7 de abril de 2015

Uma no cravo, outra na ferradura

Que é como quem diz, não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.
E eu, pelos vistos, não posso andar bem, isto é, poder posso, que posso, mas perco pouco tempo nesse doce viver, e logo encontro a maldita sarna para me coçar, para escarafunchar, e ainda não passaram 4 dias desde que recebi 'a' notícia e já tenho a pele numa desgraça.
Isto tudo por causa da escrita que há tempo me vem consumindo os olhinhos. 
Isto e o inverno rigoroso, nojento, que nos obrigou a longos períodos em casa, de roda dos livros mais grossos, que as (más) editoras insistem em editar com letras impossíveis de ler para não assustar os leitores, e de roda dos livros mais finos, e deixa cá ver que este até se lê depressa, e de roda dos blogues da vizinhança, e de outros que sigo às escondidas, e à roda de tudo e de nada, esforçando a visão com candeeiros do IKEA que dão tudo, até ovos, mas luz é que nem pensar, e ainda esta fobia que eu tenho de perder pitada das notícias da atualidade e devorar vorazmente tudo o que vem de novo e tudo o que se foi de velho.
Resultado: a somar às 4 dioptrias de miopia do olho esquerdo, quase morto de amblíope, e às 1.25 dioptrias de miopia do olho direito, meu salvador, único farol da minha vida (se por um acaso esdrúxulo descontinuarem as cangalhas), ainda fui arranjar com esta brincadeira mais 0.50 de miopia ao olho coxo que também lhe deu para ser estigmático, o cabrão, e mais uns pózinhos de miopia que não sabe estar quietinha, no olho direito, o tal que me guia.
Estou que nem posso.
Andei eu até à idade adulta a fugir das cangalhas como o diabo foge do paraíso, para agora, e nesta funesta idade, em que necessito de todos os meus atributos para me sentir (ainda) uma jovem e (ainda) interessante  mulher madura, digo, adulta, e ser forçada a usar dois ridículos fundos de garrafa de Gin em cima do nariz adunco - que se fossem de Vodka ainda se aguentavam, mas não, são mesmo de Gin - e foi exatamente agora, e a propósito daquilo que me dá mais prazer, as letras que me entram pelos olhos e as letras que me saem pelos dedos, que me vejo, isto é, que não me vejo, metida neste molho de bróculos, ou seja, neste molho de óculos.
Mas não pára aqui a sarna, qual bicha carapinteira, porque também entra na equação o verão, e ninguém, mas é que NINGUÈM me obriga a levar as cangalhas para a praia.
E falo de quê?  Pois com certeza, na treta das lentes de contato, a pior porcaria que os especialistas em lentes de contato inventaram, cheias de caraterísticas maravilhosas, dizem eles, que são de Olhão, olha não, hidrófilas, hidrófobas, híbridas e de hidrogel, diárias, suaves como seda, mas que a mim só me fazem é comichão como se andasse um anormal qualquer à minha frente a soprar-me areia para os olhos e a tirar-me aquilo do sítio sempre que rebolo os olhos perante uma alarvidade qualquer, ou quando me passa algum Adónis pela lateral.

E ainda se fosse só isto, das cangalhas fundo garrafão, das lentes merdosas e da lágrima artificial, vejam bem, que agora nem chorar com as minhas próprias lágrimas me deixam, e ainda a faturinha, a piiiiiiiiii da faturinha com nº de contribuinte, referente ao aumento das sacanas das dioptrias.

Quer dizer, isto pelas minhas contas, e não há-de tardar muito, está aqui a vossa Uva a escrever impropérios ao patrão porque precisa desesperadamente de outro aumento substancial para pagar a troca integral dos globos oculares, quem sabe se da cabeça toda.

Isto a velhice não perdoa. 
Credo! Estou a sentir-me mal. 
Tragam-me os vinte sais! 
Tragam-me os sais.

