21 de outubro de 2014

Já que ninguém diz nada...

... digo eu!

Sim. Aconteceu novamente.
Sim. Cheguei mais um dia atrasada ao escritório pelo mesmo motivo das últimas vinte e quatro vezes.
Sim. Vim totalmente entalada, que é como quem diz enchoiriçada, no caminho entre a Calçada da Carriche e o Marquês de Pombal, apanhada que fui uma vez mais, num transito infernal igual aos que se fazem sentir todos os dias, mas com maior dureza nos dias de greve dos trabalhadores do Metro, ou quando é fim do mês, ou quando chove, ou quando joga o Benfica, ou quando chega a data de meio Portugal renovar o cartão de cidadão, ou quando faz sol, ou quando está frio, ou se faz vento, ou se surgiu algum contratempo e foi precisa a viatura, que ir de autocarro para Lisboa além de ser uma penúria, dá ares de classe baixa.
Sim. Saí de casa meia hora antes.
Sim. Foi um dia bastante concorrido para os transportes alternativos, que se excederam em números inimagináveis, vá, de mais três ou quatro carreiras em cada percurso.
Sim. Os autocarros encheram-se de tanta gente que a maioria nem viajou sentada, muitos foram de pé, alguns a levitar, e quase todos sem pagar o bilhete, que isso de andarem trezentas pessoas dentro de uma salsicha onde só cabem quarenta, tem vantagens, principalmente quando se entra pela porta de trás, atalhando o caminho impossível de percorrer até ao motorista.
Foi um transtorno muito grande para os pobres Lisboetas, que na sua grande maioria nem usa os transportes públicos, mas então, o bota-abaixo é uma praga, uma moda, e ademais está aí para toda a gente o utilizar, e  digo mais, caso os trabalhadores do Metro não se ponham a pau, a revolução social que se adivinha desde a 'grande-manifestação-dos-não-sei-quantos-de-setembro-de-dois-mil-e-carqueja' será toda contra eles, os grandes lambões de salários pornográficos e regalias intergaláticas.
Os grevistas são uns egoístas da treta, pois que são, uns miseráveis que lutam pelos seus direitos usando como espada todo um povo dependente de transportes públicos, um povo sofredor, usurpado indecentemente pelo indigno direito à greve, por aqueles que esgrimem contra tudo e contra todos a sua raiva patronal.
É ultrajante! Uma filha da putice!
Eu trabalho no privado e não posso fazer greve, mas eles, os que vivem no bem bom, fazem grave trinta e seis vezes por ano. Uma grande ronha é o que eles tem no cu, haviam de trabalhar como eu trabalho, e sentir a fome que eu tenho de acabar com a pouca-vergonha.
Que se privatize o Metro e se derrube de uma vez por todas o braço armado do PC que é a CGTP.
Que se privatize essa gente toda, as águas, a EDP, a PT, os CTT, a TAP e todos os serviços públicos que fazem parte da cultura do Estado Social. Que se amarre às cadeiras o trabalhador, que prevaleça uma democracia onde quem manda é o demo. 

Já que ninguém diz nada, digo eu!

Sabeis o que faria um povo evoluído? Apoiaria todos os trabalhadores que se manifestam com a única arma que ainda lhe resta, a GREVE (já que o voto é por estes dias um bocado de papel higiénico que nos serve apenas para isso mesmo) ao invés de desdenhar e invejar as condições salariais dos outros.
O que nos transtorna, não é o facto dos outros fazerem greve, é o incómodo de nós não podermos fazer também.
O que nos perturba, não são os salários pornográficos que o CM desnuda nas parangonas incompetentes da primeira página, o problema é que na nossa cabeça eles não podem almejar essas condições, porque nós também não podemos.
Eu quero lá saber da greve dos médicos se nunca estou doente.
Eu quero lá saber da greve dos estivadores se não faço exportações.
Na nossa cabeça domesticada, ninguém que ganhe mais de quinhentos euros se devia manifestar.

Já que ninguém diz nada, digo eu!

E digo vinte e quatro vezes, e digo oitenta vezes, e todas as vezes que uma classe social exprime o seu descontentamento, a sua aversão e a sua incompreensão perante as condições de trabalho.
E digo outras tantas, porque se eu não posso ter voz, que tenham os que (ainda) podem falar.

