8 de janeiro de 2015

Ensaio sobre a LIBERDADE (de expressão).

Estive muito tentada a não fazer este post.

Talvez o faça para purgar a minha dúvida, que subsiste e persiste, sobre onde fica afinal, a linha que separa a liberdade de expressão (na arte, no diálogo, e nos media) e o desrespeito pelo alvo dessa 'liberdade', ou por outras palavras, até onde podemos ir ou até onde pode ir a nossa liberdade até chegar ao ponto de ser considerada crime, abuso, desrespeito, violência e morte da liberdade dos outros, como indivíduos, como grupo, ou sociedade.

Dizem-me alguns iluminados [não é assim coisa linear, já se sabe] que a inteligência de um ser humano se consegue medir através da capacidade que este tem de se colocar no lugar do outro.
Não será apenas trocar de sapatos, bem entendido, será mais trocar de pele, ou de alma.
Assim à primeira vista parece simples, mas não é. É afinal a experiência intelectual mais difícil de concretizar, e julgo mesmo, impossível, mas isso conduzir-me-ia a um tema bicudo: o de entender que não existem homens suficientemente inteligentes e por isso estamos todos condenados à mediocridade.
Mas não vamos por aí.

Suponhamos que sim, que isso seria de alguma forma possível, ou quase-possível e que os indivíduos inteligentes, ou mais inteligentes, conseguiam entender o conceito de Liberdade no outro. Conseguiam entender que o outro, ao exteriorizar artisticamente a sua liberdade, o fazia de forma despretensiosa, pois que se a sua expressão artística não o incomodava a ele, não incomodaria mais ninguém...
Nada mais errado.
Entrávamos no mundo da benevolência e da bonomia, onde tudo seria permitido, onde as liberdades eram anarquias. 
Também não podemos ir por aqui, porque não existem pessoas dessas em número suficiente, e as que existem são talvez 'hippies' com problemas no córtex frontal.
Todos temos um limite. Um limite das autoridades sobre nós (leis), um limite pessoal, físico e intelectual, e um limite de tolerância para com os outros. 
Tem mesmo de haver limites, caso contrário era a barbárie.
Então a minha dúvida persiste. 
Se há limites para tudo, se todos temos limites, então a Liberdade em si, e mormente a Liberdade de Expressão, também deve ter limites?
Ou será a Liberdade de expressão, sobretudo a que se envolve no manto artístico, da literatura, da escultura, do graffiti, do cartoon, e do debate político ou televisivo, um caso à parte?
'Só o pensamento é livre'?

Vejamos:
O individuo (assim se chama ao ser individual), ou sujeito (gosto mais deste conceito porque sujeito implica que o indivíduo é sujeito a fatores que o tornam único) entende a LIBERDADE de forma diferente, e entende a liberdade dos outros de forma também diferente.
O problema é que o indivíduo é quase sempre benevolente para si próprio, isto é, entende que deve ter mais liberdade que o outro, derivado dos problemas do ego. 
O outro, por seu lado, entende de igual modo.
O resultado é simples. Se a forma de entender a Liberdade é diferente de sujeito para sujeito, também o objeto da liberdade o é. 
Eu sou livre para falar sobre aquilo que considero ser um tema de expressão livre, nem o contrário me faria sentido, uma vez que fui sujeita a fatores que desmistificaram esse tema e destruíram esse tabu, mas o outro, na seu conceito de liberdade entende como uma afronta.
A conclusão é a frase muito moída, dita ad nauseam: a minha liberdade acaba quando a liberdade dos outros começa. E a Liberdade dos outros é quase sempre muito restrita, ou antes, a liberdade que os outros nos atribuem é quase sempre ínfima.

Eu sou livre de mostrar os seios. Serei?
Eu sou livre de anunciar publicamente que fulana mostrou os seios. Serei?
Eu sou livre para desenhar os seios de fulana, deformá-los num programa apropriado, e com tom jocoso publicá-los no meu blog. Serei?
Eu serei livre para invadir a fé, a religião, a democracia, os ideais, a paz dos outros, de forma perniciosa, contínua e efusiva?
'Se não lhes causar dano físico sim', dirão alguns.
Se a força do lápis não lhes furar um olho, sim´, dirão outros.
Nunca a caneta matou um homem?
E o que dizer a respeito da Bíblia, e do Alcorão?
Afinal a caneta mata muitos homens, e mata sobretudo dogmas que nos fazem avançar, mas poderemos nós escrever tudo o que queremos, a todo o tempo, passando por cima de toda a folha, qual debulhadora ensandecida?
E a injuria? E a desonestidade? E a mentira?
Tudo pela liberdade de expressão?
Tudo podemos, dentro dos limites da Lei.


