31 de janeiro de 2014

Bullying e a proteção do grupo.



O mais recente livro da Tânia Pais, e depois a Febre dos Fenos com um post absolutamente incisivo sobre a maldade e a agressividade gratuita e prepotente que grassa silenciosa e subversiva, trouxe-me à memória tempos antigos. 
Os meus tempos.



Fui uma privilegiada nas andanças do crescimento, aliás,  gozei sempre de confortável popularidade durante o meu percurso enquanto jovem, pelo que raramente estive do lado da minoria, do escolhido, do tonhó, do gordo, do caixa de óculos ou do maricas. 
Estive quase sempre naquela margem onde nos é possível encher o peito de ar, e virar as costas ao agressor. 
Mas o "quase" é vulgar. Todos nós, numa ou noutra altura da nossa vida, sofremos de bullying, e eu, não sendo exceção, sei bem o que isso é.
Mas isso agora pouco importa, porque o que gostava de transmitir, foi a forma que encontrei para me defender dos maus.
Sou filha única, habituei-me cedo a entrosar-me com a maltosa da rua, os malandros, os machorros. Não tinha o irmão mais velho para me proteger e também não tinha o mais novo para amparar.  
Fui uma criança hiperativa até muito tarde, talvez por isso a minha facilidade em comunicar, desencantasse amigos (e inimigos) em todo o lado. 
Isso e uma grande família de loucos.
As regras da "rua" são caminhos escuros. Naquele tempo podias ser popular por vários razões: ou eras bera e malcriado, ou eras bonito e fala-barato, ou eras rico e tinhas a bola. Não tendo nenhuma das acima referidas, tinhas de pertencer ao grupo, qualquer grupo, nem que fossem só 2 pessoas. 
Foi assim com muitos, foi assim comigo.
Os miúdos de agora sofrem horrores na socialização, não sabem "ir brincar com os meninos", não sabem jogar jogos de pares, não sabem fazer quase nada que implique uma equipa. Fechados em casa, com uma família muitas vezes monoparental, não sabem conversar, não sabem fazer um amigo e é-lhes difícil compreender as regras. Basta assistir a uma aula de um qualquer ciclo, para perceber a dificuldade que os miúdos têm em estar em grupo. Eu já vi miúdos ficaram estáticos frente a um grupo de outros miúdos, e voltarem para trás para se agarrarem de novo aos pais. Isso aflige-me imenso.  
Quando um miúdo não conhece as regras de grupo, fica de fora, agacha-se, encolhe-se, e os miúdos pouco sociáveis, individualistas e mais frágeis, são os escravos do futuro. 
Um miúdo tímido fica sempre a perder.  
A timidez é lixada, quiçá umas das características humanas que mais prejudica o desenvolvimento de uma criança. Se não consegue expressar-se ou tem vergonha de o fazer, não partilha, é olhado de lado e fica à margem.
A fórmula para vencer esta característica pode parecer difícil, mas não é assim tanto, se os pais se aperceberem dela atempadamente.
O GRUPO
O grupo é um escudo muito vantajoso, poderoso.  
Uma das melhores formas de proteger um filho tímido, um filho único, ou uma criança sensível, é incentivá-la desde cedo a atividades em grupo - fora do ambiente escolar. Ensiná-la a vencer a timidez é um grande passo para o sucesso. Não há necessidade de ir para o karaté para se defender do perigo; pode ir para o teatro, para a natação, pode fazer workshops de artes plásticas ou de culinária. Ensinar a uma criança tímida as regras do grupo é meio caminho andado para a proteger do terrível bullying.
Muitos pais acham que os seus filhos tímidos devem receber acompanhamento psicológico. Nada disso. O que eles precisam mesmo é de conviver com outras crianças.  
Aprender e viver com/em grupo é o segredo da evolução humana. 
O trabalho de equipa rende muito mais se soubermos desde cedo o papel de cada um. 
A solidão só traz problemas, o autodidata nunca colocou o seu saber à prova e o self made man é normalmente uma grande besta.
O grupo é um forte ensinamento.
O grupo é um gigante intransponível. 
Não te isoles!

Quando gosto, publico.

