1 de julho de 2014

Publicidade no blog da Uva Passa?

Queridos publicitários em geral, e malta que vende coisas às pessoas dos blogs, em particular:

São horas de vos receber no portaló da minha pequena cesta de frutas.
Vocês têm sido de uma constância pouco constante, e  pouco ávidos a visitá-la, que é agora preciso que me liberte do medo de parecer ufana desta minha obra que é a cesta, e venha delicadamente cumprimenta-los, uma vez ao menos, mesmo que me pareça que não tendes vindo cá nunca.
Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grata e correta.
Se antes deixava a portinhola no trinco e um buraco na porta para os gatos, agora estou em querer que tenho aqui sumo suficiente para vos dar a beber, e resolvi, muito embora contrariada com o meu ego de pobre, abrir esta porta de par em par, para que venham sem medos, porque se há coisa que a dona da cesta gosta, é de consumir maravilhosos produtos, desses que tendes para oferecer.
Entrai.
Vinde ver a desgraça alheia, essa que escondi com pudor, e de cujo pendor não me orgulho, de gostar de pintar os cabelos com água oxigenada. Não tendes por vossas ilustres casas uma tinta que se pegue ao cabelo sem que caia pela raiz? E que dizeis se vos apresentar, tantas dessas, que como eu, perdem cabelos como respiram?
E cremes? Desses que fazem as feias bonitas, as velhas novas e as cabras princesas? 
Não se acanhem se não vos trago no regaço um batalhão de ilustres leitores assíduos, mas a verdade é que todos os que aqui se achegam, prevendo que a cesta não tem mais do que três ou quatro azeitonas pisadas, se vão, pois que outra razão poderão ter para ficar se nada tenho para lhes oferecer, além de letras velhas e frases murchas?
Carece pois, esta cesta básica, de produtos vários, produtos maravilhosos, belas maçãs e frescas uvas, para que  ilustres leitores fiquem e se sentem, e depois, com a barriguinha cheia, e doces memórias, voltem, porque sozinhos não são capazes de distinguir se uma uva passa é ou não melhor do que uma chouriça de Alpalhão.
Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grata e correta, para ilustres leitores.


Queridos publicitários em geral, e malta que vende coisas às pessoas dos blogs, em particular:
Entrai.
Vinde sem pejo e sem dolo, pois que mesmo que não se venda nada à clientela careca carente, sempre podem rir e conversar sobre técnicas ancestrais de fazer humor negócios.
Esta cesta pequenina, que parafraseando Torga e outros andantes, é um nicho de grande qualidade.
Trazei medronho de Monchique, e prometo-vos que não se vão arrepender.



4 comentários:

  1. Vim aqui deixar-te uma morcela beirã, das boas boas, como agradecimento pelo texto magnífico desta manhã.
    :)

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    1. Vem sempre minha amiga, vem sempre. Mesmo que em tempos mais escuros ou com novoeiros mais densos, saberás que a portinhola estará sempre no trinco. Isto é, se não conseguires tu própria passar no buraco para os gatos. Grande abraço. Não fosses tu e hoje atirava-me ali pela janela.

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  2. sobre isto, mesmo não sendo publicitária (mas tenho pena), gostava de agradar, enviando umas amostras daquelas bem "piquenas" que as revistas do universo feminino traziam, mas infelizmente, o atual estado de penúria privou-nos dessas borlas. sendo assim, deixo só um muito bom dia! :)) e venho cá, mesmo a "seco"!

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    1. Grande, grande e ilustre leitor. É para vós que peço, é só a vocês que quero agradar. Não tendo maravilhosos produtos, ofereço a minha eterna gratidão por vos ver aqui passar.

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