29 de novembro de 2014

Charlie Chaplin 1940

 Duração: 3.27m

Um dos discursos mais importantes registados pela historia, proferido em 1940, por um comediante activista pela humanidade: Charlie Chaplin.
Parece-me mais atual do que nunca, creio mesmo que poderia ter sido proferido hoje, ou mesmo amanhã.
Como diria um grande amigo, agora é mais Smartphones, Precariedade, Tablets, Austeridade, Gourmet, Insolvência, Chic, Ignorância, Produtividade, Desemprego... 
A ganância continua a ser o anel do poder, e os gananciosos os Senhores dos Anéis.
Conheço pouco deste filme de Orc´s e Troll´s, mas aquilo que vejo passar diante de mim, a cada dia, a cada notícia, faz-me chegar a uma conclusão basilar, de onde deveríamos partir todos, ou de onde deveria partir a MUDANÇA, e que é esta:
Ao contrário daquilo que pensamos, de que a humanidade prospera, se desenvolve e progride, a realidade é que ao encontrarmos opiniões perfeitas em discursos às vezes com 100 anos, verificamos, pela sua actualidade, que na verdade não saímos do mesmo lugar e tudo permanece igual.
Nos corações e na humanidade.

28 de novembro de 2014

Ainda não me tinha pronunciado sobre a detenção do Sócrates e sobre aquela cena da Prisão Preventiva

A vida é madrasta

Antes de me armar aos cágados, e decidir mudar de emprego, tinha uma colega 'de carteira' mui sui generis, que nos dias em que andava bem disposta, coisa que só acontecia raríssimas vezes, cantarolava pelo escritório uma cantilena, um faduncho, como lhe chamava, falho na melodia, mas certeiro na mensagem: a vida é madrasta, a vida prega partidas, entoava ela, forçando a voz, como se lhe espetassem uma faca no bucho.
Cantava-me isto muitas vezes ao ouvido para me fazer ver que aquele local onde tinha atracado o meu barco, eram águas paradas, e que devia zarpar o quanto antes, soltar as amarras, fazer-me ao mar e gritar terra à vista, bem longe dali.
A vida prega partidas, dizia-me ela sorrateira. 
A vida prega muitas partidas.
Ontem, em simultâneo com o toque do meu telefone, surgiu-me esta memória.
Do outro lado a voz daquela a quem a vida reservou o pior lugar à mesa, o canto mais escuro, a refeição mais fria. 
A pior violência. 
Não houve para esta alma vida mais madrasta, a vida que lhe levou o filho, e talvez por isso, e porque sou mãe, e porque sou filha, a minha urgência seja agasalhá-la, resguardá-la do vento frio que lhe fustiga o corpo, tratá-la como ilustre convidada de honra, sentá-la à minha beira, servir-lhe a primeira sopa, o mais tenro pão, e o meu melhor sorriso.
Mas a vida é madrasta, como canta o fado, e por estranhos e confusos designíos, às vezes a vida assume essa retorcida e azíaga ligação filial, e detém-se perante algumas pessoas, de olhos muito frios, que não desvia, como se fosse um animal selvagem no instante que antecipa o primeiro golpe, furiosa, enorme, faminta.
Outra vez. 
Outro pranto, outra aflição.
Fico ali pensativa, rememorando e remoendo a cantilena.
Quão bom seria se pudesse ajudá-la a gritar: terra à vista! 
Mas é que a vida é este mar gigante.
De incertezas.



27 de novembro de 2014

Um post para quem faz dieta.


Muito, mas mesmo muito bom!
Atentem.

Alentejo da minha alma...

De todos os dias da minha vida, aqueles que mais  recordo, os mais felizes, os das lágrimas, os que passei com aquelas que sempre foram, e sempre serão, as minhas pessoas, raízes, sentimentos, amor e saudade, foram os que passei cantando.
Nunca poderei esquecer, que não esqueço, as modas alentejanas, o cante alentejano, que tantas vezes cantámos juntos, ora rindo ora chorando, as tristezas e as alegrias da nossa vida e da história do nosso Alentejo, tão lindo.



Sonho, como sonhei sempre, fazer das minhas palavras música, e tal como fez o poeta, dizê-lo cantando a toda a gente, que tudo o que sou se fez no cante, musica que embalou a minha infância, e que nos embalou a todos.
De saudade.

