29 de maio de 2015

Venho aqui só deixar esta laracha

A Ministra da Finanças, quando era mais nova, empreendeu em fazer um curso de corte e costura.
Andou naquilo meses a fio, suando a estopinhas para conseguir finalizar a formação que as meninas daquele tempo colocavam no topo das suas prioridades.
Mas a vida é madrasta, e até a Ministra das Finanças falhou.

No fim do curso, com muita pena dela (e nossa), chumbou na costura e passou no corte.

Ouvi dizer que há pessoas que levam tudo ao pé da letra e tal...

E eu acho que levar tudo ao pé da letra, às vezes não será a melhor opção.
O ler nas entrelinhas, a fina ironia, a comunicação subliminar é algo que não é apanágio de toda a gente.
Há um homem muito culto, muito inteligente e muito sábio, com quem tenho o privilégio de trabalhar, que me ensinou coisas muito para além da profissão, do saber fazer, e do saber fazer depressa e bem (que há afinal muita gente quem) e que foi talvez um dos melhores ensinamentos que levo da vida.

'A quase totalidade dos problemas entre as pessoas, das zangas, amuos, guerras e quezílias, são devidas a falhas na comunicação.'

A forma muitas vezes errada na transmissão e receção das ideias, quer através da fala, quer através da escrita, e ainda o facto de ser tão banal acrescentar pontos aos vários contos, torna a vida de muita gente num autêntico inferno. 

















Créditos das imagens: Behance.net

28 de maio de 2015

Então não é que as redes sociais pegaram fogo outra vez?


Parece que alguém (muito mau) foi ali meter umas brasas no montinho e olha, pegou fogo!
















P.S:
Este post é um post irónico.
Seria uma enorme injuria se alguém pensasse que a Uva gosta de ver o rabo do Gustavo a arder.

Diário de um Cão e Diário de uma Gata

Diário de um Cão

8:00   Uau,
9:30   Uau, um passeio de carro — gosto muito disto.
9:40   Uau, uma caminhada — gosto muito disto.
10:30 Uau, outro passeio de carro — gosto muito disto.
11:30 Uau, mais ração — gosto muito disto.
12:00 Uau, as crianças — gosto muito disto.
13:00 Uau, o quintal — gosto muito disto.
16:00 Uau, as crianças novamente — gosto muito disto.
17:00 Uau, ração de novo — gosto muito disto.
17:30 Uau, a Mamã — gosto muito disto.
18:00 Uau, apanhar a bola — gosto muito disto.
20:30 Uau, dormir na cama quentinha do meu dono — gosto muito disto.

Diário de uma Gata

Dia 283 no cativeiro.
Os meus sequestradores insistem em gozar comigo, balançando uns objetos pequenos e estranhos à minha frente. Insistem em andar comigo ao colo, mas eu faço questão de lhes fazer ver que não sou nenhum brinquedo. Tenho reparado que andam cheios de pensos nos braços. Deve ser alguma moda. Muito estúpida por sinal.
Enquanto eles comem carne fresca, fiambre e atum, eu sou forçada a comer umas bolas secas e rijas que quase me partem os dentes. Só aguento esta vida de prisioneira porque tenho esperança de escapar e porque sinto uma leve satisfação em destruir alguns móveis.
Amanhã é muito provável que coma outra planta da casa. Talvez a mais bebé. Acho que é a mais tenrinha. Pelo menos a minha sequestradora trata-a com muito cuidado.
Planeei matar os meus sequestradores de manhã, enroscando-me nos os pés deles enquanto andavam. Quase consegui. Talvez deva tentar isto de novo mas no topo da escada. 
Numa tentativa de enojar e de causar repulsa nestes vis opressores, induzi novamente um valente vómito no sofá favo­rito da família. Não sei o que me deu na cabeça mas senti uma vontade incontrolável de lamber aquilo tudo outra vez. Foi falha minha. Acho que devo tentar antes um cocó na cama da miúda. Talvez o faça agora. Olha já fiz. Vou tapar e por-me a milhas.
Para mostrar a minha índole diabólica, ontem decapitei um passarinho e coloquei o corpo sem cabeça no chão da cozinha. Eles bateram palmas e até me incentivaram, acariciando a minha cabeça e chamando-me de "gatinha valente". Hum... isto não estava de acordo com os meus pla­nos. Amanhã decapito o Bóris, o passarinho da miúda.   
Durante uma reunião com os seus cúmplices, confinaram-me a uma solitária e nem às bolas duras tive direito. Consegui ouvir que me prenderam porque um deles tinha alergias. Devo deduzir que se me agarrar com unhas e dentes à cabeça dele sou capaz de o matar de espirros. Isso quer dizer que tenho uma nova arma a meu favor. Da próxima vez ataco-o logo à entrada, em vez de me esconder debaixo da mesa da cozinha.
Estou convencida que os outros animais cativos da casa são espiões. O cão é solto muitas vezes e parece super feliz quando volta. Não percebo. Todos os dias tem a possibilidade de escapar e volta sempre. Coitadinho, não deve ser muito inteligente. O pássaro fala com regularidade com os huma­nos e aposto que é um espião. Estou certa de que relata cada minuto da minha vida e que por isso, mesmo que me esconda, eles sabem sempre onde me encontrar. Por causa do seu atual confinamento numa gaiola de metal, a sua segurança está garantida, mas eu posso esperar. 
E só uma questão de tempo.


