28 de julho de 2015

E depois há umas pessoas que fazem umas coisas...

muito engraças, muito bem feitas, baseadas em princípios muito antigos mas absolutamente atuais - como é o caso do [princípio] que foi seguido ao pé da letra pelo fotógrafo André Vicente Gonçalves -, que vão muito para além daquilo que a maioria das pessoas tem coragem de fazer, e no meu caso até de pensar. 
O André era uma pessoa entre tantas que percorria cabisbaixo o caminho para o trabalho.
Devo ter-me cruzado com ele algumas vezes na calçada matreira da vida que cobre as ruas da minha cidade.
Ele passou por mim, tropeçou numa janela e abriu-a.
Eu passei por ele, tropecei em mim mesma e bati com a testa.
Não cheguei a ver a janela.

Escolhe um emprego que realmente gostes e nunca terás um dia de trabalho na tua vida (Confúcio).

Nós, a grande fatia ativa, que nem a possibilidade de escolher um emprego temos, ficamos muito pensativos a olhar para este princípio ativo da felicidade do André, que o André segue e que o André partilha, e ficamos com a certeza que quem o segue é corajoso, com a certeza de que o princípio é verdadeiro, resulta muito bem, traz satisfação e (aqui e ali) são visíveis - depois de bem peneirados os dias -, bons e grandes flocos de felicidade.
As janelas. Os nossos olhos. A nossa alegria. Os dias novos que despertam. A esperança.
Todas as janelas são diferentes. Como nós.
E no entanto são todas janelas, cumprindo a mesmíssima função.
E se há janelas em toda a parte, porque teimamos nós em portas fechadas?

Não sou Confúcio mas arrisco num princípio.

Escolhe uma janela e mete-te dentro dela. A algum lado ela há de ir dar. 

BURANO
ALPES
VENICE
ALBUFEIRA
ÉVORA
MONTEMOR-O-NOVO
ERICEIRA
PORTO
   LISBOA

Outros trabalhos do artista aqui!

8 comentários:

  1. É um trabalho muito interessante e cativante. Eu adoro janelas e gosto delas abertas. As janelas são o coração da casa. Já cantava Chico Buarque:

    "Abre o teu coração
    Ou eu arrombo a Janela".

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    1. Maravilhoso.
      Eu assim que chegava a casa abria logo as janelas.
      Agora não posso. Tenho medo que a minha gata louca me salte janela fora.

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  2. Uva, as janelas, tal como as oportunidades que agora querem muito que sejam amigas, têm para mim, sempre o mesmo significado: deixar entrar o ar, enquanto ele nos quiser fazer bem.
    Estando eu necessitada de bons ares, foi ótimo ter vindo aqui para respirar melhor.
    Grande abraço,
    Mia

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    1. Aproveita para respirar o ar que eu estou completamente sufocada.
      Vejo muitas janelas mas estão todas trancadas.

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  3. Dos meus escritos, constam vários sobre "a minha janela" por tanto me ter afeiçoado a ela... Não respondo ao teu desafio, mas ao que ele me fez lembrar...

    "Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

    Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

    Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim".

    Cecília Meireles,

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    1. Muito bonito. Obrigada pela maravilhosa partilha.
      Um abraço Roger.

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  4. Fantástico! Uma janela é sempre uma saída e/ou uma entrada. Dificilmente viveria sem janelas :)

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  5. Adorei!
    gosto imenso de fotografar portas e janelas (vá-se lá entender estes gostos...) e estas estão maravilhosas!

    um beijinho*
    Dreams and Lemonade

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