20 de janeiro de 2015

Das coisas que a Uva gosta

A Uva é estranha.
A Uva tem gostos esdrúxulos, e gosta da palavra esdrúxula sobre todas as outras palavras, e isto... bom, isto não pode ser bom.
O pior é que insiste em maçar as pessoas com estas coisas, em mostrar e em dizer-lhes: olha que lindo, olha lá esta, que bonita, ohhhhhh, incrível este ângulo, ai que medo, mas como é que ele vive ali, olha esta, olha, olha, olha, ahhhhhh, que maravilha... conhecias estas, já tinhas visto?

A Uva gosta de histórias. Histórias de faróis. 
A Uva tem uma real panca por faróis (e outras coisas acabadas em 'óis'), por faróis em mares revoltos, por faroleiros de barba, ermitas dos mares, de olhos profundos e tristes. 
Para a Uva o lobo-do-mar é um faroleiro, guardião dos segredos das marés, protetor dos pescadores e dos grandes animais marinhos que nunca ninguém viu.
Delírios de uma Uva que passa. 
Conto que já não vos estranhe esta e(n)tranha personagem.

Avante.
A minha alegria de hoje é que descobri uma pessoa ainda mais esdrúxula do que eu, nesta coisa dos faróis.
É um fotógrafo destemido: Jean Guichard.
O site é todo ele sobre faróis por todo o mundo, fotografias e vídeos de chorar, enfim, uma coisa feita a preceito. Vale muito a pena se gostarem de faróis...
Antes de vos deixar as overwelming, astounding, mesmerising (nunca consigui encontrar a correspondência para português) pictures, deixo-vos a historieta matinal do casal, sobre faróis:

- Não sei porque gosto tanto de faróis...
- Óh, toda a gente gosta de faróis.
- A sério?
- A sério. Especialmente os homens.
- Os homens? Essa agora.
- Sim (um silêncio prolongado...), alguns gostam muito dos faróis dos carros, mas a maioria é dos faróis da mulheres!
(...)

Agora o Farol.. e o respetivo faroleiro, que sobreviveu a esta monstruosa onda de 38 metros (da qual não se apercebeu, senão quando ela subiu repentinamente), depois de ter vindo espreitar o helicóptero de Jean Guichard que fotografava a invulgar tempestade que se acercou daquele local.
As fotos correram mundo.
É fácil perceber porquê.








CABUM!!!!!
Ui, ca medo!

31 comentários:

  1. Há algum tempo estava a ver uma reportagem em que um desses faróis tinha sido transformado em casa/hotel. O impressionante foi quando disseram que o mesmo datava de 1800 e picos. Para mim levanta-se a pergunta: como eram construídos nessa altura faróis em tijolos que resistem até aos dias de hoje? Como? São "milagres" da engenharia mas como é que eles, nos seus barquinhos, tão limitados em termos desenvolvimentais conseguiam construir essas beldades que ainda hoje estão constantemente envoltos na revolta do mar? É impressionante.

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    1. Pois não sei, mas deve ser a mesma gente (ou a mesma genética) que contruiu coisas como as Pirâmides do Egipto e outras que tais, que apesar da elevada complexidade mental e de engenharia, lá estão e perduram.
      Mistérios da humanidade...

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    2. Sem dúvida :)
      O dito farol era idêntico ao da imagem, em que "os tijolos" são a única coisa visível, pelo que não se percebe se havia/há algum rochedo a sustentar. Mesmo havendo é impressionante a sua construção.

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    3. Creio que este tem a rocha a sustentar. E lá dentro, coisa completamente espetacular, parece uma biblioteca antiga, todo em madeira escura, com uma grande secretária ao meio e um silêncio estranho e abafado.
      É lindo, lindo!

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  2. Tenebroso... :-O
    O mar é lindo e medonho. Tenho-lhe um grande respeito, embora nade bem.

    A Maluda ainda pintou alguns faróis, que não são as suas obras primas. Mas eu sou suspeita para falar, porque gosto de tudo o que ela fez.

    Mas... lembro-me também de nos falares de um farol e do terror que ele representou para uma menina :-|

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    1. O mar é de uma beleza que nem consigo colocar nas palavras. Não tenho medo do mar, tenho medo é de lá estar num dia mau. Sabes que os que sabem nadar são os que mais se aventuram e isso é que é preciso ter em conta. Perceber quando o mar não está para te aturar.
      Vou dar uma vista de olhos às coisas da Maluda com mais atenção. Se tu dizes.
      Já conheces a Sara Maia?
      Esse farol não é? Pois...

