9.30h - Encontro marcado com a máquina de esborrachar mamas.
Mais um dia de exames médicos e consultas, desta vez num centro radiodiagnóstico da grande urbe odivelense. Antevejo horas de espera.
Tento entrar. A porta não abre. Empurro com força. A porta não abre. Dou três passos atrás para ver o letreiro. Estou desconfiada de ter chegado cedo demais. Não cheguei. Abriu às 8h.
De repente uma cabeça grisalha espreita pela frincha: ó desculpe, nem reparei que estava a impedir a entrada. Entre por favor.
Entro a custo já que a porta não abre totalmente. Ok, percebi a coisa. Ao todo estavam umas 15 utentes em frente à receção, todas juntinhas na zona da porta. Está frio lá fora, pensei, se calhar é para se aquecerem.
Como não tenho frio, tiro a senha e dirijo-me para a zona das cadeiras. Têm a televisão no Goucha e um monte de revistas HOLAs, em cima de uma mesa. Ninguém sentado. Tá visto que não sabem ler espanhol.
Chegam mais 2 senhoras e ali ficam, atrás das outras.
Desconfio que há algo de errado comigo. Sou a única que está sentada. As restantes utentes, tudo com as mamas esborrachadas (sem ser da máquina), continuavam de pé.. em frente à porta.
De repente um ó da casa! ouve-se lá fora. A última alminha da fila vira-se a custo e encolhe-se para abrir a porta e conseguir dar passagem ao senhor do saco.
O senhor do saco, que não quer saber de ajuntamentos com mulheres desconhecidas, esgueira-se e vai colocar-se do outro lado do balcão, passando à frente de toda a gente.
Abre o saco, e espreita. Parece-me orgulhoso do seu conteúdo. As senhoras olham curiosas.
Perco o meu campo de visão e estico o pescoço. Tofina! Um frasco de Tofina cheio de mijo, ergue-se por cima do balcão.
Menina, já aqui tenho o xixi. É de agora. Sim, sim, mas meta isso dentro do saco, por favor. Mas ó menina, isto está limpinho, quer ver? Zás! Infelizmente foi com força de mais. O frasco da Tofina parte-se mesmo em cima do balcão.
Subitamente, como se um banal xixi se transformasse num enxame de vespas, as pessoas que ali se encontravam, correram todas ao mesmo tempo para a zona das cadeiras, agarrando-se como puderam às revistas espanholas. A receção ficou vazia.
Eu, que ali estava desde o início sozinha, fui obrigada a levantar-me para dar lugar às senhoras.
No balcão, o homem e as meninas da receção debatem-se com o frasco que continua vertendo um xixi fumegante para cima da papelada.
Eu, que não tenho especial nojice pelos xixis das outras pessoas, aproveito para ir até ao balcão para ver se era finalmente atendida.
Que porcaria menina, que porcaria.
Olhe passe já para dentro que fica já despachada.
Fui atendida em três tempos...
Xixi... what else?
Que porcaria menina, que porcaria.
Olhe passe já para dentro que fica já despachada.
Fui atendida em três tempos...
Xixi... what else?
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