14 comentários:

  1. Jovem e interessante Uva que não passou,
    Continua a escrever bonito. Essas lunetas dão-lhe um ar boho-chic, a atirar para o intelectual, mas em versão veraneio.
    A operação a laser é opção?
    Beijo,
    Outro Ente.

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    1. Era, era. Agora uma Uva Passa sem remédio.
      As lunetas até que não ficam mal de todo, mas encovam os olhos e odeio-as. ODEIO-AS!
      A operação era remédio santo. Toda a minha gente já fez, mas agora, eu? Não sou capaz. Tenho mais medo disso do que andar de avião.

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    2. Ó mulhéri, até a linha tia de 75 anos (acho), acabou de fazer, às duas vistas e foi impec. Acho q foram sensivelmente 10 minutos para casa vista. Nada a temer mulher, nada a temer! :)

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    3. Estou pior que uma bicha!!!!
      ;)

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    4. Ai raio da escrita inteligente, muda-me as palavras todas pá!!!
      Mas tu estuda masé isso da operação mulher. Sem medos :)

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  2. boa sorte com a família dioptria. são piores que carraças. não largam e afeiçoam-se à pessoa de forma despudorada.
    Boa semana Uva,

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    1. Ai Mia, não me digas nada. Um pipa de massa que lá deixei, credo!
      Boa semana.

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  3. sigo o mesmo caminho. "lente finas" é um termo para motivar. a ilusão desfaz-se quando olhamos para elas. mais risco de glaucoma. lá vou com os relatórios ao oftalmologista. não senhor, qual glaucoma. tem é os globos muito grandes. enfim, nalguma coisa haveria de ser grande...
    Beijoca cara U.

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    1. Glaucoma é muito perigoso.
      Não tenho mas o meu pai tem. Tenho de vigiar, creio que tem componente hereditária.
      Olá Q., olá caixa de óculos. Junta-te a mim.

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  4. Uva, tinha 4 dioptrias num olho e 1,5 noutro, parecido contigo. Usava óculos desde os 9 anos, nunca me adaptei a lentes. Fiz a cirurgia laser, e já passaram 3 anos. Foi uma das melhores coisas que fiz a mim para mim. O "truque" é não ires para a internet ver detalhes da cirurgia. Dão-te um calmante, por isso ficas zen durante a coisa. e é rápido, muito rápido. beijinhos

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    1. Pois bem sei, bem sei. O meu rapaz fez o laser e a minha mãe também, mas intra-ocular.
      Estão ambos felizes da vida. A minha mãe era uma grande miupe com 16 - 18 doptrias, sempre de lentes anos sem fim, e o rapaz usava óculos desde os seis anos.
      Eu tenho medo. Já fui à consulta com o cirurgião deles e até estava mais ou menos convencida, mas afinal revelei-me uma autêntica caguinchas.

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    2. Mas tu vê isso, q eu acho q agora já há um procedimento novo (acho, disseram-me qq coisa por causa da operação da minha tia, mas admito q por vezes a minha mae alucina :))

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  5. Olha, eu é também lentes pa ficar bonita e diz que com a idade a intolerância à coisa piora galopantemente. Pois que então também já só sinto areias e lentes rebolantes. O ir escar a coisa ATRÁS do olho tornou-se para mim o comum final do dia. Por isso, mal acabe a PhD Thesis (Maio!Maio!Maio please), é operação com ela. Quero-lá-saber. Vai correr bem e não estou para cangalhos, que para ar pesado já me bastam olheiras, rugas e outras cenoisas que crianças, tese e trabalho em tribunais me doaram. Temos pena mas quero ser gira, ahahahaha

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    1. E fazes tu muito bem. És Modern ou não és??
      Essa das lentes não te fies. A minha mãe nem óculos tinha (odiava) e usou lentes até aos 60, e durante uns bons 35 anos sem stop. Vinham de Espanha e quando as mandava limpar (antigamente não havia lentes diárias e semanais) tinha de ficar lá à espera que elas ficassem prontas.
      Nunca a ouvi queixar-se, já eu, sei lá quantas já experimentei. Todas me afligem, caramba, todas.

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