Porque nós não somos só nós, nós, os que não podem fazer greve, que permanecemos mal tratados, mal remunerados, trabalhando que nem cães em sítios obscuros e bafientos, queremos é que todos sejam como nós, porque assim é que é bonito e assim é que se faz.
É que ninguém diz nada mas eu digo, que aqueles que ainda podem fazer greve, um dia deixarão de fazer, um dia deixarão de se ouvir, e todos faremos parte de um mesmo grupo todo igual.
Ahh, se os visses agora calados e submissos, cortejando as hierarquias, tratando por doutores e senhores aqueles que um dia pensaram que Portugal era só deles, havias de dizer que Portugal são só capachos. Uns dos outros.

Porque os que são contra a greve do Metro porque  não podem faltar ou chegar atrasados por medo de serem despedidos, os que não podem falhar um dia ao trabalho porque o dinheiro não lhe chega ao final do mês, vivem condições de trabalho maravilhosas, e assim querem continuar.

É que não há almoços grátis, mas parece que queremos todos entrar no regime imposto pelas privatizações: o come-e-cala.
Talvez entregar o Metro ao Zeinal Bava, ou ao inenarrável Salgado, esse guru da gestão privada.
Assim como assim parece que o homem está sem emprego.
E é preciso ajudar esta gente.

39 comentários:

  1. A greve para fazer sentido tem de causar algum caos, não é?

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    1. É. Se não causar caos nos outros, não tem visibilidade e fica entre paredes.

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  2. Então vamos lá. Se apanhas trânsito na Calçada do Carriche para ir para o Marquês de Pombal, o menino ensina-te um caminho novo, porque parece que até vens das minhas redondezas. CRIL, túneis de Benfica, IC19, Radial de Benfica e depois podes escolher... Ou vais até Sete Rios e desces a Avenida A.A.de Aguiar (a do El Corte Inglés) ou vais até Campolide e desces as Amoreiras.

    Até te ensino dois... CRIL, túneis de Benfica, IC19, sais para a Avenida Lusíada, desces para a Praça de Espanha, continuas pela Avenida A.A.de Aguiar (a do El Corte Inglés).

    Nenhum destes caminhos é perfeito e livre de trânsito. Mas juro-te que em hora de ponta, seja de manhã seja ao fim do dia, são melhores que a Calçada do Carriche e desceres a do Campo Grande até ao Marquês de Pombal. Só em semáforos, jazus, o que tu poupas!

    Experimenta e depois falamos :)

    (Tu vens de carro, certo?)

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    1. 38 anos disto e achavas que já não tinha feito as tentativas todas?
      O melhor caminho é pelo estádio do Zpórten, túneis e Av. Rep.
      Asseguro-te.
      Então e da greve. Não falas da greve... um flop este meu post.

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    2. Não consigo concordar contigo, mas não discuto o caminho.
      Quanto à greve, não consigo concordar com os motivos dos trabalhadores DO METRO. Há greves (como as dos polícias, dos professores ou dos funcionários dos tribunais, por exemplo) que eu compreendo. Pessoal como a TAP, o Metro ou a CP, não consigo compreender. Durante anos, décadas a fio, foram das classes mais priveligiadas deste nosso paíszinho à beira-mar plantado. Poucas horas de trabalho, pouco para fazer, bons ordenados e ainda melhores regalias. E sei de fontes fidedignas, porque tive familiars e amigos a trabalharem no ramo. Neste país, em tempo de vacas gordas, todo o funcionário do Estado teve direito a regalias incomportáveis com o passar dos tempos. Professores incluídos. Também no privado os ordenados já foram melhores do que são, os horários idem, a facilidade de encontrar um emprego ibidem. Também eu já fui funcionário public. E tinha um ordenado e um volume de trabalho que nunca mais vou ter. Para começar a carreira foi um mimo. Depois vim para o privado e lentamente acompanhei a depressão deste país. Hoje, já com quase 12 anos de descontos em cima, tenho um PPR há 10 para me precaver, não vá o diabo tecê-las. Graças a um amigo bancário que teve a clarividência de me dar umas dicas bem informadas. E atrás de mim, vieram alguns amigos que confiaram em mim. Os que não quiseram, infelizmente, estão na scheiße.
      Tudo isto para dizer que no público, as centrais sindicais espremeram as regalias o máximo de tempo que puderam. As greves ajudaram. As pessoas estão no seu direito, sem dúvida, de lutar contra os direitos adquiridos. O problema é que esses direitos adquiridos são, nos dias que correm, megalómanos e, por esses direitos megalómanos, estamos todos a pagar sobretaxas de 3,5% no IRS e aqui há uns anos, tiraram-nos subsidios de férias e Natal.
      Já não dá mais. E agora temos que cortar rente.

