18 de dezembro de 2014

O amigo oculto (na negra bruma natalícia)


O segredo:  
Um segredo é uma coisa que se conta a uma pessoa de cada vez, e eu, que ando atulhada em trabalho, que corro para a frente e para trás, na tentativa insana de apagar todos os fogos de deflagram por este escritório fora (é que entendam isto: anda tudo a arder, para não dizer aquela coisa feia e possidónia do ‘anda tudo com o fogo no rabo’), e por mais que a pessoa tente, nos intervalos da chuva, livrar-se de algum berbicacho mais comezinho, a verdade é que procrastinar é coisa que não cabe na época natalícia da área profissional onde vim bater com os costados. 
E dizia eu, que por falta de tempo para andar a contar um segredo às pinguinhas, resolvo, já aqui e agora, contar a toda a gente de uma só vez, o que se vem passando comigo nestes negros tempos natalícios. 

O dinheiro:  
Não é coisa fácil, convenhamos, abordar assim publicamente o que se aufere ao final do mês, e das duas uma, ou é uma soma do tipo torre Burj Khalifa e esta pessoa está armada ao pingarelho, ou é uma soma tipo Marques Mendes, e isso dá vontade de chorar (a rir).
Para explicar melhor onde quero chegar, conto-vos como um reencontro com uma teoria absolutamente genial me limpou a cabeça de minhocas. 
A teoria revisitada, que encaixou na perfeição com o valor líquido de um vencimento que eu cá conheço, fez-me chegar à brilhante conclusão que o meu ordenado mensal atingiu a plenitude do Principio de Peter, que diz (e muito bem) que com o tempo, cada posto de trabalho tende a ser ocupado por um funcionário que é incompetente para realizar as suas funções. 
Ora, justo na altura em que sou chantageada com arma branca (sim, há que chamar bois aos nomes) para comprar prendas de Natal, chego à fascinante conclusão que o meu ordenado atingiu o seu nível de incompetência para esta função, tão bem explicado naquele princípio, que sem mais por onde subir, a não ser para cima de alguma cadeira para mudar uma ou outra lâmpada, por ali se fica, sem servir para porra nenhuma.

O problema: 
Temos então que o meu vencimento azedou. 
Tá mais que visto que sendo o Princípio de Peter uma coisinha muito difícil de contornar, já que um incompetente nunca assume esta sua caraterística, vejo-me confrontada com esta situação, e não sei ao certo o que poderei fazer. 
Passo a explicar: 
Este ano tenho 4 jantares e 4 amigos ocultos (o_O), divididos pelos vários departamentos aos quais me vinculo. Sim, é este disparate todo, porque na minha (rica) empresa ainda se trocam prendas como se fazia antes da crise… e toca de espalhar o pânico que se traduz num saco de plástico cheio de papelinhos com nomes... aleatórios.
Raios partam os amigos ocultos! E estes, logo estes, que ganham mais que eu, que não têm despesas brutais, não têm filhos, não têm cão, não têm rugas e nem sogras, moram em lofts com mezanine, sem uma única fidelização para lhes corroer as entranhas, e eu, que para aqui ando a comer as pedras da calçada (diz que até isso vai acabar, e que mais cedo ou mais tarde, nem calçada havemos de ter), ainda vou ter de espremer um vencimento seco e duro, como os cornos de uma grande cabra, para comprar 4 presentes da tanga, que me vão deixar ainda mais de tanga, para satisfazer os instintos natalícios de todo um grupo empresarial. 

A conclusão:
Dizer que a nata sobe até azedar, é exatamente aquilo que eu diria do meu ordenado nesta época natalícia. É um incompetente azedo! 
E entretanto, embrenhada que estou nesta espetacular comparação, chego a uma parte do Princípio de Peter que diz: “Uma das soluções apontadas para se evitar o princípio de Peter é a adoção das "promoções horizontais"… 
E eu digo: Quem nasceu para Marques Mendes lagartixa, nunca chega a Jacaré!


15 comentários:

  1. Não aprecio essa cena de amigo oculto!!!

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  2. Felizmente este ano só tive um amigo oculto.
    Mas nunca excedemos o orçamento de 5 euros.
    Valha-me isso...

    R: Obrigada, já estou fina!
    Beijinhos

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    1. Mas isto aqui é outro nível... é tudo rico... 15,00€ mínimo. Tás a ver...
      Ainda bem que já estás boazinha miúda.

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  3. E por que não dizes a verdade? Que não tens dinheiro para prendas e portanto não dás nem recebes.
    Afinal são todos adultos.
    Ou também podes argumentar que os amigos ocultos desapareceram da tua vida aí por volta dos sete, oito anos.
    Ou ainda, o que provavelmente será melhor, dizes que tens mais com que te ocupar do que com as brincadeiras dos adultozinhos..
    Se nada resultar, diz NÃO! E acaba com o problema.
    Um Bom Natal.

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    1. Dizer não, é de todas a melhor.
      Só não, sem mais. É uma resposta suficientemente adulta.
      60,00€ gastei eu.
      Uma alarvidade nos (meus) dias que correm.
      Bom Natal meu amigo Corvo.

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  4. A vantagem do amigo oculto é que não se sabe de quem se recebe... ;) vá, eu não seria capaz mas ficar de tanga com este frio pode trazer gripes e constipações!!

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    1. No nosso caso vai ficar a saber-se porque há uma charada e quem recebe tem de adivinhar quem foi que lhe deu.
      Só nisto demoramos nós umas 4 horas.
      NOofim do jantar já nem o vinho me bate...

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  5. Passei por aqui, para te dar os parabéns. Cem, parece-me um número bastante simpático, quando ainda há uns meses nos conhecemos com aquele singelo treze (eram treze, certo?). Cem. Cem vezes parabéns. Um beijo, ou melhor, cem beijos.

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    1. Estou muito contente por sermos 100. Já fomos treze uvinhas passas numa selfie.
      Obrigada ervilhinha. Vamos seguindo por aí fora, na partilha. Isso é que interessa.
      Sigo-te da mesma maneira que durante 11 anos paguei o selo do carro que vendi ao estupor. Religiosamente!
      Cem beijos que sejam!

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  6. Só tive um amigo secreto imposto - encontrei um livro super giro e em conta - agora estou com grandes expectativas sobre qual vai ser a minha prenda...

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    1. E então? As minhas: um caderno de argolas, um abre garrafas do chinês, uma caneca com o Pai Natal careca e um lápis com o meu nome... Arggggg

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  7. Habemus problemas pois claro, tanto amigo oculto, um não chegava?? Se fosse a ti fazia greve... :))

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