Viva o Alentejo e todos os que o cantam, 'com o sonho no coração e a alma na garganta'.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) acaba de declarar o cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade.


Terra de grandes barrigas
Onde há tanta gente gorda
Ás sopas chamam açorda
E à açorda chamam-lhe migas;
Às razões chamam cantigas
Milhaduras são gorjetas
Maleitas dizem maletas
Em vez de encostas, chapadas
Em vez de açoites, nalgadas
E as bolotas são boletas
Terra mole é atasquero
Ir embora é abalar
Deitar fora é aventar
Fita de coiro é apero;
Vaso com planta é cravero
Carpinteiro é abegão
E a choupana é cabanão
E às hortas chamam hortejos
Os cestos são cabanejos
E ao trigo chama-se pão
No resto de Portugal
Ninguém diz palavras tais
As terras baixas são vais
Monte de feno é frascal;
Vestir bem parece mal
À aveia chamam cevada
E ao bofetão, orelhada
Alcofa grande é gorpelha
Égua lazã é vermelha
Poldra ‘Isabel’ é melada
Quando um tipo está doente
Logo dizem que está morto
E a todo o vau chamam porto
Chamam gajo a toda a gente;
Vestir safões é corrente
Por acaso, é por atrego
E ao saco chamam talego
E até nas classes mais ricas
Ser janota é ser maricas
Ser beirão é ser galego
Os porcos medem-se às varas
E o peixe vende-se aos kilos
E a gente pasma de ouvi-los
Usar maneiras tão raras;
Chamam relvas ás searas
Às vezes, não sei porquê
E tratam por vomecê
Pessoas a quem venero
Não quero, diz-se nã quero
Eu não sei, diz-se 'ê nã sê'

26 de novembro de 2014

Passadeira Vermelha - Sic Caras

Muito antes de começar a escrever já as ideias se engalfinhavam no pensamento, para ver qual delas conseguia meter primeiro, o pézinho no papel virtual.
Deu-se pois, e está visto, na minha intrincada fauna neuronal, o flagrante caso que ficou para a história das palavras, através do grande Julien Green: o pensamento voa e as palavras vão a pé.
O tema pode parecer de notada futilidade, a ver pelo título, como se o blog de variedades da Uva Passa, interessado por tudo e por muito de nada, levasse hoje - a uma quarta-feira sem mistério, que nasceu propícia a faltas ao trabalho - até aos seus pacientes leitores, mais um post sobre Sócrates ou sobre o que a Manela [Moura Guedes] diz sobre o Sócrates.
Pior. É muito pior.

Aventura-se a dona da cesta pelo mundo fashionista, último reduto de tudo o que é blog relevante, e razão pela qual a maioria das miúdas da minha idade, algumas mais novas, direi eu, aprende inglês antes de aprender português, a ver pela qualidade literária que apresentam, em comparação à ausência de erros no que toca à publicidade dos seus produtos de beauty-glamm-sweet-lipstic e respetivos estrangeirismos, em itálico.

Pois parecendo que não, além de livros, bons livros, livros grossos - tantos que era capaz de chegar ao cimo da Árvore de Natal mais alta da Europa, aquela que costuma estar ali montada no coiso, trepando pelos calhamaços acima, sem tocar sequer! em nenhuma bola, dessas que saem disparadas e atacam as crianças em cheio na testa - a Uva Passa também mete os olhinhos na televisão generalista, é verdade, e às vezes, quase sempre, se detém em coisas parvas que algumas pessoas muito fashion e ultra-modernas, menos nos neurónios, fazem com os canais que lhes dão para as mãos, para se entreterem no horário de expediente.
Para me aconchegar as ideias, e como diz aquela que ando a ler, o que não tem nome não existe, resolvo dar um nome ao programa em apreço: fuck-them-all-show.

