Dizem os antigos que o melhor que se leva desta vida é uma única e simples memória.
No fim do dia de uma vida inteira, quando o sol afrouxa já a luz do caminho, e as pedras do chão se enchem de sombras oblíquas e trémulas, como as lágrimas, felizes serão os que fizeram perdurar essa memória única e a possam reviver, com a mesma intensidade da morte, no último momento da sua vida.
Mas como, se as memórias são tantas?
Mas como, se o momento do fim é curto, pode até ser fortuíto, astuto, e roubar-nos a vida num minuto?
Simples.
É guardar durante o caminho um só passarinho na mão, e no fim, abrir as asas do pensamento e (revi)ver só um passarinho a voar, em vez de um bando barulhento, imenso e confuso.
De memórias.
Tenho lembranças do meu caminho, de grandes amores em muitas cores, e outros tantos desamores, a criança que me nasceu, o homem que me prendeu, o que fiz e conheci, as pessoas que encontrei, algumas por quem chorei, e as outras, muitas, para quem vivi.
Mas há uma que perdura. É a mais antiga, e a mais profunda, e foi essa que escolhi guardar, ou antes, aquela que escolheu guardar-se em mim, para que eu possa voar, e serenar, sempre que não vejo uma saída, ou um fim.
Hoje tive saudades minhas. Tive saudades de mim.
E agarrada à minha memória, fui pelo tempo fora, e encontrei-me naquele caminho, comigo.No fim do dia de uma vida inteira, quando o sol afrouxa já a luz do caminho, e as pedras do chão se enchem de sombras oblíquas e trémulas, como as lágrimas, felizes serão os que fizeram perdurar essa memória única e a possam reviver, com a mesma intensidade da morte, no último momento da sua vida.
Mas como, se as memórias são tantas?
Mas como, se o momento do fim é curto, pode até ser fortuíto, astuto, e roubar-nos a vida num minuto?
Simples.
É guardar durante o caminho um só passarinho na mão, e no fim, abrir as asas do pensamento e (revi)ver só um passarinho a voar, em vez de um bando barulhento, imenso e confuso.
De memórias.
Tenho lembranças do meu caminho, de grandes amores em muitas cores, e outros tantos desamores, a criança que me nasceu, o homem que me prendeu, o que fiz e conheci, as pessoas que encontrei, algumas por quem chorei, e as outras, muitas, para quem vivi.
Mas há uma que perdura. É a mais antiga, e a mais profunda, e foi essa que escolhi guardar, ou antes, aquela que escolheu guardar-se em mim, para que eu possa voar, e serenar, sempre que não vejo uma saída, ou um fim.
Hoje tive saudades minhas. Tive saudades de mim.
As amoras do silvado, a água fresca num cocharro, o calor intenso do verão, uma burra pela mão.
Era um Alentejo tão grande, era uma família distante, era o cheiro das estevas, a terra dura feita em pó, o cabelo tão comprido da minha bisavó e uma corrida até ao monte.
Eram quinze hectares de calor.
Eram quinze arrobas de amor.
Que saudades desse dia, tão aberto, tão liberto, de criança.
Às vezes penso comigo, e digo:
Quem guarda as nossas histórias?
Quem nos protege (d)as memórias?
Era um Alentejo tão grande, era uma família distante, era o cheiro das estevas, a terra dura feita em pó, o cabelo tão comprido da minha bisavó e uma corrida até ao monte.
Eram quinze hectares de calor.
Eram quinze arrobas de amor.
Que saudades desse dia, tão aberto, tão liberto, de criança.
Às vezes penso comigo, e digo:
Quem guarda as nossas histórias?
Quem nos protege (d)as memórias?
"Chora por mim, que eu,
Choro por ti.
Porra Uva... Gosto tanto, mas tanto, disto... :))) Estou a ficar viciada aqui no teu blogue...
ResponderEliminarObrigada Nê. Calhando isto é mas é uma grande baldada de lamechice, e a mim só serve para me lembrar de coisas que no momento só me azucrinam ainda mais a cabeça. Preciso mesmo de ir beber um copo e dançar all night long. Isso é que era!
EliminarQueria dizer mais qualquer coisinha, mas só me sai um sorriso :)
ResponderEliminarSorrir era o que mais se fazia naquele Alentejo. Nunca vi gente tao alegre como a minha.
EliminarUva! És uma escritora. Lindo :)
ResponderEliminarOlá, olá!
EliminarUm dia dedico-te um poema Gaja Maria.
Tenho variz poética de António Aleixo.
E eu tive saudades tuas, por isso vim ler-te!
ResponderEliminarÉ sempre um gosto querida Uva! :)
És a minha designer blogueira favorita.
EliminarTanta saudade... Também me ataca, essa malvada! De tudo, de todos, de mim!
ResponderEliminarBeijinhos Marianos, Uvinha mailinda! :)
Sabes o que é isto? É o velhedo a atacar.
EliminarUva!
ResponderEliminarIsto é maravilhoso!
Achas? Por acaso fartei-me de chorar.
EliminarÉ o tema quente do momento. Fala-se no Alentejo, e pronto temos pranto.
E eu nem nasci lá, nem sou de lá, nem nada.
Mas as raízes, ai as raízes.
Um grande beijo para ti. E obrigada.
Pois…é mesmo esse o sentimento que ali está inscrito…é por isso que é tão bom.
EliminarBeijocas!