30 de janeiro de 2015

E depois há umas pessoas que fazem umas coisas

Com a vida dos outros, que ultrapassa (e muito) aquilo que eu consigo compreender.

É estranha a língua portuguesa, dúbia e injusta.
Como podem ser chamados de 'artistas' estes homens que brincam com a nossa vida, como os artistas brincam no arame?
Como podemos subestimar a palavra arte, deitá-la à lama, indefenindo-a, misturando um conceito vagal e rasteiro, só deduzido na política e por políticos, com Artistas de verdade, esses sim, mensageiros do prazer da nossa vista?

É estranha a vida portuguesa.
É estranho como se sopesa a vida de alguém, como quem escolhe a melhor batata.
Desculpem divagar.
O assunto não carece de divagações. O assunto carece sim, de decisões.
Vamos ou não salvar a vida dos que aguardam o medicamento para o tratamento da Hepatite C.
O Sr. Ministro Paulo Macedo acha 'hostil' pedirem  400 mil euros para tratar quatro doentes.
Vou hostilizar o Ministro.
Sabe o Senhor Ministro o que acho eu hostil? 
Acho hostil um Artista-da-República gastar 16 milhões de euros anuais para não salvar ninguém, nem a própria honra.
Acho hostil um Artista-Espírito-Santo fazer um buraco de 1,3 mil milhões de euros para não salvar ninguém, nem os próprios filhos.
Acho hostil que uns artistazinhos inferiores, detenham na mão como uma batata, a decisão de ir almoçar ao Eleven anos de seguida, ou comprar um frasco de comprimidos que salvam uma vida.
Hostil Sr. Ministro, é um virús que nos mata, é ter uma doença sinistra que nos come por dentro, e nós a ver que ninguém nos dá de comer.

Sr. Ministro Paulo Macedo, hostil é albergar uma morte que já tem onde dormir.
Hostil é depois de encontrada a cura, deixar morrer os doentes.

E porque temos de ser de arame, duros mas maleáveis, frios mas fortes, inertes mas energizados, deixo-vos mais uma vez a ARTE.
Que estes sim, são ARTISTAS.
Quase sempre sem rede... no arame.
 
Artista (e vale mesmo a pena entrar) Aqui!

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Artista: Aqui!

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29 de janeiro de 2015

Amnésia


Mas depois era capaz de me esquecer que encontrei isto e depois já não era a mesma coisa.
É como dizes Rita, não trazes arrependimentos, e só por isso, e para quem os tem, vale a pena a amnésia.


(deixava-te isto no blog se não tivesse de lutar com uma 'espécie de caixa de comentários' que me pede para colocar o endereço de 'um amigo', que eu coloco, sou bem mandada, e depois o amigo afinal sou eu, porque a tua página me devolve profícuamente as letrinhas todas direitinhas, que eu própria escrevi, para ti.) 

Cenas da vida doméstica

Então e não é que ontem me entra a gaiata em casa com a roda dos alimentos em punho - no preciso momento em que eu, mãe desnaturada e inconsciente, fritava uns risolinhos feitos pela minha sogra -  e me diz:

- Mãããããããeeeeeeeeee????? Tu estás a fazer fritos?????
- Sim ML, estou a fritar rissóis, porquê?
- Apaga já o fogão, ouviste, já!
- Então porquê?
 (pega na folha com a roda dos alimentos e levanta-a)
- Estás a ver aqui fritos, estás?? Não pois não? Então apaga o fogão porque nesta casa não se comem mais fritos!! Os fritos entopem os ramicações das árvores e depois as folhas caem, porque os fritos entopem os ramos, percebes?

- Sim a mamã percebe. Os fritos fazem mal porque entopem as veias, fazem mal ao coração e provocam enfartes não é?
- Isso já não sei... mas a professora disse que fritos e whisky nunca mais..... e então, o que é o jantar?
- Então, se não queres fritos, queres comer o quê?
- Pode ser douradinhos?
- Pode.
- Boa!

Cara professora: não faço a mais pálida ideia do que lhe transmitiu a nossa filha sobre os nossos hábitos alimentares, mas garanto-lhe, podemos ser muita malucos e na loucura fritar uns douradinhos, mas normalmente é leite que a menina bebe. 

