11 de abril de 2016

Adoção - uma forma de vida

Assisti, com redobrada atenção, a mais um caso de retirada de filhos a casais emigrantes portugueses, pelos serviços sociais ingleses.
Lá, no berço do Serviço Social enquanto profissão, os serviços sociais existem, funcionam, e resolvem os problemas sociais de forma totalmente diferente da nossa.
Cá, um pai viola a sua filha durante 12 anos, com o conhecimento da mãe (se calhar a palavra consentimento é muito forte para os leitores mais impressionáveis), e só ao 13º ano, quando a rapariga aparece grávida na consulta de maternidade adolescente é que se levantam as vozes do povo para deliberar (em praça pública, já com os dados pessoais e fotos de todos os intervenientes, que um primo arranjou lá no hospital) se a questão do aborto é para avançar ou não, normalmente com muitos votos a favor do sim, porque o bebé não é culpado e tem direito à vida, mesmo que essa vida seja edificada, ou direi suspensa, em cima de um crime hediondo de violação e maus tratos, cujo estigma e a raiva irão assombrar para sempre aquela criança.
O supremo interesse da criança é deduzido e decidido com base em problemas pessoais que as pessoas têm com o seu Deus e as suas crenças, com aquilo que acham da situação porque conhecem um caso próximo em que ocorreu assim ou assado, e em que metem a sua experiência pessoal a deliberar sobre a vida dos outros.
Numa instância superior, o supremo interesse da criança é condicionado pelo número de vagas nas instituições, pelo dinheiro disponível em projectos educativos, pelo número de profissionais no terreno, e se tudo correr pelo melhor, a criança lá irá à escola até ao 6º ano, e os pais lá andarão mais 3 anos em cursos de formação do IEFP; isto se o pai não der uma facada na mãe, ou não lhe cortar o clitóris com a faca de cortar o bolo dos 25 anos de casamento, ainda a escorrer doce de ovos.
A mãe do bebé de nove dias, já é um acidente diplomático.
Já se investiga uma rede de adoção (que desconheço e não desminto) em que crianças são retiradas aos pais por razões escassas e injustas, para alimentar uma rede fortíssima que impera em Inglaterra de casais estéreis, ou de mães que não gostam de estrias na barriga.
É evidente que dos senhores doutores comentadores que ouvi na televisão, portugueses, nenhum conseguiu ver a realidade que está a menos de um palmo à frente do nariz, cegos que estão com a questão da defesa da nacionalidade da mãe.
Esta mãe, que teve o filho em casa, dentro de uma piscina igual à que a ML levava para a praia com 1 ano, colocada na meio da sala com um marido lá dentro, encheu aquela porcaria nojenta com a água da torneira, e decidiu que era ali, sozinha e sem acompanhamento médico, que iria ter a criança, à boa maneira indígena, na mesma posição que utiliza para cagar.
Entretanto, para que a coisa fosse uma espécie de experiência comercial, lavaram a criança com o produto que vendem na internet para sobreviver, de origem duvidosa, do tipo: "Olhem aqui nós a lavar o nosso próprio filho recém-nascido com este produto. É maravilhoso! Comprem!" e espetaram com as fotografias da mãe naqueles propósitos, dentro da piscina de plástico cheia de água da torneira, com a criança ali, tal como veio ao mundo, nas redes sociais.
A mãe, claro, teve de ser socorrida no hospital e operada de urgência porque o parto deu para o torto, e quando finalmente regressou a casa para junto da sua cobaia nas experiências tribais que levou a cabo, recusou a visita do médico, do enfermeiro e dos serviços sociais, numa nítida afronta ao sistema inglês, ao supremo interesse da criança, e até à ajuda que o Estado Inglês presta a todas as pessoas que vivem no seu país.
Lamento muito mas no berço do Serviço Social as coisas não se resolvem assim, levianamente, com resoluções ad aeternum. As crianças não são retiradas às famílias sem que haja uma razão severa, um estudo rigoroso, uma causa superior.

Infelizmente, e a bloga está pejada de casos destes, há muitas mãe(zinhas) que vendem os seus filhos na internet porque são absolutamente inúteis e incapazes de se sustentarem sozinhas, de se fazerem à vida, de trabalhar.
É que parir a criança no hospital, sem câmaras a filmar o parto e sem a lavagem com o produto da ordem que vendem on-line, era capaz de ser um grande rombo no orçamento.

23 comentários:

  1. Botou faladura! Falou bem! Mais nada.

    Isa

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  2. E segundo os jornais, recusou ajuda legal do consulado, no entanto dinheiro da net já aceitou

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    1. Profissionais da pobreza (também de espírito).
      É uma vitima essa senhora. Eu eu eu eu. Não pensou na criança nem 1 minuto sequer. Se a criança tivesse morrido naquela piscina imunda, é que eu queria ver como se desenmerdava.
      Uma perfeita anormal.

