9 de novembro de 2016

EU NÃO ENTENDO NADA SOBRE AMERICANOS

A ilação do dia seguinte é além de tudo, perdida.
Perdida do seu contexto, feita de retalhos de opiniões diversas, também elas perdidas, que são lançadas de um computador para a arena dos leões que a única coisa que sabem fazer é abocanhar.
Quando, em setembro, os membros da reserva Sioux – Standing Rock, realizaram gritantes protestos contra a construção de um oleoduto em Dakota do Norte, construído pela petrolífera DAPL e da qual quer Trump quer Hillary são accionistas, a turba intelectual, a mesma que hoje, o dia seguinte, debita nas redes sociais grande tiradas filosófico-alienadas, indignava-se com a poupa amarela de Trump, mais do que com a possibilidade dos dois candidatos serem co-responsáveis pela destruição de mais um reduto natural, e um punhado de seres humanos, dos poucos que ainda não foram destruídos pela América.
E eu sei pouco de americanos.
A maioria dos que hoje se insurgem e metem as mãos à cabeça por uma vitória que nunca conseguirão perceber, não sabem nada sobre as artimanhas de Hillary nos anos 90 que levaram à desregulação da banca, ou a sua participação selecta na venda de armas para aqueles países que são afinal os que atingem a tiro todos os dias a inatingível América.
O homem que toda a vida se preparou para aquele nobilíssimo papel, cola-se, como o stencil numa parede, aos ideais do The Crusader, a publicação do mais antigo grupo racista que defende a supremacia branca nos Estados Unidos. 
E de resto, vir para a comunicação social com a cama do Freud para expor os traumas da coitadinha que perdeu as eleições para alguém que é no fundo a própria sombra, é só pobre.

Aqui no Uva Passa, onde há tanta variedade de fruta, é preciso arranjar mais uma cesta cheia de tomates para assistir ao massacre do povo americano, que morre apelidado de ignorante e inconsequente.
É que eu não percebo nada de americanos, mas neste teatro de guerra onde todos nos encontramos, os artistas não são propriamente o povo americano, diria mesmo que o povo nunca conhecerá os verdadeiros artista que movimentam as marionetas.

É que os olhos do povo, à custa de tanta areia, estão a morrer.
E não se opera a morte.

6 comentários:

  1. os americanos sempre foram o que são hoje. eu percebo-os muito bem.
    o texto aqui escrito, descreve-o bem.
    é coisa que se vê á primeira dentada.

    boas!


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  2. É por aí, cara Uva. Eu acho a Hillary muito perigosa, vai daí que não deito as mãos à cabeça com este resultado.
    O que realmente me desgosta é que a América tenha sido obrigada a escolher entre estas duas nódoas.

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    1. Mais perigosa do que um homem apoiado pelo KKK, pelos fanáticos cristãos, - bestas iguais ao daech, mas com um futuro senado disposto a agradar-lhes - um homem que ofende mulheres e todas as etnias com excepção dos brancos, um irresponsável que imputa o aquecimento global aos chineses, que quer construir um muro, que é amigo de Putin, admirador de Marine Le Pen. Um homem que quer terminar com os acordos nucleare.

      Claro, a Hillary era mesmo muito perigosa. Mas a Picante não está só. O daech também está contente com a vitória do Trump.

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    2. E corrupta, também. Esqueci-me de dizer que a Hillary é corrupta até mais não.
      Mais perigosa, sim. Muito mais perigosa.

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  3. Para mim o teal problema aqui não é o Trump no poder (embora seja mto preocupante), é haver tanta gente para o meter lá, ao puvir a verborreia que lhe saia da boca!
    Isso aliado à força que a extrema direita anda a ganhar na Europa, associado ao actual problema dos refugiados, é que é, para mim, a verdadeira preocupação.
    Onde é que isto vai parar?!
    Não são só os americanos.

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  4. foram 60 milhões a votar num e noutro, mas são eles que lá vivem e convivem com aquilo, aquele discurso (bafiento) da Hillary que quando morre um soldado há uma mãe e uma irmã ou uma esposa que fica a sofrer numa piscadela de olho ao eleitorado feminino (e descreves tão bem a venda das armas e podias também falar da fundação Clinton) é tudo tão mau num e noutro e já começou assim e ver documentários/entrevistas a apoiantes duns e outros e caí-se no cliché do Midwest e da falta de conhecimento.

    Aí tanta falta fez o Bernie Sanders.

    É como dizes das marionetas, mas no fundo é igual há milhares de anos onde haverá sempre uns a mandar (uns mais visíveis que outros) nos outros e mandar os outros para a guerra, para benefício próprio, eu vou assistindo e esperando que o espectáculo tenha terminado e que não faça pior do que outros fizeram e parem de "democratizar" outros países. A não ser os sub-sarianos, onde podem dar uma ajuda, mas parece que a vontade é pouca...

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