Teorias bizarras acerca dos blogs (e da literatura)

Diz-se por aí que não há nada de novo sob o sol da Literatura.

A teoria que vaticina o fim dos 'grandes escritores' é tão plausível como a teoria que fala do mesmo, em relação aos blogs.
Dizem que a escrita realista e consensual, pacífica e de consumo fácil, já não está a colocar questões, já não põe as pessoas a pensar, a questionar o sentido das coisas, e mais, está a enfadar de morte o leitor e a perder terreno.
Na literatura, como nos blogs, diz-se em atalho de foice, que os novos que vão aparecendo escrevem sem ter lido nada de significativo, o que está a deixar-nos a todos numa penúria literária e blogosférica nunca antes vista.
Concordo que na literatura, como nos blogues, há uma repetição cansativa, e nem é tanto pela falta de criatividade dos seus autores, mas pela forma como é apresentado o conteúdo e o tema.
Parte-se do princípio que se resulta bem em Balzac, resulta igualmente bem em M. Rebelo Pinto, mas o erro, além de grosseiro, é crasso.
Talvez haja alguma infantilidade, sim, na forma como o escritor/blogger entende o leitor, subestimando a sua capacidade crítica e a sua perspicácia.
Talvez considerem, erradamente, que escrevem para um público todo ele igual, todo ele erva rasteira.
Talvez lhes falte a sensibilidade para perceberem uma coisa natural e que é esta: 'todos diferentes, todos diferentes'. A igualdade dá-se no género e mesmo neste âmbito, há já uma panóplia muito variada e interessante.
E vai-se agigantando uma falta de densidade e profundidade, uma mão para o light, para o alegrete, tão semelhante às monótonas cozinhas brancas ou aos sumos detox, horrorosos, que fazem os dentes verdes e dores de barriga, ou às fotografias no Paque da Nações, com meninas crescidas calçando sapatos agulha com os pezinhos metidos para dentro, como vemos às crianças.
Se dizemos ao escritor que a capa do seu livro é enganadora - que tem dois apaixonados a beijarem-se e um titulo sugestivo 'O Amor e Uma Cabana' mas que lá dentro fala-se é da dieta dos 31 dias com um link para uma conta offshore - revolta-se muito, escreve umas patranhices quaisquer para mostrar indignação e vitimização, mete os pezinhos outra vez para dentro, e arranca-nos o livro da mão.
A autocrítica, aquele cortar e colar, cortar e colar, que um escritor faz na sua obra até à insanidade, a penúria que é equilibrar uma frase, o encontrar a melhor imagem para uma cena, o 'show don't tell' dificílimo na literatura, desapareceu quase por completo da blogosfera e dos livros dos escaparates.
Já ninguém quer saber se os outros colocam questões ou não, se escrevem bem ou não, se se apresentam honestamente ou não.
Parece que qualquer coisa serve para 'o povinho' porque a premissa é: tudo se vende e de qualquer maneira.
Só que não.

E no entanto, não é isso que verdadeiramente me preocupa.
O que realmente me preocupa é haver tão pouca gente que dê pela diferença.

28 de janeiro de 2015

Crianças não pagam, mas também não andam!

Se um dia me dissessem que havia de passar trinta manhãs de sábado, e algumas de domingo, num hipermercado apinhado de gente, mormente no corredor dos brinquedos, à procura de presentes de aniversário para as amigas da minha filha, numa tentativa de não lhe arruinar, em tão tenra idade, a vida social, ai que largava uma gargalhada, largava, e era bem capaz de não me ficar por aí, porque conhecendo a peste como conheço, ainda era menina para fazer aquela cara de gozo seguida do pensamento altivo, muito parecido aos que têm aquelas pessoas h-o-r-r-o-r-o-s-a-s que comem como alarves mas que nunca engordam: 'ele há pessoas que se prestam a tudo, credo!'.

