5 de maio de 2017

A MENINA PEDALA?

Diz que sim, que pedala, que pedala cada vez mais, sobretudo em Lisboa, à beira rio, e que gosta muito, e que lhe dá muito prazer.

É uma das minhas maiores alegrias desde que Lisboa mexe. 
E Lisboa tem mexido bastante, sobretudo com os Lisboetas. Mas já lá vamos.

Se descerem a Avenida da Liberdade num domingo de manhã, são capazes de encontrar um pombo estremunhado e dois ou três chineses indecisos, mas é sempre a descer pela ciclovia até uma Praça do Comércio quase vazia, com aquele sol que inunda tudo e todos, o rio a clamar brandura, e impondo uma única decisão na paragem obrigatória no Cais das Colunas: virar à esquerda para o Parque das Nações e pedalar pela zona industrial, passando pela Expo, e seguindo sempre pela margem de um rio que nos vai parecendo cada vez mais outro até chegar a Vila Franca de Xira, ou virar à direita e seguir sempre pela zona turística, fazendo das tripas coração para não passar nenhum estranja a ferro, mas que vale tudo a pena sobretudo quando chegamos à  Fundação Champalimaud e podemos apreciar uma arquitetura dessas que não é só de pedra mas que também salvam vidas, e nos orgulhamos de ser, por um lado, magníficos descobridores, magníficos profissionais, e magníficos artistas, e por outro, abençoados por tanta beleza. Mas não ficamos só por aqui porque Lisboa mexe, e mexe com tudo.


Há tempos que já vão longe, lembro-me de aqui escrever - porque é uma convicção que tenho - que a frente-ribeirinha da cidade deveria ser totalmente devolvida ao rio, com a anulação definitiva da linha do comboio (Linha de Cascais) no local onde se encontra, podendo talvez, quem sabe (arquitetos e engenheiros huuhuu!!) passar a subterrânea, criando a possibilidade da cidade se expandir e de se envolver total e completamente com o rio.
Mas se Maomé é teimoso como uma mula, houve quem conseguisse tirar-lhe as palas, e fezer uma incrível ciclovia que vai até Oeiras e que poderia ser um canhão da Nazaré se o rio tivesse ondas, porque pedalamos e sentimos a brisa marítima a entrar por todo o lado e digo-vos, é assim qualquer coisa de extraordinário. 

Mas tudo o que começa também acaba.
Acontece que aqui para a Uva todos os finais são felizes, e como 'saco vazio não se segura de pé', Lisboa oferece no regresso dos ciclistas, e agora todos os domingos, na Praça da Figueira, uma feira de enchidos, queijos, pães e tudo aquilo que engorda e que no fundo nos faz sair de casa com uma bicicleta às costas para pedal quase 60 km de frente-rio.




Meus amigos, não podemos pedir mais nada da derrama turística que enche os bolsos do Medina.
Aliás, podemos.
Mas tenho cá para mim que vou ter muito tempo para falar sobre isso...

1 comentário:

  1. Muito bem :) E posso confirmar que Lisboa mexe. No ano passado fui até à Expo e parti de lá em direção a Fátima, tem ciclovias maravilhosas rente ao rio. São quilómetros de vida. Beijinho

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