Eu sei que o meu vizinho Zé me acha uma suburbana insuportável.
Desde os meus 6 anos, altura em que se deu o caso de lhe partir a cabeça da mulher, com uma valente pedrada, que as coisas entre nós não andam bem.
O Zé, que até que podia ser um vizinho catita, não o é, e eu até o compreendo.
Por força da convivência, vai para mais de quatro gerações, com os engraçadinhos das festas da casa dos pinheiros, que o Zé, lá por alturas do ano de 1983, que perdeu a necessária paciência que é preciso ter com todos os vizinhos.
E não é para menos.
Bom.
Assim que chega a família para as férias de verão, achega-se-lhe o nervoso miudinho.
O Zé, que até que podia ser um vizinho catita, não o é, e eu até o compreendo.
Por força da convivência, vai para mais de quatro gerações, com os engraçadinhos d
E não é para menos.
Bom.
Assim que chega a família para as férias de verão, achega-se-lhe o nervoso miudinho.
Passa a vida dentro e fora, dentro e fora, a ver que novidades trazemos nós para mais um verão na casa dos pinheiros.
Este ano pus-lhe a caixa mesmo junto à rede, granjolas, toda a brilhar, só naquela de o azucrinar de curiosidade. Ele bem que esticava o pescoço enrugado, e fazia pender o corpo ora para a esquerda ora para direita a ver se encontrava ali uma melhor posição para ler as legendas da caixa, mas nada. Cheguei mesmo a vê-lo tentar virar a caixa com o braço já todo esticado e aflito, dentro da fina malha da rede que separa os dois quintais, mas pitosga como é, não deu conta do que seria.
Sem forma de saber, e sem demoras, resolve entrar no meu quintal, já morto como um gato, com um dos seus mil pretextos.
- Então Uva, já viste aqui o meu tomate? Avançou ele com o minúsculo fruto vermelho na mão esticada.
- Ena Zé, já tens tomates? Já não era sem tempo. Digo-lhe eu zombando mais uma vez da sua produção de tomates anões.
- Então, e trazes novidades? Isto o que é? Murmurou ele já completamente vidrado na caixa junto à rede.
- Então Zé, não vês que é uma sementeira para a minha tomateira nova. Dá tomates do tamanho de melões. Só que para enchê-la preciso de 3800 litros de água. Só havia das maiores...
- Tomates do tamanho de melões? Pergunta-me ele num tom trocista. - Bem podes ir chamar os bombeiros para te encherem isso.
- Tomates do tamanho de melões? Pergunta-me ele num tom trocista. - Bem podes ir chamar os bombeiros para te encherem isso.
E abanando sempre a cabeça, sem olhar mais para a caixa, dá meia volta e desaparece pelo portão, saciado e divertido.
Nisto, uma nuvem de pó surge no firmamento.
Quero eu dizer que chega um camião dos bombeiros à rua de terra batida.
O Zé, sempre atento ao que se passa na casa dos pinheiros, mete os olhos para dentro, e sai disparado!
- Mas ó rapariga, tu és maluca? Então tu vais gastar 3800 litros de água para plantar tomates?
Sim Zé.
Este ano decidi plantar os tomates cá da casa dentro de umasementeira piscina.
Sabes Zé, os donos dos tomates cá da casa, assim que se acham de férias, não pensam em mais nada senão em fazer caminhadas, corridas, músculos, e todas essas coisas que eu passo o ano a fazer.
O caminho até à praia é longo e cansativo, e como sabes, requer cuidados, carregamentos, bezuntamentos, e demasiados tormentos que agora não são para aqui chamados, e esta uva velhinha, cheia de grainhas (especialmente no rabo) gostava mais de ler, escrever, descansar, comer e beber e, ocasionalmente, banhar-se no jardim se estiver calor suficiente.
E se Maomé não vai à montanha, então põe-se uma piscina no quintal, e acaba-se com a correria.
O Zé, sempre atento ao que se passa na casa dos pinheiros, mete os olhos para dentro, e sai disparado!
- Mas ó rapariga, tu és maluca? Então tu vais gastar 3800 litros de água para plantar tomates?
Sim Zé.
Este ano decidi plantar os tomates cá da casa dentro de uma
Sabes Zé, os donos dos tomates cá da casa, assim que se acham de férias, não pensam em mais nada senão em fazer caminhadas, corridas, músculos, e todas essas coisas que eu passo o ano a fazer.
O caminho até à praia é longo e cansativo, e como sabes, requer cuidados, carregamentos, bezuntamentos, e demasiados tormentos que agora não são para aqui chamados, e esta uva velhinha, cheia de grainhas (especialmente no rabo) gostava mais de ler, escrever, descansar, comer e beber e, ocasionalmente, banhar-se no jardim se estiver calor suficiente.
E se Maomé não vai à montanha, então põe-se uma piscina no quintal, e acaba-se com a correria.
E durante três semanas, esta bela sementeira, cumpriu muito bem a sua tarefa.
O problema é que por força da temperatura da água, os tomates não saíam de lá muito grandes.
Para o ano ligo o esquentador.
Não quero desiludir o Zé.