4 de maio de 2017

UMA BALEIA NA SALA

Afinal não deixo passar a temática da Baleia Azul.

Não tanto pelo perigo que possa representar 'o jogo' em si - a somar aquela possibilidade sinistra de vermos entrar na nossa sala um filho esquartejado - sobretudo pela pressão do cyberbullying - , mas a forma perigosa e na maior parte das vezes ultrajante, para não dizer andrajosa, com que a (nossa) Comunicação Social, essa lesma pasmada e inerte da investigação noticiosa, decidiu usar para nos informar de como vai o mundo ao redor.
É de facto sinistro chegarmos ao fim de uma notícia do DN, e darmos de caras com uma fonte que sugere qualquer coisa como 'notícia avançada pela Flash através do CM', e zás, está feita a notícia da notícia da notícia, está enchido o chouriço, e agora vamos todos beber um copo ao Cais, que ninguém nos paga para investigar.

Ler o mundo na comunicação social portuguesa deixou de ser algo apaziguador dos espíritos curiosos, fonte onde crentes bebíamos cultura, diversidade e atualidade, onde facilmente chegávamos a conclusões e tertuliávamos sobre elas, avançando no pensamento, construindo novas teorias baseadas nos FACTOS que jornalistas de FACTO nos transmitiam, para ser uma atividade de desconfiança contínua, onde a cada noticia, quase sempre falsa (fake news) tertuliamos semanas inteiras, fazemos verdadeiros inimigos, chamamos nomes ao que teve o descaramento de comentar imediatamente antes, para ao fim e ao cabo se concluir que não, que afinal foi só mais uma estratégia de marketing para ganhar visualizações para publicidade, foi só mais uma parangona escarrapachada em cima de uma mula coxa, cega e doente, chamada 'página oficial de notícias' do Jornal A, B ou C.


Tenho seguido com muita atenção uma série de trabalhos, destacando a página Truques da Imprensa Portuguesa (https://pt-pt.facebook.com/ostruques/) que se tem destacado não só pela belíssima escrita, como pelo  notável, voluntário (e não pago) trabalho de investigação jornalística, um verdadeiro serviço público aos cibernautas que se sentem, e que se prezam,  como aderi com muita fé  - por força de me sentir constantemente enganada - à luta contra o descaradíssimo clickbait.

Pois parece que afinal a Baleia Azul é só um enorme e perturbador elefante no meio da sala virtual.

Foi veiculado pela jornalista Anne Collier do website NetFamilyNews.org (http://www.netfamilynews.org/blue-whale-game-fake-news-teens-spread-internationally), que «estes artigos não são fidedignos e tratam-se de uma manipulação».
Diz o site que «A Polícia Britânica acabou por emitir um aviso sobre o jogo, uma ação que foi replicada por autoridades noutros países, mas a iniciativa foi criticada por estar a dar visibilidade a um 'hoax', uma informação falsa para enganar um grupo de pessoas, fazendo-as acreditar numa informação que não é real.»

Estamos entregues à bicharada.
E o pior é que já nem sequer sabemos em quem confiar.

  

4 comentários:

  1. censura sem Censura.

    Não se aborda um tema de forma estruturada. Alimentam-nos de enlatados.

    CR7 (que é uma marca, e um jogador de futebol, e uma mãe coragem e uma irmã talentosa, e uma plataforma de negócios), Marcelo (agitado animador de serviço num permanente psicodrama que pretende englobar a nação, o outrora candidato a presidente #do Conselho#), Costa (que não reparou ainda que é 1.o qualquer coisa e continua em campanha), a hipocrisia descarada ou falta de memória colectiva do Bloco, a insanidade crónica mas sistemática do PC, a falta de pudor da oposição, os títeres e factotuns da política nacional, os velhos presidente que saíram da tumba para publicar livros lindos na lareira, aquelas lesmas nulas que são os apresentadores do costume (que no final do ano recebem, orgulhosos, o globo dourado próprio canal) a entrevistar os inefáveis comentadores do regime (com opinião sobre tudo e sobre nada, esses taumaturgos da palavra em plena exegese da complexidade para o resto de nós pobres parolos provincianos), o momento youtube/baywatch, as *noticias* do facebook, um português por dia que é o melhor do mundo (nem que seja a beber cerveja morna por uma palhinha), o gato que trepou a árvore (mas depois desceu), a velhinha que conhece alguém que viu o gato, enfim, um escarro simulacro de notícias sem qualquer fio condutor que, não fosse um País preso por arames e a miséria de uma sociedade, seria hilariante.

    Estamos no labirinto. Com o minotauro. E sem fio de Ariadne.
    Mundo perdido.

    Abraço, cara Uva.

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    1. Tem sido uma catástrofe pegada.
      Não dá sequer para ler notícias.

      O DN por exemplo, um jornal com tanta história e é o que se vê, o Expresso, outro, que foi tomado de assalto por vendilhões (não sei se soubeste daquela situação do Ricardo Costa e da página do Truques em que o Ricardo Costa armou uma cilada ao Truques para descobrir a identidade dos administradores e escarrapachou tudo no Twiter - uma vergonha), O CM que colocou uma fotografia da Judite de Sousa com o falecido filho a dar uma notícia de última hora sobre o novo caso amoroso da jornalista, como se o filho morto fosse o novo namorado, e por aí fora...

      Estou convicta que esta barbárie na comunicação social vai ser, se não é já, a mãe de todas as bombas.
      É exatamente como dizes: um labirinto.

      Abraços

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    2. Poças, essa do Costa roça a incredulidade, não que tenha o sr. em grande consideração.

      Do estatuto do jornalistas, que esses sebáceos intelectuais devem ter queimado na lareira:

      Constituem deveres fundamentais dos jornalistas:
      Informar com rigor e isenção, rejeitando o sensacionalismo e demarcando claramente os factos da opinião;...


      Abraço Uva.

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  2. O jornalismo anda pelas ruas da amargura anda.
    Mas isto é o q dá qd as pessoas se tornam menos exigentes...e mais ávidas de criticar por criticar...

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