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  3. Não percebi onde querias realmente chegar. Seje como for, esta tua frase "e incapazes de se sustentarem sozinhas, de se fazerem à vida, de trabalhar." parece-me fortemente injusta. Há mulheres que são incapazes de se sustentarem sozinhas, por isso, precisam da família, de um companheiro, de ajuda estatais, do que seja, e qual é o problema? Há mulheres (e homens e famílias!) que são incapazes de se sustentarem sozinhas e trabalham!! Há outras, ainda, que "se fazem à vida" e se calhar serias a primeira a apontar o dedo.
    Realmente, não sei mesmo onde queres chegar com este texto tão... confuso. Só me fizeste lembrar da Adelaide Sousa que quis ter o filho em casa e a coisa também deu para o torto.
    Deixa-e ainda que te diga, que por mais estranho que pareça, há quem tenha um amor, assim do outro mundo, tal como o teu pela tua filha, tendo sido fruto de violação. É incrível, não é? Portanto, até nestes casos, convém não generalizar!

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    1. Não percebeste onde eu queria chegar mas eu explico-te de forma mais clara.
      Não, as bloggers que vendem os filhos na net não são nenhumas deficientes que não conseguem trabalhar, porque elas a trabalhar na venda dos filhos não há pai para elas. Fortemente injusto é as mães usarem os filhos na internet como unidade de produção. Queres exemplos de mães que tem bom cabedal para trabalhar, inteligentes,cheias de cursos superiores, na posse de dois braços e duas pernas, e mesmo assim despem os filhos para vender cuecas e camisas de folhos? Queres mesmo ou não vale a pena?
      Não sei se percebeste bem, mas o que está em causa no post é a venda de um produto químico para usar depois do parto. Era natural que a mãe quisesse fazer o parto em casa para depois vender o produto. Nem sequer referi nada sobre pessoas que precisam do estado para viver, nem era esse o tema do post.
      Entretanto também confundiste quando levaste para o amor de mãe-filho o fruto de uma violação. Claro que a mãe ama o filho fruto disso ou de outra coisa qualquer, o que disse foi que o facto de a criança ser filha e neta do mesmo homem, sabendo que a mãe foi violada pelo próprio pai e que dessa violação nasceu ela, é que leva a traumas profundos e irremediáveis.
      Desconfusa agora?

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    2. Eu acrescento só à rua resposta, nessa questão da violação, que no caso q referes, a miúda tinha 13 anos. Fonix agora tb me querem convencer q é normal que uma criança de 13 anos tenha um filho, feito pelo seu pai ou por quem quer q seja.

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  4. ola Uva,
    acho que te deverias informar melhor sobre o parto na agua. Nao 'e o que descreves. Acontece todos os dias na Holanda, onde as mulheres tem o parto em casa. Tambem o podem fazer num hospital se assim o preferirem. Portugal esta MUITO atrasado nestas coisas. Existem inumeros estudos que sugerem que ter um parto em casa 'e tao seguro como num hospital. Mas OBVIO que estes partos sao sempre feitos com a ajuda de um profissional de saude.
    Parabens pelo blog. Um dos melhores desta blogosfera.

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    1. Portugal não está assim tão atrasado nisso. Já existem hospitais, nomeadamente públicos, onde se pode efectuar um parto dentro de água. A mim n me cativa, mas são gostos.
      Qq das formas, em casa ou no hospital, será sempre com pessoas devidamente habilitadas p o efeito.
      E de preferência, não o fazer para publicitar a merda de um produto.

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    2. Atrasado?! Vá lá informar-se melhor sobre partos na água. E sobre partos em casa, também.

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    3. Eu não falei de Portugal. Chamei atrasada foi à mãe portuguesa que teve um filho nas condições que todos viram, na água da torneira, para depois o lavar com o produto químico que vendia na net.
      O meu post não versava sobre os riscos dos partos em casa, nem sei nada sobre isso. Isso de ter os filhos em casa como nos anos 20, sem apoio médico, irrita-me tanto quanto as mães que não vacinam os filhos. Se falasse disso era para rebentar com isto tudo.
      Olha, a minha avó teve 7, todos em casa. Não lhe morreu nenhum. Mas isso são aqueles ditados antigos sobre a necessidade que aguça o engenho.

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    4. Por acaso, ainda há dias discutimos este tema na aula de preparação para o parto (ou de parentalidade como agora se chamam)porque uma das futuras mães estava interessada num parto na água. A informação que recebemos foi que de facto alguns hospitais disponibilizaram este tipo de parto (sobretudo no sul do país) mas que neste momento estes não se praticam em nenhum hospital público português. A justificação foi a de que um parto em meio aquático comporta um nível de risco acrescido a nível de proliferação de bactérias e que após alguns casos complicados, se abandonou a experiência.Não consigo compreender o que leva uma mãe a colocar o seu filho e a si mesma em risco para publicitar um produto, é algo que me ultrapassa.
      Quanto ao restante post, não podia estar mais de acordo. Não tenho facebook nem sou membro de nenhuma rede social por opção, porque não gosto de me expor, muito menos ao meu filho,e isso é quase um crime nesta sociedade em que vivemos... o que não deixa de ser irónico.
      Conceição

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  5. Eu ando tão pelos cabelos com essa malta que usa os putos para se sustentar. Cambada de chulos.
    Fod** trabalhem masé e deixem as crianças ter uma vida de criança e n de barbie brinca às modelos.

