3 de setembro de 2015

Memórias de um susto

Vivi, a partir dos 14 anos, exatamente dois anos depois do meu pai se ter despedido da infernal distribuição, numa torre de apartamentos amplos, muito ensolarada, nova, de oito andares, que encimeirava com alguma imponência o bairro suburbano pejado de casinhas baixas e prédios de 3 andares.
A Torre, como era conhecida, comprimia de forma bastante pacífica - no início - 34 famílias escolhidas a dedo, tanto é que até um Embaixador temos, de gente nova, fértil, e cravadinha em filhos.
Eu era a única que não tinha irmãos, razão pela qual fui adotada por quase todos os vizinhos, fartos dos seus próprios irmãos, e interessadíssimos, não tanto na loira espigada, mas na mãe dela, que os acolheu anos sem fim, dando-lhes guarida, azeite, manteiga, vinho e jogos de futebol na televisão, especialmente do Benfica.
No incrivelmente ruidoso oitavo andar, fechados em vidros duplos sem cortinados, vivia uma família irregular e secundária (segunda família) de angolanos antipáticos. As muitas filhas do Embaixador, que por acaso nunca conheci, entravam e saiam da Torre sempre acabrunhadas e de cenho franzido, talvez por não lhes ser possível falar abertamente com ninguém do prédio, excetuando a troca de olhares à entrada do elevador, por ser coisa que lhes estava absolutamente interdita, soube-o mais tarde, por se tratar, lá está, da família secreta do diplomata.
Apesar de ter abanado e caído, numa noite escura como breu, com um valente soco no meio dos olhos que me estilhaçou os óculos de ver ao longe, situação que podia muito bem ser o grande susto do título (se tivéssemos em conta que elas eram umas 15 e eu era só uma, ainda por cima míope), não foi, apesar de tudo, com estes vizinhos que se deu o caso, e sou sincera, ainda bem.
No sétimo andar do refinadíssimo prédio, 4 rapagões altos, bons e bonitos constituíam a prole de um médico retornado de Moçambique, que espalhava charme como quem espalha brasas, e que tinha um nome sugestivo para uns quantos trocadilhos.
De todos eles, meus amigos, camaradas, com quem passei bons momentos de vizinhança (e festas), falarei de apenas um.


A vida corre depressa nos carris dos dias, e quando nos demos conta já eu estava casada e tinha a ML pequenita, e ele, que não estava casado, já tinha um Rottweiller cachorro gigante.
A coisa era intensa, e eu teria preferido que aquele rapaz loiro e bonitão, se tivesse casado, e em vez de ficar plasmado na Torre até ser adulto, tivesse avançado para uma vida mais ampla, com um quintal, ao pé da praia, onde pudesse ser feliz, e mais que tudo, onde pudesse soltar o seu cachorro sem se cruzar comigo e com a ML diariamente, provocando-me gases e coisas desse género, muito característica de quem tem cu.
A minha vida tornava-se, a partir daquele acontecimento banal, que fazia rodear magotes de gente à volta do novo cachorrinho da Torre, um autêntico inferno.
As patinhas descontroladas e desesperadas do pequenote, tic tic tic tic escada a baixo, para ir fazer (sozinho) as necessidades à rua, passaram rapidamente para tac tac tac e depois para toc toc toc e depois ainda para cabum cabum cabum. Coisa medonha ver o meu coração desarvorado, e eu paralisada de orelha encostada à porta da minha mãe, tentando salvar a minha filha e a mim própria das mandibulas daquele cachorro que me ultrapassava em altura (se de pé) um bom palmo de mão de gigante.
Estava já num estado tenebroso da minha existência, quando se deu o episódio.
Almoço de família, pai, mãe, ML, eu e marido, tudo dentro da carrinha, oportunamente estacionada em frente à Torre.
A ML, sentadinha na cadeira, fazia bolhinhas de cuspo enquanto abanava as mãozinhas em frente os olhos, muito admirada e feliz.
Eu, no banco de trás, ao lado da cadeirinha, estava no momento completamente chegada para a frente tentando mudar um CD do rádio.
A porta aberta, aguardava a sempre retardatária que se tinha atrasado (horas!) sabe-se lá porquê.
Nisto, um estremecimento abana a carrinha como se alguém tivesse entrado pesadamente. Sinto um calor estranho nas costas e penso: A minha mãe! Mas que raio está ela a fazer encostada a mim e a fazer tanta força?
Pelo canto do olho vislumbro uma figura preta indefinida que se debruçava sobre a cadeirinha da ML fazendo-a desaparecer.
Perco a noção da realidade e sinto-me desfalecer, suar, e chorar abruptamente.
O novo cachorrinho da Torre, o cãozarrão da Torre, o inferno da Torre, fucinhava alegremente nas mãozinhas, na boquinha, na carinha da ML, logo por detrás das minhas costas sem que eu me conseguisse sequer mexer para a salvar.
Chorava compulsivamente, agarrada ao CD, vendo o horror pelo canto do olho, sem conseguir fazer nada.

