25 de novembro de 2015

Para que serve afinal o meu blog?

Para nada.
Quis fazer uma coisa diferente, quis fundar um momento novo na minha vida, fazer um grande buraco igual ao que fazia no meu quintal, e onde estranhamente enterrei grande parte dos meus brinquedos, tão raros, para que aqui, como lá, crescesse qualquer coisa nova, bonita, talvez que se replicasse, por arborescência, e dali a pouco nascia uma folha nova, um brinquedo novo, um texto perfeito, e tinha tanto espaço para fazer buracos que fui engendrar uma forma de substituir uma enxada, subtraindo um taco de golfe ao meu pai.
Eram buracos pequeninos, feitos com um taco e com a força de uma criança (tão pouca quanto inútil), mas serviam para colocar berlindes, para esconder todos os ases do baralho, e aquilo era maravilhoso, porque se plantasse 4 ases, nasceriam 12 e eu venceria qualquer partida.
Mas já que perguntas para que serve o meu blog, ó alma desassossegada, digo-te que nem para contar sonhos serve.
Nem para contar as voltas que a minha vida não dá; já que se não as entendes é porque não as sei contar.
Para que serve um blog que não sabe contar?
Para nada.
Voltas na vida não são obrigatoriamente para pior, sabes, voltas na vida são aquelas coisas que de repente se assomam na nossa cabeça e nos fazem tomar decisões convictas, decisões que mudam o nosso quotidiano e o nosso pensamento, decisões que supostamente nos fazem bem. São as sinapse boas, as sinapses perfeitas.
Sim, para mim aceitar diariamente que não sou imortal - ao contrário de muita gente que passa pela vidinha perdendo tempo com ninharias, sobretudo que passam pela vidinha achando que o pouco tempo que dispõe para viver saudavelmente, pode efectivamente ser desperdiçado com coisas que mais tarde serão motivo suficiente para se quererem matar de suicídio - é cultivar a consciência de que cada acto meu é único e tem o peso de vinte arrobas em cima da minha consciência.
Cada ato meu tem mais peso à medida que a minha mortalidade se torna mais premente.
Eu não dou voltas à minha cabeça para ficar pior. Não vale a pena dizeres que não adianta.
Eu dou voltas à minha cabeça, eu furo os bolos todos da festa, só para ver se estão mesmo capazes de ser comidos. Não quero acabar com a cabeça dentro da sanita a vomitar os erros, a chorar as mágoas, a tentar a todo o custo meter os olhos para dentro porque fui apanhada de surpresa a perder tempo a esbugalhar os meus olhos perante os obstáculos criados por outros.
Não te maces a prever as voltas que a minha vida não dá, preocupa-te sim em dares uma volta à tua vida. Vais ver que mudas.
E isso vai servir-te de muito.
Sobretudo para começares a escavar um buraquinho.

17 comentários:

  1. Serve para escreveres o que te aprouver e para quem gosta vir ler!

    Beijocas, Uvinha linda. :)

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    1. É o looping da vida. Eu cá ando sempre de pernas para o ar!

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  3. A tua dona Maria de estimação é persistente. Justiça lhe seja feita.

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    1. CredU!
      Deve ser gente conhecida. Cada vez me convenço mais.

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    1. Foi porque não fiz posts no fim de semana e se não escrevo no fim de semana sou uma tipa qualquer que não tem respeito pelos leitores.
      Pracasos não tive tempo e este fim de semana repete. Ora bolas.

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  5. Olha, eu faço-me essa pergunta quase diariamente. E a resposta é, invariavelmente, muito MRP: sei lá.
    (E continuo a achar que sei quem te atormenta.)

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    1. Não me atormenta, mas faz-me perguntas muito prÓfundas e eu tenho de responder com igual prÒfundidade.
      Não se afoga em pouca água, quer logo ficar sem pé, a velhaca.
      E eu que ando sem inspiração....

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  6. https://www.youtube.com/watch?v=bqodLy7l-jw

    É tudo quanto se me apraz dizer :DDDDD

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    1. Mete cola nisso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
      Hahahahahahaha

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  7. Então, serve para aquilo que foi criado. E tem cumprido muito bem aquilo a que se propôs.
    Beijinhos, Uva.

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  8. A necessidade da escrita ou de um espaço
    não merece tanta reflexão
    ou faz como eu faço
    avinagra
    ou escreve um diário com se ainda fosses criança
    (seja qual for a opção, eu leio na mesma)

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    1. Meu querido Roger,
      é um gosto e imenso prazer
      saber que de qualquer das formas
      me vem aqui ler

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  9. Os blogs servem para exorcitarem os nossos demónios e escrevermos sobre o que gostamos e às vezes só nós é que entendemos isso mesmo.

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