      Com isto, não tou a dar razão ao Governo. É perigoso o que está a acontecer ao nosso país. O caminho que estamos a tomar pode levar-nos a bater no fundo. Mas o caminho que levámos na década de 90 e em metade da década de 2000 garantia que batíamos no fundo, ainda mais do que batemos. E não há greve nenhuma que o país possa fazer que justifique isto.

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    3. Tenho que concordar com o Silent Man conhecendo as regalias deles (e de outros sectores) sinceramente revolta-me é que não aconteça como no privado: não querem trabalhar? Rua!

      Existem vários sectores: policia, professores, etc a precisar de uma grande reformulação, a precisar de que seja a competência a recompensada e não os anos de serviço. Já serviços como os do metro e afins... era tudo para a rua que eu queria ver se não davam muitas graças pelas suas condições. Eles não querem algo realista: querem tudo e não querem abdicar de nada. O problema é que o que eles querem é insustentável e todos nós estamos a pagar a factura por eles (e outros) terem tido regalias em demasia, regalias que agora encaram como direitos. Mas não são.

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    4. Caro Anónimo,
      Não podem haver despedimentos desses devido aos acordos colectivos que foram assinados pela maioria das empresas públicas. E porque a greve É um direito. Porque TODOS temos direito a isso e não podemos ver só preto ou só branco.

      Quanto ao resto, eu dei a minha opinião e o Anónimo deu a sua. Por acaso são parecidas :)

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    5. Caros amigos, muito gosto me deu ler as vossas respostas.
      Mas agora pergunto: Eles quem? As regalias que os trabalhadores têm são da culpa de quem? Dos trabalhadores? Então agora querem ver que os trabalhadores é que decidem que regalias hão de ter? Então vamos lá ver, eu ganho 1000 euros. Desse montante organizo a minha vida não é verdade? Compro uma casa, um carro etc. Pois se tenho 1000 eiros não vou agora comprar uma tenda.
      Passado uns anos, a minha entidade patronal, que foi totalmente inconsciente e perdulária, decido acabarar com o meu salário de 1000 euros e vai tudo a eito e agora comes 500 e é se queres. Tenho que me apressar a vender a casa e o carro e ir a correr ao Continente comprar uma tenda.
      Meus senhores, todos sabem que o antigamente já se foi, e que perder direito é uma grande treta, mas voc~es não consideram que estas pessoas além de perderem direitos, regalias, e dinheiro do seu salário e pensões, perderão também (muitas delas) o emprego. A Greve foi para evitar a privatização do Metro e ademais, estes trabalhadores que tinham regalias, tinham-nas porque alguém assim as decidiu. Então agora ninguém pode ter regalias? Ganhar bem, trabalhar pouco? Não tarda temos ali a senhora que limpa as escadas, e as outras todas, coitadas, a fazerem uma revolução porque querem ganhar tanto como os donos das escadas.
      E os professores comem bem por estes dias. E os Polícias coitados, tudo deprimido, a suicidarem-se que sem tordos. A fatura que estamos a pagar não é da culpa dos trabalhadores, tirem daí as ideias, é da culpa dos que gerem os trabalhadores, esses sim uns grandes sacanas.
      A PT vai agora dispensar mais de 30 mil pessoas, bonito não é? Mas os trabalhadores da PT não se podem manifestar e fazer greve. Pois não. SEnão em vez de sairem amanhã, saiem já hoje.

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    6. Estas trocas de opiniões é que são boas...
      Sim, os trabalhadores (por meio das centrais sindicais que lutaram e lutam por eles) é que decidiram que regalia é que tinham direito. No final, a decisão foi dos patrões, mas a luta pelos direitos foi deles. E fizeram muito bem em aproveitar enquanto deu. O problema é que já não dá...
      Em último caso, a culpa disto tudo é minha e tua ou de quem votou na altura, porque demos ao Governo "armas" para assinarem estes acordos colectivos. Uma pescadinha de rabo na boca, é o que é. Acho bem que lutem pelos seus direitos (mesmo que não sejam consentâneos com o seu trabalho), mas a liberdade deles termina quando começa a minha e aí sou irredutível.

