22 de setembro de 2014

Lisboa, és tão boa!

Soube agora, por coisas cá da minha vida, que Lisboa é por estes dias a ilustre Capital do Barco.
Ai sim?
Sim.
Assim como Paços de Ferreira é a capital do móvel, Lisboa transformou-se ao início da manhã, altura em que caiu o primeiro dilúvio da estação das monções, na capital onde só é possível andar numa barqueta, a menos que alguém mais atento tenha trazido as braçadeiras para o escritório, o que foi o meu feliz (a)caso. Olhem para mim aqui a boiar na Avenida.
Bom.
Dizia eu que isto está mesmo bom de ser ver, e Lisboa, essa cidade nos píncaros da modernidade e do design e da arquitetura e do futuro e das instalações, e bem assim, do melhor, reconquistou esse grande paradigma das cidades, que foi o seu estatuto de Cidade Piscatória.
Ela lá em cima, altaneira, e umas quantas alforrecas a nadar, cá em baixo.
Ah, dirão vocês, ciosos, mas a capital do barco é Veneza, e as gôndolas, e coiso e tal.
Mas não, e sabeís porquê? Porque em Veneza não se veem tantos barcos como aqui, uns trinta mil até aos Restauradores, todos em filinha pirilau, com os gondoleiros no tejadilho, alguns a esbracejar, outros a cantar, mas todos eles muito felizes, a boiar na Avenida.
E hoje, logo hoje, precisei de sair aqui do buraco.
E vai ali dar um pulinho à farmácia, esta pessoa doente, cheia de dores na alma, com a cabeça num virote, e o que é que vê?
Não vê nada, porque está tudo alagado. A farmácia está alagada, o passeio está alagado, o Marquês está alagado, as boutiques estão alagadas, o António Costa está alagado, o Zé (Sá Fernandes) está completamente fodido alagado, a malta das manifestações, vá lá que hoje não apareceram, e foi uma sorte, mas metem água na mesma, os Ministros todos alagados, nas reuniões alagadas, com os seus colegas só com água na cabeça, alagados, o metro cheio de gente, parado e fechado num dos túneis da linha, também e felizmente, alagado, e enfim é a puta da loucura o fim do mundo num submarino amarelo.
E agora que penso nas medidas do Zé (Sá Fernandes), até que foi de valor obrigar o catalisador em todos os automóveis, senão o Ministro do Ambiente vinha disparado na sua lancha ultra rápida, também já toda alagada, com o seu fato da Calvin Klein todo alagado, para vir multar os condutores, coitados,  por andarem a poluir o rio da Avenida e matarem os peixinhos.

Só há uma coisinha que eu não percebo.
Então e limpar os sumidouros malta?
Oi, malta?
Malta?????
Olha, sumiram-se?
Glup, glup, glup….

 Se pensarem ir hoje ao Teatro, acho melhor levarem uma bóia.

11 comentários:

  1. ainda bem que vim aqui, antes de ir debitar sobre o assunto, e verdade seja dita, não conseguiria fazê-lo com tanta bravura. post com muita água, onde me afoguei de riso. muito bom. parabéns. :)))

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    1. Mas olha que isto não tem graça nenhuma. Valeram-me as Melissas de borrachum...

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  2. Por aqui, no Norte, a coisa é igualzinha! Limpar sarjetas? Preparar a época de chuva? Que é isso?

    Beijinhos Marianos, Uvinha-alforreca! :P

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    1. Aí também não têm sumidouros ou então são como cá, servem para fazer sumir outras coisas...

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  3. Que horror!!!!!!
    Querem criar piscinas, mas também não exagerem...rs
    Por aqui em Alguidares, caiu uma chuvinha, nada demais!

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    1. Pois claro. Os Alguidares prontificaram-se todos para apanhar a chuva antes desta inundar a rua. Grande coisa...

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    2. É pena não ser vinho... depois da "apanha" haviam festa na certa! :))))))

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  4. Pois olha que isso não é nada comparado com a dramática intempérie que ontem desabou impiedosamente sobre o Porto que afundou completamente a Nação Portista.
    Foi de tal magnitude a tragédia, que hoje, não obstante a melhoria do tempo, os incansáveis esforços a fim de trazerem à tona alguns sobreviventes, revelaram-se infrutíferos e ainda não repescaram nenhum.
    Isto sim! São cataclismos de monta!
    Agora uma chuvinha de nada e aí anda a mouraria à rasca não vão molhar os dedinhos dos pés.
    Arranja uns saltos maiores e tens o problema resolvido
    Corvo.

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    1. Hahahahahahaha! Grande abada, digo, desabada levaram bocêses...

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    2. Ó menina! Bocêses, ponto e vírgula.
      Eu emergi mais alto que a montanha de Maomé!
      Benfiquista de alma e coração, de fígados e das entranhas todas.
      Corvo

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    3. Ora bem. Respiro de imenso e prazeiroso alívio.

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