Encontrei este texto na bloga, e de resto, é do melhorzinho que li por estes dias de dux-es e banhos de imersão.
Ora vejam.

Em nome do povo

Interrompo a minha habitual existência no mundo do etéreo, onde a única coisa que me pode incomodar é um desastrado deslize melódico na ligação entre dois versos, para dizer o seguinte:
Em Portugal a culpa até pode morrer solteira mas vive a sua vida artificialmente inseminada de trigémeos, e parece-me que é precisamente pelo excesso de fecundidade que acaba por morrer, solteira, durante o parto.
A inquisição não foi obra do diabo mas dos homens e encontrou o seu terreno fértil numa certa forma de mentalidade que lhe sobreviveu.
Há em cada Português um juiz frustrado que não cursou direito nem passou pelas cadeiras do Centro de Estudos Judiciários e que, apesar de nunca ter sido nomeado, não se cansa de fazer julgamentos.
Para esse juiz, que julga sem processo, sem provas e sem regras, o veredicto natural é a condenação.
Esse juiz, que habita a oitava costela do português, não aprende nada com os seus próprios erros. Se aprendesse, retiraria algumas ilações de um célebre julgamento em que, ao mesmo tempo em que condenou os pais ingleses de uma criança desaparecida, conseguiu condenar as instituições que não a fizeram reaparecer. Mas não aprende, porque quando o acto de julgar encontra os seus fundamentos no prazer do sentenciar e não na missão da justiça, os erros não interessam para nada.
Vem isto a propósito de seis adultos que morreram afogados e de um sétimo que anda a ser a queimado vivo na fogueira da inquisição e que, até prova em contrário, o único crime que cometeu foi o saudável exercício do seu direito de se recusar a exibir a sua intimidade em frente das câmaras da televisão.
Para esse juiz, a equação é fácil. Onde há uma tragédia tem de haver um culpado. Ou não fosse o mundo, tendencialmente, um éden divino que apenas pela ação humana pode ser perturbado. Percebo o conforto da ideia. Afinal, enquanto a culpa for dos homens há esperança. O acaso e a natureza são forças indisciplináveis que gozam com as nossas leis e não temem a possibilidade de acabar os seus dias num estabelecimento prisional. Mandam as regras da cobardia que apenas se escolham inimigos ao alcance da nossa própria capacidade de aniquilação.
Também percebo as famílias das vítimas. À justiça do luto importa, antes de mais, absolver de toda a espécie de culpa própria aqueles que se foram.
O que não percebo é esse juiz condenador, que pelo mero prazer do sentenciar faz suas as vítimas dos outros e cria as próprias, sem nunca se questionar sobre os efeitos da sua atividade criminosa

Uva, teste o seu QI



Ups! Explodiu!
Quanto é que deu mesmo?
Pois...

29 de janeiro de 2014

E as mitocôndrias? Já alguma vez pensaste nisto?

Nunca falei aqui de investigadores, mas tenho-lhes grande apreço.
No fundo são eles que matam o meu sofrimento e a minha morte, todos os dias. E isso é algo que nem Deus consegue fazer.
Posto isto, pensei ser útil falar aqui de uma migalhinha, uma ínfima parte de nós.  As mitocôndrias.
As mitocôndrias podem ajudar o investigadores - especialmente os que se dedicam à área da oncologia - de forma indireta.

Explica lá o que é a mitocôndria.
A mitocôndria é o aparelho produtor de energia que está dentro do músculo, dentro das células. Quanto maior for esse aparelho de produção de energia, melhor o nosso corpo se defende das doenças, regenera a energia. Como é que se cria esse aparelho? Criando músculo.
A pessoa que não faz movimento vai perdendo o músculo e, consequentemente, vai perdendo esse aparelho produtor de energia. Há investigação que diz que um dos primeiros problemas que aparece em doentes com cancro, é a alteração deste aparelho. Quando alguém diz: "Estou muito cansado, não consigo fazer nada. Vou à rua dar uns passinhos e quando entro em casa, deito-me logo no chão, a arfar!".
Isto é um sinal de que algo está muito mal.

Os tubarões não têm cancro exactamente por causa disto.
Devido à ausência de bexiga natatória - que permite aos peixes imobilizarem-se na água - os tubarões estão sempre em constantemente movimento.
São muito ricos em mitocôndrias. Quanto menos tivermos disso, mais vulneráveis ficamos.