A liberdade (de expressão) não tem, e não deverá ter limites. Isso seria comprometer a própria democracia.
Mas tem exceções.
A tolerância à liberdade dos outros é algo que se desenvolve com base na confiança. 
Confio que nunca me atinjas mais do que consigo aguentar.
Se a tua arte entrar no campo do crime, aí sim, é preciso limitá-la e julgá-la, em sede própria.
As exceções que limitam a liberdade de expressão são APENAS as que são  inequivocamente entendidas pela LEI, como sendo crime.

Um cartoon satirizando Maomé é crime?
Não.
Então onde está a razão que levou ao assassinato de 12 pessoas, como resposta?

Na minha opinião, o que aconteceu ontem nada tem a ver com a Liberdade de Expressão.
Tem a ver com o confronto entre Liberdades.
"Quem será o primeiro idiota entre nós a dizer que a culpa foi dos assassinados da Charlie Hebdo?"
Idiotas serão aqueles que tentarem reduzir a morte de 12 pessoas unicamente a um desenho de Maomé. Pode haver quem pense que as mortes derivam da sátira da Charlie Hebdo, mas em absoluto, considero que não.

A minha conclusão aponta em outro sentido.
Mas a minha dúvida subsiste e persiste, porque não consigo alcançar toda a sua dimensão.
E tenho pena de não ser mais iluminada.
Estes atos são consequência de uma cultura explorada e assassinada?
Estes atos são consequência direta da guerra que o ocidente fez e faz nos seus países de origem?
Estes atos são consequência da batalha pelos recursos naturais?
São a consequência das intromissões constantes do ocidente na sua cultura e no seu modo de vida?
São consequência da atitude impositiva à sua religião e à forma como gerem o seu país?
São o resultado do ódio profundo que têm pela América e por todos os países que não aceitem a sua cultura?

Se sim a todas, aqui tendes a razão deste ato de barbárie.
A culpa não foi afinal dos assassinados da Charlie Hebdo...

Já a forma como este povo, estes extremistas, terroristas, o que quer que sejam ou fazem parecer, e a forma que encontraram para afirmar e fazer ver os seus ideais, é totalmente condenável.
No caso, devemos responder não com fervorosas defesas à Liberdade de Expressão, mas sim com os meios que temos à nossa disposição para combater o crime.
Com a violência que a situação impõe.

Só serei LIVRE se conhecer os meus limites. 
Dixit.

45 comentários:

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    1. Obrigada Miss Holden Cage por me leres. É importante e muito agradável ver reconhecido o nosso esforço de dar voz à nossa Liberdade de Expressão, sem extremismos advindos do confronto de opiniões. Este post fez-me bem. Cheguei a uma conclusão diferente dos demais, mas ainda assim fiel aos meus princípios.

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  2. Ainda tenho dúvidas que este massacre tenha alguma coisa a ver com liberdade de expressão. Acho que foi um acto de ódio motivado por questões políticas que dividem ocidente e oriente, que aproveitam a boleia das crenças religiosas para se manifestarem... Mas ainda tenho de maturar melhor as ideias (longe deste ruído)

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    1. Eu na minha enorme ignorância também tenho duvidas, mas penso que é exatamente isso.

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    1. Obrigada. Sempre a refletir, sempre a escrever. E o que eu gosto disto? Adoro!