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    7. Eles não tiraram a Liberdade a ninguém. Fizeram greve e houve imensos transportes alternativos. Não estava ninguém à porta da minha empresa para me impedir de entrar.
      Depois, quando os trabalhadores entram para as empresas, no caso o Metro, as condições já existiam, se depois mudam é porque havia espaço para mudar. Agora tudo se muda e não muda mais por o TC não deixa, senão estavamos todos a pão e água.
      Sou a favor da Greve do Metro. Espero sinceramente que não o privatizem.

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    8. Eu nao sou a favor. Uma pessoa no privado recebe pelo que rende, as empresas têm que ter politicas em condições ou vão à falência. No publico se derem milhares de prejuizo injecta-se ali o dinheirito porque ele até nem faz falta.
      Eu conheço pessoas que lavam escadas no sector publico e que recebem quase 900€/mês... ora no sector privado isso é impensável. Já para não falar que, nesse caso, são umas 10 pessoas e sempre que lá vou (sou familiar de uma delas) eu nunca as vi a trabalhar. De manhã à noite é vê-las sentadas, no paleio, etc. Mas são as primeiras a queixar-se por todo e qualquer corte: "temos direito" dizem elas e estes.

      Sim eu acho bem que se despeçam estas pessoas porque há por aí crianças que não recebem apoios, idosos e outros que, para manter estes luxos ficam sem apoios; seremos provavelmente tu, eu, o Silent Man e todos os portuguesinhos a pagar a factura dos luxos de muitos quando, por exemplo, chegarmos à reforma - para a qual descontamos - e não tivermos direito a receber nada.

      Eu discordo de ti. Acho que é facilmente explicado o quanto estas empresas têm pessoas em excesso e mantêm pançudos a quem não apetece trabalhar quando, olhando para qualquer empresa privada que considere comprar as mesmas venham imediatamente com a ideia de a reestruturar e despedir em massa. Uma conclusão é facilmente retirada dali: há gente em excesso, a ganhar muito e a não fazer nada.
      A maioria dos que trabalham na função publica não querem dar o litro. Nem precisam. Nunca são despedidos, nunca são chamados à pedra, sobem na carreira por número de anos e não pela competência...

      Hoje, o senhor que substituiu o nosso Guterres ali naquilo da Europazita disse uma coisa que os caros jornalistas da SIC preferiram deixar passar em branco e só traduziram metade: ele disse que não há país (Grécia e Portugal) que cresçam sem investimento [esta parte foi traduzida] mas que a sustentabilidade do crescimento só será possível com uma restruturação profunda, de base [esta parte não foi traduzida].
      Acho que qualquer um que perceba de matemática consegue perceber que há coisas insustentáveis... na época de vacas gordas todos abusaram, todos comeram (isto da CGTP e afins são outros que tais e a politiquice por trás é mais que evidente) mas agora é época de cortar.
      Entre cortar na educação, saúde ou nos luxos de quem é malandro... não é dificil escolher. As pessoas? Que procurem como os outros, que se esforcem, que façam pela vida porque não me parece justo que todos os portugueses andem a pagar para meia dúzia ter todos os direitos. Ainda há dias numa entrevista disse uma "senhora" toda elevada a tia "tiram-nos os direitos todos. Um dia destes SÓ temos os mesmos direitos que os privados"... qual era o mal?! São os privados que sustentam aquilo quase na íntegra.