E então?
Se muita gente adoecer, fica mais dificil aos investigadores descobrirem a cura. O cancro ao evoluir durante muitas gerações, fica mais agressivo, mais esperto.
Se comeres mal, se não te mexeres, se não estiveres feliz, se não encontrares uma integração social que te satisfaça, não vais arranjar essa energia, nem alimentar as tuas mitocôndrias, muito menos a fortalecê-las.

Fica atento ao teu cansaço, mexe-te!
... and think about mitocôndrias.
Elas podem salvar a tua vida.

(Este post é para todos e especialmente para mim, que não faço exercício desde os 14 anos. As minhas mitocôndrias estão por um fio, bem sei...) 

27 de janeiro de 2014

Once upon a time ..


... one little criancinha, was pendurated by uma perninha in the window of the cozinha. An then she screamed: Help me, i´m arrasquinha!

E foi esta a 1ª história que a minha mãe me contou em inglês.
Mas já estou melhorzinha, obrigada.

Sabem aquelas pessoas que correm todos os dias?


Fartaram-se de treinar em pequenas.
Ficou-lhes na massa do sangue.

26 de janeiro de 2014

Pompoarismo













A primeira vez que ouvi falar da técnica do Pompoarismo, foi há uns anos atrás, num jantar de miúdas.
A certa altura uma das raparigas contou desolada a traição do namorado com uma brasileira.  Pressionada pela curiosidade feminina, acabou por dizer em tom preocupado, que as brasileiras usavam uma técnica infalível para os agarrar, e eu, que na  minha santa ingenuidade achava que as brasileiras despertavam o interesse dos portugueses pela sua desinibição, à vontade, bons decotes e cafuné, fiquei boquiaberta quando percebi que a técnica infalível de que falavam foi o que vimos no filme "O Império dos Sentidos",  na cena em que um ovo era sugado e depois expelido por uma vagina.
Então era isso, o que estava a desviar os nossos portugueses da fidelidade e da honesta vida familiar.
Às brasileiras não lhes bastava ficar com os nossos maridos, como ainda o faziam através da sucção vaginal. Pobres portugueses, abduzidos por vaginas sugadoras.
Hoje em dia, o pompoarismo tornou-se um conceito global, e é uma das valências das inocentes aulinhas de yoga, onde não se faz mais nada a não ser suspirar meditar.
Esta técnica milenar, que consiste no treino dos músculos vaginais, pode ser praticada até um estado tal, que a vagina é capaz morder com a mesma força de um pitbull.
Calhando, se o treino for levado à séria, as vaginas são capazes de tirar as cuecas sem ajuda das mãozinhas, ou mesmo colocar um tampão menstrual sem aplicador.
A dança do varão de certas profissionais, está mais do que visto, é toda ela feita à conta da vagina, que se agarra aquilo de unhas e dentes... ò mãe, olha agora sem mãos! 
Hoje em dia, uma vagina banal, pode até fumar um cigarro, levantar objetos muito pesados, lançar objetos à distancia, abrir garrafas, sugar água e fazer um repucho.
Naquela noite, as vaginas, como eu as conhecia até então, deixaram de fazer qualquer sentido. As vaginas passaram a ter uma palavra a dizer.

Agora mais à séria, a técnica que abduziu muitos portugueses à familia, é hoje praticada cada vez por mais pessoas, e é ponto assente que o pompoarismo é híper benéfico contra a incontinência urinária e na preparação do canal para partos mais fáceis. Protege ainda a flacidez vaginal causada pelo envelhecimento ou gestações.

Ele há coisa melhor?



