Juntei-me muitas vezes à turba furiosa.
Também aqui deixei, vezes sem conta, o meu ímpeto cesariano, autoritário e imperioso.
Indignei-me por causas perdidas, achando que com palavras se cultivam ações.
Enganei-me de todas as vezes que aqui impulsionada escrevi contra anónimos malcriados, contra políticos corruptos, médicos negligentes, professores ausentes, de mim própria, defeituosa social, a achar que há profissionais da pobreza que não devem ser ajudados, que há ciganos fartos da sua crença, que há gente que soberba, abusa dos poderes mesmo quando os mesmos lhe estão constitucionalmente vedados.
Juntei-me à causa dos refugiados, à causa das meninas mutiladas, à causa da violência doméstica, à causa do fecho das maternidades, à causa da congelação dos óvulos, à causa da adoção por casais homossexuais, e a tantas outras causas que acreditei serem mais fáceis de ganhar se também eu atirasse as minhas pedras.
Hoje ao encontrar esta notícia, e também esta, pensei para comigo: quantos desses sem-abrigo, mutilados, violentados, refugiados, deprimidos, que tanto defendeste outrora, é que já acolheste em casa? A quantos deste a mão? Quantos conheces? Quem são? Pensas neles quantas vezes por mês?
Fui falha.
Não porque tenha perdido o meu impeto cesariano, autoritário e imperioso, mas simplesmente porque não lhes serviu de nada as minhas pedras.
Percebi que afinal não é com palavras e pedras e paus que se cultivam ações.
As ações nascem de ações, as ações nascem dos braços, das pernas, das costas, dos pés.
Desengane-se aquele que julga que alardear ao mundo aquilo que os outros não fizeram, fará do mundo um sítio melhor.
A fórmula é simples: se falarmos com os outros em vez de falarmos dos outros, somos infinitamente mais humanos.
*ACA - Associação Voz Amiga.
Também aqui deixei, vezes sem conta, o meu ímpeto cesariano, autoritário e imperioso.
Indignei-me por causas perdidas, achando que com palavras se cultivam ações.
Enganei-me de todas as vezes que aqui impulsionada escrevi contra anónimos malcriados, contra políticos corruptos, médicos negligentes, professores ausentes, de mim própria, defeituosa social, a achar que há profissionais da pobreza que não devem ser ajudados, que há ciganos fartos da sua crença, que há gente que soberba, abusa dos poderes mesmo quando os mesmos lhe estão constitucionalmente vedados.
Juntei-me à causa dos refugiados, à causa das meninas mutiladas, à causa da violência doméstica, à causa do fecho das maternidades, à causa da congelação dos óvulos, à causa da adoção por casais homossexuais, e a tantas outras causas que acreditei serem mais fáceis de ganhar se também eu atirasse as minhas pedras.
Hoje ao encontrar esta notícia, e também esta, pensei para comigo: quantos desses sem-abrigo, mutilados, violentados, refugiados, deprimidos, que tanto defendeste outrora, é que já acolheste em casa? A quantos deste a mão? Quantos conheces? Quem são? Pensas neles quantas vezes por mês?
Fui falha.
Não porque tenha perdido o meu impeto cesariano, autoritário e imperioso, mas simplesmente porque não lhes serviu de nada as minhas pedras.
Percebi que afinal não é com palavras e pedras e paus que se cultivam ações.
As ações nascem de ações, as ações nascem dos braços, das pernas, das costas, dos pés.
Desengane-se aquele que julga que alardear ao mundo aquilo que os outros não fizeram, fará do mundo um sítio melhor.
A fórmula é simples: se falarmos com os outros em vez de falarmos dos outros, somos infinitamente mais humanos.
*ACA - Associação Voz Amiga.
Uva, tou passada!
ResponderEliminarE revejo-me em cada palavra, em cada frase. A tua última frase, encerra a verdade maior, aquela de que tantos fugimos de abraçar.
Tás passada???? Não me digas que também és uma Uva Passa como eu? Ó miúda, farei tudo para te tirar desse calvário.
EliminarSou a tua voz amiga.
Conta-me tudo.
Uvinha a sua formula é simples e sábia, mas eu acrescentaria, falar menos e agir mais!
ResponderEliminarPara mim este é o grande defeito de nós portugueses, criticamos tudo e todos, umas vezes com razão outras nem tanto, mas agir... agir dá muito trabalho...
Felizmente existem os contra corrente os que agem, mesmo em pequenas coisas, porque as pequenas serão sempre grandes para quem as recebe.
Aproveito aqui o seu espaço para dizer que ontem reuniu-se na FIL o Psychology for the European Citizens, recebemos profissionais da Holanda, Rússia, Milão, Londres, Noruega, etc. todos eles pra falarem da sua experiencia em acolher os refugiados, todos eles pra nos ajudar a ajudar os refugiados que iremos acolher.
Se com força falo com mais força terei de agir, porque é na acção que se gera a mudança! este será sempre a mh formula.
Maravilhoso comentário, aliás muito pertinente.
EliminarNão fazia ideia desse projecto e fico muito contente por haver gente que com coisas simples, sem alaridos, conseguem fazer alguma coisa pelos outros.
Parabéns!!
Acrescento ainda que somos orgulhosamente voluntários, temos o apoio das camaras municipais e da proteção civil, e estamos espalhados por Portugal e ilhas de forma a poder dar resposta a todos os refugiados que serão distribuídos pelos diferentes concelhos.
EliminarObrigada por me ter deixado partilhar esta acção.
Mesmo sabendo já como tu és, ainda me consegues surpreender. Que maravilha de post, Uva! Vou colar a última frase dentro da minha memória, que faço por que não seja curta. Se estivesses aqui, dava-te um abraço dos grandes.
ResponderEliminarTake um
ResponderEliminar«As imagens que vimos, os corpos que tateamos, as memórias que temos, o cérebro só os processa por meio dessas abstrações nem sempre audíveis que são as palavras. Com elas convencemos e somos convencidos e, para tal, a escrita é a forma mais apurada de a palavra ser usada. Somos, de facto, verbo. Mas o principio continua a ser o acto, pois é ele que alarga o universo das palavras conhecidas, lhes vai dando sentido, coerência e a garantia de que "o Mundo pula e avança"» Rogério Pereira - 18 Novembro, 2013
Take dois
Entidade: 20459
Ref: 830891100
Montante: QUE DESEJAR
(descanse, a entidade é a UNICEF)
Bom dia, Uva. Infinitamente verdade. Em todos os caso, juntarmo-nos a associações , penso que se torna mais eficaz a nossa ajuda.
ResponderEliminarBom fim de semana.
Um abraço,
Mia
Tens toda a razão Uva, não podia ser mais verdade tudo o que dizes, ainda assim, há pessoas, não muitas é verdade, mas há algumas que ao invés de falarem, agem e até essas são criticadas. Passemos à ação! Bjs Uva
ResponderEliminarTens razão. A nossa "voz" será mais útil se passarmos a acções. Mas tb acho importante falarmos, atirar pedras e meter o dedo nas feridas. Mtas vezes esse pode ser o primeiro passo p se iniciar algo. O ideal será atacarmos ambos os flancos, se possível. Bjs
ResponderEliminarSábias e contundentes palavras.
ResponderEliminarBeijos, Uvinha. :)