Consegui comprar água. 6 litros ao certo.
Porque raio isso me faz feliz?
Aqui em Cape Town, estamos a passar por uma dura crise. Aquilo a que chamamos o "Day Zero" aproxima-se: no dia 16 de Abril, deixará de haver água. A primeira grande cidade no mundo.. que está a ficar sem água.
Desde o inicio deste mês apenas me é permitido gastar 50 litros de água por dia (equivalente a puxar o autoclismo 5 vezes). O meu banho não pode ultrapassar os 90 segundos. Esses 90 segundos contam a partir do momento em que abro a torneira (sim.. a água vem sempre fria ao inicio!) Carrego no autoclismo uma vez por dia. Ponho o balde debaixo do duche quando tomo banho para recolher água que pode ser usada para outros fins. Passo um guardanapo em cada prato depois de comer para retirar a maior parte da gordura para depois não gastar tanta água para os lavar. O banho do bebé da minha vizinha é feito num balde, não há lugar para brinquedos flutuarem à superfície. Gostava de ter mais umas plantas por casa, mas o meu namorado relembra-me "Aurélie, vais ter que gastar mais água para as manteres." Tento reutilizar a roupa que já usei mais vezes antes de a pôr para lavar.
Estes são alguns inconvenientes, que não considero ainda como uma grande problemática para seguir com a minha vida no dia a dia. É chato, é desconfortável, mas faz-se. O pior ainda está por chegar, faltam dois meses. Não haverá água a sair do duche, nao haverá água a sair da torneira para o copo e milhares de pessoas nesta cidade já não vão ter autoclismo para puxar.
Nos últimos meses, os cidadãos foram ainda mais alertados para pouparem água através de cartazes e comunicação pelas ruas, na TV, nas revistas, nos aeroportos, nos edifícios, nos elevadores, etc. E não é que 60% dos habitantes.. não aderiram e não se quiseram esforçar. Continuaram a gastar água na mesma. E de repente, quando estamos em cima do acontecimento, tudo entra em pânico. "Mas vamos mesmo ficar sem água? Então... e agora?!"
Estou neste momento a repensar, mais do que nunca, na inteligência do Homem e no seu egoísmo e na sua dificuldade em fazer pequenos sacrifícios no presente para poder haver um bom futuro (ou simplesmente.. um futuro!).
Os lineares dos supermercados estão vazios sem garrafas de água há mais de um mês. Começou a caça. E hoje, por acaso, encontrei 4 garrafas, deixadas para trás. E não é que sinto que já ganhei um pedacinho do meu dia, com uma coisa tão simples.
É difícil.
É mesmo difícil eu idealizar que a água que vejo a sair de qualquer torneira todos os dias desde que nasci, em qualquer momento que quisesse, na quantidade que eu quisesse possa um dia acabar. Termos água a correr da torneira é um luxo e é errado acharmos que é algo de garantido. É uma lição que já me custou mais a aprender (e que continuo a aprender). Há que repensar no nosso consumo 🙂 Water is life.
E em Abril, quando deixar de haver água aqui?
Porque raio isso me faz feliz?
Aqui em Cape Town, estamos a passar por uma dura crise. Aquilo a que chamamos o "Day Zero" aproxima-se: no dia 16 de Abril, deixará de haver água. A primeira grande cidade no mundo.. que está a ficar sem água.
Desde o inicio deste mês apenas me é permitido gastar 50 litros de água por dia (equivalente a puxar o autoclismo 5 vezes). O meu banho não pode ultrapassar os 90 segundos. Esses 90 segundos contam a partir do momento em que abro a torneira (sim.. a água vem sempre fria ao inicio!) Carrego no autoclismo uma vez por dia. Ponho o balde debaixo do duche quando tomo banho para recolher água que pode ser usada para outros fins. Passo um guardanapo em cada prato depois de comer para retirar a maior parte da gordura para depois não gastar tanta água para os lavar. O banho do bebé da minha vizinha é feito num balde, não há lugar para brinquedos flutuarem à superfície. Gostava de ter mais umas plantas por casa, mas o meu namorado relembra-me "Aurélie, vais ter que gastar mais água para as manteres." Tento reutilizar a roupa que já usei mais vezes antes de a pôr para lavar.
Estes são alguns inconvenientes, que não considero ainda como uma grande problemática para seguir com a minha vida no dia a dia. É chato, é desconfortável, mas faz-se. O pior ainda está por chegar, faltam dois meses. Não haverá água a sair do duche, nao haverá água a sair da torneira para o copo e milhares de pessoas nesta cidade já não vão ter autoclismo para puxar.
Nos últimos meses, os cidadãos foram ainda mais alertados para pouparem água através de cartazes e comunicação pelas ruas, na TV, nas revistas, nos aeroportos, nos edifícios, nos elevadores, etc. E não é que 60% dos habitantes.. não aderiram e não se quiseram esforçar. Continuaram a gastar água na mesma. E de repente, quando estamos em cima do acontecimento, tudo entra em pânico. "Mas vamos mesmo ficar sem água? Então... e agora?!"
Estou neste momento a repensar, mais do que nunca, na inteligência do Homem e no seu egoísmo e na sua dificuldade em fazer pequenos sacrifícios no presente para poder haver um bom futuro (ou simplesmente.. um futuro!).
Os lineares dos supermercados estão vazios sem garrafas de água há mais de um mês. Começou a caça. E hoje, por acaso, encontrei 4 garrafas, deixadas para trás. E não é que sinto que já ganhei um pedacinho do meu dia, com uma coisa tão simples.
É difícil.
É mesmo difícil eu idealizar que a água que vejo a sair de qualquer torneira todos os dias desde que nasci, em qualquer momento que quisesse, na quantidade que eu quisesse possa um dia acabar. Termos água a correr da torneira é um luxo e é errado acharmos que é algo de garantido. É uma lição que já me custou mais a aprender (e que continuo a aprender). Há que repensar no nosso consumo 🙂 Water is life.
E em Abril, quando deixar de haver água aqui?
É uma realidade chocante!...
ResponderEliminarNem consigo imaginar um mundo sem água...
ResponderEliminarÉ impossível imaginar, porque sem água não haverá Mundo!!!
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