27 de julho de 2014

Sou uma perfeita anormal

Acordei com uma dor de cabeça bombástica, aliás se tivesse que lhe atribuir um género cinematográfico seria Filme de Guerra - 190 minutos (em repeat).
Ontem à noite pus-me a ver finalmente o filme "A Vida de Adéle" que toda a gente já viu à séculos, menos eu, eu sei, não vale a pena dizerem, sou uma anormal, que me deixou acordada até às três da matina, porque estive o dia inteiro em frente ao computador, e não pude começar a ver aquilo a horas decentes, a trabalhar para que o meu patrão fique ainda mais rico, e quando me fui deitar, sozinha, sim sozinha, porque eu sou uma perfeita anormal mas o meu marido e a nossa filha ainda têm algum juízo e foram-se para a casa dos pinheiros, porque lá 'é que se está bem, não é aqui enfiados o dia inteiro a olhar para ti, sentada, de péssimo humor, o dia todo a fazer contas para o teu patrão, que nós não matámos ninguém', mas eu, que sou muito anormal, mato-me todos os dias um pouco mais.
É.
Sinto os olhos cansados, sinto as costas pesadas, é domingo, vendi o meu carro porque sou uma perfeita fona anormal, não posso sair daqui porque vendi o meu carro e é tudo muito longe para ir a pé, e agora os meu comprimidos da dor de cabeça acabaram, porque no meio da invasão dos alemães não consegui encontrar a receita que me passou a médica, sim porque as minhas dores de cabeça são casos de polícia, são ainda mais anormais do que eu, e já há muito que tenho de lhes dar com uma marreta muito forte para que deixem de me azucrinar, porque não vão lá com Trifenes, mesmo que tome quinze de seguida, e ainda tenho o trabalho quase todo para fazer, porque sou uma perfeita anormal responsável, e lembrei-me (onde estava eu com a cabeça) de começar a fazer a verificação das faturas com a conciliação bancária, da herança que não é minha, mas podia, porque além disso, gosto muito de trabalhar aos fins de semana, que foi sempre o meu sonho desde criança, há anos que venho acalentando isto dentro de mim e agora uau, sou verdadeiramente feliz, porque estou aqui em casa, enfiada, a trabalhar, com dor de cabeça, os olhos cansados, as costas pesadas, num domingo.
Sou uma perfeita anormal.
Podia ser apenas perfeita.
Mas não.
 
É que se não estivesse aqui na sala, sentada de frente para uma janela que reconheço ser a da minha casa, iria jurar que estava no meio da pista do Boom Festival, tal é a força dos martelos que oiço na minha cabeça.
 

4 comentários:

  1. As melhoras!
    Às vezes não há nada como uma boa noite de sono. Amanhã tudo estará melhor :)

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  2. Se eu tenho a infelicidade de me ir deitar com a minha dor de cabeça sem a tratar devidamente com uns medicamentos que também se dão a cavalos, acredita que amanhã, se não logo às 3 da matina, estarei a chamar o INEM para ir de charola para o hospital. Não sei que karma é o meu, Inesinha, que pega-se uma enxaqueca (antes fosse só queca) que é coisa para me desfazer os miolos em carne picada. Não dá mesmo. É triptanos para a carola que até estrala!

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  3. Zomig Rapimelt - um debaixo da língua aos primeiros sintomas. Passei muitas vezes por enxaquecas terríveis!

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    1. O Zomig às vezes não me bate. Acreditas? E como tenho de tomar muita vez, a minha carteira ressente-se muito. É caríssimo. Mas é o melhor que há, sim. Sem dúvida alguma.

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