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    2. Agora passei a conhecer e a querer saber tudo :)

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    3. Tem um grande talento, mas faz coisas enormes que não cabem na minha casa.
      E eu fico aborrecida. Gostava de ter uma coisa dela.
      É enteada do falecido Eduardo Nery, que deves conhecer bem.

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    4. Claro que sim :)
      Esse apelido é-me completamente familiar, quanto mais não seja porque andei na escola com um Nery :)

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    5. Já falei dele aqui: http://a-uva-passa.blogspot.pt/2014/02/eduardo-nery-um-artista-superior-um.html
      De certeza que ao veres as fotos vai pensar: ahhhh eu conheço isto e não sabia de quem era!!!
      É dele.

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    1. Coisa linda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Totalmente sozinho no meio do mar. E aquele rochedo. É um farol enorme! Dava para viver lá.

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  4. Sobre faróis, nevoeiros e terrores e faroleiros, já foram muitos os textos... e tudo começou neste:

    (desculpe a ocupação de espaço)

    Partiu a embarcação presidencial como era sua rotina, mas em manhã de grande nevoeiro. A bordo, acompanhando o poder, seguiam as forças da nação e uma representação das classes apoiantes. Assim, todos os que contam, seguiam na embarcação rasgando o cada vez mais denso nevoeiro. As gaivotas só se viam quando seu voar se aproximava da torre de comando, cruzando olhares com o comandante do navio, parecendo que do céu nasciam para vir saudar os navegantes. Tudo corria normalmente, quando ao longe, muito ainda, uma luzinha pequenina e intermitente anunciava uma presença ainda distante. Pesqueiro? Carregueiro? Navio estrangeiro? Só podia ser estrangeiro, pois todos os de suas outras frotas tinham conhecimento da proibição de se fazerem ao mar em dias de o presidente e sua gente por lá andar. Mandou o capitão reduzir a marcha e fazer soar sonoramente a sua presença. À luz inicial e intermitente, agora mais próxima, outra mais pequena, fixa e de cor vermelha se juntou, mas sempre naquela rota, sem qualquer indicação de se estar a desviar. "Que impertinência", pensava o comandante perante a adversa posição. Nem sequer a ansiedade se espalhou, pouco crente em qualquer desobediência. Mas as luzes, cresciam, cresciam à aproximação. Da estupefacção passou o capitão à procura do que fazer, junto do alto poder. "Acabará por se desviar", responde o eleito. Mas nada do que esperava ia acontecendo. "Só pode ser estrangeiro e mal informado" pensava a entidade patriarcal. "Só pode ser alguém mal intencionado" dizia alguma oposição, também ela embarcada. Ninguém opinou contra a corrente, esses ficaram em terra. A luz estava à distancia da voz e gritou o clero em latim claro. "Afastai-vos por amor do Senhor, pois o poder tem um rumo". E nada, a luz estava parada. "Afastai-vos, é uma ordem senão serão confrontados com o poder da artilharia", disse um ministro já um pouco aflito. E nada, a luz continuava parada. Todos os ministros falaram, em bom inglês que já era, na altura, uma boa língua para um entendimento universal. E a luz nada. Até que a parte do povo que ia a bordo, gritou em coro: "Retirai-vos, deixai a barca seguir o destino". Foi então que do outro lado a resposta, angustiada se fez ouvir, por dentro do ainda mais denso nevoeiro: "Daqui fala o faroleiro, ou a barca desvia o rumo ou vai tudo para o galheiro"....
    Escolha o leitor o destino da barca. Se teve, ou não, tempo para o desvio. Se o homem do leme reagiu mais rápido que a contra ordem do poder e se o inevitável rumo era viável à barca e se, durante a leitura pensou, uma vez que fosse, fora do paradigma daquele navegar...

    30.Abril.2011

    Texto que recupera, da memória oral, uma definição possível para o que seja um paradigma

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    1. "Daqui fala o faroleiro, ou a barca desvia o rumo ou vai tudo para o galheiro"...
      Parece-me caro amigo que foi tudo para o galheiro.
      Não ocupa espaço nenhum. Este espaço não tem limites à imaginação.
      Obrigada pela partilha!
      Um abraço da Uva!!

