31 de março de 2016

Alerta Vermelho!!!!

Eu já não tenho nem idade, nem estatuto social para estas merdas.
É uma frase prepotente, e potente, para quem se assume humilde, e tem uma resiliência a tascas a cheirar a vinho podre que é qualquer coisa de surreal. Mas isto é demais.
Eu já vivi muitos anos na minha curta vida. Já naveguei em muitos barcos e já estive envolvida em diversas tormentas, mas uma coisa que eu nunca tinha feito, até ontem, foi ter reclamado de um serviço num restaurante. Assim, à cara podre.
Já comi azeitonas murchas e secas, pão de há três quinze dias, comida a saber a sabão, e cerveja moribunda, mas evitei sempre a reclamação, desculpando o serviço, tendo pena das pessoas, e sobretudo, por não querer ser mais um prego no caixão dos restaurantes que morrem por essa Lisboa fora aos magotes.
Mas ontem chegou-me a mostarda à narina esquerda, a que foi sempre mais fustigada, e teve mesmo de ser.
Os dias têm sido maus, estou cansadíssima, cheia de trabalho, e há dias em que simplesmente preciso mesmo de ir a qualquer lado beber uma imperial, deitar conversa fora, gastar uns tostões.
Ontem foi um desses dias e porque fomos à Worten, decidimos aproveitar para comer uma coisa diferente, um petisquinho.
A escolha recaiu sobre um restaurante novo, de seu nome Kitchen by Monte Mar.
Peço desculpa aos visados, mas foda-se, aprendam a servir pessoas.
O Kitchen by Monte Mar é uma pseudo-marisqueira armada em sonb-chic. À entrada uma miúda de pernas muito roliças mas muito simpática acolheu-nos bem, e convidou-nos a sentar.
Eu pedi sapateira recheada e salada de polvo. Não havia sapateira. Uau. Não há sapateira na marisqueira. Ok. Pode acontecer, é um grande gap mas passa-se à frente. Então traga-me umas 'gambas à Guilho' e um pica-pau do lombo. O V. achou caro o Pica-Pau (20.00€), mas eu pensei logo numa travessa daquelas que há no Florbela do Olival Basto, e achei que com batatinhas e mais os camarõzinhos, dava para matar o bicho.
20m. Nada. Nem a cerveja, nem as azeitonas, nem o pão torrado. Rien. Desculpe, não me leve a mal, mas estou faminta, traga-me por favor qualquer coisa que se coma, o pão, as manteigas, qualquer coisa. Ok. Trouxeram o que pedi.
Primeiro embate: 'gambas à Guilho'.
Atentem.
Não é dizer mal, mas em 40 anos (quase) de vida nunca me tinham vendido uma sopa de caldo knorr com gambas congeladas e super sensaboranas, a boiar, como 'gambas à Guilho'. 
Tive de meter os olhos para dentro e engolir mais uma azeitona.
Fui ver e vói lá: a sopa do dia era creme de gambas. Foi o que nos serviram. Uma merda.


Reclamei.
Oiça, isto é tudo menos 'gambas à Guilho'. Pois, tem razão, são as gambas que são pequenas não é? Não, não é o tamanho, é a forma. 'Gambas à Guilho' são fritas ao alho. Desculpe, vou transmitir ao Chef. Sim, reporte, por favor. Isto não é maneira de servir ninguém, desculpe.
Bom, traga lá o pica-pauzinho do lombo, 20,00€, deve pelo menos lavar a honra da casa.


Qual quê. 
O pica-pau vinha num pratinho de sobremesa minúsculo, com 4 pedaços de carne de aspeto duvidoso, e num prato maior (que já não está na fotografia porque foi para trás) umas batatas pala-pala frias, pá, geladas mesmo, a pingar gordura.
Desculpem, isto é inadmissível e eu não posso ser enganada desta maneira. Exijo um mínimo de decência. Não posso compactuar com restaurantes que me fazem passar por este tipo de experiência degustativa, quando as mortes de porco da minha avó, há 500 anos atrás, em que se assistia ao corte dos tomates do bicho, ao guinchar o bicho, ao morrer o bicho às mãos dum facalhão, eram muito mais decentes do que isto.
Bardamerda pá. Processem-me. Mas isto não se faz a ninguém.
Aldrabões.


30 de março de 2016

Areia para gatos - help me!

Então vamos lá tirar teimas.
Não há areia de gato (para pobres) que preste pois não?
Logo vi.
Já experimentei várias e realmente são todas uma noja.
A melhor que encontrei (qualidade/preço) foi a absorvente aglomerante do Continente, mas caramba, custa quase 5 euros e não é nada de especial no cheiro, e tenho de andar sempre a mudar, ou a pescar cocós. Tem a vantagem de vir num pacote quadrado, com abertura fácil, e de se arrumar facilmente, mas pesa que se farta e a ordinária da pega é uma pêga.
Mudar de casa não é só mudar de cabeleireira, é também adaptar-me aos supermercados da zona. O Continente aqui dos burgueses não tem a maioria das coisas que costumava comprar. A zona dos animais é ridícula e infelizmente nunca apanho este produto na prateleira.
Azar. Fui obrigada a mudar de areia.