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  4. Excelente post Uva, mesmo. Também acho que isto não teve nada a ver com liberdade de expressão, teve a ver com confronto entre culturas, medição de pilinhas entre culturas. Mas, quanto à liberdade de expressão e retirando daqui o trágico acontecimento, imagine que eu tenho à minha frente, um senhor muito gordo e decido fazer uso da minha liberdade de expressão, quanto à sua gordura:
    Hipótese 1: Seu badocha nojento, gordo asqueroso, coma para aí até rebentar, não tarda nada essas banhas vão levá-lo para a cova.
    Hipótese 2: O senhor está gordinho, tem uns quantos quilos a mais, tenha cuidado com isso, olhe que o excesso de gordura prejudica muito a saúde, tenha cuidado consigo.
    Nas duas hipóteses usei a minha liberdade de expressão, a mensagem é exactamente a mesma, a forma, completamente diferente, na primeira hipótese fui uma autêntica besta, na segunda hipótese já fui um ser humano digno desse nome, (num caso destes, se tivesse ficado caladinha então, não se tinha perdido nada ;))...eu sei que o exemplo é um bocado estúpido, foi o que me lembrei, mas, percebe o que quero dizer Uva, como em tudo, deve imperar o bom senso.

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    1. Obrigada Claudia. É um prazer ter-te como leitora, porquanto és das minhas comentadoras preferidas e sei (porque te leio) que tens uma excelente cabeça e maravilhosa escrita.
      A ver se um dia estás ali ao lado na minha vizinhança.

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    2. Uva, reflexão soberba, os meus parabéns pelo modo como escreveste este texto e por me teres levado a reflectir sobre esse teu ponto de vista. Ainda não tinha lido nada que dissesse o que aqui dizes, muito menos de forma tão eloquente. E Cláudia, é isso mesmo, sem tirar nem pôr.

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    3. Olá Panda! Obrigada, também por me fazeres companhia nesta imensa reflexão...
      Foi a Uva-filósofa que a escreveu.
      Ficou benzinho, mas deve aparar ali umas pontas. Tenho de lhe dizer. ;)
      Beijozzzzz

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    4. Posso meter o bedelho? Posso?
      (vou meter)

      Eu não concordo Cláudia, não acho que isso tenha a ver com liberdade de expressão, pelo menos no sentido que temos ouvido os media falar, nos últimos dias.

      A Cláudia refere exemplos referentes a apreciações pessoais. parece-me que aqui a nossa liberdade acaba (ou deveria acabar) onde começa a do ouro. Eu virar-me para alguém e dizer "és um gordo nojento" não é aceitável, estarei a ser rude e mal educada, a ofender propositadamente. Porquê? Porque não estou a discutir ideias. Já eu dizer "acho que os gordos deviam pagar uma taxa moderadora especial porque têm mais custos com a saúde", por exemplo (vamos assumir que isto seria constitucional), não ofende ninguém a não ser pela estupidez da afirmação. Estou a debater uma ideia.

      As piadas sobre gordos podem ser de mau tom, podem ser ofensivas para a classe "gordos" mas não serão individualmente ofensivas. Dizerem "tu não podes dizer piadas sobre gordos" seria cortar-me a liberdade de expressão, o tema "gordos" seria tabu. pouco a pouco haveria mais temas tabu... mais grupos que se vinham queixar e dizer que a coisa é ofensiva... as louras, os gays, whatever.

      Daí eu achar que este crime tem a ver com liberdade de expressão, sim. Um grupo de cidadãos é impedido de dissertar sobre o tema Islão porque isso é ofensivo para uma parte da comunidade, sob ameaça de força. Pode falar sobre todas as religiões, sobre o Islão só pode dizer bem.

      Estou a ser clara? Não interessa se eu gosto ou não do que o Charlie dizia (não conheço a fundo, vi alguns cartoons de mau gosto, outros achei inofensivos), interessa que o Charlie possa falar sobre o islão sem medo. Tal como fala sobre o cristianismo. Já se o Charlie dissesse que o mohamed da silva era um assassino fanático isso seria outra história e teria de se calar.

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    5. Uva, estou aqui que não me aguento de vaidade depois dessas palavras, um enorme abraço. (Escolhi ser leitora e comentar sempre que tenho vontade, seremos sempre vizinhas, nesta cumplicidade entre quem escreve e quem lê).

