3 de setembro de 2014

E o que eu gosto de ouvir o Júlio Machado Vaz...

E foi mais uma vez através da telefonia, que eu chamo assim porque foi assim que a minha avó me ensinou, e eu dou grande importância às coisas que aprendi com ela, nomeadamente que comer pão com banha e açúcar é melhor que o tulicreme, mas como eu ia dizendo, na telefonia do meu automóvel, sim, do meu automóvel, porque por acaso já o paguei, demorei anos sem fim, diria mesmo que me pareceram quase tantos quantos os que tinha a minha avó, mas avancemos, lá ia eu nesses preparos, quer dizer, a guiar um automóvel velho como a minha avó e a ouvir o Júlio Machado Vaz na telefonia, quando ouvi mais uma vez a realidade ultrapassar a ficção.
E gosto desta palavra, ficção, porque tenho a certeza absoluta de que ainda mantém os dois c´s, coisa que tenho duvidas quanto a outros exemplos.
Pois bem, dizia eu que o Julinho, assim é chamado pela sua querida interlocutora radiofónica, falava hoje de um assunto muito interessante.
Os presos.
Ora os presos de que falava o nosso Julinho, foram engavetados por violência doméstica. Casca grossa, portanto.
Elas, as mulheres dos presos, levavam nas trombas - e desculpem-me o termo, mas é assim que se fala na prisão - forte e feio e até dizer que já chega, algumas acabando mesmo por morrer, mas enfim, não foi dessas que rezou a história, mas das outras, as que sobreviveram.
Pois então, e como é da praxe, e as praxes já todos sabemos, são uma grande merda, mas na choldra são uma merda ainda maior.
Assim sendo, temos que nos presídios cá do burgo, os presos, mesmo os condenados por violência doméstica, receberem visitas, mas como são presos especiais recebem visitas também muito especiais, e são tão bem tratados que alguns até dão umas quecas com estas visitas numa sala de chuto num quarto com cama para casal.
E quem é que visita estes presos? 
Ora nem mais. As mulheres que levaram na tromba.
Como?
Porquê?
Porque eles estão presos por causa delas. Óóóóóóóóóóóó..... E depois elas sentem muito aquela coisa chamada culpa, e enfim, lá vão elas, muito tristonhas, com a sua saia rodada de godé, a camisolinha de algodão, chinelinha de enfiar, e com o cabelito muito lambido apanhado num carrapito, cheias de culpa, e de pena, visitar o seu agressor.
Chega a ser comovente, se não fosse tão estúpido, porque, e pasmem-se, em 65% dos casos, as bestas que lá estão hospedadas, batem, violentam fisicamente as suas visitas de cabelo lambido (NA HORA DA VISITA), e que são, como já disse, mas nunca é demais repetir, as mesmas que levavam nas trombas lá em casa,
Hã? 
Sim.
Na hora da visita a coisa descamba para o infinito da estupidez humana, e toca de fazer o gosto ao dedo e dar mais uns sopapos na gaja, que isto agora é mais raro, e a malta tem que aproveitar.
E elas comem, e voltam.
E os policias permitem que estes presos voltem a ter visitas. 
E é uma roda viva.
Não é tão gira a natureza humana?


 Chiiiiiuuuuu! Não façam barulho.
É a hora da visita.
Deixem lá o casalinho conversar à vontade.

10 comentários:

  1. Um homem que precisa de bater numa mulher, é um picha mole. Um ser desprezível.
    Mas como diria o JMV: o amor ( também) é... quando nos enganamos a nós próprios. Não se entende.
    Grande post. Parabéns, Uva Passa.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Deixa de ser desprezível, no momento em que é agraciado pela visita na prisão. O homem está detido, preso, incapaz de contactar a vítima e esta lá vai "meter-se por baixo", do corpo e da pancada. A partir desse momento não passam, os dois, de animaizinhos irracionais.

      Eliminar
    2. Outro ponto de vista.
      Mas não os acho animaizinhos irracionais, acho só que o sistema propicia a este tipo de situação. Se lhe proibissem a visita depois do primeiro caso, talvez fosse maelhor para os dois.
      Quanto a ela, é te digo, de cabelinho lambido, lá vai ela com a sua culpa...

