7 de outubro de 2014

Injustiça! Guerra!

Já aqui falei dos professores.
Fui estudante durante mais de vinte anos, e como tal, tenho ainda na minha cabeça, de forma muito fresca, os maus professores que tive e as más praticas que lhes conheci. 
Mas a vida muda todos os dias, e todos os dias nos ensina, que tudo isto é devir. 
Venho por isso, e sempre que o assunto é INJUSTIÇA, em sua defesa.

É injusto continuar com os dogmas do passado na minha cabeça, enterrando-a no jugo invejoso e bafiento que se instalou ao longo de quarenta anos contra a Função Pública e de que eu também fui (e sou) cúmplice.
Hoje, depois de ouvir as notícias dos últimos dias, do merdelim que produz diariamente o inenarrável Crato e o seu espetacular início de ano letivo, dou a minha mão à palmatória.
Pelos trabalhadores!

Há pouco ou quase nada daquilo que esgrimi no passado contra os professores (à exeção de duas ou três coisas que ainda persistem na profissão e pelas quais ainda me debato), que me coloquem na mesma posição de então, e quero, porque quero, deixá-las mais uma vez aqui inscritas, porque são quiçá, as mais gritantes e as que reúnem maior consenso negativo: o pornográfico período de férias, a suposta e extrema necessidade de preparação de aulas, de professores que leccionam há mais de vinte anos a mesma matéria, o facto de continuarem a encarar a profissão com autismo perante a diminuição gritante do número de alunos, os atestados médicos constantes e as faltas semanais, consubstanciadas em problemas psicológicos da profissão que apelidam de 'desgaste rápido'.

Mas a mula deu-me um coice.
Na realidade chegámos a um ponto de rotura e de desespero no que a esta classe profissional diz respeito, e que na minha opinião chega a roçar o crime.
Perderam totalmente a tineta todos aqueles que nos governam, mas sobretudo aqueles que nos governam na área da educação.
Foi miserável, canalha e abjecto, o que fizeram com os professores contratados que agora ficaram sem emprego, sem subsídio, cheios de dívidas que não vão conseguir pagar ao arrendatários das casas onde pensavam viver, a milhas de distância de sua casa, longe dos filhos e dos maridos,  e ainda a vergonha de os mandarem procurar advogado (no meio desta miséria franciscana que é a Justiça por estes dias em Portugal) para receberem as indemnizações por este ato de cobardia, de total desrespeito pela pessoa humana, pelos trabalhadores e por todos nós.

Eu não quero acreditar, não quero, não quero e não quero, que o meu país chegou a esta triste situação.
Estamos todos à deriva, sem futuro, sem ninguém que nos apoie, sem Estado e sem Providência.
Daqui para a frente só vejo uma solução para acabar com isto.

GUERRA!
REVOLUÇÃO!
GOLPE!

9 comentários:

  1. "Ah e tal, a lei não permite o ajuste directo". Mude-se a lei, faça-se um regime de excepção para este caso específico, como foi criado um agora a propósito da bronca no citius (ainda que, de alguma forma, já estivesse previsto).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estão-se a borrifar Mirone. Totalmente e completamente.
      Ao perderem a vergonha e ao deixarem cair a sua cara ao chão, nada os impede, sequer, de arranjar uma lei que nos mate a todos.

      Eliminar
  2. Isto que se passou é que é verdadeiramente pornográfico!!!

    ResponderEliminar
  3. Crato acaba de anunciar a colocação de 800 professores em 24 horas.
    Como neste país nada vem por bem, a ser verdade estou mesmo a ver a professora com filhos bebés a morar no Minho a ser colocada no Algarve, e a do Algarve a ser colocada no Minho.
    Corvo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há professores que tiveram que ir para 500km de casa, fazer mudanças, arrendar casa (pagar duas rendas), inscrever os filhos noutras escolas e vem este filho duma mula, com a maior calma do mundo, afirmar uma coisa destas!

      Eliminar
  4. Mas do que é que esse bardamerdas está à espera para se demitir? Está bem agarrado ao poleiro o grandessíssimo F.da P.!
    Ass. Professora contratada

    ResponderEliminar
  5. Sobre as críticas que fazes aos professores, têm o seu fundamento se não tivermos em conta os últimos anos.
    Não defendo acriticamente todos os professores, porque sei muito bem os seres execráveis que enchem as salas de professores - esses, sim, deviam levar um forte pontapé no assento -, mas também sei os seres esforçados e desesperados que são quase sempre a maioria.
    Não é porque um médico o é há 20 anos que deixa de preparar operações e actualizar-se, só um mau médico não o faz. O problema de muitos professores é não o fazerem e, com isso, levarem às generalizações que se sabe.
    Uma aula não gira só à volta do que se está a dar, cada vez menos é assim, e leva de facto muito tempo a preparar - se o docente for sério e profissional; se não for, usa a mesma fotocópia desbotada desde os tempos em que era estagiário.

    Isto tudo para dizer que as tuas críticas estão a desactualizar-se, ou a visarem cada vez menos docentes.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Carla. Respeito muito a tua opinião e estou de acordo com o que dizes, que vai muito ao encontro do que escrevi; que as opiniões que tinha dos professores estão a modificar-se:
      "Há pouco ou quase nada daquilo que esgrimi no passado contra os professores (à exceção de duas ou três coisas que ainda persistem na profissão e pelas quais ainda me debato), que me coloquem na mesma posição de então".
      As críticas visam efetivamente menos docentes, porque na realidade há cada vez menos docentes, e os da velha guarda (os que usufruiram de grandes regalias) estão quase todos reformados.
      Por outro lado a matemática, a física e muitas outras disciplinas, são ensinadas da mesma forma, recorrendo aos mesmos exercícios de sempre, ou exercícios muito semelhantes, muito embora possam socorrer-se exemplos actuais e ferramentas atuais para explicar a utilidade dos exercícios e a sua aplicação na vida real e acompanhar a evolução tecnológica dos miúdos e da sociedade, mas isso não são coisas que justifiquem usufruir de um (às vezes dois) dias da semana sem aulas, para se "prepararem", ou que necessitem das 'tardes' ou das 'manhãs' para estudar aulas. Todos os profissionais precisam, em última instância, de se preparar para o dia de trabalho seguinte, mas só os professores podem efetivamente usufruir dele. Não acho justo.
      As férias é um regabofe, como sabes. Nem vale a pena virem com a histórias das reuniões e dos 'alertas'. As escolas fecham e nas férias os professores estão muito alertas mas é a outras actividades. Mas a culpa não é deles. As regras são estas e os professores aproveitam aquilo que lhes é dado. Dar notas e corrigir testes faz parte do trabalho do professor. Não há um dia da minha vida que não leve trabalho para casa, e não sou professora. Em casa ainda dou muita matéria que a professora da minha filha não consegue dar para cumprir o programa, em formato TPC.
      Tenho um respeito imenso pelos professores. Também respeito imenso os alunos. Respeito-te a ti como professora, mas há coisas que devemos encarar, a perda dos direitos dos professores, que se tem verificado nos últimos anos, está a ser muito dificil de aceitar e está a decorrer de forma muito violenta.
      Hoje, para esses anormais que nos governam, um professor é um alvo a abater, só por um motivo: custam muito dinheiro ao erário público, quando estão a trabalhar e quando não ficam colocados, sendo a unica classe profissional que recebe subsídio de desemprego se não arranjar emprego, e não quando ficam desempregados.
      Mas acho que até isso tem os dias contados.
      Um abraço Carla.

      Eliminar