5 de junho de 2014

Há uma explicação lógica para tudo isto. O meu shoefie tem um porquê.

Desde que trabalho com advogados que a minha vida tem sido... interessante.
É verdade. A pessoa, quando se mete por caminhos apertados, ou sai esganada ou encolhe-se, e há um ditado muito antigo para isto: se não te juntas a eles, vence-os. É o que tenho tentado fazer, mas o contencioso não tem sido fácil de gerir.
Vai daí que para conseguir sobreviver dentro do covil, passei por várias fases.
Primeiro andava sempre de saltos muito altos.
Os saltos eram uma forma de me evidenciar, mais pela elegância que pela altura, já que consigo (mesmo de sabrinas) ver a careca a quase todos os Rule of Law que por aqui se cruzam comigo, nos corredores.
Foi de tal maneira violento, que o meu chefe me chamou ao gabinet, para me dizer que tinha o dep. financeiro todo em baixa médica, por força de olharem para cima e me pedirem cafés. Dizia ele que os meus 1.74m + saltos agulha, não só picavam o magnífico chão de carvalho, como me elevava a uma posição que eu, naturalmente, não tinha.
Sem grande expetativa, tentei a saia travada, camisa branca e óculos pretos de massa. Dificilmente me tomavam por profissional do Rule of Law nestes preparos, e quem é que eu quero enganar, as advogadas das boutiques de advogados, usam tudo, menos saia travada e saltos agulha.
O resultado foi um desastre. Amiúde me chamavam à sala para lhes servir cafés e torradas com marmelada, e às vezes aqui no restaurante do Zé, havia clientes que me entregavam gorjetas, confundindo-me com o empregado de mesa. Foi bom, mas depois caí no ridículo de andar às gorjas só para escapar às marmitas intragáveis, que eu própria perparava para mim
Foi por esta altura que tive uma epifania. Estudei todo um código de ética fashion, e tudo apontava para as tendências masculinas.
Ou os homens me viam como um(a) da mesma espécie, ou então a coisa não progredia cá como eu queria (e não vale a pena falar aqui de mamas e essas coisas, que esse assunto foi dado como arquivo morto, creio que ontem).
E assim foi. Desde que uso os mocassins do meu pai, que as coisas têm mudado muito para mim.
Especialmente porque tenho conseguido fazer uma coisa muito difícil para a maioria das pessoas.
Meter-me nos sapatos do 'outro'.
Quem diria...

9 comentários:

  1. Aviso já que estou a comentar sem ter lido o post. O teu shoefie até pode ter um porquê, mas o meu tem luz por baixo. Embrulha!

    Agora vou ler o post e já cá venho dizer coisas inteligentes e tudo e tudo...

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    1. Tu sabes quem é que diz embrulha! não sabes???? Hahahaha a miúda lá de casa... o dia inteiro.

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  2. Advogados, boutique law firm, não faço ideia de que falas. Fico-me pelo "o meu tem luz por baixo".

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    1. Tu é um E.T. Já me tinham dito... só eu não quis acreditar. É demasiado para mim...

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  3. Eu adorei, talvez porque nunca passei da fase do salto alto.

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    1. Olha, tiram-se muitas ilações e muitos ensinamentos destas linhas, não tiram? Hahahahaha.
      Loiraaaaaaaaa! Este fim se semana tb vou andar de bina. Mas só lá na rua em frente à casa. Uva passa é Uva passa....

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  4. A realidade não deve ser nada como nos filmes, vocês não acabam todos ao fim da noite no bar a cantar e dançar como na "Ally Mcbeal"? Pois não? lol.....

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    1. Não Maria. Eu acabo o dia na Calçada de Carriche, mortinha para chegar a casa, fazer o jantar e dar banho à criança.

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  5. Então eu comecei pelo fim. Tenho os saltos altos, que tenho, mas, geralmente, ando de sabrinas!

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