10 de dezembro de 2015

Das voltas que a vida dá

Quando eu era uma chavala, naquela idade em que qualquer brisa era na verdade um furacão, a minha melhor amiga foi estudar para Lisboa.
Fiquei especada no meio do pátio, com os braços descaídos e a boca aberta.
- Como assim 'vais estudar para Lisboa'?
- Então, o meu pai quer que eu vá para perto do trabalho dele e conseguiu meter-me no liceu.
No liceu...
Mas que merda de pai é que nos tira assim a melhor amiga, ainda para mais para a enfiar num liceu?
- E nós?
- ´Tão, nós é fácil, pegas na camioneta e vais-me visitar.
Oh, sim, claro, e dos meus bolsos jorram notas de mil escudos para te ir visitar ao liceu...
Mas se as notas fraquejavam, as moedas iam aparecendo, e o liceu da minha amiga tornou-se parte integrante da minha vida, como fazem parte da nossa vida todas as melhores amigas.
Passava tardes perdidas no pátio à espera que a minha amiga acabasse as aulas que tinha da parte da tarde. Já me consideravam uma aluna, assisti a milhares de aulas, participei nas atividades festivas, ajudava nos convívios. Os alunos do liceu passaram a ser os meus amigos do liceu, o meu namorado betinho era um betinho do liceu, e quando mais tarde me encontrei com um livro da Isabel Stilwell, fiquei maravilhada, também com a história da sua construção.

Escusado será dizer o que vou dizer agora.
- Então e nós?
- ´Tão, nós é fácil, pegas na camioneta e vais-me visitar.

7 comentários:

  1. Nem que tenha de apanhar o Sud Express, irei sempre visitar-te.

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  2. Fico sensação que há umas semanas, partilhei um espaço de viagem (meio de transporte) com a xô dona Isabel Stilwell.
    Mas estava mais interessado no relato do jogo do GRANDE Sporting e não lhe liguei nenhuma. :p

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  3. Boa sorte Uva!
    (acho que conheço esse liceu...)

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  4. Portanto pegaste na camioneta... :-)
    Querida Uva, essa história só podia ser tua.

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  5. Do longe se faz perto num instante quando queremos.

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