De repente, alguém que depois verifiquei ser o V. saiu do carro, e com todo o sangue frio que o caracteriza, chama pelo cão batendo com força com as mãos nas coxas das pernas, fazendo-o saltar de alegria ao seu encontro, como se fosse uma galinha cócó, saltitando nos campos verdejandes.

- Ele não morde. - Oiço dizer ao rapaz loiro e bonitão.

Ele não morde, mas se te chegasses aqui mais perto quem te matava à dentada era eu!

Nota final:
Açaimem os vossos cachorros, cães e animais que se possam considerar capazes de magoar alguém, mesmo que o vosso amor por eles vos diga que não.
Estes sustos acabam tantas vezes mal, que condicionar um animal durante 10 minutos a um açaime, parece-me uma troca bastante justa.

São lindos, perfeitos, mas tenho tanto medo deles.
Um dia hei de ultrapassar, quero ultrapassar, mas não sei como se faz isso. E tenho pena.

18 comentários:

  1. Bem, deve ter sido um valente susto mesmo!
    Eu também não gosto de cães que andem livremente em público e possam importunar estranhos que vão descansadinhos na sua vida. Ainda mais quando são cães grandes que metem respeito. Se, como têm hábito, decidem atirar-se a nós é certo que temos queda feia e ainda podemos ser esmagados -.-
    Não gosto disso, é desconfortável não saber que reação o animal pode ter. Até pode ser inofensivamente mas saltarem e atirarem-se às nossas pernas como muitos fazem é capaz de chatear muita gente (a mim faz-me impressão, que me atirem ou que me sujem/estraguem a roupa). Ninguém tem de levar com os animais dos outros.
    beijinhos

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    1. Foi de todos o maior, maior do que o que senti quando uma Dobermann me ia arrancando um pedaço da coxa no dia dos meus 18 anos.
      Este animal em causa era um cachorro com 6 meses e parecia muito bonacheirão, mas era gigante e andava sempre solto e sozinho. Todos gostavam dele porque nasceu ali na rua e a maior parte das pessoas não sente medo como eu. Eu falava com o meu amigo para que o prendesse mas ele ria-se e achava que eu exagerava quando lhe dizia que tinha a miúda pequena e não saberia o que fazer (porque petrifico de medo) se o cão viesse cheirar a miúda ou a mim.
      Era um terror sair do carro e ir buscar a minha a ML a casa dos meus pais e depois voltar com ela para o carro. O coração batia-me de tal forma que nem respirava, só de o imaginar por ali, de tocaia.
      Acabou por morrer asfixiado, pouco tempo depois, dentro do carro. Uma coisa sinistra.

      (Os meus avós tiveram sempre cães, e eu adoro cães, mas se me aparece um assim, preto e grande, volta tudo, a fobia e o medo).

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  2. Este texto tocou-me profundamente, Uvita.
    Por ti, pela ML, pelo susto que, tantos anos volvidos, ainda tens tão presente.
    Por uma menina de 19 anos, que tinha a maior fobia a cães de que eu algum dia tomei conhecimento, e a quem um cão na estrada provocou a morte, há 3 dias.
    Não consigo, sequer, ser imparcial na questão cães à solta.