Apanhei uma promoção de 50% no Pingo Doce desta Activ Pet, e comprei logo dois pacotes. Se não fosse o preço promocional não tinha comprado, porque é super cara. A areia é branca, envolve bem, e porta-se mais ou menos com o cheiro, mas é tão malinosa com o xixi que se transforma em argamassa ultra resistente, tipo betão, e primeiro que eu a tire da caixa, tenho de comer um bife de vaca mal passado e fazer bastante força na pá. Para mim podem ir levar na pá.
Além disso, tenho constantemente a casa cheia de bolinhas brancas porque a gata vai lá para dentro e traz aquela porcaria agarrada às patas.
E não é bonito (nem os tintins a bater no .. bom) ver areia branca no meu persa bordeaux, da sala.


Esta aqui de baixo é tipo "socorro". Cheira a casa de banho patchóli. É barata, mas deita uma poeirada desgraçada e os cocós ficam a boiar. Comprei porque não encontrei mais nada, e porque queria perceber se a areia barata também fazia as mesmas vezes. Não vale a pena. É uma valente merda.


Já ouvi de tudo no que respeita a este tema.
Conheço pessoas que mudam a areia todos os dias, completamente, e outras que deixam a areia por dez ou doze dias.
Não faço ideia o que pensam as pessoas que deixam o seu gato conviver com os mesmos cocós por dez dias seguidos, a minha gata é uma especialidade e se não lhe limpo o areião lá quando ela acha que devo limpar, põe-se aos pinotes e traz os cocós para o meio da cozinha.
Eu só tenho uma gata.
E estou farta de merda até à testa.

Ajudas?

29 de março de 2016

E o que vês no teu jardim? Pergunta o Senhor ao criado

São rosas Senhor, são rosas....


Mas quais rosas, homem???
Desculpe Senhor.... são rodas Senhor, são rodas.

Luaty Beirão

Hoje, e depois de tantos dias ausente, porque cansada, porque farta, porque sem palavras, poderia falar de muitos temas. Haveria decerto muitos assuntos que gostaria de debater, temas urgentes, interessantes, mas porque também eu tenho direito à indignação, essa atitude tão corriqueira e maçadora, mas que no fundo é só mesmo o que nos resta, resolvi deixar um pequeníssimo apontamento sobre Direitos Fundamentais, talvez porque este tema, que mexe com tantas coisas mas essencialmente comigo, se descolou do emaranhado de lixo (e mortos) que uma apertada ligadura me prende à cabeça, e me pesa.
 
Não sei se alguma vez aqui abordei, especificamente, os direitos fundamentais da primeira geração. Para enquadrar melhor o tema, e porque os direitos, todos os direitos que hoje conhecemos (direito à liberdade de expressão, direito à igualdade, etecetera), dependem diretamente destes, são os filhos destes, resolvo enaltecê-los porque é também em torno destes [direitos] que tudo se organiza.
E tudo se organizou contra o 'Estado', contra o 'Governo', contra o 'Rei'.
Os direito fundamentais de primeira geração, os direitos que foram conquistados através de iniciativas contra o poder absoluto terreno (rei) e celeste (blasfémia), digamos assim, são essencialmente o direito à vida, o direito à liberdade, e, surpreendentemente para mim, e creio que para todos, o direito à propriedade.

Contou-me aquele que tudo sabe que no século XI, em 1066, Guilherme Conquistador, transportando o gene viking, invade a Inglaterra (batalha de Hastings), e vai conquistando tudo até se tornar rei de Inglaterra. Apesar de ser normando, estranho e estrangeiro, Guilherme é aceite como rei, mas não reinará um único dia sem aprender primeiro a respeitar o povo conquistado. E um povo respeitado é um povo que é livre e que não se submete e nem aceita que os direitos que já eram os direitos deles, passem todos para a esfera do rei, sendo este o único detentor do direito de matar, usurpar as terras, invadir a propriedade alheia, sem ser punido.  
Estes direitos são os direitos de primeira geração, e que mais tarde foram lavrados num dos documentos mais famosos e importantes, sobretudo importantes, da nossa história: a Magna Carta (rei João 1215).