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    9. Olá caro anónimo. Distraíme e não reparei neste seu comentário. Desculpe esta minha audência.
      O que se debare aqui não é adiferença entre o píblico e o privado. Nesses termos tem razão quando diz que foram anos e anos de injustiças, os do público como filhos e os do privado como enteados. Bem sei do que fala. O que aqui falamos é do direito à greve. Ora se os empregados de limpeza do setor público ganham 900,00€ e os do privado ganham 400,00€, não me parece que sejam os do público a equacionar a descida do seu salário para igualar ao privado, mas o seu contrário. Do seu comentário deduzo que acha muito o que eles ganham. Não concordo. Os trabalhadores devem reger-se pelas mesmas regras, mas há certas empresas do estado que não devem ser privatizadas, a menos que queira pagar pelo L123 uns belos 200,00€. Entretanto, as condições dos trabalhadores não foram instituídas por eles, mas sim pelos gestores.
      E essa ideia peregrina de que não termos dinheiro para pagar imposto, só acontecerá se a demografia não subir. Isso sim é preocupante, porque o dinheiro que agora lhe retiram para uma suposta reforma, não é para a sua, é apara os reformados de agora. A sua reforma será paraga pelos trabalhadores que estivrem no ativo na altura em que se reforma. Logo não é por aí.
      De resto, penso que o tempo dos FP com grandes regalias já lá vai, e que o Estado tem feito de tudo para afunilar as condições de ambos os sectores. Os que ganham mais também pagam impostos, que são na sua maioria equitativos. Não sou contra quem ganha bem. Quem me dera a mim.
      A maioria que critica, se estivesse na mesma posição com certeza que não ia dizer ao Passos que achava injusto e estava a ganhar demais.
      As reformas já convergiram (CNP com SS) e daqui para a frente cada vez mais.
      O que se viveu antes nunca mais se vai viver, e por estes dias a FP é uma classe perseguida e torturada, e de nada serve, sabe porquê? porque os FP que usufruiram de melhores regalias, estão todos na reforma e muitos já morreram. E as reformas é o que se vê. Os FP tem levado uma razia que nem ainda levantam orelha. Uma vergonha.
      Eu nunca trabalhei no sector público e nesta altura também não queria. É um ambiente de pudim. Corta-se bem com a faca mas tem um aspeto muito merdoso.

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    1. Obrigada Ervilha. Se um dia fizer uma revolução convido-te para as minhas fileiras ;)

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    2. Também quero estar nas fileiras, mas vou comentar lá em baixo porquê :)

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  4. Da greve, é? Queres que se fale da greve?
    Pois, foi feita! Incomodou meio mundo, prejudicou outro meio, falou-se dela, comentou-se aqui e ali, isto e aquilo e no fim nada nem ninguém ganhou, como de resto nunca nada nem ninguém ganha. Menos tu que ganhaste uma carrada de nervos.

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    1. Sou muito a favor dos trabalhadores pá. Todos. Mesmo os que não fazem a ponta dum chavelho...

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  5. Recuso-me a falar das diferenças do publico e do privado...
    Fico com dores de estômago!

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    1. É abismal, mas quererem calar o direito à greve só porque incomodou meio mundo e prejudicou outro meio (como disse ali o meu amigo Corvo), não me parece coerente.

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    2. Então não é coerente? Incomodou quem era contra ela, greve (adivinha quem) e prejudicou quem a fez que nada ganhou nem vai ganhar e acabou por perder o valor em dinheiro do dia dela, greve.

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    3. Ainda é cedo para se ver o que vai ganhar.
      Espero que surta os efeitos desejados e não entreguem o Metro às mãos dessa gente cujo maior feito é o fartar vilanagem.

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    4. Pois sim, Uva.
      Adianta muito aos cordeiros fazerem manifestações a favor do vegetaríanismo se um só lobo tiver uma opinião diferente.
      Revolução! Uma revolução do povo e pelo povo, essa sim, ganha. Nunca nenhuma perdeu.
      Mas não contes com ela. No fundo todas as ideologias estão bem servidas nos seus interesses.
      Todos têm a mesa farta.

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    5. 'Adianta muito aos cordeiros fazerem manifestações a favor do vegetaríanismo se um só lobo tiver uma opinião diferente.'

      Foi uma bela frase. Uma abraço.

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    6. Foi uma bela frase, mas não é minha. Ouvi uma vez, ou li não me recordo onde.
      O seu a seu dono.

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  6. Uva, espera só um bocadinho:
    15-11-1910 - Greve dos trabalhadores da Carris.
    Janeiro de 1912 - Continuação da vaga de greves;
    Maio de 1912 - Greve da Carris dura 26 dias; Jan.º 1914 - Continua a vaga de greves nos caminhos-de-ferro, a que aderiram cerca de 700 trabalhadores, e em outros sectores. Os grevistas isolam Lisboa fazendo descarrilar comboios e cortando linhas telegráficas.
    Peço desculpa por invadir este espaço com dados cronológicos que podem pender para interpretações erradas. não estão aqui em causa os princípios republicanos, em prol da monarquia que acabara de fenecer. ou tão só, saudar o regime de má memória que veio a seguir. quero só chamar a atenção para episódios endémicos da nossa história, que podem ajudar a compreender este processo. eu, aqui da província , centro litoral, sem filas, sem greves e desajustes, penso em tudo o que aqui ficou registado, e ainda me aflijo mais ao pensar nas privatizações, e nos possíveis "granadeiros", "bavas", e todos os ídolos (gestores) de pés de barro que construíram as mentiras dos últimos 20 anos. tudo o que parecia palpável, e afinal depressa se esfumou, nas mãos de uma tal "elite". ora, com elites deste gabarito... quantos pacóvios, estarão agora a afiar o dente para trincar o que resta? se é para consertar e pôr em ordem, sejam bem vindos, os que vierem por bem..." não me obriguem a vir para a rua gritar"....