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    1. Ainda hoje se me embarga a voz e fico com pele de galinha quando revisito a imagem que se cravou na minha mente, de uma cão de cabeça enorme, focinhando, lambendo, não sei, a pequenina cabeça da ML, e eu hirta, em transe, chorando compulsivamente sem um som, as mãos frias agarradas ao CD, com um pânico que me levava a racionalidade de o enxotar, de o agarrar, porque tão imenso se instalara por detrás de mim, ocupando todo o banco traseiro que eu deixei desocupado, em cima da miúda (que como sabes é L-O-U-C-A por cães), a um segundo de a estraçalhar (se ele fosse um cão capaz disso - que os há), foi o maio susto da minha vida.
      É que sabes, eu seria incapaz de a salvar, e isso é de tudo o maior medo que permanece em mim, quando é certo e sabido que qualquer mãe virava cão, fera, monstro pela sua filha, para a salvar, mesmo que isso implicasse a sua morte.
      Sobre essa grande perda que conheço, porque te leio diariamente, nem uma palavra. Só o mesmo choro calado, da inépcia.
      Um abraço Menina Azul.

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  3. Converso muito com uma pessoa especialista em comportamento animal. O problema é que os animais podem interpretar gestos perfeitamente inocentes de uma criança como sendo agressivos. Um cão que não morde habitualmente pode fazê-lo se julgar que o ameaçam!
    Imagino o teu susto!

    Beijocas repenicadas nesse bago da bochecha, Uvinha! :)

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    1. O problema, Maria, é que as pessoas que amam os seus animais são crentes da sua bondade e simpatia. Como eu com a gata Mecas. Ainda ontem tinha um bilhete da minha empregada no frigorífico a dizer que a ´gata era maluca e tinha muito medo dela, porque se atirava às paredes e aos cortinados'.
      E eu, crente, logo pensei que ela a tinha assustado com o aspirador, quando sei perfeitamente que ela não pestaneja diante do aspirador, nem do secador nem de nada.
      Faz lembrar aquele 'avozinho' que matou três pessoas na Quinta do Conde. A neta diz que ele 'não é um monstro', mas eu tenho cá para mim que sim. O amor que ela sente por ele impede-a de aceitar.
      A lei é muitíssimo branda, e eu, que agora ando de bicicleta, já apanhei outro susto com um cão que se soltou de um quintal (um mastim) e que só por acaso não me mandou ao chão e me mordeu seriamente.

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  4. Que susto horrivel Uva. Desde garota que convivo com cães a solta, brinquei com eles e adoro-os mas nao deixo de ter medo e ja tive alguns sustos, principalmente desde que ando de bike. Tenhos varios amigos que ja foram atacados e nunca deixo de pensar que.por muito dóceis e meigos nao deixam de ser animais com instintos. Ha que ter imenso cuidado.

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    1. Não devíamos sequer usar a frase: Ha que ter imenso cuidado, quando se trata de animais COM dono.
      Os donos dos animais é que devem ter cuidado com os seus animais. Cuidado com eles e cuidado com os outros a quem eles possam magoar.
      Tem alguma lógica (digo eu em grego e debaixo de água) deixar um Rotweiller à solta numa vila cheia de pessoas e crianças? Tem alguma lógica querer acalmar uma pessoa que tem terror de cães com um sorriso acompanhado de um 'ele não morde'? Tem alguma lógica um pai correr para o hospital para tentar salvar um filho porque este foi atacado por Pits e Bulls e Filas e Rotts e quejandos, quando nem sequer se aguentam nas canetas quando os vão passear, que eu bem as vejo de robe e chinelo a serem arrastados pelo boby? Querem ter um bisonte em casa? Querem ter uma hiena em casa? Querem ter um Rinoceronte em casa? Tuuuuudo bem. Mas açaimem e metam trela nos animais convenientemente, que ainda na semana passada foram mortos a tiro 3 pessoas por causa de um pobre cão.

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  5. Eu tenho um Labrador perfeitamente inofensivo e sou incapaz de o deixar andar à solta, pois além das pessoas que têm medo dos cães ele pode tentar saltar para lamber alguém e causar um acidente. Nem agora, que tem doze anos e já não salta eu o solto da trela. Acho uma falta de respeito deixarem os cães andar à solta.
    Ainda há dias um miúdo para se desviar de um cãozito ia fugindo para a estrada. E a dona do cão só dizia "mas o cão lá faz mal a alguém, se fizesse, eu não o trazia solto!" E como é que as pessoas sabem?????