Heis-me debaixo dos lençóis polares, com um saco de água quente nos queixos, televisão ligada no canal-Sócrates-44, e algum sono guardado sobraçante das noites anteriores.
Ora deixa-me cá ver o que vai pelo cabo a fora, que já não há paciência para o prisioneiro alentejano, até ao exato momento em que me deparo com um rapaz muito engraçado, ténis All-Star e dobra grossa na calça skiny, com tiques nervosos no olhos, ou nas mãos, nunca sei, e que está com o rabo virado para o ecrã, ajeitando as almofadas onde é suposto sentar o befe durante o fuck-them-all-show, onde participam também outras arvelinhas, todas muito cheias delas próprias quando respiram, que debitam alarvidades sobre imagens de pessoas conhecidas que pousam os esqueletos nas passadeiras vermelhas desta vida.

Ora deixa lá ver o que faz o rapaz, que não pára sossegado, talvez tenha alguma coisa no rabo, nunca se sabe, porque enquanto os outros compadres se degladiam com frases como: aicórror! aquele vestido é horrorosocatédói! e a não-sei-quantas não devia usar aquele tecido que não lhe vai bem com as mamas! o rapazola senta-se e levanta-se três vezes, completamente alheado do que ali está (a ser pago para) fazer, e lá se senta, puxando um sofá-puf que ali está no decór, e toca de alambasar os chulés ali em cima, como se estivesse em casa.
Não satisfeito com a posição, ou com a profissão, agarra no IPad que cada um dos compadres também usa, e mete-o em frente à carinha laroca que Deus lhe deu (não sei para quê) e toca de tirar o ramelame dos olhos. Julgo que ele está como eu, sem ir à cama há uns dias, sendo que eu tiro as ramelas de manhã, evitando fazê-lo nas reuniões.

Desculpem o estendal, mas quero dizer só mais uma coisinha.

Estes quatro ou cinco marmelos, pagos a preço de ouro para falar sobre moda!? neste (e em outros) formatos televisivos, são contratados PARA QUÊ? 
Qual é a capacidade sináptica necessária para se participar neste programa onde se fala sobre tudo menos do que é suposto?
Não me digam que em todo o Portugal, onde não falta é gente criativa, não encontraram mais ninguém, caramba, mais ninguém que verdadeiramente partilhe algo de interesse, com sainete, que realmente perceba do assunto e que saiba do que fala? Com inteligência?
É mesmo necessário encher uma hora e meia com um gajo que tira ramelas em direto, e os outros que ficam a olhar para o dia de são-receber, rindo-se como parvos uns para os outros, quando há milhões de pessoas que sabem realmente alguma coisa sobre moda e que PRECISAM e sabem fazer isto mil vezes melhor?

Eu não consigo entender esta gente. Juro.
Pérolas a porcos, literalmente pérolas a porcos.
Vão-se encher da moscas pá!


The best site ever by UVA PASSA


É bem capaz de ser este, o site onde a maior parte das páginas que fazem furor no Facebook, se alimentam.
É quase garantido que um tópico, ou um conjunto de imagens linkado neste site, tem as visualizações garantidas e as partilhas necessárias para angariar mais leitores.
Na verdade o site é especialíssimo, porque comporta temas e imagens all-in-one, de forma bastante criativa, dando a conhecer o trabalho de alguns dos melhores artistas que pisam o planeta na atualidade.
Coisa de qualidade, pois então, e que não poderia deixar de partilhar convosco.
Hoje, através da página de facebook de um 'amigo', que diariamente me traz arte-da-boa em doses quase sempre industriais - página essa que me deu a conhecer, por exemplo, um dos artistas, entre tantos que partilha, que melhor captou a minha atenção e que considero um dos mais capazes e criativos da atualidade (em pintura e ilustração), o Michael Cheval - voltou a surpreender-me com um lote de fotografias incluídas numa peça denominada: 30+ Must-See Historic Moments In Photographs.
Vou colocar aqui as fotos que para mim são as mais enigmáticas (algumas já conhecem, mas ficam a saber de onde vieram), para vos abrir o apetite, que o meu, pela arte, acho que já disse isto aqui duas ou duzentas vezes, é voraz, e parece-me ser, julgo mesmo que é, a única saída para aquilo que todos os dias nos servem numa bandeja: um vómito noticioso, poluto, desinteressante e perigoso.
Vamos a isso, e para quem ainda não conhece, a sugestão é para visitarem o Panda Aborrecido, que vale muito a pena.