24 de janeiro de 2014

Assuntos Póstumos




Escrevo hoje sobre a atualidade mórbida e sobre os assuntos póstumos que tanto parecem interessar o nosso povo.
Temos tido pano para mangas e os últimos dias têm sido proveitosos.
A prova está visível, e basta espreitar as caixas de comentários dos jornais on line, para vermos de imediato o enorme interesse que tudo isto suscita.
Isso e a impressionante frieza das pessoas, autênticos juízes do além, que fazendo horrendas decapitações em praça pública, fazem já da morte e dos mortos, um certo estilo de vida.
Tivemos muitas ondas, muitas praxes, muito cavalo na estrada, muito pescador ao mar, muito crime passional.
É disto que o meu povo gosta.
Se alguém morre, o assunto arrasta-se semanas e semanas nas televisões e nos jornais. Só o telejornal das 20h mata em média 80 pessoas por episódio. 50 que morrem de verdade e mais 30 que são mortos à pancada pelo virtuoso povo que os julga. O povo é perito na matança.
Dissecam os mortos e a vida dos mortos, como faziam às rãs nas aulas de biologia. Assim que se avista mais um caso no telejornal, esticam o falecido de braços e pernas abertas, colocam-no em cima da mesa da sala e por ali andam às voltas verificando o cadáver, cheirando-o, apalpando-o, vendo se o coração era bom ou se alma ainda lá está, presa entre os dentes. E não o largam da mão. Levam-no para o café, para o emprego, para a barbearia, e até que não apareça outro caso, aquele morto é sugado, na verdadeira aceção da palavra, até ao osso. É um festim.
Tudo excita o santo povinho. A família chorosa, a esposa desolada, a família em abraços, as flores em pilhas.
Por estes dias, tudo o que está morto é bom. Podiam ser os maiores canalhas desta vida, mas se morreu é imediatamente elevado a santo.
Cria-se a moda do Panteão e a moda da cremação. Eu fico expectante: para quando a moda da pira Viking afastando-se da margem do rio, em chamas?   
Tudo é elevado ao extremo, passam-se horas, dias, semanas, discutindo no Parlamento a última morada do Eusébio. Há apostas a correr sobre se o Cavaco irá para o Panteão ou será enterrado nas selvagens, juntamente com as suas cagarras. O homem está vivo! Mas o povo não quer saber. Matam-no só para ter o prazer de o enterrar. 
A morte é, por estes dias, um acontecimento nacional que assume grande importância social e até de elevado desenvolvimento económico.
As funerárias não sabem já o que mais inventar para satisfazer os mórbidos desejos do povo. Ele é guest list para o enterro, ele é música no velório, ele é urnas com luzes néon, pois pode o morto querer ler - à falta de ter o que fazer -  um livrinho ou dois, na sua morada eterna.
E o menino da Madeira? Ah! Estava já tudo de enxada na mão, a salivar pela notícia do rapto do garoto, que vendido a Ingleses por dois reis de mel coado, acabaria escravo numa quinta escocesa. Acabou tudo em bem, felizmente, mas o povo está doido, o povo quer é sangue, desgraça, assuntos póstumos para esfrangalhar semanas inteiras. O povo quer é saber, se na confusão do rapto, a família não terá vendido o rim esquerdo do pobre menino. 
Mas e os vivos? Há ai alguém interessado nos vivos?
Sim, há. O Governo.
Para quê?
Para os matar.
Porquê?
Porque é disso que o povo gosta...

19 de janeiro de 2014

Sobre o Ego

O Ego é uma adição.
É uma constante fome de coisas.
O Ego é uma prisão da Liberdade.

Rasgos de intelectualidade

- Ai Vida, Vida!
- O que é a Vida?
- A vida é uma doença mortal, sexualmente transmissível.

Quando Marte for habitado

Dois miúdos na rua discutem os avanços que cada um vem conquistando na disciplina de Português. 
Um deles olha para o céu e diz:
- Vês pai, já sei soletrar!
O outro vendo-o, pergunta:
- O teu pai faleceu?
- Não, está na estação espacial internacional.



17 de janeiro de 2014

TPC fora daqui!