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    1. Só me custa é os adeptos do Bota-Abaixo. Falam mal de tudo e não fazem absolutamente nada. São manifestantes de sofá.
      Mas quando alguém faz alguma coisa, ai ai ai que não tenho transportes, e que sacanas.

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  7. Concordo, e recordo sempre a construção civil, as miseráveis condições de trabalho e os horários de escravatura, e o ordenado de indigente.

    Quanto às privatizações, já não há muito para vender a preço de saldo. Num mundo ideal, no qual fosse possível confiar em políticos e reguladores, nada teria contra as privatizações. Como as coisas são, tenho grandes reservas, mas como digo, já não resta muito.

    Infelizmente permitiu-se a criação de enormes assimetrias nas regalias do sector público. Actualmente qualquer medida para remediar a situação é imediatamente considerada inconstitucional por violar o princípio da igualdade, que para começar fora já violado há muito tempo.

    Entre políticos, sindicalistas que nunca fizeram nada na vida, patronato com práticas abusivas, gestores "geniais" na promoção pessoal, reguladores à espera de um lugarzinho nas empresas "reguladas", gabinetes dessa exótica espécie que é o advogado-político-consultor-administrador (penso que o orçamento para pareceres já ronda 700M€ anuais), e a geriatria do constitucional que decide em causa própria, venha o diabo e os escolha a todos. Só falta mesmo o energúmeno do M.Pinto para nos recordar que talvez os políticos possam ser independentes quando são assaltados pela senilidade.

    Aliás, vejo diariamente a desresponsabilização que o mecanismo dos pareceres tem permitido. Vejo funcionários públicos de relevo que não decidem o que quer que seja sem o parecer (que constata exactamente aquilo que eles pretendem que "constate"). A responsabilidade não é deles. Basearam-se em pareceres técnicos. A responsabilidade não é do técnico (excepto nas ciências exactas, para mal dos meus pecados, eu que também queria boa vida) porque o parecer jurídico é coisa de opinião.
    Até o KingCake tem o descaramento de aparecer na comunicação social a dizer que vai ler os pareceres que pediu, ele que nada percebe do que quer que seja, pareceres que nós pagamos. Ah, Senhor, quando se vier a saber aquilo que se sussurra por todo o lado...

    Autos-de-fé. Mas infelizmente quem teria moral para isso?
    Será que as pessoas não sabem que (por enquanto ainda) podem votar nulo? Impedem as interpretações dos pregadores de fim de semana acerca de indecisos e preguiça de sofá.

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    1. Quiescente, fugindo totalmente ao tema, venho dizer-te que tocaste num tema muitíssimo pertinente, e que conheço até casos de juízes que fazem eles próprios (para outros) os pareceres que depois os ajudam a decidir a favor do parecer que eles próprios deram.
      Faz lembrart aqueles maluquinhos que têm dois telemóveis e depois ligam de um para o o outroa e andam ana rua a falar com eles próprios..
      E olha que eu já vi (com os meus olhos) pareceres de 25 páginas valerem 60 000,00€.
      Há uma rede mafiosa em cima da cidade de lisboa, tão mas tão apertada, que se fosse vísivel tapava-nos para sempre a maravilhosa luz...

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    2. Isto ainda é uma paísito excelente para alguma gente.
      Como escreveu o jornalista cujo nome me falha: Os Privilegiados e Os Facilitadores, ambos fascinantes. O resto são os Esquecidos e os Contribuintes.
      Abraço, cara U.