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    1. Não temos voz ativa para acabar com esse flagelo. E assim se passa pelos intervalos da chuva.

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  6. Se os servicos sociais aqui no Reino Unido fossem tao rigorosos para com toda a gente, nao teriamos aqui tantas meninas a viajar para os paises de origem da familia para sofrerem mutilacoes genitais, nao teriamos casos de poligamia a qual os servicos sociais do Reino Unido discretamente fecham os olhos, nao teriamos tido aquele caso da rede de abusos sexuais e violacoes as quais os servicos sociais do mesmo Reino Unido fecharam os olhos, porque quem estava por tras dessa rede eram paquistaneses.Os mesmissimos servicos sociais e a respectiva autoridade municipal fecharam os olhos porque tinham medo de ser acusados de xenofobia (os proprios servicos confirmaram isto)... entretanto umas boas dezenas de criancas foram violadas, em prol de uma paz social podre... E certo que o Reino Unido pode ter sido o lugar de nascimento do Servico Social, isso nada me diz sobre o seu actual funcionamento. Tambem e certo que e a patria de Shakespeare e a qualidade da lingua inglesa que por aqui se emprega... e de bradar ao Big Ben!!! Se me parece haver dualidade de criterios? Parece, sim. Mas isto sou eu que vivo por ca e vejo coisas que nao se veem nos telejornais e nos relatorios internacionais.

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    1. Ai meu Deus, o que para aí vai. Se queres fazer comparações perdeste-te logo na Carta Magna (Bill of Rights). Enquanto em 1215 (já aqui escrevi sobre isso) já a Inglaterra se impunha nos Direitos Fundamentais dos cidadãos, contra o Rei, a favor do povo, criando regras e leis, e redes de apoio que ainda hoje perduram, ainda Portugal andava a plantar batatas nos Direitos Humanos, bastando lembrar D. João II, e os dois cunhados dele, o Duque de Aveiro e o Duque de Beja, que se rebelam contra o seu poder de autoridade, e ele mata-os no Terreiro do Paço. Executa-os ele mesmo com a sua adaga cortando-lhes o coração.
      Eu percebo o que queres dizer, mas nem que Portugal nasça e renasça 1000 vezes consegue igualar Inglaterra naquilo que é o Estado Providência.
      Somos bons em muita coisa, mas no funcionamento do Serviço Social, é só paliativos, remédios dar, e assim.

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  7. Nem os nossos serviços sociais serão tão maus, nem os dos ingleses tão bons. Não fomos/foram assim tão rigorosos com os pais da Maddie, pois não?!

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    1. Olá SN. Que tem a Maddie a ver com Serviços Sociais? Em primeira instância a responsabilidade é da polícia. Não foi apresentada queixa, os pais não foram acusados de nada, não há abusos aos outros filhos... o serviço social nem foi sequer chamado.

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  8. Exposição ao abandono é crime em Portugal. Como não houve abuso em relação aos outros filhos? Eles foram deixados SOZINHOS! Acredita que os serviços sociais seriam chamados. Mas para britânicos médicos, loiros e olhos azuis há atenuantes. Dois pesos e duas medidas?

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    1. Obrigada, SN, pelo comentario, por ver os dois lados. Quando foi agora o caso recente da menina chinesa que caiu da janela em Lisboa, tambem caiu o Carmo e a Trindade porque os malandros dos chineses foram para a borga e deixaram a crianca em casa. Sendo que mesmo com os pais em casa,a queda poderia ter acontecido na mesma. Os pais poderiam estar a dormir, ou noutra divisao da casa e a menina poderia ter caido na mesma, infelizmente. Quando da Maddie,nao se ouviu metado do tom acusatorio que usaram com os chineses. E creio que se um casal de estrangeiros aqui no Reino Unido, fizesse o que os pais da maddie fizeram... se aquele casal tivesse mais filhos, certamente que eram retirados a familia quase de imediato. O que aconteceu aos irmaos da Maddie? Continuam com os pais. Mas talvez se a Maddie se chamasse Maria Silva, talvez os irmaos a esta hora estivessem com os pais adoptivos. E disso que se trata, dois pesos e duas medidas, dualidade de criterios. E nisso os britanicos, sobretudo os ingleses, sao mto bons. A sorte e que mascaram isso com um ar de fleuma e supostas boas maneiras.

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