Acho que nunca mencionei aqui na blogosfera a idade da minha cria.
Pois bem, a minha filha tem 7 anos e frequenta a 2ª classe, aliás frequentamos as duas a 2ª classe, muito embora eu tenha 37 e já tenha andado 20 anos na escola.
Razões: todos os dias santos, santos dias, apenas dias, e ainda fins de semana!!, faça chuva ou faça sol, ou não faça mesmo nada, e lá vem a pequena, com o pesum às costas (sinal que trás lá os livros) dizer-me: mamã, hoje tenho TPCs!
Aquelas simples palavras poderiam dar-me para muito, mas não, aquelas palavras dão-me apenas para me fazer subir uns nervos do pior, um calor por mim acima, e só me apetece gritar, BERRAR!
Assumo. Odeio os TPC, odeio o tempo que nos faz perder a todos, os momentos de prazer que nos rouba diariamente!
Deveriam ser abolidos, proibidos, desaparecer da face da terra.
Não consigo perceber porque é que uma criança de 7 anos, que ainda nem os dentes da frente lhe nasceram, que entra na escola às 10.00h da manhã, para só sair às 6h da tarde, ainda trás 5 páginas de exercícios para fazer à noite! À noite?!
Para quê, digam-me por favor, que eu já não sei o que pensar.
7 horas enfiada numa escola, 5 dias por semana, não chegam para a criança aprender a matéria para aquele dia? Ainda tem de vir para casa com mais 80 exercícios e 3 textos para ler? Não consegue a escola, ou os professores, perceber, que eu e a maioria dos pais, chegamos a casa depois das 8h da noite? 8h da noite? Cansadíssimos, estoirados!
O que faz uma criança às 8h da noite depois de 7h de escola?
Que faz um pai às 9h da noite depois de 12 horas de trabalho?
Onde radica tanta estupidez?
Acham mesmo que a minha filha de 7 anos é algum robô mecanizado, onde eu e o pai, pela noitinha, lhe transferimos através de um chip, 5 páginas de exercícios para o disco rígido?
É que neste país é tudo ao contrário! Porra! Em vez de nos ajudarem, só nos enterram.
Quero lá saber das teorias caquéticas dos homens da educação, que sempre tiveram mulheres submissas em casa para lhes tratar das crias (e para lhes limpar o rabo) enquanto eles iam para o Ministério fazer leis absurdas!  
TPC só a partir do 5º ano é que fazem sentido.
Eu não tenho 7 anos! É que caramba, chega a uma altura em que a professora está a corrigir TPC que sou eu que faço, pelo simples motivo de que tenho a miúda a dormir em cima dos livros. Isto tem alguma lógica?
Acordem!

16 de janeiro de 2014

E Tudo o Vento Levou

Portugal, tem-se tornado nos últimos anos, um país de vilanagem, de ignomínia, de canalhice e de opróbrio.
Vamos por um caminho sem retorno; basta pensar um pouco para perceber que jamais conseguiremos recuperar o património ora vendido, para recuperar uma dívida feita pelo próprio património.
É caso para dizer, em tom jocoso, que o país só não vende a mãe, porque a mãe se vende a ela própria.
Entregámos ao Capitalismo Neoliberal que agora nos controla como se fossemos gado, todas as nossas riquezas materiais, através das hipotecas bancárias que, amarradas por apertadas cordas ao nosso pescoço, por via de campanhas assassinas sobre o crédito bancário, a todos conduziram à dependência.
Entregámos nas mãos de Ministérios “da pouca Solidariedade”, orientados por crianças acabadas de desmamar (a maioria ainda mama, ó se mama) o futuro dos nossos velhos, que nos criaram e nos amaram (e àqueles sacanas também), os nosso avós, tios-avós, tios e pais, que sucumbem e se vergam aos cortes cegos dos seus rendimentos, à aniquilação da esperança para os filhos, muitos na força da vida, sem trabalho, sem conseguir formar uma família, ter filhos, desenvolverem-se enquanto pessoas, criar e ser criativo, lançar as bases das gerações vindoiras.
Não sei se temos afinal hipótese de voltar à terra.
Gostava muito de ter esperança, como Scarlet O'Hara tinha em Tara. Gostava muito de sentir segurança e alegria no pós-troika, no regresso aos mercados, no aumento da exportação (que não é mais do que um tacho de água a ferver, que sem ter por onde manter a água, se lança para fora da panela), na diminuição das insolvências, de novas e muitas empresas-na-hora, e de outros tantos indicadores que nos enfiam goela abaixo.
E sob várias formas, de diferentes estilos, com mais ou menos paninhos quentes, a mensagem transmitida pelos nossos governantes, que já não fazem por a esconder, é apenas:

"Frankly, my dear, I dont give a damn".

