Estaria aqui a pensar para os meus botões, se os tivesse, que ao contrário de muitos saudosistas que por aí proliferam, não tenho saudades de nada, nisto dos blogs.
Constato, chego agora a esta conclusão, que na minha visão do futuro, as pessoas que têm saudades do passado nisto dos blogs, não têm futuro.
De cada vez que oiço dizer aos saudosistas as saudades que têm deste ou daquele registo, nesta ou naquela pessoa, lembro-me sempre dos bons artistas, que mudaram de registo e se foram desta para pior, no cenário artístico. Não há complacências para quem muda, mas Deus ajuda, e isto é cómico, dada a ironia.
Os artistas que somos, eu e outros como eu, que partilham em blogs, têm, a certa altura, uma absoluta vontade - e necessidade - de mudar de registo, de falar alto, de se envolver numa luta, ou na disputa por algo que acreditam valer a pena, não deixando de ser [por isto] eles próprios, genuínos e interessantes.
Pelo que sei ainda não nos é possível trocar de alma, a não ser depois de mortos.
Ora o êxtase é que nenhum bloguer que partilha diferentes registos de si próprio está morto.
Nada se perde, tudo se transforma.
Quanto a mim, e a esta esdrúxula visão de futuro, morre a cada dia quem não viaja nos delírios dos outros.
Preferia que me fuzilassem contra uma parede.
Ficaria muito mais satisfeita.
É MESMO ISTO!!
ResponderEliminarEscreve uma gaja um texto de 23 km e tu, em meia dúzia de linhas, tau!
Não sei se consegui escrever tudo em meia dúzia de linhas. Mas era mesmo isto que queria dizer.
EliminarAquilo não são delírios, Uva, não são delírios...
ResponderEliminar'Aquilo' é um blog com uma pessoa lá dentro. As pessoas são um torvelinho de coisas, mormente delírios. Se aquele delírio em concreto faz mal a alguém, como por exemplo o mal que me faz a mim a penicilina, o melhor é não tomar. Cada panela tem um a tampa para ela. Se aquela panela ferve e deita tudo por fora, é esperar que se apague o lume ou procurar uma penelinha mais jeitosa. O problema é que o que as pessoas mais adoram é andar com pinças a tentar mudar os outros. Eu isso acho de uma falta se senso enorme, sobretudo se nem sequer nos são nada.
EliminarCurioso...
ResponderEliminarCada qual com o seu registo e com as suas vontades. Nada mais natural que a vontade de mudar. Tão natural e tão banal, mais ainda no universo facilitista dos blogues. Por uma questão pessoal prefiro não renegar (apagar) nenhum já construído. Existem formas de manter e mudar. Ou mudar por alegadas mudanças mas no final, o registo ser exatamente o mesmo dos blogues anteriores. O que, se calhar, indica que nada realmente mudou. A não ser a máscara. E precisamos assim de tantas?
Portuguesinha, relativamente a máscaras muito há a dizer, mas posso afiançar, nos dias que correm nunca são de menos.
EliminarTalvez tenhas razão... Há lições que teimo em aprender. Essa tende a ser uma delas.
EliminarMas... Mas... Devo ficar preocupada com o meu futuro nisto dos blogs? Andas, também tu a vaticinar-me uma ausência de futuro?
ResponderEliminarNem sei que diga disto. Vou à bruxa, pronto. Ah! Espera...
Tens saudades do que escreveste em 2013? Saudades daquela Picante linda de 2010? Voltavas a ser a mesma pessoa só porque de repente eu chegava lá ao teu blog e dizia: isto está uma verdadeira porcaria, antes é que era bom! Claro que tu, que como a água de um rio não passa duas vezes por baixo da ponte, menos ainda por baixo de ninguém, vais achar aquilo uma parvoíce. Tiveste aqueles momentos, mas agora és outra ou pelos menos estás uma igual-diferente. O teu futuro está assegurado nisto dos blogs. Se perderes a tineta ficarás ainda melhor!
EliminarEstá aí a ideia subjacente, e errada já agora, de que tento mudar quem quer ou o que seja. Não é verdade.
EliminarDesde quando é que exprimir saudade pelo tempo em que se achou os blogs divertidíssimos é tentar mudar o que alguém é ou escreve?
E desde quando é que se tornou errado exprimir sentimentos?
É normal as pessoas mudarem, claro que é, mas a tua essência não muda Uva, essa permanece (e se mudar então é porque se calhar os olhos que a vêem tinham uma máscara).
E sim, às vezes tenho saudades dos meus posts de 2013. Uns posts tão lindos...
Certíssimo!
EliminarEsse é o ponto do ´meu post. A alma não muda, a essência está toda lá, acontece que agora já não é como dantes, e as pessoas tendem a assassinar, aliás, a chacinar a 'suposta' mudança.
As pessoas não sabem ler nas entrelinhas e não sabem dar tempo aos outros.
Há períodos difíceis como a merda. E parece-me que isto é que não é permitido em blogs.
Eu tenho um problema aqui com o meu blog, como tu também deves ter com o teu, que são os anónimos que nos massacram descaradamente, carnificina literária é chamar pouco ao que já aqui me vieram dizer uma e outra vez. Repara, sou uma gaja absolutamente normal que escreve um blog da treta, imagino as mais conhecidas, olha o Markl por exemplo.
Sobre o tema que estamos as duas a debater, assiste-se agora a uma coisa totalmente inversa, o feitiço contra o feiticeiro, o anónimo já não é o filho da mãe desconhecido que incendeia o email lá atrás, nos fundilhos, agarrado ao teclado com um riso escarninho, agora o ‘anónimo’ é o dono do blog, e resolve fazer aquilo que os outros fazem por trás, mas pela frente. Toda a gente a ler. Caramba! É duro? Sim, mas isto é só para duros, na verdade…
Eu acho que a mudança de registo que se verifica é sobretudo um abre olhos para aquilo que se faz nos bastidores desta merda, é preciso denunciar, mostrar, e é assim que são as pessoas que não usam máscaras. Corajosas. Duras, sem complacências, mas absolutamente necessárias.
Quem se sente fragilizado, retira-se.
(Não sei se percebes este emaranhado de coisas, mas não consigo explicar melhor.
Os teus posts de 2013 estão no meu coração.
Juro!
Malvada! Fui ler dois ou três posts de 2013 e concluí que não só escrevia melhor, como também as pessoas que por cá andavam eram muito mais divertidas. E agora carai?
EliminarSabes, Uva? O problema dos anónimos resolve-se fácil, vai-se ali às opções de comentários e retiram-se os ditos.
Quanto ao tema que estamos a debater... Talvez seja melhor não me alongar muito, digo apenas que se é necessário mostrar tudo aquilo que se quer mostrar, não é menos importante manter o respeito por nós próprios e evitar ruelas que levam a caminhos de difícil retorno.
(eu própria já desci dos saltos uma ou outra vez e não gostei da sensação, é sempre aborrecido quando damos por nós a não gostar de nós, dignidade é um valor fundamental)