27 de novembro de 2014

Alentejo da minha alma...

De todos os dias da minha vida, aqueles que mais  recordo, os mais felizes, os das lágrimas, os que passei com aquelas que sempre foram, e sempre serão, as minhas pessoas, raízes, sentimentos, amor e saudade, foram os que passei cantando.
Nunca poderei esquecer, que não esqueço, as modas alentejanas, o cante alentejano, que tantas vezes cantámos juntos, ora rindo ora chorando, as tristezas e as alegrias da nossa vida e da história do nosso Alentejo, tão lindo.



Sonho, como sonhei sempre, fazer das minhas palavras música, e tal como fez o poeta, dizê-lo cantando a toda a gente, que tudo o que sou se fez no cante, musica que embalou a minha infância, e que nos embalou a todos.
De saudade.

Viva o Alentejo e todos os que o cantam, 'com o sonho no coração e a alma na garganta'.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) acaba de declarar o cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade.


Terra de grandes barrigas
Onde há tanta gente gorda
Ás sopas chamam açorda
E à açorda chamam-lhe migas;
Às razões chamam cantigas
Milhaduras são gorjetas
Maleitas dizem maletas
Em vez de encostas, chapadas
Em vez de açoites, nalgadas
E as bolotas são boletas
Terra mole é atasquero
Ir embora é abalar
Deitar fora é aventar
Fita de coiro é apero;
Vaso com planta é cravero
Carpinteiro é abegão
E a choupana é cabanão
E às hortas chamam hortejos
Os cestos são cabanejos
E ao trigo chama-se pão
No resto de Portugal
Ninguém diz palavras tais
As terras baixas são vais
Monte de feno é frascal;
Vestir bem parece mal
À aveia chamam cevada
E ao bofetão, orelhada
Alcofa grande é gorpelha
Égua lazã é vermelha
Poldra ‘Isabel’ é melada
Quando um tipo está doente
Logo dizem que está morto
E a todo o vau chamam porto
Chamam gajo a toda a gente;
Vestir safões é corrente
Por acaso, é por atrego
E ao saco chamam talego
E até nas classes mais ricas
Ser janota é ser maricas
Ser beirão é ser galego
Os porcos medem-se às varas
E o peixe vende-se aos kilos
E a gente pasma de ouvi-los
Usar maneiras tão raras;
Chamam relvas ás searas
Às vezes, não sei porquê
E tratam por vomecê
Pessoas a quem venero
Não quero, diz-se nã quero
Eu não sei, diz-se 'ê nã sê'

11 comentários:

  1. https://www.youtube.com/watch?v=ySV1phfTWNY

    Ora toma! :)

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    Respostas
    1. Ou então este.... Num registo mais tradicional...

      https://www.youtube.com/watch?v=adOIjc8rdeY

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  2. quem é uma Uva muito contentinha, quem é? pelo menos alguma alegria, no meio deste lodaçal.

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  3. Metade das costelas de lá :)
    Neste momento, as 12 muito felizes e orgulhosas.
    Obrigada!

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  4. "Nunca, em toda a minha vida, tinha visto tanto “homem feito” com as lágrimas a correrem-lhes pelas faces, atacados pele felicidade, como hoje vi em Paris. E como, por certo, terá acontecido com todos os amigos do cante. Por esses campos fora. Por esse mundo fora"

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  5. "Faltam-me as palavras..tamanha é a emoção e o orgulho que sinto..que tem feito e faz com que constantemente as lágimas me corram , nem me deixam escrever ,com esta conquista extraordinária ..merecida.que tanto nos honra!
    Só me lembro da minha familia,,sobretudo do meu pai que tanto amavam o Cante e onde sempre se cultivou essa tradição.!
    Ao meu pai devo o que sei, sobretudo o que sinto....esta enorme paixão ,o facto de estar entranhado em mim,como se fizesse e faz parte do meu A.D.N.!
    Obrigado pai!
    Um enorme obrigado do fundo do meu coração, a todos que muito trabalharam para isto fosse possível acontecer! Viva o Cante Alentejano...Viva o Alentejo e viva Portuga!!!!!"

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