10 de junho de 2014

A história sinistra da FERA BRANCA!

Estou furiosa!
Em primeiro lugar está um frio dos diabos.
Hoje, numa primeira tentativa de ir ´para a praia' levantou-se ali uma ventania tal, que não fossem os meus olhos treinados para isto do windsurf, e podia jurar que a malta que se aventurava hoje na Lagoa, não estava na prática de windsurf mas num qualquer desporto motorizado, tal era  bisga que levavam.
O que me vale é que aqui onde me encontro, o que não me falta são coisinhas para fazer...
- Vamos então aproveitar para caiar?
- Hoje? Não queres esperar pela tua avó?
Não, eu sei fazer. A Uva tudo sabe, tudo faz e tudo resolve. Tragam uma traineira que até faneca sei apanhar!
A minha família, que tem uma fenomenal panca por casas caiadas, preparava uma grande empreitada para o fim de semana. Mas eu, que não podia deixar de lhes dar essa alegria, resolvi agarrar no senhor meu marido e fazer as honras à casa.
E a minha avó havia de ficar contente de lhe pouparmos tanto trabalho.
- A cal? - Está ali no saco. - Sabes preparar aquilo? - Claro que sei. É misturar na água e mexer.
A cal é daquelas coisas que chega a ser angeli(cal). Por mais perigoso que seja, a pessoa nunca está à espera que aquilo chegue mesmo a morder.
Mas morde. Ó se morde.
Um baldinho de água, e vá cal lá para dentro.
- Então? Já está? - Está quase. Tens aí alguma coisa para mexer isso?
Foi só virar as costas, quê, um segundo. A cal, qual fera indomável, aprisionada durante anos dentro de uma gaiola, começou a borbulhar, a borbulhar, a crescer, a crescer, e eu, completamente atónita a olhar para aquilo e a pensar que afinal a mentira tem perna curta, e que ideia peregrina foi esta de ser eu a preparar a cal, e ai que está viva, e ai que vai saltar, e ai que isto não é cal, e ó da casa, ó da casa, e acode aqui, acode aqui, eeeeeeeeeeeeeeeeeeeee zás, sai um valente pontapé no balde, cheia de medo que aquilo me explodisse com a casa, com o marido, com as férias, e está tudo bem, a mamã já resolveu, e era uma vez um baldinho de cal, que escorrendo escada abaixo, impossibilitou o brilharete do jovem casal, de apresentar à família alentejana uma casinha caiada, e pior, deixando-me novamente sem nada para me entreter, no meio deste pinhal sem fim, além de ter de lavar à mangueirada, o que restou da fera branca.
A vida às vezes é madrasta.
Não consegui embarcar a bicicleta porque com a quantidade de tralha que 'algumas pessoas' trazem para caiar casas, fiquei sem espaço para 'a roda da frente'.
Pelos mesmíssimos motivos, não consegui trazer a máquina de costura do IKEA, agora que tinha resolvido fazer os meus próprios calções de ganga com as  calças apertadas velhas.
Ou seja, com as atividades manuais totalmente comprometidas, só me resta meditar, meditar muito..
Gostava muito de vos mostrar a casa caiada, as barrinhas azuis, mas sem essa possibilidade, mostro coisas.
- Que coisas?
- As coisas que se passaram ontem no céu e que fotografei da minha varanda.
Vale muito a pena, e no fundo, é só isto que vale a pena.
As coisas que vejo da minha varanda.
- O que é?
- Poesia.






 
 

3 comentários:

  1. ahahahaha.....
    Uva, então??? Não ías de férias??? lol

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    1. Eu estou de férias.... mas sabes como são as férias numa casa... férias à séria só em hotéis de 5 estrelas num sítio onde ninguém nos conheça.... Aqui sou uma moira, Maria, uma moira!

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  2. cal e férias são capazes de não combinarem, apesar das boas intenções. mas fica o esforço! :)

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