29 de março de 2016

Luaty Beirão

Hoje, e depois de tantos dias ausente, porque cansada, porque farta, porque sem palavras, poderia falar de muitos temas. Haveria decerto muitos assuntos que gostaria de debater, temas urgentes, interessantes, mas porque também eu tenho direito à indignação, essa atitude tão corriqueira e maçadora, mas que no fundo é só mesmo o que nos resta, resolvi deixar um pequeníssimo apontamento sobre Direitos Fundamentais, talvez porque este tema, que mexe com tantas coisas mas essencialmente comigo, se descolou do emaranhado de lixo (e mortos) que uma apertada ligadura me prende à cabeça, e me pesa.
 
Não sei se alguma vez aqui abordei, especificamente, os direitos fundamentais da primeira geração. Para enquadrar melhor o tema, e porque os direitos, todos os direitos que hoje conhecemos (direito à liberdade de expressão, direito à igualdade, etecetera), dependem diretamente destes, são os filhos destes, resolvo enaltecê-los porque é também em torno destes [direitos] que tudo se organiza.
E tudo se organizou contra o 'Estado', contra o 'Governo', contra o 'Rei'.
Os direito fundamentais de primeira geração, os direitos que foram conquistados através de iniciativas contra o poder absoluto terreno (rei) e celeste (blasfémia), digamos assim, são essencialmente o direito à vida, o direito à liberdade, e, surpreendentemente para mim, e creio que para todos, o direito à propriedade.

Contou-me aquele que tudo sabe que no século XI, em 1066, Guilherme Conquistador, transportando o gene viking, invade a Inglaterra (batalha de Hastings), e vai conquistando tudo até se tornar rei de Inglaterra. Apesar de ser normando, estranho e estrangeiro, Guilherme é aceite como rei, mas não reinará um único dia sem aprender primeiro a respeitar o povo conquistado. E um povo respeitado é um povo que é livre e que não se submete e nem aceita que os direitos que já eram os direitos deles, passem todos para a esfera do rei, sendo este o único detentor do direito de matar, usurpar as terras, invadir a propriedade alheia, sem ser punido.  
Estes direitos são os direitos de primeira geração, e que mais tarde foram lavrados num dos documentos mais famosos e importantes, sobretudo importantes, da nossa história: a Magna Carta (rei João 1215).

A Magna Carta, tantas vezes esquecida pelos senhores que reinam na atualidade, pelos senhores que fazem as leis, portuguesas e outras, evoca em mim a tristeza da sua inutilidade. Quando vejo pessoas serem presas sem acusação, como é o caso ainda por desvendar do Eng. José Sócrates, quando vejo pessoas a serem presas por concordarem com uma opinião que é considerada contra o 'Estado', contra o 'Governo', contra o 'Rei', fico muito preocupada porque a base de tudo, da Humanidade tal como a conhecemos, todas as conquistas, todas as batalhas, todas as vidas que se perderam pelo caminho da luz, a Magna Carta e tudo o que dela foi sendo feito depois disso, é como se se perdesse para sempre.
Voltamos a um tempo ignorante, onde o povo livre é utopia, e onde a soberania dispensa bem os 'achaques' do povo submisso, onde o poder absoluto reina sobre todas as coisas, como um Deus omnipotente e omnipresente.

São os Direitos Fundamentais de primeira geração que nos afirmam como seres livres.
O que é o direito à vida, se continuamente prendem inocentes, dispondo, eles sim livremente, da sua vida e da sua Liberdade?
Deveremos nós, tal como fizeram os povos outrora conquistados por um punhado de vikings exigir o respeito do rei?
Como?

Como poderei eu ajudar estas almas, estas pessoas, estes injustificados prisioneiros de guerra (pela LIBERDADE), se me pesa tanto a cabeça?

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