarta



VILA DO BISPO
Café Correia - Casa com muita tradição no barlavento algarvio. É em Vila do Bispo que se comem os melhores percebes apanhados na Costa Vicentina, cozidos na hora, chegando à mesa ainda a fumegar. Santola, sapateira, camarão na frigideira ou camarão guisado são outras opções.
R. 1.º de Maio, 4, Vila do Bispo
T. 282 639 127
Encerra sábado o que para quem passeia de fim de semana é inconveniente.

 

Actualização: Invasão dos alemães

Sexta feira foi dia de abalar rumo à casa dos pinheiros, para matar as saudades das visitas alemoas, que já lá estavam aparcadas à cerca de uma semana e onde há uma coisa muito interessante, supé gira, e imensamente divertida (e agora ouvem-se muitos gritinhos de alegria), e que a maior parte deles, não tem lá na terrinha da frialdeza.
Aliás, não têm, nem sabem para o que serve...
Praia.
 

A versatilidade de um secretária ao serviço sabe-se lá de quê...

"Olá Uva. Precisava, se possível ainda para hoje, que me arranjasse uma receita de Hidroxitriptofano 80 mg em gotas.  Obrigado por tudo, mais uma vez."
Ora bem.
Aquilo que me apraz dizer, meu rapaz, é que o teu mal é sono.
Isso ou andas a trabalhar demasiadas horas depois do expediente, pois de outra forma não vejo o motivo de me mandares às 9.30 da manhã, este pedido inusitado.
Tu bem sabes, (e não sabes tu outra coisa), que a minha formação académica, aquela que me custou os olhos da cara e quiçá outros olhos que agora não são para aqui chamados, é em pobres, e como sabes, ou então andas a dormir, os pobres deste país não compram medicamentos.
Assim sendo rapaz, não te posso ajudar. Não desta vez.
Onde queres que vá agora arranjar-te uma receita médica?
Vês-me por acaso nos corredores da multinacional onde trabalho, de bata branca e estetoscópio nos queixos, despejando arrastadeiras nos vasos das nossas frondosas plantas tropicais?
Não pois não?
Se calhar, e não sei se já pensaste nisso, é porque este meu gabinete não está assim preparado, sei lá,  para atos médicos, a menos que queiras que te faça passar ali pelo laser da impressora para ver se tens a coluna ofendida.
Rapaz, meu bom rapaz, não te ofendas com o que te vou dizer, mas meteste os pés pelas mãos, e também as mãos pelos pés.
Não chores, pronto, isso já te passa.
Mas antes que te vás, deixa-me dizer-te:
Eu sou de letras, humanidades, não sou a tua assistente de enfermagem.
Se te dou agora abébias, mais uns aninhos e queres que te faça o apoio domiciliário diário, com uma fraldinha debaixo do braço, e o Decubal debaixo do outro.
Vê lá isso, rapaz.
É que parecendo que não, já dormias um pouco, hã?
Andas um nadinha baralhado.

17 de julho de 2014

Já cheguei a casa e decidi ver o estado dos meus pés...

.. depois da aventura com as Melissas...



ainda consigo usá-los amanhã, tenho é que levar a bengala..

Tem vindo aqui muita gente perguntar: quem és tu?

As pessoas aqui do meu blog são muito curiosas.
É.
Não lhes basta só, verem ali a fotografia de perfil que o meu amigo Andy Warhol me tirou, no tempo em que as minhas mamas (ainda) não tinham amuado.
Não.
Querem saber de mim, se as minhas histórias são verdadeiras, se vivi mesmo no meio das ratazanas da minha avó, se os alentejanos sempre comem os seus próprios burriés, se o meu namorado anão é realmente gay, se os Rule of Law existem na verdade, ou se (na verdade) sou eu a advogada, a dona do estaminé, a Presidenta, uma mulher sem escrúpulos que detona a profissão porque não lhe deram um lugar na Direção, um extraterrestre, um caracol ranhoso, uma mula da cooperativa, que chama nomes aos bois, e os bois pelos nomes, uma licenciada em teorias da conspiração, uma secretária frustrada  que também arranja esquentadores, sistemas complexos de infiltrações e telhados de moradias isoladas, uma esquizofrénica perneta, uma ex-PIDE careca, uma alcoólica cirrótica, uma marinheira sem pé, sem barbatanas, sem eira nem beira, uma alemã ressabiada, uma cientista que transplanta bigodes em locais púbicos, enfim, uma louca demente, que bebe aguardente, às primeiras horas da manhã.
Querem saber de mim, querem saber quem sou.
Áh, meus amigos, meus amigos.
Não queiram saber de nada.
Não queiram saber de mim.
 