      Olá! Senhora Dona Mais Picante, sabe o que lhe digo, tem toda a razão, eu misturei conceitos diferentes e aqui esta sua explicação, colocou cada conceito no seu devido lugar.
      Com este exemplo, apenas pretendi dizer, que a diplomacia, o bom senso, que devia predominar nas nossas relações pessoais, também pode e eu acho que deve, ser extensível a esse conceito mais amplo, que é a liberdade de expressão e que isso não significa ser cobarde, calar, significa não deixar de dizer o que se tem a dizer, mas de maneira diferente. Ser desnecessariamente provocador, até alarve no que se diz, escreve, desenha e por aí fora, não faz de nós mais corajosos, pode fazer só de nós uns parvos.
      Picante, mesmo a sério, ainda bem que veio "meter o bedelho", veio acrescentar e desenvolver o que faltava. Vou agora ver o que se passa em sua casa, até já.

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  5. É isto mesmo Uva. Estou convicta que isto nada tem a ver com liberdade de expressão, Julguemos os assasinos por aquilo que efetivamente fizeram. Extrapolar isto para ataques contra a liberdade de expressão, na minha opinião, apenas contribui para dar força a grupos extremistas, tanto de um lado como do outro.

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    1. Não tem não Lady-m, é que não tem mesmo. Mas parece que poucos o entendem desta forma.
      Devemos ser uns três ou quatro grãos no deserto.

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  6. A culpa nunca morre solteira.
    Uva, dissertação fabulosa! Parabéns.

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    1. Obrigada JM.
      E fico grata por me leres.
      E isto saiu maior do que eu estava à espera...
      Abraço!

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  7. Eh pah oh Uva... Não tinha visto e já estava aqui mortinha de curiosidade sobre qual seria "o outro", caraças... :))) (Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa outra coisa.) Daqui a um ano e meio quero um exemplar autografado. :)

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    1. Queres que assine Uva Passa no canto superior direito ou logo abaixo do título?
      :))))

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  8. Gostei muito da linha de argumentos. Julgo que faz sentido, especialmente a parte de haver mais perguntas do que respostas. No entanto, parece-me que falta uma coisa: os terroristas eram franceses! A meu ver, isso é um pormenor importantíssimo. É muito fácil demoninizar o "outro" porque são argelinos ou muçulmanos ou verdes ou não sei o quê, consequentemente vitimizando-nos a nós próprios, mas ver que aquelas pessoas são fruto da nossa sociedade custa um pouco, pois acaba por nos incriminar também.

    Vim cá parar por sugestão de outro blogue, mas virei cá mais vezes por vontade própria!

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    1. Olá, olá! Muito obrigada pela amável visita, e também pela companhia no caminho sempre tortuoso do tema da Liberdade. O ensaio é ínfimo se pensarmos no gigante que é o tema. Sobre o pertinente ponto que aqui me deixa, creio que aqueles miúdos nunca foram franceses, eles são fruto de outra árvore. Vivem protegidos por entre os ramos ocidentais mas a raiz que os agarra é de outra espécie. São enxertados numa raiva e num ódio antigo, metido nas suas cabeças desde miúdos. Por outro lado, sem remeter para este caso especifico, os terroristas são já de todas as nacionalidades, até portuguesa, o que prova que a nenhuma sociedade educa para a tolerância, para os valores fraternos, antes educa a cartilha de cada um por si e só não vale (ou vale?) arrancar olhos. Estamos muito perdidos caro Calíope. Muito perdidos enquanto Humanidade.

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    2. Tem razão. E faz-me questionar ainda mais a nossa arrogância no uso da liberdade de expressão. É que os cartoons do Charlie eram para consumo interno.

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    3. Ups, não acabei e não me despedi.
      Obrigada por ter vindo e volte sempre que quiser. Gosto muito de partilhar e discutir opiniões diversas. Um grande abraço da Uva.

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    4. Não sei se o que vou dizer se aplica a este caso em específico, mas talvez possa explicar o início de alguns barris de pólvora. Como a Uva disse os miúdos nunca foram franceses, mas se calhar porque nunca os deixaram ser. Era aí que eu queria chegar, a possível raiva foi-se acumulando ao longo dos tempos pois foram sempre vistos comos "os argelinos", "os muçulmanos" e nunca se conseguiram integrar numa sociedade que os olhava sempre de lado... apesar do passaporte francês! Isso acontece em todas as sociedades fruto de ex-colónias ou de imigração. Somos todos tolerantes e tal, mas quando nos pisam os calos, aí é que são elas!
      Acho que ainda era capaz de escrever mais 5 parágrafos a especular este assunto, mas fico-me por aqui! Agradeço o espaço de discussão de ideias!