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  5. Eu não li o post, porque é grande e peço desculpa, mas pergunto: porque é que a Uva, fala da Uva na terceira pessoa ?

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    1. A Uva é um personagem que gosta muito de ser independente. Não consigo controlá-la. É louca.

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  6. Eu gosto de faróis. Já estive num, nos Açores e fiquei , e vou roubar a expressão," fiquei esdrúxula!" E como sempre gostei muito daqueles às risquinhas brancas e vermelhas, assim os das ilustrações, quando me vi num a sério, pronto! foi assim uma sensação de absorção!!! Boa noite, Uva!

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    1. Mas o que eu gostava mesmo era de estar neste lá no meio. Conheço alguns, vários, mas são todos na costa e estão sempre a salvo. Ali o mar rebenta, é outra loiça!
      Se eu for convido-te para vires comigo.
      Boa noite Mia.

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    2. Confesso que esta ali, naquele, é preciso ter aquela coisa especial, ai como é que se chama??? :))))

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  7. Senão quiseres não publiques este comentário, mas mal tomei conhecimento desta página do facebook: https://www.facebook.com/hairevoltar?fref=ts , lembrei-me de ti e do que outro dia "falávamos", é nisto que acredito: no amor ao próximo. Acredito que cada um de nós pode mudar um bocadinho do mundo, acredito mesmo. Desculpa o atrevimento e estar a insistir nisto, sei que a troca de ideias, já passou há muito, mas lembrei-me logo de ti. Beijo, obrigada por estares desse lado com uma cabeça tão lúcida e fresca :-)

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    1. Publico sim.
      Sim, eu percebo isto tudo. Acho extraordinário. Mas este tipo de trabalho é ultrapassar a fronteira da 'ajuda', isto não é ajudar dando ajuda, isto é dar-se inteiro ao outro.
      Não é fácil. Eu sou de Serviço Social e tive muitas colegas que foram para vários sítios do mundo fazer o 'Erasmus' do curso, ou seja, voluntariado em países de Africa. Não fui porque aos 25 anos já tinha uma empresa de Apoio Domiciliário a idosos e dependentes e tive de me dedicar. Adorava ir um dia. Tenho perfil para isto. Acho que o meu perfil é mesmo este. Existe cá em Portugal uma rede de voluntários, mas é pouco significativa e existem lobies para acabar com isso porque tem a conotação de trabalho não remunerado travestido de bondade. Estes que vão para estes países não vão à toa, vão trabalhar para ONGs, UNICEF, e outras instituições como a AMI. Todas as ajudas e todos os voluntários vão cumprir um protocolo, com um plano de ação, e (lá está) organizados.
      As doações para lá também são organizadas.
      Obrigada por teres este interesse que também é meu.
      Vim há pouco do teu blog (não me deixas dizer nada) e li livro????????? Tu andas na escrita?????
      Que maravilha.

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    2. Não ando a escrever livro nenhum, rapariga. Não tenho talento para isso. Vou adicionar-te ao chat do gmail e abotamos faladura por lá, tá benhe? :-)

      {aceita o convite}

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    3. Como é que é isso pah? Do Gmail? Não vejo nada....

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  8. Adoro faróis e tenho a sorte de ter um amigo faroleiro. À sua conta já conheci alguns. Ahhh belas jantaradas ao som do vendaval. ...
    Mas nada parecido com esse. Essa sequência de fotos até dá calafrios na espinha. :)))

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    1. Quem???? E não me apresentas????? Ó pah, Maria, jantaradas + faróis... pronto, eu já nem durmo.

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  9. Panca por urinóis? (peço desculpa a fuga ao tema do post mas assim que li esta parte não resisti!)

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    1. Hahahahahahahaha
      Por acaso eu não, mas o rapaz cá da casa gosta muito daquele que deu origem ao dadaísmo. É um belo urinol...

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  10. Fabuloso. Sempre que vejo as ondas do mar sinto uma incontrolável vontade de nadar (acontece-me o mesmo com jazz e dançar - enfim, como é usual dizer, "esdrúxula" também é esdrúxula ;)

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    1. Ainda assim não resisto: http://observador.pt/2015/01/18/quem-gosta-de-jazz-e-mais-inteligente-e-criativo/

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