Pois que não vos quero desiludir, por não ser afinal nada, sou somente uma Uva redonda falida, uma Uva maluca-passada, esculpida, trajada, neste blog (e nesta vida), onde o que fica do que passa, é somente a história verdadeira... ou uma grande farsa.
 
Divirtam-se.
E bem vindos ao meu delírio.
 

Já percebi porque é que as Melissas cheiram tão bem...

É que se fossem normais, como os restantes sapatos, ninguém podia parar ao pé das pessoas que as usam, com o tremendo cheiro a chulé!
Tenho-as calçadas há 2 hora e já suei mais dos pés, do que na minha vida toda...
Mas quem é que me manda comprar sapatos de borracha???
Quem?!


16 de julho de 2014

Ideias Peregrinas ou areias peregrinas

 
“Vamos ter 100 metros cúbicos de areia de rio, um bar de praia, nadadores salvadores e bolas de berlim”, disse à SIC Vasco Morgado presidente da Junta de Freguesia de Santo António. “O lago vai ser transformado em zona balnear”.

Ora bem:
Estou indecisa entre ideia peregrina e ideia muito estúpida, esta de levar 100 metros cúbicos de areia para o cimo de Lisboa!?, para ali se fazer (de um lago minúsculo) uma 'praia', com bolas de Berlim e nadadores salvadores, ou direi antes, para ali se fazer um sanitário público gratuito, a céu aberto, com muita malta que deambula pela capital, a tomar o banhinho matinal da ordem.
 
Mas então, que havemos nós de fazer a esta gente das ideias peregrinas, se eles continuam impunes, pelas areias do nosso deserto judicial?
 
E nem é pelo Vasco, cuja personagem admiro pela tenacidade e capacidade de trabalho, é só mesmo pela falta de terem alguém com dois dedinhos de testa para lhes abrirem os olhos em muitas das coisas que fazem sem que haja o mínimo de necessidade.
 
Mas enfim, tragam lá os 100 metros cúbicos de areia para nos mandarem aos olhos...

A mula da Cooperativa

Nunca por nunca me vou conseguir habituar a estar numa má situação.
Posso até estar um tempo, indefinido, em conflito interno e corrosivo com a minha autoestima, posso até fazer um esforço para apanhar os cacos, coser incertezas, driblar injustiças, mas esta minha incapacidade de me habituar às coisas más da minha vida, acaba comigo por dentro.
É assim que me sinto.
A pessoa vai-se habituando, depois habituas-te, isto foi sempre assim, é assim há anos em fim, vais ver que daqui a uns meses nem notas.
Pois bem.
Eu cá não me consigo habituar a maus hábitos, à vulgar apatia estacionária que a maioria das pessoas acredita serem desígnios de Deus, para justificar a merda de vida ´pacata´ em que vivem.
Se antigamente deu, porque não há de dar agora, se antes comias com as mãos e limpavas o rabo com um calhau, qual é o drama de fazeres isso agora?
E as coisas vão andando, e nada muda para melhor, porque sempre foi assim, porque assim é que está bem e mudar é trabalhoso, e a vidinha corre, sem ambições de maior, sem momentos felizes daqueles em que sabes que agora sim, está bem melhor e vamos lá dar a volta a isto.
E depois, vêm de lá esses grande pensadores dizer, que isto de manter a merda e mudar as moscas é a 'zona de conforto'.
Qual zona de conforto? Mas haverá maior desconforto que permanecer meses, anos, toda a vida, na mesmíssima posição? Fazendo a mesmíssima coisa?
Que zona de conforto é esta, que me obriga a limpar, dia após dia, o rabo a um calhau?
É que é caso para dizer: não há cú que aguente.
A mula da cooperativa, deu dois coices no telhado...
Como eu entendo a mula.

15 de julho de 2014

Parece que agora é moda... passear a branca nos queixos...

E o que me apraz dizer sobre o Olavo Bilac, neste maravilhoso vídeo no You Tube?
Olavo: A Cicciolina também tirava as energias negativas com cavalos.
Vê lá isso com o teu patricinador...
BLHAC!
És um grande e redondo Olavo Blhac!


 
Vai-te curar que o teu mal é andares nessa ansiedade toda.