24 de outubro de 2014

Mas por outro lado

Este é o segundo ano em que a minha filha tem meninos de outros anos na salinha dela, porque as outras professoras não aceitam mais de quarenta e sete alunos nas suas salas. Foi também este ano que resolveram substituir o telhado de amianto da escola e colocar sanitas que funcionem na casa de banho das meninas.
Isto na escolinha dos pequenos, porque nas escolinha dos grandes, ainda no outro dia a minha colega recebeu um telefonema do filho, muito aflito, porque estava na casa de banho com um desarranjo intestinal e não tinha papel higiénico.
Vai daí que a minha colega se levantou da secretária, agarrou na mala, apanhou o barco e foi até à escolinha dos crescidos, para ajudar o filho a limpar o rabo, com o papel higiénico fornecido pela sua entidade patronal.

Por outro lado as crianças mais crescidas, tiveram uma agradável surpresa porque na primeira aulinha de português do ano, já perto do Natal, apareceram vinte e três professores, todos colocados naquela escola e na mesma disciplina, para ensinar a várias vozes o novo e interessante acordo ortográfico.
Vai daí, que alguns alunos tiveram de se retirar da sala de aula para sentar os vinte e três adultos, que ficaram muito entretidos, a discutir as maroscas do Nuno Crato e a preencher o formulário de pedido de mais mobiliário escolar.

E eu fico a pensar, ainda relativamente ao mundo surreal em que me encontro, que o meu problema é muito normal e que eu sou uma egoísta que só penso nos meus problemas.
Vai daí que o melhor é ir trabalhar, em vez de me levarem para o hospital, porque hoje, dizem, está uma greve tão feroz, que era preciso eu ter um gigante dessarranjo intestinal, e dizer que tinha acabado de chegar da Libéria, para me darem, vá, um comprimido Ben-U-ron 500mg. 

Já sabemos quem ganhou o eurogasosas?
Marido, fomos nós?
(silêncio gutural)
Pois...

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