27 de maio de 2015

Não! Isto não é mais um post.

A certa altura

- Mas agora a sua vida melhorou, não é verdade?
- Sim, sim, mas foi muito duro, especialmente nos últimos tempos em que basicamente não tinha dinheiro para nada, ouve lá, nem dez cêntimos tinha na carteira, nada, sabes, acordar de manhã e não saber o que fazer da vida, e a fome...
- Mas passaste fome?
Ri-se e dá dois passos atrás. Calca qualquer coisa invisivel contra o passeio com o sapato engraxado e muito brilhoso, enquanto chupa um cigarro já pequeno. 
Na bafurada sai-lhe isto:
- É assim miúda, eu não passei fome-fome, porque a certa altura a fome passa.

'A certa altura a fome passa.'
A certa altura não sabes já como encarar a realidade, as pessoas reais, a desilusão de saberes que a sociedade da forma como está organizada, em democracia, não resolve um terço dos problemas das pessoas.
Vejo o drama que é viver na corda bamba, quando o chão está mesmo ali a dois palmos. Obrigamos as pessoas, sim, nós sociedade, a fazer malabarismos com a vida e ilusionismo com a morte.
Somos culpados, todos, eu, tu, por darmos conscientemente aos que não sabem tratar da sua própria vida, o poder de tomar conta da vida dos outros.
Somos nós que nos desperdiçamos, somos nós que nos abandonamos. Somos nós que esticamos a corda, sem força, sem vontade.
Não há fome em Portugal, mas temos um Portugal faminto. 
Não há fome em Portugal, porque a fome, como a indignação, também passa.

Mas ainda há pessoas que fazem umas coisas, coisas lindas, coisas realmente lindas, que ultrapassam, que me ultrapassam, porque eu escrevo, eu indigno-me mas não faço absolutamente nada para mudar isto.
E isto tem mesmo de ser mudado.








Créditos da Imagem e Artista aqui!