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  8. Já fiz muitas greves. Já fiz umas em que, no meu local de trabalho fomos três. Já fiz outras em que só quatro é que não aderiram. Já me senti traída por acordos feitos durante uma greve de vários dias. Mas nunca me arrependi! Se me prejudicam, as greves? As que eu faço prejudicam-me no bolso. As que os outros fazem prejudicam-me de variadas formas. Se assim não fosse mais valia não existir, a possibilidade de se fazer greve. Foi um direito conquistado que levou a muitas conquistas de outros direitos. Às vezes até me apetece dizer a certas pessoas que são contra as greves que deveriam ficar de fora das conquistas feitas nesses momentos, raios!

    Beijinhos Marianos, Uvinha! :)

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    1. Parece que toda esta gente do bota-abaixo tende a esquecer as conquistas passadas. E é pena, que eu sou uma das filhas da madrugada e tenho grande orgulho de ter acordado em LIBERDADE.
      Mas tudo se esfuma, tudo se compra.

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  9. Bravo V! Obrigado ;) Estou solidário com os trabalhadores do Metro, eles não ganham demais, nós é que temos ordenados de miséria e condições e vínculos laborais precários e indignos, para sustentar os lucros, os luxos e os privilégios de meia dúzia. O rei vai nú, mas o povo é que leva sempre no cú... come e cala, porque não tem consciência colectiva e não pensa no bem comum, é umbiguista e olho do cuzista, Cúração grande, cérebro pequeno, eis a tugalândia... Dave

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    1. Olá Dave.
      O rei não vai nu, o cabrãozinho, porque são cada vez mais as pessoas das classes sociais (ao invés das mais inteligentes e astutas) que podem ver que leva toda a fortuna do reino em belas roupagens e muita craiadagem.
      Este rei vaidoso não quer ir nu, quer é mostrar aos outros todo os seu poderio e toda a sua soberba. A ricos e especialmente a pobres, capachos.

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  10. Qual consciência colectiva? Há dezenas de anos que a construção civil é tratada abaixo de cão e onde tem estado a consciência colectiva? São pouco especializados? Não são gente? Ganham menos de metade dos seus homólogos públicos que não fazem a ponta de um corno e ainda têm tempo para a chanatice em horário laboral (não, não é de ouvir dizer), ão têm adse nem subsídios de assiduidade, nem transporte para a família.
    Se querem ajuda batem à porta errada. Travem as vossas próprias guerrinhas porque isso da consciência colectiva é algo que nós da construção nunca ouvimos falar. E se estão mal têm sempre a suprema liberdade de criar uma empresa. Nunca foi tão fácil e rápido. O problema é que não há garantias ao final do mês...

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    1. A construção sempre foi a profissão mais mal tratada, mais desprezada. Comem as pedras da calçada. Para mim é uma das que tem maior mérito. São uns artistas. Fazem coisas maravilhosas. Tenho tido muitas oportunidades de comprovar isso mesmo. É pena que não sejam reconhecidos devidamente. Tenho mesmo muita pena.

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    2. Pois, a construção civil não é construção civilizada, é normal que não oiças, é comandada pela ganância e pela corrupção, em vez de pela lógica da necessidade colectiva do local onde se constrói, está ligada à especulação imobiliária, e ao Pato Bravismo, há mais casas vazias do que do que famílias a necessitarem de casa, há casas degradadas que não se recuperam, constroem-se novas que poucos podem comprar, tenho um amigo que trabalhou nas obras na Alemanha e não tem nada a ver... mas a culpa não é minha, é da falta de consciência de certas pessoas que compram e usam o poder...

      Dave

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  11. Gostei deste texto porque li nele alguma solidariedade que muitas vezes me parece que faz falta - muitas vezes os que reclamam são atacados como privilegiados e na maioria parece-me que todos os que reclamam e os que os acusam de serem privilegiados, até chegar a sua vez de reclamar, estão, estamos, em situação pior com a crise que nunca mais termina. E era bom que todos pudessemos ser privilegiados ou não perder direitos e até os que ainda não os tinham, ganhá-los.Há greves que me parece mais complicado aceitar - como a dos médicos quando implicam o adiamento de cirurgias - mas tento compreender porque é a forma que têm de reivindicarem o que consideram justo.

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    1. Esta Uva é solidária com os trabalhadores, sem verificar se no passado estes eram mais ou menos beneficiados. O presente é que interessa. O passado já se foi.
      A grande maioria das pessoas vive lá atrás... é pena.
      A greve é um direito. Há que respeitá-lo.

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