Mas é assim.
A vida é um carrossel, e nas voltas que a vida dá, o melhor é arranjar logo umas canadianas daquelas que se encaixam na sovaquinha, para não andar por aí aos caídos, toda coxa, a dar espetáculo.
A frase 'Eu era uma mãe perfeita, até ter filhos.' havia de me servir que nem uma luva das mais caras, dessas que dão os construtores civis aos Presidentes da Junta, se me tivesse debruçado nisso dos filhos e das mães antes de ter feito 'aquelas coisas' e de me ter nascido a criança.
Pois é como vos digo pessoas: hoje em dia, se me quiserem apanhar em atividades ilícitas que depois podeis aproveitar para contar à minha mãe em estilo de vingança infantil, é ver-me a esconder os presentes que dão à minha filha aos magotes nas datas festivas, e ora deixa cá ver este... este jogo pode ir... ora este panda do IKEA ela já tem oitenta... mais um diário da Violetta... sonegado.... olha esta T-shirt que já não serve e é mesmo boa para a miúda da Paula do 5º andar... 

Tudo com a conivência do pai, não penseis vós, cabeças delirantes, que quando um casal se apaixona é porque são diferentes e 'os diferentes atraem-se' e lai lai lai. Nada disso, aliás, acho mesmo que o pai da criança é um clone da Uva-Passa, apesar de já estar um bocadinho... bagaço. 
Taruz! (ai não gostas? - então não mistures a minha roupa branca com merdas cor-de-rosa ok?)

Bom, esta treta toda porque fui dar de caras com esta maravilhosa notícia, que meus amigos, não podia deixar de partilhar.

Eu entendo muito bem esta mãe. 
Então uma mãe esmera-se, supera-se, desespera-se para dar ao seu rebento, ao seu herdeiro do trono, ao seu principezinho, a melhor festa do bairro, o maior bolo de aniversário do Guinness, e depois é isto? Uma festa preparada com MESES! de antecedência para que não falte nada, para que tudo seja da mesma cor, do mesmo tema, as toalhas iguais aos copos iguais ao bolo igual às palhinhas iguais ao tapete da entrada igual aos lençóis igual ao chapéu de praia igual à mousse de chocolate igual ao saquinho de gomas iguais à cara do pai igual à cara do cunhado que é as trombas do avô chapado!! e depois um dos amigos falta à festa?????
Mas que coisa é esta???
Como é que se resolve uma tremenda falta de respeito destas?
Menos uma criança na festa é coisa para estragar a vida de uma mãe e até a obrigar a uma baixa médica por depressão profunda.
Mães deste meu portugalinho, a Uva deixa aqui um apelo sentido:

A vida é um carrossel.
Se as vossas crianças não pagam, pois também não andam.
Se assumem o compromisso de levar o vosso rebento a uma festa, pelo menos tenham a hombridade de perguntar quanto custa a parte dela, pedir o NIB e fazer a transferência.
É que não há almoços grátis.
Vejam lá isso.

Até fico com a cabeça à roda com tanta festa!
IRRA!

27 de janeiro de 2015

Espreitar o Inferno - 70 anos depois.

Ando novamente metida comigo mesma.
Soturna, arrastada, talvez um tanto ou quanto apática da vida de todos os dias.
Será que a imersão voltou?
Será que me encontro outra vez imersa naquele líquido social que escorre da superfície das coisas, e que me afunda em questiúnculas?
Não.
Não estou afundada em felizes banalidades, superficiais.
Tomei um caminho diferente, encontrei um obstáculo e parei.
Foi isto que me aconteceu.
Porque não posso ser eu como toda a gente que passa pela vida de cabeça erguida, quase sempre de narinas abertas, ao sabor dos cheiros agradáveis de todos os dias?
Que mania tenho eu de querer sugar o tutano, se é na carne que se encontra o melhor sabor?
O que é que raspou no quê, para produzir (em mim) esta faísca, este fogo?

Gosto de coisas banais, claro, sou banal, mas há em mim alguma coisa de muito estranho que me impede de seguir em frente, como se fosse um condutor aziago que teima em parar para ver o acidente, para ver o ferido, ou quem sabe o morto; o condutor à espreita de tomar consciência que ali aconteceu uma fatalidade, que é preciso parar para ver que sim, que há fatalidades que acontecem aos outros, e se seria banal se nos acontecessem a nós.
Talvez o meu problema seja o de não conseguir avançar banalizando a fatalidade dos outros.
Mas por outro lado, tirar proveito da fatalidade dos outros é mórbido, é quase como se aquele momento fosse escoado para dentro de nós, inundando pelo caminho as sedentas e necrófilas papilas gustativas, ao invés de escorrer, como escorre o sangue, sem direção, um sangue que se espraia por ali, sem interesse, como o despojo de uma vida, como a água que morta não move mais nada, nem moinhos, nem folhas.