26 de maio de 2015

Je Suis Ego


A vida é um duro dilema.
Na maior parte das vezes subentende-se que o dilema é antes de mais com os outros, os diferentes de nós, eles, os que para o mesmo estímulo se resolvem numa reação que não nos satisfaz, que éramos incapazes de assumir, que vai contra os nossos  princípios.
A expressão se fosse eu, é a primeira que nos aflora para justificar os atos que não suportamos nos outros, que não aprovamos, que não nos fazem qualquer sentido, e amiúde chegamos à conclusão que a nossa forma de reagir era efetivamente melhor. Perdemos no fundo a capacidade de entender os valores dos outros e aceitar que os nossos valores são tão únicos para nós como o são para eles.
O ego prevalece acima de todas as coisas e não há um único ser capaz de se reinventar recomeçando tudo sem ele, despojando-se da única coisa que realmente o ama, porque o ego é a única coisa que temos para nos suportar a nós próprios e aos outros, é a única réstia, despojo, esperança, de que somos realmente diferentes dos outros, únicos.
A nossa identidade é o nosso ego, o tal elemento que nos fornece o elogio tão difícil de receber dos outros. Se os outros não me entendem, que se danem, tenho o meu ego e com ele posso tudo. Seríamos, em última instância, incapazes de suportar os outros se a cada momento da nossa vida nos sujeitássemos à sua superioridade e aos seus valores. O ser humano precisa de atribuir um valor específico a cada coisa, e seria infinitamente infeliz se esse valor fosse subjugado por vontades terceiras.
Há quem diga que uma funesta crise de valores varre as sociedades. Eu não digo.
Funesta é a incapacidade de dar valor aos outros. Funesta é a desvalorização do ego de cada um, da individualidade de cada um.
O que é o valor numa sociedade onde predominam homens incapazes de transcender o próprio umbigo?
Como atribuir valor a uma obra de arte, a um indivíduo, à conduta humana, sem esmiuçar o seu ego, contrapo-lo ao nosso, subjugá-lo aos nosso valores?
Com muito esforço, porque implica subtrair o nosso próprio valor para dar valor aos outros, implica aceitar que naqueloutro o valor foi superior ao meu ego, implica aceitar que não faria daquela forma, mas que aquela forma também resulta bem.
Para viver e conviver, é preciso entender que cada um de nós dá o seu próprio valor a todas as coisas, e não vale pena a discussão estéril e ignorante que gostos não se discutem, porque afinal de contas é tudo uma questão de gosto, porque o valor que damos a tudo o que nos rodeia é sempre baseado em interesses pessoais, em gostos pessoais, e na dificuldade que temos de aceitar de forma mais ou menos adulta, mais ou menos serena, os gostos diferentes dos nossos, os valores atribuídos de forma tão diferente às mesmas coisas.

A vida é um duro dilema.
Há que entender isto antes de julgares os outros por aquilo que julgam de ti
É que os outros terão, em qualquer caso, alguma coisa a dizer sobre o tamanho do teu ego.
E que maravilha é podermos ser livres para o fazer.

25 de maio de 2015

Claro que fui ao Museu dos Coches! Era de borla!

No sábado resolvi levar a pequena (e o grande) ao novo Museu dos Coches.
Sim. Estavam filas intermináveis mas a certa altura lá nos organizaram e ficámos todos à sombra. Se estivemos 45 minutos à espera para entrar, foi muito.
Não valeu a pena.
O edifício está inacabado. Aliás, tudo está inacabado naquele projeto, inclusive os miolos dos que pensaram transformar aquilo no Museu dos Coches.
Não existe verba para terminar a ponte pedonal que liga o novo museu à zona ribeirinha e o mais engraçado é que a inauguração se fez sem se preocuparem com a identificação do espólio.
Fui pela primeira na minha vida visitar um museu, e já calcorreie milhares e milhares quilómetros de  museus e exposições, caramba, sem ter ficado a saber o nome da peça, de que ano é, de quem era, quem a utilizava e para quê. Incrível.
É simplesmente decadente inaugurarem assim um espaço. É como ir ao Louvre e não saber onde está a Mona Lisa porque, olha, que pena, não está identificada.
O espaço em si, pois, mais do mesmo, um autêntico armazém de legumes muito parecido com o M.A.R.L. de Loures. É um espaço grande, amplo, cheio de luz natural, mas é só isso, um grande pavilhão branco dividido em duas partes por montras iluminadas, e inacabadas, que expõem o trajes dos cocheiros e afins, estes sim, identificados com papelinhos escritos com coisinhas do tipo: 'Estes sapatinhos eram do senhor que levava os cavalinhos.'. Não era tanto, mas o investimento na identificação destas peças ficava a este nível de interesse.
A luz que aquilo tem é impressionante, claro, Lisboa é luz, mas as janelas têm de estar todas fechadas porque coches com 700 anos (digo eu que não sei quantos anos têm) calhando não se dão muito bem com a luz.
Não percebo.  A luz maravilhosa que entra por ali adentro vinda do espelho do rio, e que podia ser aproveitada para as artes que necessitam de luz para se afirmarem e imporem, põe antes a descoberto num punhado de monos com rodas, que são o ex-libris em matéria de museus em Portugal - e ninguém nega a sua beleza- mas que requerem reparações urgentes para serem apresentadas ao público daquela maneira tão exposta.  
As características do novo museu obrigam a uma reparação total do espólio, e diz quem sabe, que isso representa um investimento ultrajante para o qual não existem verbas, além de totalmente desnecessário tendo em conta que o antigo edifício era afinal o mais indicado para aquele tipo de exposição. 
A minha alma está (cada vez mais) parva. Com os artistas (e tão bons) que temos, a morrer de fome de exposições e de partilha, e ali um edifício maravilhoso, super central, super turístico, super super, e foram logo enchê-lo de coisas velhas que ainda por cima já estavam bem instaladas na vida.