Um menino Australiano recebe um novo par de sapatos durante a 2ª Guerra Mundial


Organizadores da Maratona de Boston tentam impedir aquela que viria a ser a primeira mulher a terminar a Maratona: Kathrine SWITZER, em 1967


Homens pintam a Torre Eiffel em 1932

Primeira manhã depois da Suiça ter mudado a direção da condução automóvel, da esquerda para a direita, em 1967


1914 - Pintores da Torre de Brooklyn


Annette Kellerman, a primeira mulher a vestir um foto de banho completo (1907) antes de ser presa por indecência.


O verdadeiro Winnie the Poo em 1927


1840 - Provavelmente a primeira imagem individual do mundo, a ser captada. Foi a de Hannah Stilley.


1937 - Gaiola para bebé usada num apartamento para garantir que a criança apanhava sol e ar suficiente.


1920 - Cabo do Mar medindo o cumprimento do fato de banho de uma senhora, verificando se estava dentro da norma em vigor para a altura.



E muito mais: Aqui

25 de novembro de 2014

Odeio bróculos!

Sou caixa de óculos nas horas do expediente, e acabo de saber, depois de ficar mais uma vez com o pescoço todo esticado em direção ao vazio, como aquelas mulheres-girafa que usam o pescoço todo enroladinho em fios de cobre, ou lá o que é aquela trampa, que a forma de se comprimentar outro caixa de óculos como eu, é apenas com um beijo.
Fico muito contente de saber isso hoje, depois de ter passado uns bons dez anos a lutar contra tudo o que foi hastes por essas reuniões a fora, a ficar presa pelos óculos a imensa gente com mau hálito, e de ser precisamente uma insonsa pestanuda a dizer-mo em frente a doze pessoas, todas elas oftalmologistas pró-lasik.


         Piadinha preferida do meu pai: 
       Desde que como bróculos, nunca mais usei óculos!

AMIGOS DE JOSÉ SÓCRATES (Facebook)

Todos nós, ou muitos de nós, estaríamos ontem mais ou menos no mesmos sítios, à mesma hora, a fazer a mesma coisa: aguardando com os olhos posto no ecrã, o desfecho (sinistro) do caso (sinistro) da 'detenção' transformada em prisão (preventiva) do camarada José Sócrates.
A rodos, surgiram comentadores de todos os quadrantes políticos, a rodos surgiram 'eu acho que' de toda uma trupe de comentadores, em tudo o que foi meio de comunicação Sócrates foi a palavra de ordem.
Mas, em mais nenhum sítio vi o apoio incondicional ao camarada amigo José Sócrates como testemunhei ontem na página de facebook dos amigos do Ex-Primeiro Ministro, com desmaios em direto na página, com pessoas ' de nervos em franja', algumas a precisar de apanhar ar e algumas em vias de chamar o INEM.
Digam lá o que disserem do homem, seja ele culpado ou inocente,  mas que ele tem qualquer coisa de especial (transcendental, demoníaco, santo) para revolver assim as entranhas a tanta gente, lá isso...
Atentem-se nos comentários que li, muitos já não consegui apanhar, enquanto esperava, também eu, que uma senhora de buço muito negro, como é apanágio de todas as escrivã de direito, se assoma-se à porta para dizer que o (sinistro, Cristo?) José Sócrates, havia de ficar lá dentro, porque como dira caro Pacheco Pereira, é muito perigoso deixá-lo por aí... a fazer telefonemas para a mãe, e isso....


- Ai amigos! Está quase! Nem sei como estou! Mais do que nunca José Sócrates precisa de nós. Precisa de quem acredita nele e o reconhece como o Melhor 1º Ministro que Portugal teve em 40 anos de Democracia!

- A a poia-lo contra tudo e todos. Sempre direi PRESENTE!!!!!

- Ai meu DEUS, estou quase a desmair, preciso de ir apanhar ar.

Estou muito abalada com toda esta situação que o camarada José Sócrates está a atravessar...como é isto possível (?)

-  Escrever no FB é uma boa iniciativa, entretanto devíamos considerar outras formas de expressar a nossa solidariedade com o nosso grande Líder, José Sócrates..

- A minha solidariedade ao Engº Sócrates . Desejo-LHE muita Força para resistir a tanta Tortura ... Viva a Democracia !

- TODOS PARA A RUA NUMA MEGA MANIFESTAÇÃO DE APOIO!!!!

