E agora, já mais velha e mais sensata, descubro que somos todos soldados, na luta, na guerra, porquanto nenhum de nós é feito de uma peça só.
Pedaços.
O mundo em pedaços, o amor aos pedaços, a vida despedaçada.
É mau?
Sim, é mau para quem é um teórico das letras e não se ocupa das artes.
Eu ocupo-me, sempre que posso, das artes, dos pedaços dos outros, das guerras alheias.
Às vezes passam por mim apenas as pernas das pessoas, sem o tronco, onde está o coração, e sem os ombros, onde jaz a cabeça. São pessoas, que são, mas incompletas, infelizes, teóricas e antipáticas.
E sou capaz de me entreter com essas pessoas que passam incompletas, só de lhes olhar para os sapatos.
Um pedaço de mim teima em ser de uma peça só, mas ainda assim não me importa de ser soldado, soldada.
Porque me desfaço de amor pela arte, e esses cacos, ohh, esses cacos, apanhai-os soltos do chão.
Só isso me trás inteira.
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Uribe junta pedaços
ResponderEliminareu junto letras
e saem palavras
umas belas outras amargas
e mal feitas
(soldei Minha Alma ao Meu Contrário
e Eu fui assim soldado)