É assim o meu Portugal, e não é só nos museus, infelizmente, mas em tudo.
A antiguidade é um posto insubstituível e por isso é que temos a taxa de desemprego jovem no estado em que a temos, a delinquência a trepar para cima de nós com facas e ferros por falta de ocupação dos miúdos, e uns iluminados, quero dizer, uns queimados da cabeça, resolveram utilizar um espaço que respira potencialidades, para instalar os coches que as princesas e as madames (que já na altura ninguém as suportava) usavam para fazer afrontas de riqueza ao povo.
Descobriu-se a cura para o cancro. Só temos uma injeção. Vamos dá-la ao Manoel de Oliveira.

Deixo umas fotos para abrir o apetite, mas cuidado, como não sabemos o nome das peças, vejam lá se não comem o gato pela lebre.
E o dinheiro que esta gente gastava só por motivo de aparências?
É incrível como tudo permanece igual. Continuamos os mesmo atrasados de sempre.






A Uva já tinha botado faladura sobre o tema aqui, e não foi bonito.

As coisas que a Uva descobre inusitadamente #3

Se há pessoa esquisita com o café, essa pessoa sou eu.
Sou esquisita porque café é a primeira coisa que bebo de manhã, em dose dupla, com um humor de cão.
Há muita gente que me diz que só quem não mete açúcar no café é que consegue perceber se o café é bom ou não, mas eu discordo completamente. Sou consumidora de café desde os 14 anos (que me lembre) e sei muito bem o que é bom e mau café, mesmo com a meia bolinha de adoçante que lhe deito, ou 1/4 do pacotinho de açúcar, bem medido, quando não há bolinha.
A primeira vez que tive uma máquina de café em casa foi da Nespresso.
A máquina veio cá para casa porque a ML nasceu nos píncaros do inverno e eu, ultra-dependente das 'bicas' que não podia e não posso, de maneira nenhuma, ficar sem beber café de manhã por causa das dores de cabeça, deixei-me levar na febre e acabei por adquirir a máquina só para não ir com a menina para o frio logo de manhã.
No princípio não me chateava encomendar o café on-line. Aquilo ia para o escritório e eu lá fazia o favor ao vício e carregava o caixote do café, enorme, por todos os transportes públicos que usava até chegar a casa, e enfim, primeiro estranha-se e depois, bom, depois também me convenci que gastar logo de rajada cinquenta e tal euros em café, tinha mesmo de ser.
Entretanto o café Nespresso começou a enjoar-me. Primeiro porque o sabor é um bocadinho vulgar e eu gosto de café forte; depois aquela espuma toda ali a boiar tipo capuccino (que detesto) mas numa bica, nhéca, e era mais o café que deitava fora do que o café que bebia. Depois comecei a encanitar com as encomendas on-line caríssimas e com a obrigatoriedade de consumo mínimo. Ainda fui duas ou três vezes à loja do Colombo, mas quer dizer, filas para comprar 10 cápsulas de café, não obrigada.
Fazia-me muito mais sentido comprar o café numa superfície qualquer aqui perto, quando me faltasse o produto e juntamente com o resto das compras, do que andar feita moderna a fazer compras on-line para trazerem a casa, quando a maior parte do tempo nem chego a horas nem sei a que horas chego.
Foi a minha sogra que descobriu este café quando a Nespresso perdeu a patente das cápsulas, e finalmente pude experimentar outras marcas utilizando a mesma máquina.
Ahh, o livre mercado e a justa concorrência são coisas tão bonitas.
O café tem para 10 cápsulas o preço de 2,30€ e é muito, muito bom. Forte e intenso.
Há três qualidades, o roxo,  o descafeínado e o verde, mas eu só bebo o roxo.
Acabei com a loucura das encomendas on-line, a dispensa cheia de café, e poupo aqui dinheiro que parece pouco mas sempre é quase 1,00€ em cada 10 cafés, coisa que eu bebo em menos de nada à cadência de 3 por dia só à minha conta.
Estou fã. 
Este café é da marca DIA, onde sinceramente só compro o café e os rolos de tirar os pelos do gato, que são igualmente bons.