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    1. As pessoas só pensam nelas e naquilo que lhes diz respeito.
      Os cães que 'não fazem mal a ninguém' e andam soltos são precisamente os que atacam as pessoas.
      Faz lembrar o velho ditado: só quem sabe nadar é que morre afogado.

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  6. Eu já fui atacada por um cão quando passava de bicicleta por uma casa com jardim e cerca. O portão estava aberto e o estupor foi atrás de mim. Abocanhou-me o calcanhar, eu caí da bicicleta e o malvado ficou a arfar junto à minha nuca. Foi o dono que o veio chamar e que depois me levou ao centro de saúde que era já ali para tratar o ferimento (não foi muito grande, mas doía, se doía). Isto foi há quase 30 anos.

    Nunca mais consegui aproximar-me de um cão. Já fiz figuras ridículas para evitar cruzar-me com cães que vislumbro sem trela ao longe, mesmo se junto aos prováveis donos. Já subi para capôs de carros com medo, já corri desalmadamente para me esconder atrás de árvores, já atravessei ruas para não me cruzar com cães no mesmo passeio.

    Costumo fazer exercício no Parque da Cidade do Porto três vezes por semana, onde é proibido passear cães sem trela. Tem dezenas de avisos em locais estratégicos do Parque. Não adianta nada. Ainda ontem andavam por lá 4 cães (um era pastor alemão, os outros não sei de que raça seriam mas eram mais ou menos do mesmo tamanho). Um deles, preto, correu na direção do nosso grupo e eu paralisei (não fui só eu, houve pelo menos mais duas colegas que se levantaram e ficaram na defensiva, como eu). Um dos gajos que tinha uma trela vazia na mão riu-se e disse para continuarmos que o cão só queria brincar. Apeteceu-me cuspir-lhe. Apenas lhe disse que ele devia prender o cão. E ele respondeu que o cão já passava muito tempo dentro de casa e que ao menos ali tinha espaço para correr, que eu não me afligisse que não me ia acontecer nada de mal. E virou-me costas. Entretanto, o cão continuava por ali a correr e a meter-se com os outros 3 cães que não cheguei a perceber se pertenciam ao mesmo animal que levava a trela vazia.

    E eu pergunto: é assim? E se um destes cães que andam por lá soltos um dia resolve "brincar" com uma das dezenas - às vezes centenas - de pessoas (entre as quais muitas crianças) que passeiam, fazem exercício, piqueniques, etc.?

    Hoje resolvi mandar um mail à Câmara a dar conta do que se passa. Não sei se vai dar em alguma coisa, mas pronto, é o que eu posso fazer. Se os donos de cães não respeitam as pessoas, pode ser que se apanharem uma multa se lhes doa no bolso e deixem de ser estúpidos e arrogantes.

    Dulce / Porto

    (desculpe o testamento....)

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    1. Já fiz figuras ridículas para evitar cruzar-me com cães que vislumbro sem trela ao longe, mesmo se junto aos prováveis donos. - CHECK
      Já subi para capôs de carros com medo - CHECK
      já corri desalmadamente para me esconder atrás de árvores - CHECK
      já atravessei ruas para não me cruzar com cães no mesmo passeio - CHECK
      Um dos gajos que tinha uma trela vazia na mão riu-se e disse para continuarmos que o cão só queria brincar. - CHECK
      (Somos doentes, ambas as duas)

      Acho que fez lindamente em mandar o e-mail.
      Uma vez vi uma senhora irromper pela pastelaria adentro e agarrar um homem pelo colarinhos e dizer-lhe assim, a um centímetro do nariz dele: Se volta a andar com o seu cão solto na rua e caso tenao a infeliz sorte de nessa mesma altura se cruzar comigo ou com a minha filha, juro que o mato!!
      Ficou toda a gente a bater palmas porque toda a gente odiava o raio do cão, mau como as cobras.
      O homem respondeu cinicamente que o cão usava açaime, quando toda a gente sabia que o açaime estava sim na coleira, mas aberto, só para o caso de avistar a polícia.