A Magna Carta, tantas vezes esquecida pelos senhores que reinam na atualidade, pelos senhores que fazem as leis, portuguesas e outras, evoca em mim a tristeza da sua inutilidade. Quando vejo pessoas serem presas sem acusação, como é o caso ainda por desvendar do Eng. José Sócrates, quando vejo pessoas a serem presas por concordarem com uma opinião que é considerada contra o 'Estado', contra o 'Governo', contra o 'Rei', fico muito preocupada porque a base de tudo, da Humanidade tal como a conhecemos, todas as conquistas, todas as batalhas, todas as vidas que se perderam pelo caminho da luz, a Magna Carta e tudo o que dela foi sendo feito depois disso, é como se se perdesse para sempre.
Voltamos a um tempo ignorante, onde o povo livre é utopia, e onde a soberania dispensa bem os 'achaques' do povo submisso, onde o poder absoluto reina sobre todas as coisas, como um Deus omnipotente e omnipresente.

São os Direitos Fundamentais de primeira geração que nos afirmam como seres livres.
O que é o direito à vida, se continuamente prendem inocentes, dispondo, eles sim livremente, da sua vida e da sua Liberdade?
Deveremos nós, tal como fizeram os povos outrora conquistados por um punhado de vikings exigir o respeito do rei?
Como?

Como poderei eu ajudar estas almas, estas pessoas, estes injustificados prisioneiros de guerra (pela LIBERDADE), se me pesa tanto a cabeça?

18 de março de 2016

Não tenho absolutamente nada para vos dizer

Mas que querem? É um bichinho que tenho nos dedos, alojado por baixo das unhas.
Hoje sentei-me para almoçar às 16.30h. Agarrei na minha marmita e sentei-me sozinha na copa, desolada de fome, cheia de pena de mim própria.
Não sei a que propósito inflijo estes danos ao meu corpo, não aprendi nada dos mais velhos, pese embora a minha avó velhinha me dizer vezes sem conta que quando mais nos agachamos mais mostramos o rabo.
O que me valeu, e aqueceu, é que o almoço era caril de gambas, a delicia da mãe Uva, que mesmo à hora do lanche me soube pela vida.
Pela vida vão-me saber as férias.
Férias? Sim férias.
É que não tenho nada para vos dizer, mas fiquem já sabendo que: para a semana o que se passa no Uva não vai passar no Samouco.
É Casa dos Pinheiros com ela, bicicleta às costas, filha à tiracolo, e o V. cá fica, a trabalhar (ahhhh coitado!), porque alguém tem que ganhar dinheiro, para esta gente que descansa.
Vemo-nos nos trilhos?

17 de março de 2016

Underground

Eu agora ando de Metro. Demoro menos de 10 minutos a chegar ao Rule of Law.
Mas o engraçado disto não é o básico da coisa, o ganho absurdo de tempo que tenho em relação ao passado, não, o engraçado disto é que passei de uma análise sociológica unipessoal, isto é, da observação de apenas uma pessoa, do V. (que me levava e trazia todos os dias, coitado) para uma análise sociológica gigante, uma mole imensa de pessoas diferentes que comigo viajam diariamente no transporte coletivo mais esdrúxulo do país.
Vou falar-vos da análise de hoje.

Faço 2 estações: Saldanha - Marquês. Em Picoas a voz off do Metro, uma rapariga monocórdica provavelmente aparentada do Bruno de Carvalho, informa os passageiros de que há perturbações na linha amarela e que o tempo de espera pode ser superior ao normal. Tudo legal. Deixei-me estar exatamente onde estava - agarrada ao varão, espreitando de quando em vez a minha imagem refletida no vidro. Serena e calma.
O que se passou a seguir é no mínimo, estúpido.

A voz of dá novamente a intempestiva informação.
Ouve-se um burburinho, um vento na palha que trespassa o comboio e se fina nos meus ouvidos.
De repente, um brasileiro danado levanta-se bruscamente do banco e sai furioso da composição. Manda um braço ao ar, faz o sinal um a tomar banho e dois a apanhar o sabonete, em direção ao altifalante, e segue estugando o passo com a mochila soldada às costas. Desaparece.
Em menos de nada saem apressadas cerca de 15 pessoas, na minha opinião precipitadamente. Mas quem sou eu.
Ainda só passou um minuto desde a informação da voz off.
À minha frente um grupo de três adolescente parece divertido com a situação. Há pessoas que desconhecendo o que ali se passa, e acabadas de chegar aos cais, entram a correr na composição com medo que se fechem as portas. Os adolescentes riem a bandeiras despregadas com esta cómica situação. Quem tem a informação tem o poder. São o elo mais fraco. Correm, cansam-se, para ficar à espera. Também acho graça mas como não sou adolescente contenho a gargalhada. É pena. Dizem que rir faz as pessoas mais novas.
Passam 3 minutos desde que a voz off interveio na rotina matinal dos passageiros. Ao meu lado, inquietos, dois alemães altíssimos olham para o mapa do Metro e encolhem diversas vezes os ombros. Viram-se para mim só porque temos o cabelo da mesma cor.
- Escusemi.
- Diga lá.
- Whatss apenants??
- Troubles. 10 minutes, tuenti, e seguimos - digo eu muito sorridente. Somos muito hospitaleiros.
- Ok. Tanques.
Gringos. Não entendo o que fazem em Portugal em Março, com um frio do caraças. Também abandonam a carruagem - claro, são muito evoluídos - sempre com a cabeça no ar à espera que lhes caia alguma explicação em alemão em cima da cabeça sobre os troubles.
Passam 4 minutos desde que o Metro estancou em Picoas. Quando olho em volta já só me restam uns 4 ou 5 vizinhos numa carruagem de 6 composições.
A debandada foi total.
Subitamente a composição fecha as portas e segue caminho. No cais diversas pessoas vociferam contra o que parece ser a normalidade: o metro seguir o seu caminho depois de uma pequena paragem de 5 minutos. Apanhadas de surpresa, muitas lançam-se para a linha.
É um suicídio coletivo.
Fulminante.

