Primeiro eu era 100% loira.
Uma menina, como um anjinho, que passeava altiva pela mão de uma mãe morena de barba rija, e um pai camone, quase sempre aramado ao pingarelho.
Desde pequena que me lembro de competir com o meu pai. Ou porque ele cantava melhor o fado, ou porque dançava melhor o tango. No entanto, era a cor do cabelo que me deixava de nervos em franja e me fazia danar à séria.
- Tu, loira? Nunca. Tu não vês que as tuas sobrancelhas não são como as minhas.
E depois passava os dedos grosso nas sobrancelhas loiras, quase brancas, e mostrava-me um cabelo loiro capaz de cegar uma lebre no caminho.
E eu berrava tardes inteiras a fio.
Depois de anos nesta luta desigual, acabei por entrar numa competição desenfreada, e se ficava muito tempo sem o ver, a primeira coisa que fazíamos os dois, quando ele chegava da viagem e se assomava à porta, era colocarmos as duas cabeças em frente ao espelho, para ver quem era o mais loiro.
Ele ganhava sempre, raispartam, e eu berrava tardes inteiras a fio.
Foi então que conheci uma jovem cabeleireira muito simpática... a água oxigenada.
E gizei todo um plano.
E gizei todo um plano.
Esta cabeleireira, que não fazia perguntas, prometeu-me maravilhas, mundos e fundos, o loiro dos anjos, a vitória e a glória definitiva, sobre os cabelos loiros do meu pai.
Numa tarde soalheira, sozinha em casa, as usual, despejei um frasco inteiro dentro de um baldinho da praia. Transpirava de alegria.
À chegada, o gigante loiro não só iria testemunhar um progresso imenso nos meus fios de cabelo, como iria poder verificar que as minhas sobrancelhas, essas traidoras negras, seriam o meu maior trunfo e a sua maior surpresa.
À chegada, o gigante loiro não só iria testemunhar um progresso imenso nos meus fios de cabelo, como iria poder verificar que as minhas sobrancelhas, essas traidoras negras, seriam o meu maior trunfo e a sua maior surpresa.
Comecei então pelas sobrancelhas.
Molhava o dedinho, e zás. Mais um bocadinho, aqui e ali, e a coisa parecia correr às mil. No meio do tratamento tive uma epifania. E se...... caramba, (que o mundo está cheio de ses que nos fodem a vida), colocasse também nas pestanas? O resultado foi demolidor.
Passados 20 minutos, a pele começou a ficar vermelha, e vermelha, e vermelha e as sobrancelhas a ficar laranja, depois amarelo, depois branco, depois....
Zás!
Agarrei na gilete da minha mãe do meu pai, e cortei o mal pela raiz.
Além de não ter ficado loira, de ter rapado as sobrancelhas e de ter acabado com as pestanas, voltei a perder mais uma vez, no encontro de cabeças frente ao espelho.
E berrei tardes inteiras a fio.
Não só porque o meu pai continua loiro até ao tutano, com aquelas sobrancelhas terrivelmente brancas, mas porque me passou a chamar-me Niki (Lauda).
Não só porque o meu pai continua loiro até ao tutano, com aquelas sobrancelhas terrivelmente brancas, mas porque me passou a chamar-me Niki (Lauda).
E a minha vida é isto.
És terrível.
ResponderEliminarDepois conto-te o que fiz com a pedra pomes, aos óculos fundo de garrafa da minha mãe..
EliminarEheheheheh!! Adorei! :)))
ResponderEliminarAinda bem!! Beijozzzzzzzz Maria Tu!
EliminarOra aí está uma bela ideia para a monocelha do meu filho.. Raios o partam que me mói os fígados porque as minhas sobrancelhas são claras e com pouco pelo, já ele... :D:D
ResponderEliminarHahahahaha monocelha. Há agora uma cera especial para sobrancelhas. Não há necessidade de fazer sofrer o gaiato!
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