14 de janeiro de 2014

É preciso saber cair, nas voltas que a vida dá.

Houve um tempo, em que julgando-me mais madura, teorizei sobre mim mesma:
- Já não ando aos saltos como um cavalo na planície . Agora caminho como um elefante, serenamente pela savana, preparada para tudo.
Fui ao engano. Nunca estamos preparados para tudo.
É disto que falam os sábios, deste looping que é a vida, e desta impreparação intrínseca para as voltas que a vida dá.
Não é que depois, com o bucho voltado pela cambalhota, não se consiga serenar o estômago, mas já se sabe, as marcas da queda não ficam logo visíveis, e mais cedo ou mais tarde, essa reviravolta trás de lá as mazelas... e as dores.
Não estava preparada para separações, especialmente filiais, e para seguir sozinha por um caminho onde sempre fui acompanhada. Não estava preparada para ver nos meus, tão conhecidos e tão transparentes, algo de novo que nunca tinha vindo ao de cima. Que infantilidade acharmos que conhecemos bem as pessoas só porque estão connosco desde do início.
Afinal foi o dinheiro. Afinal foi só uma ganância material que se sobrepôs aos valores, aos amores e à partilha de toda uma vida.
Não estava preparada para perceber, desta forma, que nesta vida estúpida onde vale tudo e também tirar olhos, as minhas pessoas cegassem perante a possibilidade de receber uns tostões, tarecos, minudências, e que para isso ficassem dispostas a tudo, inclusive a cortar com as suas relações primárias, fraternais, as mais importantes, as mais verdadeiras.
Estou de facto a fazer uma travessia na savana, e espero que ao atravessar este meu deserto, volte enfim com melhores cores.
Os outros talvez continuem aos coices pela planície.
Mas os cavalos também se abatem. 





10 de janeiro de 2014

DE 7 EM 7 ATÉ AO FIM DO CASAMENTO!

Dizem que os homens pensam em sexo de 7 em 7 minutos. Pois então, é esta cadência temporal, que aniquila o que melhor os distingue das mulheres: o multitasking!
Vejamos este exemplo básico, num normal dia de trabalho: Elaboração de um relatório.
Os homens preenchem um (1) relatório.
As mulheres preenchem 20 relatórios complexissimos, atendem 5 telefonemas, enviam 8 e-mails com anexos, lêm 2 post do Pipoco Mais Salgado, recebem 3 clientes e ainda metem um like no vídeo da Bernardina.
Então e a maldição do 7? Pois....
Como todos saberão, há uma característica do sexo feminino, o chamado fluxo contínuo de consciência – cuja presença não existe na ala masculina da Humanidade - que as impede  de serem constantemente interrompidas pela imagem de uma pila voadora, como acontece 700 vezes por dia aos homens (na versão pipi depilado).
Este tipo de interrupções pseudo-sexuais, que os homens experimentam ao longo de todo um dia de trabalho é, e venha de lá o mais pintado sem sombra de dúvida, o que os impede de ser multitasking. Porquê Uva? É que estes pensamentos ordinários perversos são muitas vezes perturbadores da dinâmica profissional e interrompem constatemente o processo criativo.

Os homens na simples tarefa de preencher um relatório, debatem-se com alterações físicas bastante castrantes, se pensarmos que trabalham com outras pessoas.
Vejam bem: de 7 em 7 minutos, babam-se para cima do relatório! E isto atrasa-lhes todo um trabalho, na medida em que é um corrupio de faz-relatório-baba-relatório, que saiam da frente!
Mais 7 minutos, e suam um rio só de pensar na vaga possibilidade de encontrar a Débora seminua desencravando o papel da ultima bandeja da copiadora….
Mais 7 minutos e vêm passar as pernas da Bárbara bamboleando o quadril, e zás, 5 pingos de suor justo em cima do carimbo…
Mais 7 minutos, e correm a abrir a porta à Patrícia, que trás sempre um grande decote!
Mais 7 minutos, e áááááhhhh, e coiso e tal com a Débora, em cima da copiadora!
Mais 7 minutos, e chiiiiiiiiiiiiiiiii o decote da Patrícia!
Mais 7 minutos, e puxam as calças para cima, por causa das comichões!
Mais 7 minutos, e correm para o WC, ninguém sabe se para lavar as mãos se para tirar dali as mãos!
E assim se passa um dia de volta de 1 relatório.
E de sete em sete, chegam finalmente as 7h.
Eles de manhã até estavam preparados para 7, mas depois de mais 1 (dia de trabalho), ficam feitos num oito.
E lá em casa fica tudo por fazer...
E a demografia a cair …
E a culpa é da TMP!