16 de março de 2016

Eu só sei que tudo sei.

Tenho de vos contar isto

Ontem, com a cabeça cheia de raízes, pior que a imagem mais desoladora de E Tudo O Vento Levou, depois da guerra, com um autêntico buraco negro no cocuruto da cabeça, decidi-me a ir ao cabeleireiro e acabar com este drama.
Pois que estou numa zona hiper privilegiada para frequentar cabeleireiros, e se vos contasse a quantidade de salões hippie-chic-gourmet que tenho por metro quadrado na zona da minha vivência, não acreditavam como é que as coisas descambaram desta maneira. Julgo mesmo que é esta fartura que me enjoa. O mesmo acontece quando me deparo com um prato cheio de favas. Estou morta de fome, mas não toco naquilo.
Bom, ia eu dizendo que para acabar com a imagem decrépita que vinha apresentando desde o início do ano, meti um apelo no Facebook, ai ajudem-me, ai ajudem-me, e lá dos fundilhos daquela que é hoje a mais linda rede social do mundo, veio a salvação.
Eram umas 19.05h e lá estava a super-secretária enfiada num Mercedes maior que o seu gabinete, para se deslocar ao coiffeur, claro está, nunca menos que isto, localizado no Altis Grand Hotel Lisboa.
O motorista, o colega mais bacano do Rule of Law, o único que me acompanha à tasta mais tascosa de Lisboa para o belo do janquinzinho e copo de três, fez a fineza de me levar, de estacionar à porta do hotel, e a Uva Boneca muito gingona, a cabrona, com uma camisa branco-sujo com 14 anos, umas calças de elástico H&M coçadas nos joelhos, e o seu sobretudo vermelho-tijolo de corte a direito tipo... tijolo, viu a porta do bólide abrir-se e assomar-se-lhe um senhor muito simpático, com uma careca muito luzidia, que lhe estendeu a mãozinha enluvada e lhe indicou muito alegre uma porta rodopiante.

Ui, experimentem só entrar no Altis de motorista à tira-colo, caramba. Só faltava uma cadeirinha de rodas para não me cansarem as perninhas.
Desfizeram-se em amabilidades, saíram para fora da receção, e eu a dizer que não, que não, e a meter as unhas nuas e roídas em cima do balcão, e a explicar que subia sozinha no elevador.
Mas minha senhora, deixe-me ficar com o seu casaco. Nãããããããõoooooooooooooooo!!!!! Que a camisa fica-me curta nas mangas e o casaquinho vem cheio de borboto.

Perguntam vocências onde fui eu arranjar um cabeleireiro no Altis.
Ahh se vos contasse tudo não tinha piadinha nenhuma.
Sabem aquela história muito batida de que Lisboa não é mais do que um amontoado de gente que vive nos subúrbios?
Pois é, é exactamente esta gente, estes grandes profissionais, estes amigos maravilhosos que vamos cultivando e regando como raízes no cocuruto, que quase sempre nos salvam das maiores humilhações.

Obrigada S. és mesmo muito querido.
Por falar nisso, quanto é que te devo?

15 de março de 2016

Cada cavadela uma minhoca #2

O fim das aulas da ML é no dia 18 de março, sexta feira.
Acabaram-se por agora os testes, os reis, as tareias que certos filhos deram nas mães, o sistema solar e a chata da rotação sempre a rodar, o ciclo da água, os dia, as estações, os ângulos vivos e mortos, as palavras complexas e as tristezas compostas, as frações, a dividir por dois, os verbos de tirar, chatear, gritar e desesperar, todos no pretérito, imperfeito, a cabeça gorda, o rabo quadrado, o rectângulo e o circulo de feras, que são as minhas esperas, e desesperas.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhgggggggggggggggg!!!!!
Finalmente um fim de semana completo. Finalmente um passeio à beira mar, boas notas para acalmar, 30 km de pedalada, toda suada, a arfar, ou simplesmente um peixe grelhado, uma febra grelhada, qualquer porcaria grelhada, que não venha nos livros, com sabor a tabuada.
Derreada. 
Faltam 3 dias...