Então o meu problema é parar? É saborear? Tirar proveito?
Se parasse só para ver não estava agora com tantas questões, afundada, mas o meu caso é grave.
Paro para pensar.
Paro e percebo que a fatalidade dos outros tem (ainda) efeito em mim.
E ademais preciso de escrever isto agora, para não me esquecer depois, porque no que concerne à minha memória, o tempo fez horas extraordinárias.

Hoje falo do Holocausto.
Claro. 
Falarei sempre do Holocausto.
Não quero pertencer ao vasto grupo de inconscientes (e inocentes) que banaliza a morte.
É difícil não banalizar a morte e ser diferente do condutor apressado que apita atrás do que p(á)ra para ver. Sim, está um morto na estrada, é uma fatalidade, mas é preciso desimpedir o caminho.
E eu ainda estou vivo...

Tenham calma, parem comigo, ou se quiserem, façam um pisca e avancem.
Eu compreendo que há acidentes que simplesmente não conseguimos aguentar.

Aos que ficam:

A importância das datas é tão somente esta: parar para pensar.
Hoje a data comemora (se é que a palavra comemoração caberá alguma vez neste sinistro livro) os 70 anos sobre o fim da II Guerra Mundial, sobre a libertação dos Campos de Concentração e de Extermínio.

Não podemos banalizar a morte, o Holocausto, porque vejam, o Hitler era só um homem, não era Deus. Hitler reservou para os seus soldados a tarefa da desumanização dos Judeus, soldados que mais não eram do que crianças dotadas, homens inteiros, filhos de famílias ternas, cheias de moral, religiosas, tementes e prósperas.
Porque vejam, não podemos encontrar diferença entre estes soldados e os nossos filhos, dotados de amor, e no entanto foram estes filhos que mataram 6 milhões de pessoas, pessoas humanas, vidas reais.
Porque vejam, o extermínio da humanidade foi (e é) perpetrado por gente civilizada, altamente culta, sofisticada, homens à frente do seu tempo, na literatura, na musica, no pensamento.
Não podemos avançar sem retirar daqui as devidas conclusões, sem pensar nisto, sem passar os olhos nos livros que falam disto, mostrar aos nossos filhos que é possível voltar a acontecer.
Não podemos não estar preparados para isto. Não podemos viver no meio, ao lado, dentro de campos de extermínio (a ganância, o racismo, a xenofobia, a homofobia, o capitalismo) sem perceber o que lá se passa.
Porque não podemos passar pela vida de cabeça erguida, quase sempre de narinas abertas, ao sabor dos cheiros nauseabundos da morte que nos cerca todos os dias, como cercam os explosivos os corpos famélicos de  crianças sírias.
Morremos todos os dias, como podemos banalizar isto.
Quando o Primo Levi no seu livro Se Isto é um Homem escreve que todos os prisioneiros foram substituídos por números tatuados nos braços e na barriga, podemos ver de perto a nossa imagem atual, tão fria, tão numérica...
Porque vejam, estão a preparar-nos para isto, para esta banalização, para esta 'limpeza'.

 
And they said, “From now on you do not answer by your name. Your name is your number.” And the delusion, the disappointment, the discouragement that I felt, I felt like I was not a human person anymore. Lilly Appelbaum Lublin Malnik

2015 ficará marcado.
Ficará marcado sobretudo por ser o primeiro ano em que ficamos irremediavelmente sós, com as nossas imagens, com os nossos livros, e com as nossas memórias. Alice Herz-Sommer, de 110 anos, considerada a mais velha sobrevivente do Holocausto, morreu em fevereiro de 2014.
Estão todos mortos. É preciso pensar nisto. 

