17 de novembro de 2014

Má literatura

Quereís saber o que é má literatura ou porque se diz que há muita gente a escrever livros, mas poucos que sabem escrever?

"A rapa­riga era checa. Tinha-lhe apa­re­cido num dia de Verão, a pedir boleia junto a um sinal de stop que avi­sava de uma encru­zi­lhada. Era mais bonita que feia, mas tinha joa­ne­tes. Era loira e timi­da­mente sor­ri­dente, e tinha um corpo bem feito, a pele branca e as mamas fir­mes. E era nova. Só a juven­tude dela já dava tesão. A idade não sabia, não lhe per­gun­tou para não ter que dizer a sua. Tam­bém não lhe disse o que fazia, ape­nas que vivia em reclu­são junto ao mar. Depois de algu­mas horas de con­versa, num peque­nino res­tau­rante à beira mar, levou-a até sua casa onde bebe­ram mais vinho e fala­ram de livros. Ela que­ria ser escri­tora e fazer um curso de escrita cri­a­tiva. Duas gar­ra­fas depois, enro­la­ram um num outro em bei­jos abra­ça­dos.
“No, no, no” dizia a checa, de cada vez que as mãos de Ricardo pro­cu­ra­vam a pele debaixo da roupa. “No means no” devol­via Ricardo sor­ri­dente, abrindo os bra­ços para a sol­tar. Mas a checa, já exci­tada pelos bei­jos e pelas mãos, e feliz pelo vinho, vol­tava a aninhar-se nele e a via­gem seguia para baixo. “No, no, no”. Ricardo sor­ria de novo e reti­rava a mão com que ten­tava desa­per­tar os peque­ni­nos cal­ções para che­gar ao sul da checa. Por fim despiram-se e ele lambeu-lhe a cona coberta de uma penu­gem loira e fra­qui­nha, uma penu­gem de pas­sa­ri­nho, tão dife­rente dos pelos cres­pos da cona da sua feia noiva espa­nhola. Nessa noite fica­ram jun­tos. No outro dia ele devolveu-a à estrada. Foi a pri­meira vez que viu a checa. Chamava-se Maria."

Comentário: 
"No, no, no"

25 comentários:

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    1. Também me cheira (salvo seja) que isto é coisa do C(h)agas, esse Tony Carreira da literatura.
      Não o conheço mas tenho uma embirração medonha com esse fulano... esse, o C(h)agas.

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    2. Não li uma linha sequer dele mas desconfio que no Facebook é mato.

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  2. Eia, Uvinha; onde raio foste desencantar isto, mulher?
    A bem da verdade nem está mal, não senhor. Sintetismo que os ingredientes para uma tórrida história de amor estão lá todos.
    Lá está o que eu sempre defendi. O que puderes explicar com duas palavras não utilizes três.

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    1. Não queiras saber. Há no inicio uma frase que diz tudo: 'estava tudo silencioso [na doca] e apenas se ouvia o batimento dos cabos nos mastros.'
      E eu a pensar: tu é que bates mal.
      Credo.

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  3. ahahahahaaha....
    Foi tão lindo, inté chorei...
    ;)))

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  4. Masoquéquéisto, Uvinha? Devias ter mais cuidado com a vista, filha, que as consultas de oftalmologia e os óculos estão pela hora da morte.

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  5. Penugem? Pffffffff! Para ser completo deveria ser "matagal"! Eheheheheh

    Beijinhos Marianos, Uvinha! :)

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    1. Penugem loira... como cabe a qualquer checa que se preze.

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  6. feliz pelo vinho, a viagem seguia para baixo... para o sul, penugem loira e fraquinha de passarinha, devolveu-a à estrada, chamava-se Maria, a checa.

    Isto é delicioso cara U. Quem foi o miúdo que escreveu a composição? Só peca por passar do início para o fim, sem grande carinho com a passarinha, devolvendo-a à estrada. Pobre passarinha, mais vale não piar.

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    1. Mais vale não piar mesmo. Mas todos têm direito aos seus delírios.
      Este bebeu seguramente demais.
      Talvez absinto....

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  7. Uva, bom dia. Na minha humilde opinião é tão perigoso este tipo de publicação: vá que a moça está ilegal no país? vá que , por ser checa e trabalhar ao ar livre, é presa fácil das autoridades que mandam nestes assuntos de estrangeiras? não sei, não...

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    1. Isto foi tudo invenção do rapaz.
      Devia estar sobre efeitos de psicotrópicos com elevado grau de pureza.

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  8. A mim só me sai isto:

    https://www.youtube.com/watch?v=MbyUEe2Junk

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  9. :D:D:D Ummm! Serão as conas e as passarinhas primas afastadas??

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    1. São de certeza. As com penugem são primas direitas das com matagal.

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  10. Eu também gosto de encontrar assim umas pérolas, escritas sem um pingo de ironia:

    "Antes que Élia pudesse escapulir-se novamente para a casa de banho e tudo o que lhe fizesse companhia fosse o som abafado de um secador de cabelo, Ismael investiu sobre ela como um jogador de râguebi e estreitou-a contra si, surripiando-lhe o chão de debaixo dos chinelos e enterrando a cabeça no seu colo, inspirando fundo a agradável mistura de champô e sabonete líquido. Transportou-a no ar até lhe sentar as nádegas na ponta da mesa da cozinha e o que se lhe libertou dos lábios foi:

    – Excitas-me com o teu olhar, com a tua boca e com a tua mente, quero possuir-te durante horas a fio, sem sair de dentro de ti, quero lamber-te os seios, chupar-te os mamilos, sugar-te o clítoris, explorar-te a vagina, invadir-te o ânus, beijar-te os pés, amar-te sempre.

    – Quem fala assim não é gago – riu-se ela, fazendo-lhe um remoinho no cabelo com os dedos traquinas – mas não deve trabalhar de manhã. – Deu-lhe um beijo na boca, saltou do tampo e correu para a casa de banho, com um sorriso travesso ancorado nas orelhas. Como Ismael antevira, o secador de cabelo não tardou a funcionar."

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    1. Há gente a escrever mesmo muito mal.
      Mas há quem goste.
      Lá está...

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