(Este post não é patrocinado, mas é pena.) 

24 de maio de 2015

It´s a kind of magic - Eyewear


Toast, um King Charles Cavalier carregado de estilo, e de seguidores, faz as hostes da casa Karen Walker para a nova coleção de óculos escuros que berram por estes dias em Nova York.
Pesadões, quadradões, dramáticos, parecem ter saído diretamente de uma película de desenhos animados, ou inspirados nos óculos 3D da RTP dos anos 80 e que toda uma geração comprou para ver o pior filme de terror de sempre: O Monstro da Lagoa Negra.
Terror não será bem o tema da nova tendência, dependendo muito do ponto de vista, mas a coleção promete agitar a forma como vemos os óculos, como os usamos, e até que ponto estamos dispostos a inovar.
É que já não se aguentam os Ray-Ban Clubmaster em tudo o que é carinha.
Vejam lá isso.







"I Won't Let the Sun Go Down on Me" - Nik Kershaw




23 de maio de 2015

Então e a tua gata, Uva?



Bom, está crescida, e veloz, aliás, parece que tem azougue no rabo, a ver pelo tempo que faz entre o quarto e a sala. Ainda não sabe é travar, coitadinha, é com cada cabeçada nas paredes que até a mim me dói, mas ela lá continua naquilo, se calhar gosta, sei lá eu, os gatos são animais muito estranhos...
Já bebe água na tacinha, aleluia irmão, e também já se consegue separar dos cocós com mais facilidade deixando-os sossegados lá na caixinha, a dormir, o que parecendo que não tem sido muito útil à higiene da habitação. O que ainda não consegui, apesar de grande insistência da minha parte, foi que comesse a ração dura, e já se sabe que ração dura blá blá blá, e ando numa aflição que a gata não chegue a perceber para que servem afinal os dentes sem ser para dar dentadas de meia noite, à meia noite, ou a qualquer hora, desde que nos apanhe uma qualquer parte do corpo.
Relativamente aos danos domésticos, e tendo em conta que tem quinze centímetros e 500 gramas, já nos rasgou o cortinado da sala,  carérrimo, coisa para cima de 9,00€, aliás, um rasgão muito profissional, lá de cima até cá abaixo, até lhe dei os parabéns, já deu cabo do cesto da roupa da pequena, com as unhas e com os dentes, acho que ao mesmo tempo, em equipa, e desconfio que me engoliu ali duas ou três molas, mas posso ter sido eu a estender a roupa e já estou aqui a ser mázinha.
Agora ando numa de lhe comprar um arranhador - porque já não aguento aquelas unhas a arrancarem pedaços de pele das minhas pernas - daqueles gigantones da Amazon, com dois metros de altura, mas já fui espreitar aquelas lojas de bricolage e encontrei lá coisas muitos jeitosinhas para fazer eu própria o arranhador.
Mas o que eu queria mesmo era este aqui de baixo, mas desconfio que se aparecer aqui com um pinheiro em casa o meu marido o lança automaticamente para a lareira, a pensar que sou eu outra vez cheia de frio.