-  Não podemos ser apenas apoiantes de circunstância mas sim apoiantes incondicionais !! Não é só nas horas boas que se conhecem os amigos mas sim e acima de tudo, nas más. Eu não mudo !! Estarei sempre do mesmo lado, com José Sócrates e com o PS e seu novo secretário geral que vai ter uma árdua tarefa pela frente...

- SIM PORTUGUESES VENHAM PARA A RUA SO NA RUA E TODOS JUNTOS SE PODE VENCER UMA BATALHA O JOSE SOCRATES MERECE O GOVERNO ESTA A FAZER AS PIORES ASNEIRAS QUE NOSSO PAIS JA ALGUM DIA TEVE

Estou consternada pelas medidas de coação tomadas sobre José Sócrates. Não acredito que um homem inteligente e político experiente como é, se tivesse praticado os atos de que é acusado, deixasse tantas evidências.

- Eu acredito que vou ver o melhor governante que Portugal já teve sair em liberdade e pala porta principal. Sócrates amigo Portugal está contigo

- TODOS JUNTOS! UNAMOS AS MÃOS E OS CORAÇÕES! JOSÉ SÓCRATES, MERECE!
ESTAMOS CONTIGO!!!

24 de novembro de 2014

E depois há umas pessoas que fazem coisas

 ... com as letras, que ultrapassa (e muito) aquilo que tento fazer com as minhas.

Andanças de fim de semana pelo Delito, sobretudo pelos comentários aos post do Delito, sempre tão construídos, sempre tão adultos e formais, a ver se aprendo alguma coisa, mormente a escrever, último reduto do meu querer.
Sou leitora atenta de comentários online, de onde amiúde retiro sonoras gargalhadas, nem sempre pelos melhores motivos, é certo, mas sempre na insana procura do conhecimento baldio, aquele que nos aparece sem filtros, muito pouco conservador, e tantas vezes escrito à laia de um verdugo, sobretudo da língua portuguesa.
É um fartote. De tudo.
Já aprendi muito em lendo blogues, mas também aprendi muito em lendo o que as pessoas que lêem blogs pensam das coisas que os bloguers dizem.
Ontem por exemplo, li de enfiada um livro que me foi dado a conhecer por um escritor da praça, caríssimo ALA [António Lobo Antunes] que de resto pouco ou nada conheço, tendo em conta a produção literária que lhe é atribuída.
Não fui mal instruída, porque o livro, é belíssimo, apesar de pioneiro no currículo da jornalista, em romance.
Mas dizia eu, que andava perdida pelos comentários do Delito, quando me encontro com um ilustre comentador (a ver pelo blog que leva, tão maçudo, quanto extraordináriamente bem escrito, credo) para me ficar por estas palavras: até para dizer mal é preciso saber escrever bem.

Atentem, se tiverem paciência.
Quase, quase que nos convence.
A prova de que em terra de cegos, quem tem olho é rei.
Aqui.

O direito ao Fónix!

Entre a UVA PASSA, e o Blog Relevante, doravante BR, foi aberta a seguinte sessão, o que se fez nos seguintes moldes e com os seguintes artigos:


Artigo 1º 

Começei um blog por sim.
Posso, ou tenho de pedir algum certificado?

Artigo 2º

A idade e o ano (sim, no singular) que levo de blogosfera, quase que não me davam o 'direito' de ter sequer um blog irrelevante, mas há razões que a razão dos BR desconhecem, e eu, uma Uva qualquer, sem objectivos claros, ou cínicos (como gatos?) permitiram que - com serenidade, sem culpas e sem complexos de inferioridade (ou superioridade) - abrisse um blog, e nele escrevesse as minhas futeís e irrelevantes coisas, que não consigo vender a ninguém, bem sei, mas que é um blog que se sente, porque é filho de boa gente, e se mostra sentido com certas palavras.
O direito ao fónix não pode ficar só na esfera dos que se consideram relevantes, porque todos somos relevantes, todos temos coisinhas para dizer, todos somos LIVRES de fazer, e discorrer sobre o que nos dá na real gana. 