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  9. Gostei do texto Uva. Não concordo com todas as conclusões, acredito que isto é essencialmente uma luta por poder usando a religião como porta-bandeira por esta mover massas (o peso que tem na cultura islâmica), mas acho que foi um excelente exercício!

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    1. O poder. Sim, mas o poder já o tinham porque são donos dos recursos naturais e ainda seria cedo para virem tentar o poder no ocidente se lá na sua terra o poder ainda não foi sequer definido a toda a linha. Talvez seja porque lá foram os americanos destruir um poder instalado, o Saddam, e seja a vingança... Ai Picante.. Tantos ses... Obrigada.

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  10. Belo post o seu, dona autora. Pego só numa frase sua para a minha opinião, que resumo.

    A minha liberdade termina onde começa a dos outros, de respeito pelos outros. Se ofendo a tua mãe, tu decerto não gostas. A tua mãe e os teus profetas. Depois tenho que o atentado visou mais que a revista e seus autores, afirma um protesto, descontentamento pela "escumalha" "prepotente" que reflete, de um rol de governos ocidentais assassinos, belicistas . Entre aspas por amenizar, não englobar toda a gente. E o resto da frase a traduzir a verdade que entre os risos Charlie Hebdo alimenta e obscurece . (Desculpe. Isto há-de soar ousado a quem, inteligente, não aceita desviar-se do politicamente correto.)

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    1. Pois digo-lhe que sim, é capaz de ser bem isso, por outras palavras, o que escrevi. Reduzir a barbárie a um desenho era redutor demais para tudo o que se está a passar. Todos sabemos que não é só isso. Não é só a Liberdade de expressão que está em causa!
      Olá Simon! Bem vindo!

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  11. Tive para escrever sobre o assunto e não o fiz, as mesmas incertezas e os mesmos pesos que quase te levaram a deixar de escrever este texto, me parou a mim. Tenho discutido verbalmente com muita gente e a todos parece linear, a mim não. Estamos a entrar em território de gelo fino e poucos o vêem. Curioso como a prioridade das massas passa em mudar a foto de perfil das redes sociais e apoiar uma causa que desconhecem. Enfim...estico-me. Obrigado por teres escrito isto. Subscrevo com o maior carinho este ensaio.

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    1. Sobre isso das revoluções nas redes sociais e ondas de solidariedade nas fotos de perfil, outro post, que isso é outra vertente cheia de ses. Somos sempre todos Charlie, só que não, mas o que dirão depois os outros? Ninguém quer se excluído... Um abraço nadinha.

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  12. Sobre o texto,
    tê-lo-ia eu escrito
    se tivesse jeito

    Para quem se diz ser somente uma Uva redonda falida, uma Uva maluca-passada, esculpida, trajada... nada mal, afinal.
    Adiro ao teu delírio.

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    1. Olá Rogério, bem vindo ao meu delírio!
      E um grande abraço da Uva maluca, uns dias piores que outros, mas cá vamos, com a cabeça entre os ombros.

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  13. :-) pesa embora não concorde com todas as conclusões adorei o texto :-) mesmo...

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  14. Olá, olá! Por aqui?
    Seja bem vinda à cesta da Uva Passa, ilustre visitante.
    O texto merecia mais tempo de reflexão, melhores conclusões. É falho numa série de coisas que de resto me foram dizendo ao longo dos comentários.
    Deixo um grande abraço aqui da Uva, e meu.

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  15. *pese

    esta minha descoberta não vai deixar-me sair daqui tão cedo :-)

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    1. Ficas cá até encontrarmos um nome para o teu blogue! Está decidido!