Para começar a chover.

Cada cavadela uma minhoca #1

Fiquem já com esta informação. Imprimam-na, dobrem-na num papelinho e metam-na na carteira junto à fotografia do pequeno.

A COISA MAIS DIFÍCIL DE ENCONTRAR QUANDO SE MUDA DE CASA, É UMA NOVA CABELEIREIRA!

Pronto. Era isto que eu queria dizer.
Tenho a infelicidade de me nascerem raízes na cabeça, enfim, uns com joanetes, outros com furúnculos, eu com raízes. Acontece-me muito porque ando com a cabeça enterrada na areia, e porque desde o dia 30 de dezembro, ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha, que não vou ao cabeleireiro arrancar os nabos da minha púcara, passar aqui um pincel, um cuspo, uma porcaria qualquer, e ando aqui com esta bodega na cabeça.
Já passei por vários salões e não me decido por nenhum. 
Sinceramente.

Se for eu a blogger, ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha, que o Pipoco diz que lhe provoca borboletas no estômago, pois sinceramente................................................. coitado.

A freira reza e o mercedes benz

O título é sugestivo, mas é só para vos apanhar aqui, aqui mesmo, na masmorrice das minhas palavras, na pasmaceira da minha janela.
Há quem viva só das parangonas, de grandes começos, de montanhas de nada. Não é o caso, esforço-me por derramar as ideias, jorrar chorrilhos, não só para vocês, que a custo vão passando, mas também porque mal os aguento na cabeça.

Sinto-me cada dia pior.
Era isto que queria dizer.
Não sei explicar porquê, as palavras nunca foram o meu forte, mas espremendo os dois lados secos do meu cérebro, um contra o outro, com uma certa força, saí-me uma palavra sumida e inexpressiva: inconquistado.
(Ahh, quem me dera ter sido minha a palavra inconseguimento.)
Digo-vos já para não vos aborrecer: ando aborrecida com a falta de conquistas.
Há diversas coisas a conquistar, sobretudo o amanhã, ou esta tarde, mas é tudo sonolento e sem tesão.
Eu bem vejo as pessoas na tentativa de tirar dos acontecimentos mais do eles conseguem efetivamente dar. Veja-se o exemplo da morte do Nicolau Breyner. Não lhes chega a morte, batida, gasta, aborrecida, o homem morreu de ataque cardíaco, entupiu-se-lhe uma veia, perdeu a vida.
Não chega.
É necessário acrescentar o inacrescentável, acrescentar a ficção à morte. Fazer um teatro.
Fulminante! O homem morreu de ataque cardíaco fulminante. Ora aí está o que faltava.

Sinto-me cada vez pior.
Uma espécie de medo quente, um sobressalto pequenino, como um subúrbio de uma grande catástrofe que foi atingido por estilhaços em câmara lenta.
Penso como os velhos: estarei doente?
Onde se compram as coisas fulminantes da vida?



14 de março de 2016

A loira e os 17 matulões

Aposto o cu e oito tostões (obrigada pai, por esta maravilhosa expressão) em como não existe na blogosfera... espera lá, qual blogosfera?, em como não existe no mundo inteiro alguém que tenha passado o primeiro dia de primavera, com os termómetros a apitar nos 20º e um sol a sorrir com a cremalheira toda, enfiada num escritório, sozinha, isto é, sem ninguém da grande instituição que representa e que é um afamado Rule of Law, um Rule of Law com mais licenciados, doutorados e iluminados por metro quadrado do que uma mole de micróbios presentes num hirsuto bigode qualquer, a comandar uma tropa azul, de 17 marmanjos.
Mentiria, [com os mesmos dentes que vi o sol arreganhar-se todo, o grande cabrão] mentiria muito se vos dissesse que me sinto superior, que me sinto capaz, que sinto que não me falta a capacidade de trabalho para fazer sozinha uma mudança de departamento, que nem sequer é o meu, organizando-me na difícil tarefa que é ter sob controle tudo o que envolve uma grande mudança, e não falo de mobílias e cacarecos, que esses os desgraçados carregam como a cruz de Cristo.
 
Apesar deste país, deste mundo português estar pejado de pessoas formadas e educadas segundo os mais altos cânones das leis da Humanidade, apesar de todos os seres da Grande Instituição terem sido cravejados de balas eruditas, balas culturais, balas das leis e da relação colegial, fraternal e de amor ao próximo, o sábado soalheiro não pode ver nesses seres de luz, um único peito furado.
Já eu, vim de lá como um queijo suíço.