Artigo 3º

Portugal não é só teu, e a Bloga não é só tua, poderá ouvir-se nos ecos desta segunda-feira tão negra, e se alguém de enorme relevância decide dizer o que quer, pois arrisca-se a ouvir o que não quer. 
A liberdade de expressão não pode pois ficar só do lado de quem se considera superior e relevante, e acredito mesmo que a democracia das palavras só se faz se alguém as escrever, ora de um lado ora do outro, equilibrando pólos, evitanto monopólios e ditaduras extremistas, que todos sabemos onde vão desaguar.

 Artigo 4º

Os BR, só são relevantes porque muitas pessoas os visitam, e porque são conduzidos por bons bloguers que de algum modo se destacaram da maioria numa determinada área.
O caso em apreço é um deles. Caramba!
Muitos motivos podem estar na origem desta relevância e deste interesse (não vale a pena dissecar a sociedade portuguesa neste âmbito), no entanto parece-me óbvio que em chegando a um certo nível de audiência, a responsabilidade do blog sobe em flecha, e, ou a pessoa demonstra carácter para continuar, ou a pessoa é atingida em cheio pelo Princípio de Peter e começa a ser incompetente para ocupar aquele lugar, nos moldes com que o faz na atualidade.
É preciso não perder a humildade e a capacidade de resistir a provocações. Quem cede são os fracos e dos fracos .... já todos sabemos a ladainha.
É preciso não fazer tábua rasa e atingir à razão de juros (ou de fónix) toda uma blogosfera amiga, porque um mau post quando nasce é para todos, mesmo para os bons bloguers. 
É preciso (coisa que se ganha em pouco mais de 3 anos, vá) interiorizar a crítica, porque tudo o que escrevemos atinge sempre de alguma forma, alguém. 
A nossa liberdade acaba lai lai lai..


   Artigo 5º

Gosto muito de os ouvir falar.
Gosto sobretudo de os ver trabalhar para o bem comum, sempre a pensar nos leitores, nos seguidores, nas pessoas a quem acreditam mudar a vida, que lhes dependem, que gravitam, que se encontram ligadas a eles como o paralítico (e o político), à cadeira, mas não gosto mesmo nada de sermões aos peixes.  Não sou religiosa.

Artigo 6º

O pior não é toda a gente querer ser bloguer, que isso era das melhores coisas que nos podia acontecer (tudo a escrever, tudo a aprender), o pior é haver pessoas de classe (e da classe) achar que o perfil de um bloguer pode ser avaliado como um perfil de calça-casaco.
O bloguer não tem perfil. 
O bloguer tem ou não capacidade de atingir mais ou menos pessoas com a sua escrita e com os seus interesses.
A blogosfera não é uma escola no sentido restrito da palavra, para agora haver professores de régua em punho. A palmatória é do tempo da Maria Cachucha.
Os bloguers podem aprender com os outros e ajudar os outros a crescer, não é envinagrando as expetativas de quem quer ser bloguer que se demonstra o carácter.
A humildade é o papão do Princípio de Peter.
Sócrates tinha uma frase muita boa para isso.

  
  Artigo 7º

Para mim, o que melhor define o carácter de um ser humano, é a forma como um individuo trata outro indivíduo, grupo ou instituição, sabendo de antemão que este não lhe vai trazer benefício algum. 
Não gosto de os ver trepar com a soberba nos queixos, ditando regras comezinhas que todos percebem que têm um intuito unicamente comercial: declarar guerra à concorrência, mesmo à que julgam ser muito má.

Artigo 7º

A soberba é lixada.
Esta vida é lixada, esta classe é ainda mais lixada e eu, lixada estou, porque agora sou compulsada a dizer aqui no meu espaço público, quatro vezes a palavra fónix, só para demonstrar que o fonix faz parte desta classe, como o apêndice faz parte do intestino.


Lisboa, 04 de novembro de 2014


__________________________                                        _________________________
            Uva Passa                                                                      Blogues Relevantes

23 de novembro de 2014

As imagens valem mil palavras


 Ri-te, ri-te..

 Quem te avisa, sabe bem onde guardar o dinheiro, sem ser apanhado...


                                               Uma lápide que serve bem a certos enterros...


                                           Depois de 'todo lá dentro' o tudo lá para dentro...

21 de novembro de 2014

Capitalismo ou morte?