2015 ficará marcado.
A marca, que muitos fizeram questão de nos deixar, fica gravada no Cinema, através de antigos e novos documentários, desses que doem muito, desses que não lavam a alma mas que conspurcam antes a pureza e a esperança; na Literatura, com o lançamento de novas obras que nos devolvem à memória o medo dos outros e o medo de nós próprios; na Música, com concertos e artistas de todo o mundo, onde as notas acompanham imagens, e imagens acompanham marchas, marchas fúnebres, tocadas pela pena dos homens por outros homens; em Exposições pelo mundo inteiro, onde haverá total e merecida dedicação aos que trouxeram até morrerem, a morte na alma, e no gene a sobrevivência.

Não deixem de ver, não deixem de parar.
Parar não é morrer.
Não no pensamento.
Não na memória.


Prisioneiros dos Campos de concentração de Dachau no Dia da Libertação 


Desculpem-me se hoje estou soturna, arrastada, e talvez um tanto ou quanto apática da vida de todos os dias.
Amanhã será outro dia.
Obrigada aos que ficaram (para) a pensar...

26 de janeiro de 2015

E depois há umas pessoas que fazem umas (cem mil) coisas

Com as visitas, que ultrapassa (e muito) aquilo que eu tento fazer com as letras.

E que farei eu com cem mil visitas?
Que posso eu fazer hoje por todos vocês, que seja do tamanho da minha alegria?
Podia escrever cem mil letras, desatar os meus braços em cem mil abraços, agarrar em cem mil beijos e outros tantos desejos e lançar por aqui a fora, mas e se não vos encontrasse, que a vida é tão dispersa, e ficasse tudo por aí perdido? Os abraços, os beijos e os desejos?
E a verdade é que já somos todos crescidos, que é lá isso agora de andar aos agarranços?

Andei o dia a pensar nisto.
Desisto, não desisto...
Porque motivo me meto eu nisto?
Ai vais de versos? Andas feita poeta?
Não tenho estofo para tanto.
Afinal desisto.

E as pessoas vão embora assim, com a cabeça a abanar?
Então e as coisas que ainda tens para lhes mostrar?

Então que seja:

Olá,
O meu é Uva Passa, mas não sou assim tão velhinha.
O meu mundo são os livros, as letras, e clientes pernetas, que só se metem em avarias.
E a Uva às vezes também 'tem dias' e logo hoje que é segunda feira....

Meti-me neste novelo de contar as visitas... e hoje acordou o cuco estremunhado, tropeçou num número redondo, e não tinha nada preparado....

Um livro cai sempre bem.
Ora bem.
Temos o negócio fechado!

Obrigada.

Biblioteca Joanina, Coimbra, Portugal


Bibliothèque Nationale De France, Paris, France


Biblioteca Real Gabinete Portugues De Leitura, Rio De Janeiro, Brazil

 
George Peabody Library, Baltimore, Maryland, Usa

Strahov Monastery Library, Prague, Czech Republic

St. Florian Monastery, Austria

Technical University Ggheorghe Asachi Library, Iasi, Romania

The Admont Library, Admont, Austria

The City Libary, Stuttgart, Germany

The National Library Of China, Beijing, China

The National Library Of Prague, Prague, Czech Republic

Trinity College Library, Dublin, Ireland

Vennesla Library, Vennesla, Norway

24 de janeiro de 2015

Violetta

Acabo de chegar do concerto da Violetta
Trago ainda os pergaminhos, que não me caíram ao chão, e pela mão uma menina, que é a minha.
A minha menina, que é pequenina, gosta muito da Violetta. 
Eu não me importo porquanto também eu gostava de Violettas e de outras flores, quando tinha a idade dela.
No inicio do ano escolar comprámos a mochila (da Violetta), o estojo (da Violetta) e alguém que gosta muito da minha menina comprou-lhe o diário (da Violetta).
A Violetta agradece (e enriquece com) esta adoração, mas a mim, a quem cabe a compra do material escolar a cada inicio de ano, é-me indiferente se a mochila é violeta ou de outra cor qualquer. Cuido apenas que seja de boa qualidade, e que lhe assente bem nas costas.
No recreio lá da escola, as meninas da sua idade divertem-se com danças e cantorias, e até têm uma banda. Cá em casa já se sabe, o espelho admira os passos novos, a televisão acompanha nos acordes e a pequena faz aquilo que é suposto. Ser criança.
E é um corrupio de Violettas, nesta casa de muitas cores, Violettas na camisola, Violettas nos pijamas, Violettas no cobertor. 
Cuideis que me importo o que será o manhã? 

