21 de outubro de 2015

A carroça à frente dos bois

A Câmara Municipal de Lisboa resolveu, em conjunto com a EMEL, lançar um concurso público no valor de 29 milhões de euros!! para implementar já em 2016 o sistema bike-share em Lisboa, através da disponibilização de 1400 bicicletas em 140 pontos espalhados pela capital.
Além do valor do concurso, manifestamente galáctico para o tipo de investimento que é (quem será o sortudo a quem vai sair este euromilhões das bicicletas?), a Câmara Municipal põe mais uma vez a carroça à frente dos bois, por descurar por completo o problema de fundo da mobilidade urbana na cidade de Lisboa.
Uma cidade  e uma Câmara Municipal totalmente pró-veiculo automóvel, junta no mesmo barco o descarado roubo ao erário público, e não resolve o problema de fundo, “problema que apenas se resolveria com fortes restrições físicas e legais ao uso do automóvel na cidade, cuja área de ocupação, considerando rodovia e estacionamento, estima-se, ultrapassa os 2/3 de todo o espaço público da cidade, diz e bem João Pimentel Ferreira.

Na minha opinião, com bastante menos dinheiro, se investia em ciclovias bem desenhadas, mais extensas, em circuitos protegidos, em sinalização, em fiscalização física, e os cerca de 2500 cidadãos que utilizam a bicicleta como meio natural de transporte, e que se estimam existir atualmente em Lisboa, passariam imediatamente para números muitíssimo superiores, sem necessidade de investimentos de milhões e milhões sonegados mais uma vez aos já depenados contribuintes, podendo ser investidos em outras tantas obras, nomeadamente num definitivo e eficaz sistema de escoamento de águas pluviais, que já se sabe, é a maior vergonha dos olhos de Portugal na cidade de Lisboa.
Já para não falar no dinheiro que se poupava em multas à Europa por constantemente se ultrapassarem os níveis de poluição na capital.

Não percebem nada da poda, mas continuam a desbravar terreno.

imagem@http://sandvault.com/about/bike-share-experience/

16 comentários:

  1. Muito bem visto, Uva. Infelizmente, e apesar de todas as dificuldades que o país atravessa, há quem ainda continue a embarcar em devaneios megalómanos.... com o dinheiro dos outros, é claro.

    Um beijinho

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    1. 29 milhões de euros para 1400 bicicletas... é só fazer as contas.

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    2. Mas esses 29 milhões não incluem a implementação de novas ciclovias e circuitos e sinalética??? É só as bicicletas e sistema de apoio???
      Quem irá ser a empresa sortuda? Essas bicicletas devem ser muito especiais. E assim se vai o dinheiro público.

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  2. ainda não consegui aderir à moda das bicicletas, talvez porque levar o computador e os cadernos todos às costas seja mais incómodo do que os transportar num banco (seja de carro ou transportes públicos), talvez porque os meus colegas que o fazem chegam todos transpirados à faculdade e não é bonito de passar o dia junto deles :/
    no entanto, concordo completamente com o que aqui se disse na distribuição das quantias! talvez assim o façam porque "fica bem" gastar tantos milhões em medidas destas, a nível político. a mim parece-me um esbanjar de tanto dinheiro, quando há muitas outras áreas a melhorar...
    enfim, é a minha opinião.

    um beijinho*

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    1. Inesinha, escreve no google: alforges para bicicletas e tens o problema totalmente resolvido.
      Compras uma bike de 29 mudanças e dois pratos. Desmultiplicas nas subidas (metes a avózinha - a mudança mais pequena) e não te cansas nada.
      Usas DRICLOR e não suas. ;))))))
      ProntoS.

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  3. 29 milhões de euros? Que disparate. Não conheço Lisboa por aí além mas, em média, conheço a conduta dos automobilistas para com os ciclistas em zonas urbanas. Os ciclistas são considerados um estorvo, uma aberração na estrada. É que, a larga maioria dos automobilistas nunca usa a bicicleta. E isto não é assim em todo o lado. Em algumas cidades fora do país onde já pedalei percebe-se a existência do automobilista:ciclista.
    Por isso, numa primeira fase, o aspecto mais crítico é a implementação de ciclovias seguras (separadas fisicamente das vias por onde circulam os carros) e com sinalização específica para as bikes. Por exemplo, no cruzamento entre ciclovias e vias para carros deverá haver semáforos separados para bikes, para carros e para peões.

    Já agora, se cada bike ficar a 500 euros, as 1400 bikes custam 700 mil euros. Sobram 28 milhões e 300 mil euros. É preciso uma grande imaginação para gastar o resto da massa.

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    1. João L.

      Eu sei que vou ser mau, mas isto que eu vou dizer baseia-se na pratica que vejo todos os dias:

      -Semaforos para ciclistas? Mas a maior parte nem sabe o que são semaforos...

      (ok, digo isto porque há bastante pessoal que apanha o barco na margem sul com a sua bicicleta para atravessar para Lisboa. Há semáforos pelo caminho até lá chegar! Quando os semáforos ficam encarnados para os carros, aparentemente ficam verde tinto para os ciclistas que avançam despreocupadamente como se não estivessem lá...
      ...estes semáforos estão em passadeiras e o código é igual para todos, não é?)

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    2. Julgo que o dinheiro vai ser gasto com os 140 pontos, para já 10 bikes em cada ponto. Os pontos devem ser caros, aquilo é complexo, julgo eu.
      É preciso o programa informático para controlar tudo, é preciso quem repare as bikes no caso de avarias, prever os roubos e o vandalismo, contratar pessoas para tratar das 1400 bicicletas, postos de avarias, fiscais, blabláblá. Ainda é dinheiro, mas 29 milhões?
      E depois é tudo a seco, sem qualquer programação na própria cidade para receber 1400 bikes repentinamente. Alguém ouviu falar disto? Eu aqui estou no Marquês diariamente e ainda não vi nada...

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    3. Ó CNGil, se levada à mão o antes pedalante passa a peão, percebeste?

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  4. Pois...
    ...mas lá está, depois os amigos não ganhavam dinheiro o suficiente para comprarem aquele ferrari ainda sobrar para ajudar a pagar uma mansão qualquer ao gajo que proporcionou o negócio...

    É aquela base que nós sabemos! Já ninguém sequer estranha...

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    1. Isto tem de acabar. É o que eu acho.

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    2. Pois, mas enquanto houver gente a aplaudir ideias peregrinas e câmaras a tê-las...

      :)

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  5. Já que estamos a falar disto, olha-me estes olhos:

    http://gimmieabike.tumblr.com/post/131586911398

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    1. Gritante a demência desta gente e as coisas que inventam mascaradas de bem público para encherem as carteiras.
      Além disso todos sabemos da guerra aberta ciclistas / automobilistas. Vai ser o descalabro. Ha que fazer algo sim, mas passa por criar condições. Ha muitas ciclovias por este pais fora e muitas estão sempre cheias so que sao nas praias e etc. Porque nao fazê-las nas cidades?

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  6. Só espero, que não, ou espero mesmo, é que aconteça como em Aveiro, pelo que me disseram, desapareçam todas em menos de um fósforo eheheheheh

    Isto visto à luz da realidade faz crescer o negócio da venda de biclas, e a respectiva compra pela câmara. Como podes ver Uva, é um euromilhões fêmea.

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