 

9 de janeiro de 2014

Sou só eu ou mais alguém tem?

Chiça, raios partam o inverno!
Tenho os livros da minha preciosa biblioteca todos encaracolados da humidade.
Chove desalmadamente há dias, e aqui a uva não tem mais por onde estender a pele, senão ali!

Um dia destes faço uma StartUp de secar roupa ao domicílio.
Era bem capaz de ter uma  ascenção meteórica, especialmente em Sidney...

6 de janeiro de 2014

Soares não é Fixe

Tradução dos comentários do Soares, sobre o King:

"O Eusébio é um homem muito simpático e afável, só é pena é ser bêbado beber muito Whisky ... e ser preto ter pouca cultura!"

E é assim que corre a vida...

5 de janeiro de 2014

Pantera Negra


E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando
Cantando espalharei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.






4 de janeiro de 2014

TPM

Quase a sair de casa para uma noite romãntica na casinha da praia.

Eu - Já arranjaste alguma coisa para comermos de manhã?
Ele - Já! Leite simples, uns bolos secos, uma garrafa de água, e levo aí também 2 pacotes de leite com chocolate.
Eu - E café? Temos lá café?
Ele - Sei lá se temos café. Achas que eu ainda me lembro do que lá deixámos em agosto??
Eu  - Pois com certeza que não! Tu nem bebes café! Sabes lá tu o que é ter dores de cabeça de privação de cafeína. Tu nem sabes o que é uma dor de cabeça!
Ele - Mas deve haver café ai em casa.
Eu  - Acho bem! (abro a gaveta onde supostamente deveria estar o frasco de café)
Eu  - Tá vazio! Não acho isto normal! Então tu tens isto vazio?
Ele - Sabia lá que isso estava vazio! Eu nem sabia que querias levar café!
Eu  -  Sabias lá? Como se não soubesses que a minha vida depende do café! Queres que passe a manhã a engolir comprimidos, queres? E agora?
Ele - Sei lá! Agora nada! Tomas lá café no café...
Eu  - Ai agora nada? Agora nada? Então olha, agora é que é mesmo nada. Já não vou para lado nenhum! Percebeste! Não vou!
Ele - (...) senta-se no sofá e liga a televisão. Descalça as botas.
Eu  - (com o frasco de café vazio na mão) - Ouve lá, agora foste-te sentar foi? E tás a pensar sair daqui a que horas?? 





Até ressuscitava ( isto é, ia ao céu e vinha)

O meu desejo para 2014, é transformar-me no bit, ou num baite ou num trojan qualquer, instalar-me no PC deste Senhor e ir lá rapinar-lhe o lixo que ele diz que tem na reciclagem, às 60 páginas de cada vez.
É que não só ressuscitava, como era até capaz de dançar em cima da minha própria tumba ...




3 de janeiro de 2014

Eu não faço balanços de Ano Novo

Até porque balanços sempre me deram enjoos e tonturas...

Euromilhões

 
Se me saísse o euro-gasosas, era bem capaz de me dedicar à séria, a isto de ter um blog...