Ninguém me agradeceu, e eu lembro-me de uma frase do grande escritor William Shakespeare:

"A gratidão é o único tesouro dos humildes".

10 de março de 2016

Deixei cair isto #3

Não aguento mais fins de semana fechada em casa a estudar.
Por mim é morte à matemática. Aquela merda é só problemas.

Deixei cair isto #2

Gostava muito de ser vista por um terapeuta.
Só para perceber o que é que falhou no meio de tanta felicidade.

Deixei cair isto #1

A vida depois do trabalho é uma espécie de vida depois da morte, especialmente quando estamos desde agosto sem férias.

Não há coincidências

A vida é um trapo sujo, um desperdício de pano. Um andrajo velho cheio de nós nos fios soltos. Um frangalho feito de nódoas e mazelas.
Com ela limpamos as coisas, os desejos, as coincidências, os amores platónicos, e os sonhos. Limpamos tudo com a vida, proficuamente, sem culpas, sem canseiras, sem nada.
Podem acusar-me de muita coisa, mas cá nas minhas coisas, sei limpar tudo como ninguém.
Lembro-me da excitação que senti, ainda não fez duas semanas, quando imprimi o regulamento de um concurso literário. Ah, que maravilha, se ao menos pudesse tentar, que mal faria se me sentasse na mesa grande da sala, pedisse a todos que saíssem, apanhasse o cabelo no cocuruto, e começasse a escrever? O sol iluminaria a história, o gato faria piruetas no teclado, as personagens saltitavam na janela, rebolavam pelo chão, divertiam-se numa festa, davam o primeiro beijo e seriam felizes para sempre. Mas não.
Escrever uma história para um concurso literário? Isso está totalmente fora de questão! - disse-me a Vida, de olhos muito abertos, zangada, agarrando-me e revirando-me, apressada em limpar-me por dentro.
Acumularias os estudos da miúda, o pó dos vidros, as nódoas do chão da cozinha, o lixo dos dias no beiral. Quem daria comer à gata, quem limparia o tapete?

Tirei a vida do armário e limpei tudo com muita pressa. Limpei a história, o prémio, e as palmas. Arrumei as cadeiras da grande livraria, desmontei um pesadíssimo palanque, e recolhi os despojos da grande festa.
Quando me pus muito direita, quase indignada, a olhar o regulamento, tive pena.
Muita pena.
De ser tão asseada. 

8 de março de 2016

Do bolor

Depois da entrevista, o meu género jornalístico favorito é a crónica.
A crónica de um jornal diário, por exemplo, tem um peso muito significativo nas vendas do mesmo. O mesmo para a entrevista, se o entrevistado for de peso, e se o leitor não for rigoroso com a escolha do entrevistador. Falo por mim, à exceção de muito poucos entrevistados - que sozinhos e naturalmente desfiam o seu rosário sem precisar de quem os guie -, conheço poucos entrevistadores que me encham as medidas.
Já na crónica sou menos rigorosa, e talvez por isso, por achar que qualquer cabecinha escreve para dois dedos de testa, sou apanhada no meio de leituras más, medíocres, ou autênticos flops literários, que as direções se obrigam a manter, por questões que naturalmente me ultrapassam, e comummente me desgastam.
Pagas. Bem pagas.
Nesta fase, só para me situar, os cronistas mais conhecidos do papel, se considerarmos 'papel' aos jornais mais lidos de Portugal, são uma Clara Ferreira Alves (Expresso), um Miguel Esteves Cardoso (Público), um Pedro Santos Guerreiro (Expresso), um Vasco Pulido Valente (Público), um Ricardo Araújo Pereira (Visão), um Pedro Mexia (Expresso), ou um Henrique Raposo (Expresso).
Estarei naturalmente a esquecer-me de muitos (e bons), mas na minha vidinha de carreio, não vejo para lá das serranias.

Lembrei-me deste tema porque [leio todos os dias duas ou três crónicas em papel] ultimamente me venho apercebendo de alguns cronistas bolorentos, que abandonados numa qualquer lateral jornaleira, vão proliferando as ideias a custo, se é que se pode chamar ao verdete, uma proliferação de ideias.
Falo por exemplo do Miguel Esteves Cardoso, e desculpem-me qualquer coisinha.
O MEC, como é tão bem conhecido, é actualmente um bolor que acorda sonolento e preguiçoso na lateral de uma página do Público. Caramba, um prodígio das letras (quando?), um escritor que arrebanhava leitores como os bancos arrebanham impostos, transformado num queijo curado, rijo como cornos, impossível de vender?
Quando é que isto aconteceu? Alguém percebeu quando foi que o MEC morreu? 