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  7. E o medo que eu tenho quando vou passear as minhas "miniaturas"? Uma vez entrei disparada para dentro de um café ,só porque avistei ao longe um dobermann....... A minha filhota mais nova foi mordida por um cão, e olha que o bicho todos os dias a via,cheirava e nunca tinha feito mal a ninguém.Pertencia aos donos de um café onde nós todos os dias íamos. Até aquele dia em que se passou....Ela estava como sempre sentada no carrinho,só que naquele dia quando ele foi cheira la ,ela começou a dar às pernoca e ele zás....Abocanhou a pernoca,não fez grande mazela(não precisou de pontos) mas foi um grande susto para todos.Desculpa lá o testamento eheh

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    1. Ai que grande susto esse também. Tem piada que o cão que me mordeu (cadela) era exatamente uma Dobermann (supostamente super meiga) que nunca tinha mordido a ninguém, mas que naquele dia me mordeu a mim.

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  8. Gostei deste teu "Susto"
    Gostei da "bolhinhas de cuspo"
    E gostei também de saber
    que não lhe chegou a morder

    (ao loiro e bonitão)

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    1. Não lhe mordi porque ele não deixou (literalmente).
      Tadinho, era uns aninhos mais novo que eu. O caçula!

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  9. Essa d'"o meu não faz mal", tem muito que se lhe diga. E quando o meu faz?

    Há uns anos tínhamos uma rottweiler, um amor de cadela que não fazia mal a ninguém, excepto se lhe rosnassem, aquelese 2s que outro cão lhe rosnasse até nós dar-mos ordem de parar, tudo podia acontecer.

    Uma vez andava o meu marido a passeá-la por um jardim de Lisboa (ainda antes da lei dos cães potencialmente perigosos) aparece um caniche não se sabe de onde em direcção a ela, o meu marido imediatamente diz ao dono: "chame-o", "ah ele não faz mal nenhum...", ainda não tinha acabado de dizer isso o caniche resolveu começar a ladrar e a rosnar à minha. Numa só mordidela ela feriu-o bastante.
    Claro que o homem quis logo que o meu marido pagasse as contas, "ok, chame a polícia, tenho várias testemunhas que a minha cadela estava quieta e presa no seu canto, foi o seu que se veio atiçar à minha"... Bem, lá veio a polícia que disse ao homenzinho que se calhar era melhor ir embora curar o bicho, já que na lei (antiga na altura) todos os cães deviam andar de trela.
    Ora como o cão dele, que não fazia mal a ninguém, se veio atiçar à minha cadela, também o podia ter feito a uma criança.

    Antes que venham dizer que a minha devia usar açaime, isto foi antes da lei sair, na altura a minha já tinha chip e seguro pois uma vez que ela resolveu fazer "uma festa" ao meu sogro atirou-o ao chão e quase lhe partiu um braço (tanto que 2 anos depois quando saiu a lei, ficou tudo muito admirado de nós só pagarmos 30€ por ano e podíamos colocar até 3 cães no seguro), e nunca conseguimos que ela aceitasse o açaime, quando mudámos para a aldeia tivemos que parar com os passeios na rua, que o máximo que um açaime durava eram 10 minutos, até mortais dava para o tirar. No entanto com 3 crianças em casa nunca lhes fez nada, super meiga, dum modo bruto claro.

    No entanto EU tinha medo de cães, ultrapassei este medo com os meus cães e conhecidos, no entanto na rua também me desvio dos que não conheço.

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    1. Ter uma animal desses era para mim uma canseira. Sempre preocupada, sempre vigiante, acho que nunca estaria descansada.
      A minha avó tinha um cão de porte médio, atarracado, preto, super meigo, mas um arruaceiro do pior quando se tratava de outros cães. Quando o meu avô morreu a minha avó mudou-se cá para Lisboa e trouxe o cão. Andava solto o dia todo porque era cão de quinta, habituado à rua e o animal afogueava-se de estar em casa. Um dia deu uma coça numa cadela tal, que a minha avó teve de pagar 400,00€ pelos curativos e a cadela acabou por morrer. Escusado será dizer que casa arrombada trancas à porta. Nunca mais! Sempre de trela e sozinho para a rua nem pó. Esses donos tem um ódio de morte à minha avó, e não é para menos.
      Olha que tinha sido uma criança?
      TODOS os cães deveriam ser obrigados a trela, e na ausência, o açaime.
      A minha gata para lhe meter a coleira dá mortais encarpados e quase me come viva, e tem 2kg, imagino a tua cadela!

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