25 de setembro de 2015

A nossa última esperança num futuro melhor


Há coisas engraçadas em mim.
Em tempos tive uma colega de trabalho absolutamente dedicada aos animais abandonados, tendo criado uma associação para os ajudar - e quero já esclarecer que dos projetos mais difíceis de levar a cabo (por razões óbvias) este é um deles - e à qual se dedicava diáriamente de corpo e alma, várias horas por dia.
Lembro-me de a ouvir ao telefone, esbracejando, tentanto organizar as turmas de voluntários para as diversas ações de recolha de comida e donativos, a via-a suar as estopinhas para arranjar gente para limpar as boxes (um trabalho muito sujo), para tratar dos animais doentes, ficar com eles à noite, dar-lhes medicação, atender aos abandonos à porta da associação, enfim, uma panóplia de coisas que a mim me pareciam sempre herculeas, além de desesperantes.
"O pior é a esterilização das gatas. Temos veterinários que são nossos parceiros, mas mesmo assim a cirurgia é cara."
Sim, a campanha de esterilização das gatas era de todas a que funcionava melhor. Impedia-se a reprodução dos animais na rua, e podia-se devolver os animais à cidade, o seu lar.
Pensei muitas vezes que se as pessoas mantivessem os animais em casa, mormente as gatas, não havia necessidade de as esterilizar. Os miados são fáceis de suportar, e aqueles rabinhos no ar, e o olhar sedutor de uma gatinha de 6 meses, não mete medo a ninguém.
Sujeitar um animal a uma cirurgia só para não o ouvir miar e rabiar, seria uma estupidez.
Mas depois veio a Meca e tudo mudou.
"Elas sofrem imenso."
"Elas acalmam imenso."
"Vais ver que depois de esterilizada ela fica gorda, apática e dengosa, e já podes voltar a pendurar os cortinados da sala."

Estava aqui com o coração nas mãos a pensar se lhe corria bem a cirurgia de hoje. Correu.
Já acordou e já deu uma dentada na assistente.
Mas ainda me sinto ansiosa por não saber, afinal, se esterilizar uma gata a torna mais ternurenta, mais calma, e se a liberta dos ginetes que a fariam safar-se novamente na cidade de onde a tirei, se fosse novamente libertada.
Julgo que o que acabei de fazer é só mais um bengala psicológica para a esperança num futuro melhor, sobretudo para as nossas pernas, braços e cortinados.
Por outro lado tenho a certeza que uma mulher/gata sem útero, é capaz de ficar exatamente igual ao que era antes de perder a capacidade reprodutiva.
Mas isto é uma coisa que ainda vou ter de descobrir.
É a minha, e sobretudo a vossa (defensores que a esterilização acalma as feras) prova dos nove.
Vamos falando.
Abraço.

21 comentários:

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    1. É pois! Lindinha da dona. Está no recobro, mas já está bem acordada. O meu medo é o penso... ela vai estraçalhar aquilo em 2 minutos.

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  2. "Já acordou e já deu uma dentada na assistente."
    AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

    Estás tramada.

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    1. Era esse o meu medo... não precisas de dizer mais nada. Estou para lá de tramada.

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  3. Se vai ficar mais calma, não sei...mas é linda.
    E vai dar cabo do penso, todos os gatos dão, mesmo os mais calmos.

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    1. Pronto, fico preparada para andar atrás dela de agulha e linha em punho para a voltar a coser!!!


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    2. Se calhar vai ter que usar aquela coisa que parece uma antena parabólica à volta da cabeça e cujo nome correcto não me lembro.
      Os meus gatos sempre que usam isso recusam-se a mexer e tenho um trabalhão a tirar e por para eles poderem comer e ir à casa de banho.

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    3. Não. Vai usar um fatinho até à barriga que tapa a sutura. Finezas. Eu não quis o funil.

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    4. É um vestidinho, que as põe moles e apáticas enquanto dura. Mal lho tiram, voltam às antigas (ou seja, se é uma gata activa, continua a ser activa). E elas lambem o vestidinho e a língua prende-se nas malhas da rede. É tão esquisito.
      Os gatos são esquisitos.
      As minhas não mudaram nada, com a esterilização. Só deixaram de andar a gritar "GATO!" de 30 em 30 dias. A preta e branca continua a fazer marcações de território com aquela urina pestilenta e tudo. Devia levá-la ao psiquiatra.

