O lixo dos outros.

O lixo dos outros...

O lixo dos outros atola-me. O lixo dos outros, a inépcia dos outros, as frustrações dos outros, a maldade dos outros, a filha da putice dos outros, a falta de humildade dos outros... o inferno dos outros.

Isto é lixo. 

É lixo se nos for atirado à cara sem filtros, por maldade, por maledicência.

Os boatos são o apedrejamento das palavras. 

O inferno não são os outros, como afirmava Jean-Paul Sartre.

O inferno somos nós e a nossa incapacidade de aguentarmos o lixo dos outros e seguir com a nossa vida em frente.

O inferno é deixarmos que a opinião de anónimos, alheios e alheados nos tome de assalto o coração e a força de vontade, o querer e a alegria de fazer (e de escrever). 

O inferno é deixar que nos arrastem numa corrente pejada de dejetos, lixo, amálgamas de sentimentos rancorosos e rançosos que os outros colecionam pela vida. 

É sem dúvida infernal combater com quem não vemos, com fantasmas que nos circulam entre portas, que nos entram em casa e nos desarrumam aquilo que levámos tanto tempo a construir, a magicar.

O inferno não são os outros, o inferno somos nós que não sabemos varrer de uma vez por todas toda a porcaria que os outros nos deixam para limpar.

Hoje é isto que sinto.

E como só a ARTE consegue de forma mais próxima caracterizar o meu sentimento, é mais uma vez atrás da arte que o escudo.

Sinto-me cheia de lixo.

Mas terei sempre, ainda que por ora não o veja, a capacidade de utilizar isso a meu favor, porque,
One man's trash is another man's treasure!

 

 

Créditos da imagem e ARTISTA aqui!