E no dia da mulher apresento-vos

A Verity, de Damien Hirst.

A Verity é de bronze, tem 20.25 metros , pesa 25 toneladas e está no Reino Unido
Nunca a teria encontrado não fosse esta minha obsessionante paixão pela escultura.
É maravilhosa, aliás, como o são todas as mulheres, estátuas ou não.
O que vos queria dizer hoje, é que nem todas as mulheres são estátuas, fortes, altas e bonitas, como a Verity; nem todas as mulheres são mães, colo e ternura, nem todas as mulheres são fêmea, arte e brandura, mas todas elas evocam o melhor de todos nós: a verdade e a justiça.
A verdade é que somos todos, homens e mulheres, filhos da verdade, nascidos de verdade, existindo de verdade, e por isso, porque somos, existimos e sentimos, devemos em justiça, por justiça, e por amor, respeitar todas as mulheres.








7 de março de 2016

WTF???????

Discotecas Jamaica, Tóquio e Europa fecham a 14 de abril. (Observador)

Vou aqui colar o desabafo do meu primo J.A. no seu mural do FB.

"Gostaria de recordar os idiotas responsáveis pelo fecho do Jamaica, Tokyo e Europa, que tudo o que o Cais do Sodré é hoje, deve-o as estas três casas, assim como ao Shangrilá. Bandas como os Xutos e Rádio Macau entre outras, deram os seus primeiros concertos, no Tokyo. Foi no Shangrilá que a Assírio e Alvim lançou inúmeros livros, foi no Jamaica que o senhor Mário Dias nos ensinou a muitos o que de melhor se fez na música. Aquele senhor gago, que quando abria o micro entre as músicas, o discurso fluía e ensinava-nos o que estávamos a ouvir. O Europa é um caso mais recente, mas não deixou de ser uma plataforma de lançamento para novos DJs. No Lusitano ouvia-se o Metal que em mais nenhum sítio passava. E era assim o Cais, onde toda a gente convivia paredes meias com o alterne à antiga, sem que nunca fosse um local problemático. Trabalhei lá vários anos e nunca ouvi queixa de nenhum morador! Foi lá, no Texas, que surgiu um dos melhores espaços de música em Lisboa, o Music Box. Entretanto alguém resolveu pintar o chão de cor de rosa, abrir as pensões do amor, já as havia mas o amor era outro e foi o princípio do fim. Hoje fiquei triste, vai morrer parte da minha Lisboa, da minha noite e de muitos que amavam realmente o Cais. E sim, era o Cais, não era o Cais do Sodré. O que lá fica já nada me diz. Merda para isto tudo. Merda para esta cambada de idiotas."

E ainda do Sensivelmente Idiota, que escreveu assim:



E é isto... o nosso fado.

Carlos Barahona Possolo

Conheço o pintor Carlos Barahona Possolo há muitos anos.
A última exposição dele que visitei fugazmente, cheia de pressa e de frio, foi em março do ano passado no Espaço Cultural das Mercês (ao Príncipe Real). No convite, como que para acalmar os espíritos mais susceptíveis, sobretudo os conhecedores da obra do pintor, o artista deixava uma nota interessantíssima que dizia ipsis verbis em letrinha de contrato enganador: Não se considera que esta exposição contenha imagens chocantes. 
Foi pena. Teria gostado muito mais de visitar uma exposição cheia de erotismo, second thoughts, homens nus e pilas eretas, apanágio do pintor.
Ver a sala cheia de olhares calculistas, mulheres nos cinquenta, nos sessenta, nos setenta, de braço dado com os seus homens de negócios, curvados perante o peso da obra e da obrigatoriedade social, ora envergonhados, ora avermelhados, espantando-se (e excitando-se?) com tanta virilidade, tanta alegria, tanta arte, é uma maneira de diversão.
Foi só fugazmente que vi a obra de Possolo decaída na imagem de Cavaco.
Quem me dera que provocasse em mim a mesma excitação rubicunda que vejo nos admiradores da obra de Possolo.
Ainda assim, de tanto olhar para os quadros do Possolo, permito-me [no Cavaco] um second thought.
É uma visão do inferno.











4 de março de 2016

Os deuses do Blogger ouviram a minha prece



Muito mais descansada assim...

Este mês


Já te tinha dito mais que uma vez! Mas porque é que não ouves o que eu te digo, rapariga! Só fazes aquilo que queres não é, és uma anormal gastadora! E aquela Buchholz já com 73 anos naquele rabo, devia mas era reformar-se, em vez de estar ali todos os dias a acenar com os livros aos anormais como tu.
Palas! Devias usar umas palas! Não te quero mais ao fundo da rua ouviste?
Bom. Vamos lá se nos entendemos.