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    5. Eu bem me parecia que era o vestido, caramba! Ela nem se mexe. Nem salta, nem morde. Anda ali apática com aquilo, lambe aquilo, freneticamente, fica parada a olhar para nós, não faz nada do que fazia, põe-se atrás das portas sempre na mesma posição: posição de gato. Perguntei-me se ficaria assim para sempre, se a operação lhe tinha afetado a moleirinha, ele diz que é da medicação (mas não é que a medicação é só antibiótico) mas desconfiava que era aquilo que a punha diferente.
      O meu outro gato ficava assim quando o tosquiávamos.
      Vou já mandar fazer uma coisa daquelas definitiva.
      Mordes, pumba! Levas com o casaco.
      Que maravilha!!!!

      (coitadinha estou cheia de pena da gata pá)

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  4. Não quero ser agoirenta, mas em termos de comportamento nunca notei grandes diferenças nas minhas...
    De qualquer das formas, a esterilização tem vantagens na redução do risco de cancro mamário e outras infecções, ambos bastante frequentes, e só por isso já vale a pena. Se morder os pontos, pode usar um colar protector. Meca, versão candeeiro ;)

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    1. A esterilização tem vantagens na redução do risco de cancro mamário, claro que tem. E é super comum.
      Mas a vantagem de a adocicar já não aposto.
      E tenho pena, nem imaginas a pena que tenho.

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  5. O nosso Diego está esterilizado e não é por isso que tá menos arisco ou menos agressivo. Sacana do gato é mau como as cobras! Nunca atacou nos cortinados mas esconde-se neles...
    Por isso que a Meca não mude. Foi por ser assim que te apaixonaste por ela!


    Beijocas

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    1. O que me disse a vet foi que alguns animais acalmam com a idade (independentemente de serem ou não esterilizados) e outros não.
      A minha é uma não. Definitivamente. Mas vamos ver se com a idade lhe custa mais andar pendurada nos varões e na pernas da minha filha.
      Hoje de manhã atacou-me a cabeça porque me apanhou a dormir sem fechar a porta do quarto. Não foi bonito... ainda me doi. Se me apanha um olho... a ver vamos.

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    2. Eu tenho um casal cá em casa e são dois casos diferentes. A gata mantém a sua personalidade e temperamento regular mas o gato já mudou tanta vez de temperamento que até chateia. Já foi daqueles que não querem saber de nós e andam sempre na sua, mal querendo que lhe toquemos, já passou a ser mais meigo ainda que com muita personalidade e agora (para já) está um chato do piorio sempre a pedir festas e atenção, uma coisa absurda. A única coisa em que é consistente é em fazer asneiras, isso faz sempre...umas vezes mais outras menos mas sempre. Haja mudança comportamental !!! -.-

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  6. Amigos dos animais, bah! Amigos dos sofás e cortinados, isso sim.
    O que se faz aos bichos em nome da tal humanidade complacente, que os acarinha como se fossem bebés amestrados.
    Mas não são.
    A minha avó dizia que bichos são bichos. E a minha avó era uma senhora deliciosa pra toda a gente, para os bichos também.

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  7. Dando mais uma ideia para ganhar a guerra à gata. Experimentar um borrifador de água, ela ataca borrifadela no focinho

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  8. A minha gata ficou igualmente má após e o meu gato igualmente maluco...(mas gorducho)
    Susana

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  9. E tu lá querias uma gata amorfa!!! ;)

    Beijos, Uvinha, e um prá Meca. :)

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  10. A Meca é linda. Parabéns... O feitio muito provavelmente não irá mudar, mas a aflição dos cios vai desaparecer por completo (e se elas sofrem...). Ao esterilizá-la só está a fazer bem à sua amiguinha de quatro patas. Evitará em grande medida, a probabilidade da Meca vira a ter piómetras e cancro mamário. Quanto ao feitio dela, com a idade acalmará. Não consigo entender aqueles que defendem a não esterilização e castração de gatos (especialmente dos gatos de rua), mas isto sou eu que adoro animais e um pouco lenta de raciocínio, talvez ;). Beijinhos para si e festinhas para a Meca. Graça

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  11. A minha gatinha também é esterelizada (e parecida com a tua) mas já veio assim quando a adotámos. Era uma gatinha de rua e foi esterilizada numa dessas campanhas mas como era tão docinha foi direcionada para adoção, assim veio parar à nossa casa. Não sei como era antes mas acho que a reprodução animal, tal como a humana, deve ser ponderada e equilibrada. Se continuarem a nascer gatinhos nas ruas continuarão a não existir condições nem capacidade para viverem bem...digo eu. Daí que as campanhas de esterilização sejam, na minha opinião, muito importantes. Rápida e boa recuperação para a Meca. Beijnhos

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