4 de setembro de 2015

Parem o mundo!! que eu vejo tudo a andar à roda


 
A questão da educação das crianças é como a terra vista de longe.
Aqui e ali, um imenso azul onde apetece mergulhar de braços abertos. Logo mais acima, um remoinho de nuvens densas impedem-nos de ter certezas quando ao que está realmente lá por baixo e se vale a pena entrar por ali, no desconhecido.
É o tema recorrente, e lucrativo, que nos faz andar à roda, como o mundo, e que se chama: a parentalidade na idade moderna.

De todos os lados nos atiram com crónicas furiosas, livros técnicos, revistas da especialidade, documentários infinitos, anúncios televisivos de famílias felizes, cozinhas brancas e dentes brancos, e estamos ali vulneráveis como se de repente nos víssemos nus, no meio da rua, curvados na tentativa inepta de tapar a nossa intimidade com ambas as mãos, sem nos decidirmos afinal qual é a mais pudenda, rodeados por todos os vizinhos do bairro, que nos pedem explicações aos gritos, e atiram coisas para cima de nós: e a escola? e aqueles cabelos? e os sapatos? e a alimentação? aquilo é um bolicau?! e as unhas? e as borbulhas? já sai à noite?! e as drogas? a sério que não vai para a faculdade?! namora um negro??! chegou de madrugada? não quer casar?! engravidou a pobre rapariga...

Não sei se algum dia chegaremos a uma conclusão, mas parece-me que a melhor solução é encontrar um amigo, sugiro o senso-comum, a paciência, ou a desvalorização da voz-of, que seja capaz de irromper por entre a multidão em fúria, nos tape com um casaco e nos ajude a caminhar para casa.
É em casa que em última instância podemos raciocinar, olhar os nosso filhos e tomar decisões quando ao seu quotidiano e futuro.
Porque vede: já foram tentadas todas as formas de educação e nós seguimos todos diferentes na idade adulta, reagimos todos de forma diferente à mesma educação, e sei de casos em que o pior miúdo da escola, um tal de Xerife que lançava o terror em toda a comunidade escolar, chegando mesmo a pegar fogo à escola, a bater selvaticamente em mais de 100 miúdos, é hoje um pacato professor de filosofia acarinhado por todos os seu colegas e alunos.

Julie Blackmon catapultou-me para essa multiplicidade que é a educação das crianças e fez-me lembrar as tantas teorias que já me passaram pelos olhos, e sobre as quais penso, e sobre as quais sou (naturalmente) julgada, sendo a que mais me entristece, aquela que me culpa indiretamente por estar a criar uma filha supostamente inepta e medrosa, que não se saberá defender-se do mundo lá fora, porque a protejo demais, não a deixo meter o pé em ramo verde, quando mais deixá-la sozinha no jardim, na rua, ou até em casa.
Será?
Fica a questão, e a artista que tão bem retratou a ausência da parentalidade moderna, sob o ponto de vista do remoinho de nuvens densas que impedem de ter certezas quando ao que está realmente lá por baixo, isto é, o certo ou o errado sobre a educação das crianças.

















8 comentários:

  1. Olha, eu tenho feito tudo mal e está tudo bem.
    Só um dos meus exemplos: e a escola? — pública, a 50 metros de casa;
    e aqueles cabelos? — encaracolados, desalinhados, criticados, alisaram, cresceram, cortou-os para doar;
    e os sapatos? — começou nas sandalinhas inglesas, anda nos NB;
    e a alimentação? aquilo é um bolicau?! — muita sopa, muito bollycao (dados por mim), actualmente só "saudáveis";
    e as unhas? — é como calha: ora despintadas, ora pintadas;
    e as borbulhas? — também aparecem. É porque está viva e tem hormonas;
    já sai à noite?! — já;
    e as drogas? — não usa, nem pretende;
    a sério que não vai para a faculdade?! — a sério que foi;
    namora um negro??! — já namorou, sim. Lindo de morrer;
    chegou de madrugada? — chegou;
    não quer casar?! — por enquanto, não;
    engravidou a pobre rapariga... — ainda não.

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    1. ;)))))))

      (ainda não tens idade para ser avó e no entanto a minha avó foi avó com a minha idade e está tudo bem)

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    2. :)

      (até tenho, basta ter filhas com idade para serem mães. Mas cá estarei, assim como estou)

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  2. Olá Uva,
    Certo ou errado, na educação? Para mim, é hoje os pais não saberem dizer não. De resto que s ecomportem como adultos e puxem pelo bom senso e reflitam no papel que lhes cabe. Modelos? Não há! Até porque os moldes...já se sabe!
    Bom fim de semana.
    Mia

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    1. Olá Mia!!
      Mas e o que nos impingem e o que nós impingimos aos outros em forma de conselhos?
      Todo um mundo sempre a girar! E a faturar, claro!

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  3. POis... Eu não sei se sou boa mãe, faço o melhor que sei e que posso. Se podia ser melhor mãe? Poder, podia mas não era a mesma coisa :))))

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  4. Não há receitas. Fazemos o nosso melhor e isso é fantástico!
    (adorei as imagens)

    Beijocas, Uvinha. :)

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