2 minutos de video mas vale a pena. O homem é um verdadeiro artista!
Queroooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!

22 de maio de 2015

Opinão ou publicidade? Bloggers 'obrigados' a fazer distinção.

"A promoção de bens ou serviços, mediante contrapartida financeira ou material, sob a aparência de opinião pessoal, deve ser claramente identificada como publicidade."

Esta é uma das mudanças que o novo Código da Publicidade, em consulta pública até 29 de maio, vai incluir, segundo o Secretario de Estado Adjunto da Economia, Leonardo Mathias. 
O patrocínio deverá ser alvo de clarificação, além da obrigação de identificar de forma explícita os anunciantes nas mensagens publicitárias. Esta questão assume especial relevância no meio digital dada a atual dificuldade em identificar os operadores económicos.
Novo Código da Publicidade estará aprovado em conselho de ministro até início de julho.


Fonte: Dinheiro Vivo

Da multidão

Há poucas coisas que me assustem tanto.
As multidões de gente, as grandes manifestações na Avenida, no Marquês, na Assembleia da República, nas redes sociais dos famosos, a black friday, a abertura da nova loja da Adidas no Colombo, a Costa da Caparica no primeiro fim se semana da Páscoa, o ir lá para a frente nos concertos, as ultra maratonas na Ponte 25 de Abril, a Tomatina portugesa, a Color Run lisboeta, as autênticas touradas de rua que à mínima coisa se transformam em eventos sangrentos que me assustam (muito) mais do que imaginar-me sozinha, toda nua, dentro de um poço sem fundo.
Gosto muito de pessoas, sinto-me tremendamente bem entre pessoas, adoro dançar com desconhecidos no meio da pista, andar nos mergulhos sincronizados com meia praia, e restaurantes cheios de gente educada, mas este amontoado gigante de gente, que por motivos válidos ou não, de boa ou má índole, fúteis ou altamente solidários, divertidos ou só estúpidos, transtornam-me. 
Não, transtornar não é a palavra certa, talvez a palavra desconfortam-me seja a mais acertada,  porque provocam em mim um desconforto psíquico e algumas dúvidas existenciais.
Do que entendo deste novo hit das multidões, nada do que seja feito por uma pessoa ou uma equipa de 4 pessoas, 20 pessoas, tem impacto na sociedade, isto é, parece que de repente tudo o que se faz neste país tem de ser aos magotes de gente, aos milhares de pessoas nas ruas, aos milhões na maratona, aos triliões na estreia mais aguardada do ano, e por aí fora.
Um concerto que não seja no Meo Arena é uma valente porqueira, um livro que não vá na 25º edição é um merda do pior, um programa que não tenha 30 de share é arrumado na gaveta, uma peça de artesanato que não seja da altura da Torre Eiffel, não tem qualquer impacto.
E isto é de uma tristeza imensa, porque na minha opinião perde-se muito a individualidade, a criatividade individual, a possibilidade de saborear o momento e de nos ouvirmos a nós próprios, internamente, para sabermos se gostamos ou não, coisa que se torna impossível com tanta fonte de contágio humano.
Li algures uma rapariga queixar-se que não podia aguentar mais as calças skinny, que andava numa infelicidade imensa. Passa-lhe pela cabeça que há milhares de modelos que pode usar?
Impossível. Toooooda a gente usa skinny, milhões usam os vestidos da espanhola, milhares usam barba ortodoxa, milhares andam a correr, milhões usarão bikinis de folhos, triliões têm a bimby.
O que é que se passa minha gente?
Isso é tudo medo do escuro? Não gosteis de estar sozinhos?
Não será isso o medo de verem a luz?

Deixo-vos com a única multidão que vale a pena, e mesmo esta, feita por homens únicos e sozinhos, são, ainda assim, tremendamente capazes.


Walton Ford, "Falling Bough", 2002, Paul Kasmin Gallery, New York

Les "Oreades" by Robyn McCallum
 
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William Bouguereau (1825-1905)Les Oréades1902