      Eliminar
  2. Não se entende...
    É que apanham, vão lá vê-los, e ainda apanham de novo.
    Está tudo mal nesta história.
    Obrigada por passares por cá e um grande abraço. ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boa tarde, Uva-Passa.
      Não está nada mal e muito pelo contrário está perfeitamente alinhado.
      Há duas qualidades de mulheres. As Mulheres e...as mulherzinhas.
      Essas, as segundas, casam com homenzinhos também, em perfeita consentaneidade com o estatuto que merecem; subserviente e servidora.
      Logo, não há nada de estranho em levar nas trombas e ir visitar o agressor à cadeia.
      Limitam-se, muito simplesmente a não defraudarem a si mesmas o estatuto de que se orgulham.
      Os meus cumprimentos.
      Anti.

      Eliminar
    2. Está V. Exa. a dizer que só se estraga uma casa, não é verdade?
      Mas caramba. Subserviente e servidora concordo, mas irem lá para apanhar de novo, tipo masoquismo, já me custa.
      É como se lá fossem dizer: quando saíres não te esqueças de me vir matar.
      Não entendo...

      Olá Anti. Nice to meet you here ;)

      Eliminar
    3. Lá está a tal qualidade separatista.
      As Mulheres são aquelas que se distinguem das demais.
      As mulherzinhas também, pelo lado pior que é aquele que envergonha as primeiras.
      As primeiras são aquelas que em caso de divórcio ficam com a casa e as mobílias e o marido leva o carro e as dívidas. E não apanham. Pobre do valentão que lhe encosta a mão que em paga recebe um radioso sorriso de compreensiva feminilidade, o que leva a que no caso do eventual divórcio acima conjecturado, não só leve o carro e as dívidas como vá de rastos carregando os enfeites.
      As segundas nem são masoquistas nem sádicas nem são nada. Não têm vontade própria e toda a razão da sua vida se resume a não fazer o marido zangar-se.
      Ele quer a visita dela porque, coitado, um homem não é de ferro e portanto há que compreender a necessidade masculina, por isso vamos lá satisfazer o marido que no fundo, agora que está a pensar melhor, se ela não o enervasse tanto calhando nem ele se enervava para lhe ir às trombas. Quando ele sair vou mudar o meu mau feitio que ele até nem é dos piores e só é um pouco violento quando vem com os copos. Isto é ela, a mulherzinha, a pensar.
      Por conseguinte, as duas qualidades de mulheres pensam. Só que cada uma à sua maneira. Uma pensa com a os neurónios que só a classe e a educação permitem, e a outra pensa no padre que lhe disse da obediência e respeito que uma mulher deve ao marido, aquando do seu casamento.
      Que a coisa jogue para os dois lados? Isso ela não pensa, não. No fundo é homem e é sabido que um Macho não vem parir a casa.
      " A ver se mudo o meu feitio e começo a ser mais comedida para não o irritar tanto, coitado"
      Ainda a mulherzinha a pensar, agora numa de arrependida.
      Obrigado pela recepção. Foi um prazer comentá-la.
      anti.

      Eliminar
    4. Se tiverem filhos pior. Se forem dependentes financeiramente pior. Se forem submissas, submetem-se, e se o exemplo familiar for idêntico, uma mãe submissa, pai agressivo, então reproduzem o comportamento como se o presente fosse uma espécie de desígnio familiar de Deus. Mas a violência doméstica não é assim tão linear. Antes fosse. Nem só a lambidas desgraças sofrem. Há por aí muita mulher formada e hirta que leva pancada e da grossa. O problema atinge todos os 'tipos' de mulheres e rasga pano em todas as classe e condições sociais. Faz lembrar aquele exemplo de que só a malta da pesada é que dá no cavalo.
      O que na realidade aqui me aflige é o facto de as mulheres irem visitar o agressor (o que já é suficientemente estúpido) e levarem pancada durante a visita, num local que supostamente foi feito e existe para as proteger. Isto tudo sob o olhar atento e conivente do Sistema. Isto, pah, é que me encanita. Agora o motivo de lá irem, enfim, é subjetivo (sabemos lá nós da vida delas) e secundário. Não achas? Então não era de lhes proibir as vistas para sempre? Qué isso de bater nas vistas? Chegámos à Madeira? Ou isto afinal sempre é uma América?

      Eliminar
  3. Também gostava do JMV, até ele ir a tribunal como testemunha abonatória de um psiquiatra acusado de violar uma paciente grávida numa consulta. Consulta que o sr. Dr. fez amavelmente em sua casa.
    ...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É lécas... esse gajo devia era de ir visitar aqueles ali de cima para levar umas pancadas no focinho durante a visita... tá visto que estamos muito pior do que imaginava a minha fértil imaginação.

      Eliminar