Estou estupefacta com esta notícia.
Mas ao que chegámos meus senhores?
Já a vida humana se banaliza a tal ponto?
Já um ser humano não é mais do que a vírgula que separa a boa da má gestão?
Então agora ampute-se a perna ao homem que sai mais barato? E fica o homem  dependente, numa cadeira de rodas para todo o sempre, para a besta (que não tem outro nome - e a ter seria jumento) sair ileso na avaliação do Relatório e Contas?

O que me atormenta é saber, quase absolutamente, que estes episódios de 'escolha múltipla', onde os médicos seguem o rigoroso regime do Ministro-do-Fraque, de só gastar com quem ainda pode produzir para alimentar o imundo sistema político de variadíssimas e inenarráveis subvenções, continuam a seguir o regime cola-com-cuspo, onde tudo o que é secundário (ou mais velho e sem préstimo), tudo o que já tem 'a vida vivida' é avaliado como gasto supérfulo, logo evitável.
O exemplo da notícia é gritante. 
Ao português (de segunda), embora no regime adotado [pelo Ministro] possa ser apelidado de português de luxo, é-lhe dada uma única e sinistra oportunidade: ficar vivo, ainda que manco.

É um estado de guerra, o que se vive por estes dias no SNS.
E ainda há umas alminhas iluminadas à direita que dizem ser o Ministro da Saúde um dos melhores ministros da atualidade.
Está tudo dito, quando se retira um profissional frio e racional que trabalha com números e fiscalidade, fraude e bandidagem, para a saúde, transplantado (ou enxertado) para uma área que precisa de Homens e Mulheres de grande capacidade social e de absoluta humanidade, solidariedade e esperança.

Resulta-me muito claro que não estamos entregues (antes fosse) aos bichos, mas antes a indivíduos vulgares e pequeninos, que com o seu avental imaculado, não passam de impunes homens do talho.

Para cortar a direito Sr. Ministro, talvez o matadouro.

Por falar em árvores...

Estou tão desolada que nem sei muito bem como é que hei-de trocar isto por miúdos.
Advirto que a maioria dos leitores vai achar este post uma tremenda estupidez, e que só uma Uva muito delirante é que pode vir ocupar um espaço tão sério e tão formal como este blog, para falar de coisas que a maioria das pessoas com certeza nem reparou.
Estive ausente por coisas cá da minha vida de mãe, e quando volto, capaz de recomeçar em grande, depois de dois dias inteirinhos numa fona inimaginável, deparo-me com a bloga em chamas.  
Árvores. 
Árvores de Natal, meu Deus, e desculpem-me esta minha horrível  e purolenta característica, mas se há coisa que não me seduz, são as árvores de Natal e tudo o que a elas diz respeito. 
E mais, sou capaz de jurar com a mão no peito e os olhos perdidos numa qualquer bandeira, perante toda uma plateia, que adoro a reunião familiar, o bacalhau e as filhós, e até me divirto com aquele desperdício demente que se faz com os presentes, mas as crianças, e porque não os adultos, serão para mim sempre merecedores de uma lembrança sentida, de alguém que acredita nesse 'tipo' de espírito natalício, vá, mais consumista, mesmo que seja por vezes (ou quase sempre) uma obrigação e um frete.
Mas, contrariamente ao que (não) sinto pelas árvores de Natal, sinto em decuplicado pelas árvores em geral, e foi isso que me fez escrever hoje este texto.
Isto anda a consumir-me porque não vejo ninguém a falar do tema (!?), que apelido de 'a maior praga que alguma vez assolou o território nacional'. A verdade é que estou desolada e ontem fartei-me de chorar.
Passo a explicar.
Eu tenho uma grande pancada por árvores. É amor.
Não sei se foi por ter passado uma grande parte da minha vida entre pinheiros e eucaliptos, se foi por ter na minha lembrança e nas melhores memórias da minha vida, as neverending trips entre Lisboa e o meu Alentejo, as árvores que ladeavam o caminho, tão mas tão bonitas, que é certo que choro só de me lembrar de as ver passar, na janela do meu carro.
Na minha vila do subúrbio, uma praga de monstruosas lagartas (que depois se transformam em escaravelhos voadores, nojentos) está a matar todas as palmeiras. Aliás, já nenhuma se encontra de pé. 
E é uma dor imensa. Todas as palmeiras que demoraram anos e anos para se porem majestosas, algumas lindas de morrer (passo a piadola), e a grande maioria um grande orgulho para todos, caramba, tudo morto.
Esta praga (Rhynchophorus ferrugineus Olivier - Escaravelho das Palmeiras), pensava eu que andava só por ali pela minha Vila e pelas cidades ali próximas, mas qual quê!
Chegou-me à Casa dos Pinheiros.
E matou-me as minhas palmeiras. 
As palmeiras que o meu avô plantou há anos sem fim.
Desculpem lá, mas isto atingiu-me com uma tal força, que ainda não estou recuperada.