Tau! Dois para mim, um para a ML.
Incha com mais 50,00€ de livros.
Ainda só é dia 4.
Nem quero pensar quando estivermos a duas equiparadas na mesma loucura.
Tenho de meter a miúda a trabalhar.

3 de março de 2016

Ainda não falei do livro do Henrique Raposo

Mas vou falar.
Como decerto saberão, Henrique Raposo tem uma adoração espacial pelo Alentejo. E digo espacial porque volta e meia lança uns foguetes, como os alentejanos amandam uns pêdos, que metem toda a gente fora da órbita.
A mim também. Mas os meus motivos são outros.
O Henrique Raposo é um tipo com opinião. Oras, é um tipo igual a tantos outros, comentadores de algibeira, como eu, só que num plano mais alargado, como mais tempo de antena.
Por força da sua admiração pelo Alentejo, e a partir de experiências vagais da sua infância, Henrique Raposo escreveu muitas cartas de amor à terra do pão, coisas muito lindas, lá para ele, claro, mas muito incómodas.
Com esta vontade de se exprimir, teve a iluminada alembradura de escrever um livro para os pobrezinhos do Alentejo. E digo pobrezinhos porque o preço de capa [da obra mais divulgada do país] custa uns miseráveis 3 euros. Escreveu para os Alentejanos sobre alentejanos, escreveu lembrando tudo o que todos querem esquecer. E fê-lo simplesmente, ao sabor da pena e das penas, trazendo para as páginas do livro coisas proibidas, e pelos vistos censuráveis.
Por um lápis azul.
Como decerto saberão, tenho pelo meu Alentejo todo o amor do meu peito. Aquela terra vence-me em todas as frentes. Não lhe pertenço de berço, mas sou sua filha de colo, e por isso quero muito dizer isto:

A liberdade de expressão, a democracia, a LIBERDADE, nasceu e floresceu muito por força (e querer) dos muitos alentejanos que hoje se indignam com o livrinho do Raposo.
Perder tempo com pedidos totalmente contrários a isto, ter intenções de proibir a edição de um livro, é totalmente errado, e pérfido.
Nunca um povo deve calar um homem, como um homem não conseguirá nunca calar um povo.
Nunca, jamais, ou em tempo algum, um povo deixa de ter a sua honra, a sua dignidade, a sua força e a sua beleza porque um jornalista de opinião se arrogou no direito de o denegrir, de o escancarar.
E digam-me: denegriu?
Quantos foram os que já leram o livrinho do Raposo? Constataram mentiras? Nunca viram nada assim?

Lamento e tenho pena, que num país onde a Liberdade foi tão difícil de alcançar, se queira acabar com o alcance dessa liberdade.

Quem tem medo do Raposo mau?
Eu não.

2 de março de 2016

Bardamerda para a focas



Vou mudar o nome ao blog

Este blog, a ver pelo avançar das coisas, vai passar a chamar-se:
A UVA PASSA-SE!!!
Com três pontos de exclamação e tudo.

Primeiro vivia numa cave minúscula com quintal, 2 assoalhadas e um baloiço.
Quando lhe começaram a crescer as maminhas, a mãe achou que ela devia ter um quarto só para ela, não porque tivesse umas mamas grandes, nada disso, mas é que ter a gaiata a dormir no móvel da sala a dividir o espaço com os dois canais da RTP era acanhado, e a cama ficava curta.
O bairro era comunista e os comunistas foram sempre muito poupados.
Investir na coisa pública, no ordenamento do território, na reparação das ruas e dos edifícios ao seu cuidado, nunca foi um ponto da ordem de trabalhos, mas em vésperas de eleições lá se iam pintando uns muros, mudando as tábuas à escola 'provisória' de madeira, que afinal é permanente há mais de 40 anos.
Quando a gaiata cresceu tornou-se numa insubordinada de primeira contra a Junta de Freguesia por causa do estado em que estava o bairro. Buracos na estrada, tudo o que era muro branco grafitado, prédios abandonados a meio da construção, passeios com armadilhas de partir as pernas, torres de 14 andares e prédios sem varandas, enfim, uma visão dantesca, e um profundo lamento.
Chega. Farta desta merda. Não são capazes de arranjar nada! Não sei o que fazem ao dinheiro! Custava alguma coisa arranjar isto? Chove dentro da escola, a praça está um nojo.
Chega! Quero um sítio onde possa sair à rua e ver as coisas arranjadas, pessoas a arranjar as coisas, um jardim, árvores, e ruas onde possa passar sem partir os dois pés.

Há uma frase muito engraçada que me lembro sempre que morro pela boca: tem cuidado com aquilo que desejas.



E pronto. Era só isto.
Duque de Ávila rocks! (ainda bem que apanhei a roupa a tempo)