Tive a grande honra de conhecer pessoalmente o Mestre Eduardo Nery.
Tive ainda o privilégio de conhecer o seu atelier, ainda que postumamente, onde o Mestre trabalhou freneticamente e compulsivamente, numa quase obsessão e numa torrente de criatividade e unicidade que até hoje poucos alcançaram.
Eduardo Nery foi mais do que um artista brilhante e inteligente, foi também um artista multifacetado e genial, já que percorreu uma grande diversidade de técnicas, da pintura ao azulejo, passando pela tapeçaria, vitral e fotografia. Foi também um colecionador imparável, tendo um espólio muito significativo de Arte Africana, que conta com mais de 800 peças únicas e de grande valor histórico.
Se para alguns é fácil distinguir um Paula Rego de um Pomar ou de um Helena Vieira, pois que cada artista imprime fortemente o seu "traço" e a sua vincada identidade artística, é no entanto muito mais difícil reconhecer uma obra de Eduardo Nery, já que se aprimorou em vários aspetos da arte e da cor. Digamos que Nery foi um Pessoa com os seus heterónimos, que consumou quase que na perfeição cada um dos seus diferentes personagens artísticos.
A face mais visível da sua obra é a arte pública, ou arte urbana. Neste contexto, Eduardo Nery deixou em várias cidades portuguesas e nos fora internacionais, uma marca indelével, que a sua recente morte ainda não fez jus, mas que o tempo fará o favor de remediar, espero que com grande pompa e circunstância.
Tem no entanto fervorosos admiradores, entre os quais destaco a sua mulher Mª da Graça Nery, incansável na visibilidade pública do artista e na elevação da sua grande obra.
Tem no entanto fervorosos admiradores, entre os quais destaco a sua mulher Mª da Graça Nery, incansável na visibilidade pública do artista e na elevação da sua grande obra.
A obra de Eduardo Nery, da qual saliento a técnica Optical Art, é desconhecida do cidadão comum, que passa e olha a sua arte impressa nas fachadas e nos passeios das ruas da sua cidade, mas não a reconhece.
Assim, e a propósito de uma certa viagem de bicicleta pela Avenida Infante Santo, resolvi deixar aqui as imagens mais comuns do artista, tão nossas conhecidas, mas que muitas vezes não sabemos de quem são. São afinal de Eduardo Nery, esse grande mestre da arte portuguesa.
Deixo neste pequeno espaço um contributo e o meu reconhecimento público que qualquer artista merece, mas me merece sobretudo este, não só porque me encanta a sua obra, mas porque vejo que a sociedade portuguesa ainda não (re)conhece o seu trabalho e a sua genialidade, não por falta de interesse, mas por falta de conhecimento e muito por falta de apoios à Cultura em Portugal.
E é no final, a cultura portuguesa que fica a dever a este grande mestre algumas das marcas mais significativas das últimas décadas.
Muito bem, junta-se a visualização à informação :) e sempre fico a saber mais um bocadinho.
ResponderEliminarMas atenção, nada de bicicletas, eu por onde passo é a correr só à conta dos ténis e das perninhas.
Ai não era na bicicleta? Bolas. Isto os anos não perdoam...
ResponderEliminar