Não sei o que se passa com as pessoas.
Não sei o motivo de tanto desgaste.
Ai que aquilo não presta, ai que ela faz playback, ai que daqui a 2 anos está agarrada às drogas, ai o dinheiro que aquilo custou, ai o mal que aquilo faz, ai ai ai ai ...ainda bem que tive um rapaz....


Ai a dor que isto me traz.

Hoje, sem que a ML sequer sonhasse que tinha comprado os bilhetes, levei-a pela mão, enquanto ainda posso, e depois de um fugaz almoço num Mc Donald´s apinhado (um horror bem sei, mas as coisas são como são, e a malta é como é), sentei-a num banquinho em frente ao Meo Arena e dei-lhe para a mão aquilo que para ela era um sonho enorme. Ver a Violetta.
E foi ali um espetáculo! Uma alegria! E chorava ela e chorava eu.
E isto tem um preço? É piroso? É assim tão tenebroso?

A minha pequena violeta estava tão feliz que tudo valeu a pena. 
Porque decerto não tenho alma de mãe pequena, e gosto tanto de a ver feliz.
Gasto tanto dinheiro mal gasto, em tanta porcaria que não vale nada, porque não um concerto da Violetta?
Não quero nem saber se a Violetta vai desaparecer amanhã agarrada às drogas duras, a um motoqueiro malvado ou a um fio eléctrico, o que realmente me interessa é que a minha filha vai recordar o dia de hoje, como o dia em que foi com a mãe a um concerto, pela primeira vez, e onde dançámos e cantámos, e foi mega, mega divertido.

Adorei!
You rock Violetta!

23 de janeiro de 2015

Estou aqui com o coração tão, mas tão apertadinho

Mas então, como é que a pessoa consegue desbloquear as contas que tem a prazo na Suíça sem perder um disparate de juros, e os Certificados de Aforro, Santa Maria, que aquilo só em filas nos CTT perde-se lá uma manhã, já para não falar que as contas ordenado, bom, as contas ordenado já estão ordenadas, ou direi condenadas, a despesas capitais, e este mês foram as unhas de gel, a permanente, o vestido para a gala, e o implante capilar do mais velho que fica careca só de pensar em gastar um tostão...

É que vamos lá a ver:

65,00€ x 2 para ir ver a Violetta, é uma despesa muito insignificante para o nosso nível social.
Ainda se fosse uma ópera no Teatro alla Scala...

Afinal as mães não envelhecem


Escrevemos muito sobre os filhos, sobre os sentimentos que temos por eles e o que significa para nós ter aqueles dois olhinhos pequeninos ali, primeiro ao nível das nossas pernas, depois da cintura, depois do peito, e sempre a subir… olhos tão curiosos e brilhantes, bonitos, risonhos, e desdobramos-nos em mil temas sobre a responsabilidade de os ensinar a viver, de os fazer crescer até que se tornem adultos, completos, felizes, enfim, futuros cidadãos que criamos com enlevo e com a esperança de que queiram bem aos outros, e que nos queiram sempre bem, a nós.
E escrevemos muito sobre nós, e o que é ser mãe, a gravidez e o parto, a complexa metamorfose do corpo, o peito que descaiu, o casamento que esfriou, o trabalho que se empina na secretária, a vida de todos os dias envolta em mil tarefas domésticas chatas e rotineiras, e o que isto nos custa a cumprir.
E como custa!

Mas hoje faço diferente.
Hoje decido afastar-me de mim, da minha filha, da minha maternidade e dos meus pequenos tormentos diários, e encosto o meu corpo ao corpo da minha mãe, para lhe sentir o calor, a vida pulsada que me envolveu e me criou, e que me ajuda todos os dias, na difícil tarefa de me manter à tona como mulher e como mãe, mas sobretudo que nunca me abandona como filha.

A minha mãe fez 61 anos.
É praticamente impossível acreditar que a nossa mãe faça anos, quanto mais 61.