Mas há alguém que ponha a mão nisto?
Vão deixar morrer todas as palmeiras?
Levamos 20 ou 30 anos para as vermos maravilhosas e vamos deixá-las morrer porque não alertámos a população convenientemente?
Isto meus amigos, é CRIME!

19 de novembro de 2014

Bolas, que é isto mesmo!


Fastasmas há muitos, ó palerma!

É um assunto atípico, este que tenho hoje às voltas na minha cabeça.
Mais um, para vos azucrinar, como se os que por aqui escrevo não fossem já suficientes.
Coitadinhos do teus leitores - diz o meu pai -  só escreves patranhices.
Patranhices é uma boa palavra para identificar este blog, admitindo que algumas coisas são patranhas e outras... parvoíces.
Mas que quereis, não encontrei mais nada que pudesse ser do vosso interesse, e vamos lá ver, eu tenho um público muito vasto, de diferentes áreas e credos, e quando me ponho a escrever, sempre muito dedicada à causa, é condição sine qua non que seja a coisa bem feita, bem escrita, sumarenta, que abarque o interesse de um grande número de pessoas, evitando ao máximo os nichos claustrofóbicos de mercado, como cozinhas brancas, sapatos brancos, pestanas brancas, narinas brancas, e outras coisas também em branco...
E é certo e sabido que todos vocês 'gostam' de fantasmas.
E porquê fantasmas Uva? Com milhões de coisas a acontecer neste mundo dos vivos?

Porque todos os dias me deparo com esta espécie de praga assumida, com esta espécie que é mimada e aplacada pela maioria, como coitadinhos, como se tivéssemos de os assumir como as dívidas que herdamos dos nossos pais, como a hipoteca da nossa casa, infinita, ladra, que odiamos profundamente, mas que temos de gramar.
Por curiosos desígnios da minha vida, sou 'obrigada' a conviver com estes seres amorfos, que pouco mais são do que amibas unicelulares, pouco dadas à vida, gente apagada e monótona, que acaso não me cruzasse  fisicamente com elas, diria que não existiam, tal é a pouca ou nenhuma a atividade que desenvolvem na engrenagem do meu dia-a-dia.
Gente que se apaga de propósito para não brilhar, para não ser notada. Percebi que passar o dia inteiro no escritório sem soltar um ai que seja, é meio caminho andado para não fazer nada o dia todo.
Se não respirarem ninguém se lembra que estão vivos.
Esta espécie não se interessa por subir na vida, não querem saber se o seu trabalho tem brio ou fastio, não querem saber se estão a evoluir ou não profissionalmente, querem apenas chegar ao trabalho, alapar o rabo à cadeira e fazer de tudo para se livrarem das tarefas ao máximo.
São cinzentas, amareladas e enfermiças. São fantasmas.
Nem tidas e nem achadas, sem se comprometerem com nada, tudo o que lhes passa pela mão é diligentemente passado para um e-mail ridículo e mesquinho, para mais tarde não virem dizer que não avisaram. Tudo resolvem sem falar, com um encolher de ombros.
Passei muito tempo sem perceber as motivações desta gente, tão distante em tudo das minhas, mas hoje percebi os reais motivos.
Não sabem fazer NADA! NIKLES! RIEN!

Gentinha que rouba aos outros, aqueles que querem e SABEM e gostam realmente de trabalhar e contribuir, os lugares que eles ocupam da forma mais covarde que pode haver, como fantasmas, como larvas, que nos consomem e nos lembram, a cada dia, que esta vida é injusta e que é SEMPRE raiosospartam, dos mais fracos e inúteis que afinal reza a História.