Paris - Um conto inacabado

Não sabia já de onde lhe nascera o sonho de ir a Paris, apesar de, e especialmente nos dias que se seguiram à notícia da viagem, ter tentado em vão, levar a sua memória onde ela já não sabia ir sozinha.   
Interessara-se sempre muito pela imagem que tinha da cidade. O seu melhor amigo de infância, Titi, um francês muito louro e magrinho com quem costumava passar os três meses de verão, fazia-lhe as delícias dessa época e sempre que chegava um novo início de férias, era um manancial de brinquedos que nunca vira até então, surgirem-lhe no grande quintal de pinheiros, onde uma rede por cima de um muro pequenino separava as duas casas. Para uma criança modesta, prima em 2º grau do interior alentejano, um avião vaivém que deslizava zunindo numa corda dupla, um par de skys aquáticos, duas barbatanas e um colete amarelo, pareciam-lhe de outro mundo.
Não era comum comprarem-lhe brinquedos, quer dizer, desses brinquedos tão diferentes, que não eram bem brinquedos, eram antes coisas extraordinárias que vinham de Paris.
E de Paris vinham muitas outras coisas. Vinham gomas Haribo, pastilhas elásticas em berlinde e câmaras-de-ar de enormes pneus, onde cabiam os dois, os quatros e todos os amigos de praia com quem partilhava aqueles dias.
Vieram também de Paris os primeiros beijos de verão, que ainda hoje revisita, sobretudo se lhe vem à ideia o seu sabor delicioso. E era Titi, que corria à sua frente, levando na boca o beijo roubado. Quantas vezes a ouviam gritar: Titi, fou, vous êtes fou! E que saudades daquele menino magrinho. Onde estará Titi?
Ao fundo da rua de terra batida, onde gostava em pequena de acelerar numa bicicleta de pneus amarelos, vivia uma família francesa. Claro que a família francesa, ou “os franceses” eram ainda mais apetecíveis do que o franzino Titi. E eram imensos.
Uma casa cheia de miúdos e graúdos que ali se juntavam no repasto dos dias e que falavam em comer, sobretudo caracóis, que vinham a ser cozinhados fora da casca e metidos novamente lá dentro.
Todas as crianças da casa eram rapazes. Sempre tivera queda para rapazes. Nada encontrava nas raparigas de que gostasse. O corte de cabelo, sempre muito curto, para fortalecer – coisa que nunca chegou a acontecer -, joelhos esfolados, pernas longas e espírito rebelde, eram de tudo menos de menina, e esses franceses da casa ao fundo, o Titi, e anos depois muitos amigos da praia, recordando-os agora e trazendo-os mais para a frente para os ver melhor, poderão ter sido os principais causadores desta espécie de alegria que sentia sempre que pensava em Paris.
Poderia radicar nesses tempos, a sua obsessão? Mas porque seria uma obsessão se nunca lá tentara ir?
Rebuscou uma e outra vez, nessa memória que teimava em não aparecer, e novamente chegou a parte nenhuma.
Não era certo que na reminiscência do passado radicasse o seu sonho antigo de visitar Paris.
Tinha também partilhado com primos alemães, dias solarengos e quentes de verão.
Uma das primas, grande amiga de quem se despedia em setembro sempre em lágrimas e em nervos, era a mais viva memória desses dias. Isso e o cheiro das malas. Cheiro de quem viaja, cheiro misturado de roupa suja e roupa lavada, cheiro de cigarros escondidos, de pastilhas de mentol; tudo misturado em cores, em calções de cores fortes, calças rasgadas e discos dos AH-A.
Todos os anos, os primos traziam os seus Marcos alemães que viriam a comprar, anos mais tarde, o seu afastamento e o corte radical com quase todos eles. Nunca gostou da soberba alemã. Logo desde pequena se habituara a ser pobre, mas o seu tipo de pobreza não era uma pobreza miserável, não, era pobrete mas alegrete, como sempre gostava de recordar. E ser alegre nesses tempos era qualquer coisa que não estava ali à mão de semear, pelo menos não à custa de um punhado de marcos. Nem de escudos.
A alegria não se compra, pensava muitas vezes, a alegria é um sentimento que se ensina, de geração em geração, que se passa no genes, nas festas de família, nos Natais à roda da lareira, nas matanças de tantos porcos, nos bailes dos Santos Populares ou em outros tantos Carnavais.
Alegria foi aprender a dançar em cima dos pés do pai, a nadar pequenina nas suas costas, a ser amarfanhada no abraço da mãe e tão amada por avós apaixonados, naqueles verões quentes da sua infância.
Agora que crescera, precisava de saber outras coisas, sobre outros sítios, sobre outros sentimentos.
precisava de sair, tão somente para se conhecer melhor, mas sobretudo para aprender a viver sem alegria da infância, agora transformada numa coisa que chamava de maturidade.

Partia para Paris nessa mesma tarde.