Quando eu era só filha, ouvia muito dizer que para as mães os filhos nunca crescem.
É uma tremenda injustiça pensar nisto unilateralmente, já que eu, como filha, também creio que a minha mãe nunca envelhece.
Parece-me que para ambos, mães e filhos, houve um momento lá atrás que ficou cristalizado no tempo. Houve ali um segundo em que o tempo das mães e dos filhos parou, exatamente no mesmo momento.
E para ali ficaram os dois, para sempre.
Para mim, a minha mãe está lá atrás, naquele tempo, e quando a procuro, vou ainda ao encontro duma mãe muito alegre, que me abria tomates com sal, e segurava sedutora o seu cigarro pequenino com mãos sapudas, mesmo que por estes dias a encontre pachorrenta, com uma mão segurando uma cara redonda e com a outra fazendo festas num gato, tão lânguido como ela.
Continuo no entanto sorvendo dela os ensinamentos de outros tempos, agora com mais atenção, com mais cuidado, mas gosto de pensar que tenho a mãe que sempre tive, e que tenho a mesma mãe de sempre.
A minha mãe não envelhece e não está velha. Coleciona os anos, as vivências, as durezas da vida, mas é ela, aquela mãe.

Outros há, que ilusionados pela torpeza da maternidade vêm dizer que só quando uma mulher se torna mãe é que descobre e entende, finalmente, a importância da sua própria mãe.
Discordo.
Esta descoberta, que muitos atribuem erradamente à maternidade, é feita ao longo de toda a vida com o apurar e o afinar dos ensinamentos filiais, que desde criança fomos sorvendo.
Creio que a maior descoberta de uma mulher não é a maternidade, mas sim a descoberta do amor filial que consegue sentir pelos outros, que consegue dar aos outros, filhos ou não, e que sem se aperceber aprendeu com a sua mãe.
É no fundo a mãe que nos ensina como amar.
E ninguém ensina como ela.

Percebo porque escrevemos tanto sobre os filhos, e sobre nós.
Uma vida inteira não chegaria para (des)escrever as palavras minha-mãe, o que me fez a mim, o que fez por mim.
De todas as vezes que me senti na escuridão (da imaturidade), na loucura (da idade), no desespero (do amor), no desconhecido (da maternidade), e na incerteza (da vida), foi ela que me deu as ferramentas para que eu conseguisse abrir as minhas janelas, e muitas das vezes abriu-as ela por mim. 
Crescemos juntas, as duas, a minha mãe e eu.
Somos as duas da mesma idade, porque somos só uma.
Lá atrás naquele tempo.
 
Quem é ela?
Sou eu.

22 de janeiro de 2015

O meu nome é Uva Passa, sou mãe, e sou Dependente.

Autor: Uva Passa Blog para UpToLisbonKids®
Todos os direitos reservados.


Estamos a caminhar vertiginosamente para níveis severos de dependência, onde miúdos de 13 anos são compulsivamente internados em clínicas de recuperação, como se no passado vivessem ao caídos pelas ruas, arrumando carros, desarrumando a vida, destruindo o corpo, miúdos de 13 anos, crianças imberbes, internados com depressões profundas e novas, sem cura, provocadas pela abstinência.....tecnológica.




A minha crónica deste mês na UpToLisbonKids é um testemunho pessoal,
que escrevi para todos os pais, e para mim própria.
 Espero que gostem.

PARA LER AQUI!

21 de janeiro de 2015

Quarta feira: Cozido à Portuguesa!

Vai uma pessoa, curiosíssima, para o Cozido à Portuguesa de quarta-feira no Tavares Rico, 'que aquilo é de comer e chorar por mais', senta-se a uma mesa toda ela farnicoques, e oito copos, treze talheres, pratinho, prato e contra-prato, babete de tecido feltro-Nisa bordado a linum usitatissimum, toalhete-comprimido para refrescar as manitas, e depois de devidamente instalada, pega no menú de peau de serpent, retesa-se na cadeira e aguarda o garçom.
- São dois Cozidos por favor.
 
