2 de abril de 2015

Loucuras

Loucuras



Loucos existem em toda a parte. 
Em 2013 um maquinista entrou numa curva em Santiago com o dobro (ou mais) da velocidade permitida e assassinou umas dezenas de passageiros. Em escolas americanas sucedem-se entradas de jovens armados até aos dentes que matam tudo o que mexe. Em Portugal entra-se com um Governo que vai matando de fome e nos bancos dos hospitais uma data de gente e anuncia, com ar satisfeito, que tem os cofres cheios (de dívida e de saque). Nas televisões entra-se com reality shows em catadupa que têm por cerne o amesquinhamento e a desumanização de gente inqualificável que se prontifica a trocar a dignidade por notoriedade. Em países civilizadíssimos entra-se com loucos que fazem caça a jovens que estão acampados e, tiro a tiro, os abatem sem dó nem piedade. Em países menos civilizados entram com armas nas mãos de crianças para executarem reféns. Noutros, ainda, entram com bandos armados e raptam dezenas de jovens para servirem de escravos.
Uma barbárie completa centrada no egoísmo, no individualismo, na ambição de fama tout court e no espectáculo mediático, com ou sem razões ideológicas à mistura, com ou sem fanatismos que mais não são do que a procura do notável que transforma a loucura em notícia e escarrapacha, através dos vendedores de notícias, a cara e o nome de quem quer ressair do cinzento.
O louco que aterrou de forma pouco convencional numa montanha dos Alpes foi só mais um desses.
É a amoralidade que andamos a criar.

Do blog do Luís Novaes Tito: http://barbearialnt.blogspot.pt/
 


3 comentários:

  1. Querida Uva Passa,
    Dizer que "aterrou de forma pouco convencional" vem no encalce de "não lida maravilhosamente bem com a verdade". Só que, desta vez, soa-me mal. Não lhe encontro graça e parece-me desvalorizar a desgraça. (Um texto que desconhece os conceitos de moral, imoral e amoral. Canta bem mas não me encanta.)
    Beijos,
    Outro Ente.

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  2. Outro ente
    Se for a um dicionário perceberá que aterrar quer dizer "Descer à terra (aeroplano)". http://www.priberam.pt/dlpo/aterrar [consultado em 02-04-2015].
    É só português, não pretende ter graça.
    Já agora gostava de perceber onde consegue retirar do texto que o autor não domina os conceitos de moral, imoral, ou amoral. É que a questão não trata de moralidade nem de imoralidade, mas sim de amoralidade.

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    1. Caro Luís, ainda que as suas questões sejam dirigidas ao comentador Outro Ente, gostaria de lhe deixar um pequeno apontamento, pois partilho da opinião do Outro Ente. Ou seja, não concordo com a utilização que dá ao conceito amoral. Para mim, amoral não é o que não partilha da moralidade, o que vai contra, mas o que é destituído de moralidade (não podemos considerar, por exemplo, o incesto numa comunidade indígena como imoral, mas sim amoral, uma vez que aquela comunidade não partilha do nosso conceito de moralidade). Designar os actos referidos por si no texto como imorais, de certa forma, parece-me até ofensivo, pois algo que é amoral não merece condenação.
      Obviamente que, considerando as idiossincrasias próprias de cada um e da sua comunicação, acredito que não fosse esse o seu intuito, ou que talvez seja eu que esteja errada nos conceitos.

      Cumprimentos a todos.

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