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  16. Brilhante texto! É nestas alturas que observamos as pessoas tipo cordeiros atrás dos outros. Nos media falam da falta de liberdade de expressão então, todos viraram grandes defensores da mesma: incrivelmente até as figuras publicas que têm tantas "chatices" com jornais ou jornalistas. Depois, o que aconteceu em Paris, no meu ver,não foi só um atentado à liberdade de expressão, mas sim à liberdade religiosa. O cerne da questão está a ser desviado. Estamos a dar um importante foco à liberdade de expressão, desviando a liberdade religiosa que é atentada todos os dias no médio oriente e em todos os ataques extremistas.
    beijinhos

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    1. Olá Martinha! Obrigada por leres. É efetivamente uma hipocrisia.
      Ainda agora perguntava ao meu pai: já chegaram todos de Paris? Então se calhar amanhã fazemos a marcha pelas pessoas aqui do burgo que morreram nas urgências na semana do Natal.
      Somos todos Charlie o tanas!
      O cerne da questão não interessa, porquanto todos querem manter as regalias do costume.

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  17. Muito bem Uva. Tudo explicadinho, preto no branco. Também concordo que estão a dar os nomes errados às coisas, uma coisa é liberdade de expressão, outra são guerras políticas e religiosas, mas tirar a vida a alguém, seja porque razão for, é sempre condenável.

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    1. Sou a professora da bloga!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
      Hahahahahahahahaha
      Maria, eles querem é baralhar-nos as ideias.
      Confesso que até eu, com tanta coisa que já li, ando a viajar na maionese...

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  18. A Uva disse, de forma bastante mais elaborada e inteligente, quase o mesmo que o Gustavo. A maioria das pessoas criticou-o, porque o consideram estúpido e porque o moço se apresenta com modos quase caricaturais. É para vermos como a forma realmente importa. Gostei muito do seu texto :-)

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    1. Muito obrigada Carolina, e agradeço muito a sua leitura.
      Um abraço!

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  19. Uva, minha querida Uva, sabes uma coisa? Pois que não sabes porque ainda não te disse.
    Aqui vai:
    Lida e relida a tua prosa - coisa que aconselho de viva voz a todos os teus leitores já que há tanta coisa ali que não "passa" à primeira, segunda ou até terceira - as tuas perplexidades são as mesmas que as minhas.
    Não me atrevi, a quente, a pronúncias abruptas até porque é um assunto a ser tratado "com pinças", porque nada tem de linear.
    E não vou abordar sequer acordos ou desacordos com as tuas palavras, que são TUAS e cheias do teu talento para as passar, haja quem atente nisso.
    (falo, obviamente, nas nuances, que penso propositadamente, deixas em aberto, ao leitor)
    Na minha perspectiva, depois de muitas horas de ponderação, acredita, deixo talvez a mais polémica e distante da "manada" que por aí (AÍ, não AQUI, uma nota de "somais" importância), parece-me que os brasileiros, mestres em expressões certeiras, dizem tudo quando afirmam que não se deve chegar perto de cobra com vara curta.
    Resumindo, que já me conheces e sabes que não vou em rodeios, há uma coisa que se chama respeito, outra ainda, bom.senso, ainda e para finalizar, tão querida da "democracia" liberdade até...
    Este até tem tudo a ver com o que descreves acima: as fronteiras, seja da expressão artística ou outra qualquer.
    Há coisas que de tão básicas deviam saltar à vista como "atentado" ao tal do bom-senso:por o maomé nu, de rabo para o ar, à espera de ser sodomizado, para além de não ter qualquer graça (eu tenho um sentido de humor apuradíssimo, acredita), é um absoluto disparate, sem contexto nem para o melhor dos Monty Python.
    Havia de ser obrigatório um curso de humor inteligente, sarcástico, em que se ridiculariza "fulanizando" sem necessidade de extremos destes.

    Agora uma declaração de interesse muito importante: NADA, MAS MESMO NADA,justifica a reacção dos extremistas, feios, porcos e maus.

    Pronto!

    (e o testamento, afinal, até podia ter sido um "poste" lá no meu "apartamento"!

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    1. Leio sempre com grande interesse as coisas que me escreves e tenho, por outro lado, pena de não ter cá estado para assistir ao teu canto quando ele era mais vivo.
      Vou aguardando sempre com grande curiosidade que comentes os meus lençois e que os complementes e enriqueças.
      Estou totalmente de acordo contigo.
      Um big big abraço, como sempre, apertado.

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