Três horas depois, quase horas do chá na verdade, que aquilo é um movimento que parece que estamos na roulote do gordo em dias de jogo, acercou-se um senhor de bigodinho, que insistiu em manter um braço escondido atrás das costas como se escondesse uma arma de fogo, que me deixa um pratinho muito alvo com aquilo que eu pensei serem as entradas....
Ao meu sorriso amarelo responde num francês impecável:
- Voici Madame, Cuit au Four. Bon appétit!

MIRONE!!!!!!! Cá à Uva faxavori!


Mirone? O que é que se passa aqui???
Foste tu Mirone?????
Não te podem dar um carro para as mãos, não é Mirone?

E agora??
Quem é que vai pagar isto???
É o gato???

Papa-Séries

Acabo de ouvir (mais uma vez), a minha 'amiga de longa data', a referir-se à Uva como 'ave rara'.
Como já não temos muito assunto, que isto de conhecer as pessoas há mais de 30 anos às vezes torna-se aborrecido, resolvo indagar o tema....

- Lá estás tu com isso. Ave rara porquê?
- Ave rara, não vale a pena.
- Então pergunta-me lá uma coisa qualquer, vá, pergunta lá.
- Ai sim? Então olha, até de deixo pegares aí no teu amiguinho [tablet].
- Ai é? Nem preciso disto. Pergunta lá.

- Qual foi a última série completa que viste? Vá, dessas mais recentes.
- Uma série? Completa? Sei lá! Aquela do CD.
- Do CD? 
- Sim do CD pah, que se derretia. A Missão Impossível. Que é? Que cara é essa?
- Retiro tudo o que disse... tu não és uma ave rara... tu és uma ave extinta.

Olha mésta....
Estive mesmo para lhe perguntar o último livro que leu, assim dos recentes... mas depois.... depois tive muito medo que ela me dissesse: a biografia da Carolina [Pinto da Costa], e esse eu ainda não li.

E depois ficávamos outra vez sem assunto...

20 de janeiro de 2015

Das coisas que a Uva gosta

A Uva é estranha.
A Uva tem gostos esdrúxulos, e gosta da palavra esdrúxula sobre todas as outras palavras, e isto... bom, isto não pode ser bom.
O pior é que insiste em maçar as pessoas com estas coisas, em mostrar e em dizer-lhes: olha que lindo, olha lá esta, que bonita, ohhhhhh, incrível este ângulo, ai que medo, mas como é que ele vive ali, olha esta, olha, olha, olha, ahhhhhh, que maravilha... conhecias estas, já tinhas visto?

A Uva gosta de histórias. Histórias de faróis. 
A Uva tem uma real panca por faróis (e outras coisas acabadas em 'óis'), por faróis em mares revoltos, por faroleiros de barba, ermitas dos mares, de olhos profundos e tristes. 
Para a Uva o lobo-do-mar é um faroleiro, guardião dos segredos das marés, protetor dos pescadores e dos grandes animais marinhos que nunca ninguém viu.
Delírios de uma Uva que passa. 
Conto que já não vos estranhe esta e(n)tranha personagem.

Avante.
A minha alegria de hoje é que descobri uma pessoa ainda mais esdrúxula do que eu, nesta coisa dos faróis.
É um fotógrafo destemido: Jean Guichard.
O site é todo ele sobre faróis por todo o mundo, fotografias e vídeos de chorar, enfim, uma coisa feita a preceito. Vale muito a pena se gostarem de faróis...
Antes de vos deixar as overwelming, astounding, mesmerising (nunca consigui encontrar a correspondência para português) pictures, deixo-vos a historieta matinal do casal, sobre faróis:

- Não sei porque gosto tanto de faróis...
- Óh, toda a gente gosta de faróis.
- A sério?
- A sério. Especialmente os homens.
- Os homens? Essa agora.
- Sim (um silêncio prolongado...), alguns gostam muito dos faróis dos carros, mas a maioria é dos faróis da mulheres!
(...)

Agora o Farol.. e o respetivo faroleiro, que sobreviveu a esta monstruosa onda de 38 metros (da qual não se apercebeu, senão quando ela subiu repentinamente), depois de ter vindo espreitar o helicóptero de Jean Guichard que fotografava a invulgar tempestade que se acercou daquele local.
As fotos correram mundo.
É fácil perceber porquê.








CABUM!!!!!
Ui, ca medo!